10.05.2013 Views

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

passivida<strong>de</strong>, enten<strong>de</strong>ndo que ele: “ (…) queria se <strong>de</strong>itar cedo, e `tar sozinho <strong>em</strong> casa (…)<br />

com a minha mãe” (pág.16). Como dormia com a avó, <strong>de</strong>pois daquele episódio menos bom,<br />

Maria foi para casa <strong>de</strong>la e segundo nos relata: “ (…) chorei tanto <strong>em</strong> casa da minha avó<br />

(…).” (pág.16). A narradora recorda ainda a reacção da avó nessa noite: “ (…) fui p`ra casa<br />

da minha avó e diz ela assim: “- p`a que não trouxeste o vestido p`ra cá? Eu agora <strong>de</strong>ixava-<br />

te ir.” (…)” (pág.16), <strong>de</strong>pois das palavras da avó, Maria sublinha: “ (…) veja lá, p`ra minha<br />

avó me dizer que me <strong>de</strong>ixava ir, uma pessoa já com oitenta e tal anos, e o meu pai não me<br />

<strong>de</strong>ixar ir.” (pág.16). Repare-se que, este é um ex<strong>em</strong>plo claro do po<strong>de</strong>r paterno e da<br />

submissão da mulher, neste caso, da filha que não podia <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cer às or<strong>de</strong>ns da figura<br />

paterna que <strong>de</strong>tinha o po<strong>de</strong>r sobre a família.<br />

Ao <strong>de</strong>screver o seu namoro, Maria dá-nos conta <strong>de</strong> que, havia um controlo muito<br />

gran<strong>de</strong> por parte dos pais – <strong>de</strong> acordo com os padrões sociais daquela época, b<strong>em</strong> como<br />

daquele meio rural –, até porque havia s<strong>em</strong>pre alguém a vigiar o namoro, sedo certo que, este<br />

só po<strong>de</strong>ria acontecer durante o dia, através <strong>de</strong> uma janelinha pequena, <strong>em</strong> que a narradora<br />

ficava <strong>de</strong>ntro da casa e o rapaz ficava na rua (pág.61-62). Depois <strong>de</strong> alguns anos <strong>de</strong> namoro,<br />

disse-nos a narradora que foi ela qu<strong>em</strong> tratou do seu enxoval, para o casamento. Esta foi uma<br />

fase <strong>de</strong> muito trabalho, pois os bordados que escolheu para os seus lençóis eram muito<br />

<strong>de</strong>morados e “ (…) muito trabalhosos (…)” (pág.6), daí que, nessa época não colaborasse<br />

tanto nas tarefas domésticas <strong>de</strong> casa (pág.6).<br />

Neste Momento 1, po<strong>de</strong>m-se registar alterações <strong>em</strong> vários Territórios Sócio-<br />

I<strong>de</strong>ntitários, como sejam: i) o familiar, sofrendo alterações com o crescimento da narradora e<br />

consequentes <strong>de</strong>sagrados nas <strong>de</strong>cisões tomadas pelo pai (Etapa 3 do M.1); ii) o<br />

geográfico/habitacional, alterado quando a narradora passa a ir viver com a avó pois, para<br />

além da casa dos pais, teve <strong>de</strong> adaptar-se à casa daquela (Etapa 3 do M.1); iii) o das<br />

sociabilida<strong>de</strong>s, registam-se alterações quando a narradora teve <strong>de</strong> abandonar os estudos<br />

(Etapa 1 do M.1), quando iniciou o curso <strong>de</strong> bordados (Etapa 3 do M.1) e teve <strong>de</strong> o<br />

interromper e, a ainda, ao iniciar o namoro (Etapa 3 do M.1).<br />

Conhecida a trajectória <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> Maria, enquanto menina e jov<strong>em</strong>, passamos ao<br />

Momento 2, iniciado com o seu casamento e posterior maternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maria.<br />

122

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!