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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

laboral. O médico foi muito claro e revelou que o marido <strong>de</strong> Rita estava com Alzheimer<br />

(pág.31). Estando os filhos afastados <strong>de</strong> casa durante a s<strong>em</strong>ana, estes não se apercebiam do<br />

avançar da doença do pai e, muito <strong>em</strong>bora a mãe os tentasse informar, e não queriam<br />

acreditar: “ (…) custou-lhes muito (…) a assumir<strong>em</strong> as asneiras que o pai fazia (…)”<br />

(pág.26). Rita reconhece que esta situação foi <strong>de</strong> difícil aceitação para todos: “ t<strong>em</strong> sido um<br />

sofrimento (…) um sofrimento muito gran<strong>de</strong> p`ra gente.” (pág.30). É forte e revelador <strong>de</strong><br />

alguma tristeza, o discurso <strong>de</strong> Rita, ao avaliar todos estes acontecimentos: “ no <strong>de</strong>senrolar<br />

das coisas (…) vi a minha vida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um barco num rio à <strong>de</strong>riva s<strong>em</strong> saber on<strong>de</strong> ia<br />

encalhar (…) vinha p`ra casa (…) chorava (…) chorava horas seguidas. Sozinha, não os<br />

tinha cá a eles tão pouco p`a <strong>de</strong>sabafar…” (pág.25-26). Passado algum t<strong>em</strong>po, Rita começou<br />

a aperceber-se que o marido estava a esquecer-se dos nomes das ruas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma queda<br />

do mesmo, enquanto passeava na rua, passou Rita a acompanhá-lo nos seus passeios diários.<br />

Rapidamente, este per<strong>de</strong> a mobilida<strong>de</strong> e, a narradora começa a passeá-lo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas,<br />

mas, tal como admite: “ (…) as minhas costas já não <strong>de</strong>ixavam (…)” (pág.32), <strong>de</strong>vido<br />

também ela a probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nas costas, no presente, o marido passa os dias sentado<br />

numa ca<strong>de</strong>ira, tendo s<strong>em</strong>pre por perto a companhia e cuidado da esposa. Para Rita esta é uma<br />

situação difícil <strong>de</strong> enfrentar quer para o doente, quer para o cuidador: “ (…) só tenho pena <strong>de</strong><br />

não po<strong>de</strong>r fazer mais por ele, porque, ao fim ao cabo a gente sofre, ele sofre (…) é que vê-se<br />

a vida passar-lhe à frente.” (pág.32). Ex<strong>em</strong>plo disso, é o fato <strong>de</strong> neste momento o casal já ter<br />

uma neta que, segundo Rita é muito prezada pelo marido, no entanto, enten<strong>de</strong> que o marido<br />

sofre por não po<strong>de</strong>r brincar n<strong>em</strong> conversar com ela: “ (…) eu noto a tristeza nele, é um<br />

sofrimento muito gran<strong>de</strong> (…)” (pág.33). Repare-se que, todas estas situações contribu<strong>em</strong> para<br />

que Rita não se sinta capaz <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa, por mais convites que receba das amigas para sair<br />

um pouco, tomar um café e conversar com elas, a narradora opta por ficar “ (…) metida aqui<br />

<strong>em</strong> casa com o meu marido (…) não tenho vonta<strong>de</strong>, n<strong>em</strong> alegria <strong>de</strong> ir a lado nenhum.”<br />

(pág.33). Ora, a <strong>de</strong>dicação ao marido é tanta que, Rita acaba por não ter t<strong>em</strong>po para si.<br />

Apesar disso, e mesmo sabendo através do médico que podia mandar o marido para um lar,<br />

durante algum t<strong>em</strong>po para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>scansar, Rita diz-nos que, enquanto contar com a ajuda<br />

dos filhos, será ela a cuidar do marido mas, <strong>de</strong> momento, não consegue <strong>de</strong>ixá-lo ao cuidado<br />

<strong>de</strong> terceiros (pág.34).<br />

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