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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

2.1. ETAPA 1 do Momento 2 (1973): Casamento: regresso à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Moura e Maternida<strong>de</strong><br />

Apesar da interrupção do namoro e da distância geográfica <strong>em</strong> 1973 Rita casa com<br />

aquele que consi<strong>de</strong>ra ser o seu gran<strong>de</strong> amor: “ (…) casei-me aos 23 anos, casei com o amor<br />

da minha vida. Uma jóia <strong>de</strong> pessoa, muito bom marido, muito bom pai (…).” (pág.2). Apesar<br />

dos comportamentos s<strong>em</strong>pre muito rígidos <strong>de</strong> seu pai, a narradora <strong>de</strong>screve como engraçado<br />

o fato <strong>de</strong> ter sido ele qu<strong>em</strong> lhe pagou a primeira viag<strong>em</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> casada: “ (…) como nunca<br />

ia a lado nenhum, disse s<strong>em</strong>pre, se um dia casasse a primeira viag<strong>em</strong> (…) gostava <strong>de</strong> ser a<br />

Fátima, por acaso, aconteceu e foi paga pelo meu pai.” (pág.10). Ainda no que respeita ao<br />

casamento, Rita admite que, para ela, casar foi sinónimo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, uma vez que, estando<br />

na casa dos pais nunca podia sair. Ela mesma sublinha e faz análise com a revolução dos<br />

cravos: “ (…) muitas raparigas queixavam-se <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a liberda<strong>de</strong> ao casar<strong>em</strong>, eu ganhei a<br />

liberda<strong>de</strong> quando me casei, casei-me a 13 <strong>de</strong> Abril e <strong>de</strong>via ter sido a 25 <strong>de</strong> Abril (…).”<br />

(pág.18).<br />

Apesar <strong>de</strong> não nos informar sobre a data precisa, sabe-se que, <strong>de</strong>pois do casamento,<br />

Rita e o marido regressaram a Moura, terra natal <strong>de</strong> ambos. Neste contexto, Rita, não<br />

arranjou qualquer ativida<strong>de</strong> laboral, até porque a maternida<strong>de</strong> veio a constituir-se uma<br />

ocupação para si quando, <strong>em</strong> 1975, foi mãe pela primeira vez e, <strong>em</strong> 1977, mãe pela segunda<br />

vez. O nascimento dos filhos não foi um assunto muito <strong>de</strong>senvolvido ao longo do relato da<br />

narradora. Não obstante, fez-nos saber que o 1.º filho foi o rapaz e o 2.º foi a rapariga. Uma<br />

vez que não trabalhava fora <strong>de</strong> casa, sabe-se que foi Rita qu<strong>em</strong> cuidou dos filhos <strong>em</strong><br />

pequenos, daí que consi<strong>de</strong>re importante que as mães possam ter esse t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong>dicação aos<br />

filhos: “ (…) hoje compreendo que foi muito bom ter ficado com os meus filhos nessa fase.”<br />

(pág.2) – <strong>de</strong> certo modo, a narradora confere, por isso, o cuidado dos filhos à mulher. Ao<br />

recordar a maternida<strong>de</strong>, Rita reconhece: “ (…) foi um bocadinho complicado, tamêm me ia<br />

abaixo às vezes, nã tinha cá ninguém, não tinha uma irmã, nã tinha (…) mãe (…)” (pág.10)<br />

e, tal como nos disse, <strong>em</strong>bora estivesse perto da sogra, a relação entre ambas não era <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>. Com os filhos pequenos ao seu cuidado, Rita comprou uma máquina <strong>de</strong><br />

malhas, com o intuito <strong>de</strong> costurar e ganhar algum dinheiro; no entanto, rapidamente <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> o fazer, para não <strong>de</strong>sagradar ao marido: “ (…) <strong>de</strong>ixei as malhas, ele chateava-se com isso,<br />

nunca tinha apanhado tantas chatices com ele como apanhei nessa altura (…)” (pág.3).<br />

Repare-se que, ao longo <strong>de</strong> todo o relato, este é o único excerto que <strong>de</strong>monstra uma briga do<br />

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