Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
mais pois, tal como relata: “ (…) no início do casamento tiv<strong>em</strong>os dificulda<strong>de</strong>s (…) o meu<br />
marido tinha um or<strong>de</strong>nado muito pequeno (…) era complicado, ele ganhava pouco (…)”<br />
(pág.9). Neste sentido, percebe-se que, o princípio da vida a dois <strong>de</strong>ste casal não foi muito<br />
fácil; no entanto, para a narradora: “ (…) <strong>em</strong> havendo amor, <strong>em</strong> havendo compreensão, tudo<br />
se resolve (…) compreensão <strong>de</strong> parte a parte, t<strong>em</strong> que haver cedências (…).” (pág.9). Para<br />
além disso, Rita consi<strong>de</strong>ra que, muita <strong>em</strong>bora se associe o trabalho da mulher doméstica a<br />
pouco fazer, ao menos, ela é a dona <strong>de</strong> casa, como nos explica: “ (…) é diferente (…) quer<br />
dizer, foi a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser eu a dona <strong>de</strong> casa, ao menos somos donas <strong>de</strong> alguma<br />
coisa (…), não faz<strong>em</strong>os nada, a mulher `tá <strong>em</strong> casa mas, não faz nada mas, somos donas da<br />
casa.” (pág.9). Repare-se que, apesar <strong>de</strong> ser dona <strong>de</strong> casa, no sentido da realização <strong>de</strong> todas<br />
as tarefas domésticas, a mulher também é a dona da casa, uma vez que é ela qu<strong>em</strong> assegura a<br />
casa, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> ganhar um salário fora ou não, é ela qu<strong>em</strong> gere, qu<strong>em</strong> organiza,<br />
qu<strong>em</strong> programa, qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>, ainda que, seja o marido a garantir o sustento da família, o<br />
trabalho da mulher doméstica é fundamental para a família. Ao refletir sobre a gestão<br />
orçamental da família Rita admite ter já passado por várias fases a esse nível, como <strong>de</strong> forma<br />
clara nos ex<strong>em</strong>plifica: “ (…) quando casámos o meu marido ganhava muito pouco (…)<br />
tiv<strong>em</strong>os (…) os dois filhos, só com o or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong>le não era fácil mesmo. Depois (…) passei<br />
os seis meses na loja, praticamente não foi nada (…) apareceu isto da pastelaria, é claro,<br />
com o or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong>le, a pastelaria tamêm (…) correu b<strong>em</strong> (…) fazia-se ali algum<br />
dinheirinho, pronto, uma vida mais <strong>de</strong>safogada (…)” (pág.13-14). Ora, se ao início a gestão<br />
tinha <strong>de</strong> ser mais rigorosa, com a abertura da pastelaria a família conseguiu alterar, para<br />
melhor, o estilo <strong>de</strong> vida, alterando-se inclusive, o modo <strong>de</strong> gestão, como <strong>de</strong> resto se<br />
compreen<strong>de</strong>, mediante palavras da narradora: “ eu orientava assim, o or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong>le era p`a<br />
comermos, p`as <strong>de</strong>spesas aqui <strong>de</strong> casa (…) da pastelaria tirava-se p`a vestir, calçar, p`ras<br />
coisas <strong>de</strong>les (…) <strong>de</strong>spesas extra (…)” (pág.15); para além disso, sab<strong>em</strong>os que os gastos com<br />
o supermercado também não eram controlados <strong>de</strong> forma rígida: “ (…) ia ao supermercado,<br />
quer dizer, enquanto que agora vou e olho aos preços (…) naquela altura (…) tinha uma<br />
vida <strong>de</strong>safogada e, não olhava a certas coisas (…) tinha uma vida diferente.” (pág.14).<br />
Compreenda-se que, <strong>em</strong>bora Rita tivesse o dinheiro da pastelaria, era ela qu<strong>em</strong> geria o<br />
or<strong>de</strong>nado do marido, segundo a própria informa: “ (…) ele dava-me o or<strong>de</strong>nado todo, alguma<br />
coisa que ele gastava era <strong>de</strong> horas que fazia (…) s<strong>em</strong>pre teve o hábito <strong>de</strong> me dar o or<strong>de</strong>nado<br />
e eu orientava, toda a vida foi assim, mesmo tendo a pastelaria (…) o or<strong>de</strong>nado ficava p`ra<br />
eu orientar a casa, o outro (…) ao fim <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana fazíamos as contas, ele ia meter (…) no<br />
111