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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

casal, <strong>de</strong>corrente pelo que nos diz, do fato <strong>de</strong> Rita costurar à noite. Como ela explicou, o<br />

marido aborrecia-se, pois entendia que ela trabalhava e não obtinha qualquer lucro (pág.3).<br />

Foi, no seguimento do casamento mas, com os filhos já crescidos que Rita <strong>de</strong>cidiu<br />

voltar a trabalhar e, como tal, passou a conciliar a dupla tarefa, como <strong>de</strong> seguida se apresenta.<br />

2.2. ETAPA 2 do Momento 2: Ativida<strong>de</strong>s Laborais: a dupla tarefa<br />

Com os filhos já crescidos a frequentar a escola, Rita <strong>de</strong>cidiu retomar ao mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, indo trabalhar para um salão <strong>de</strong> móveis que pertencia ao patrão do seu marido, mas<br />

o certo é que também não foi um trabalho muito duradouro: “ (…) `tive lá seis meses,<br />

entretanto, o senhor faleceu e aquilo <strong>de</strong>u uma gran<strong>de</strong> volta.” (pág.3). Rita ficou<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregada e <strong>em</strong>bora não nos informe por quanto t<strong>em</strong>po, fez-nos saber que, alguns anos<br />

mais tar<strong>de</strong>, abriu uma pastelaria, conciliando novamente a dupla tarefa: “ (…) trabalhava lá,<br />

trabalhava aqui <strong>em</strong> casa (…)” (pág.3). Apesar <strong>de</strong> reconhecer que trabalhava muito, Rita<br />

admite que, quer nas limpezas, quer na comida, o marido s<strong>em</strong>pre a ajudou <strong>em</strong> casa: “ (…)<br />

ajudava naquilo que sabia e que podia (…)” (pág.39), e foi também um gran<strong>de</strong> pilar aquando<br />

do negócio da pastelaria: “ (…) o meu marido s<strong>em</strong>pre me ajudou muito (…) ao dia <strong>de</strong> folga<br />

da pastelaria ele ajudava-me tamêm (…)” (pág.2-3), para além disso, durante a s<strong>em</strong>ana,<br />

quando ele chegava do seu trabalho, tomava banho, jantava e ia para a pastelaria, <strong>de</strong> modo a<br />

que Rita pu<strong>de</strong>sse ir para casa e, claro está, esse t<strong>em</strong>po era aproveitado para adiantar algumas<br />

tarefas domésticas, como nos refere a própria: “ (…) eu vinha p`ra casa, tratar das minhas<br />

coisas, passava a ferro (…) orientar a minha casinha.” (pág.4). Segundo a narradora, a<br />

abertura <strong>de</strong>ste negócio fez-se sobretudo para auxiliar os filhos quando frequentass<strong>em</strong> o ensino<br />

universitário, não obstante, essa ajuda só foi dada à filha, uma vez que, o rapaz não quis<br />

continuar os estudos. Para Rita, esta <strong>de</strong>cisão não foi b<strong>em</strong> aceite pelo marido, como nos<br />

esclarece: “ (…) <strong>de</strong>u um <strong>de</strong>sgosto ao pai <strong>de</strong> não querer estudar, ele não se apercebeu, eu é<br />

que sei. O meu marido <strong>de</strong>smotivou-se <strong>de</strong> trabalhar, andou uma altura s<strong>em</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

trabalhar na pastelaria, como qu<strong>em</strong> diz, abrimos isto p`a conseguirmos algum dinheiro p`a<br />

conseguir dar um futuro aos filhos (…) dar ao filho aquilo que ele nunca teve.” (pág.11).<br />

Rita sublinha que esse era, <strong>de</strong> resto, o objetivo do casal: dar aos filhos aquilo que a eles não<br />

lhes tinha sido dado (pág.11). Para além disso, consi<strong>de</strong>ra que tanto ela como o marido<br />

cumpriram b<strong>em</strong> o seu papel <strong>de</strong> pais e orgulham-se <strong>de</strong> ter uns bons filhos (pág.11-12), como<br />

reforça no seu discurso: “ (…) s<strong>em</strong>pre com respeito, bons filhos, eles também tê<strong>em</strong> tido bons<br />

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