Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Trabalho Doméstico:<br />
Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />
casa, eu não `tou quieta um bocadinho, tenho s<strong>em</strong>pre coisas p`a fazer, ou costura, ou renda,<br />
ou o bordado, ou passar a ferro, fazer limpeza, fazer almoço, fazer jantar.” (pág.44).<br />
Como foi possível compreen<strong>de</strong>r, ao falar do reconhecimento da família Natércia é<br />
clara e reforça o seu discurso ao afirmar que os filhos e os pais valorizam o seu trabalho, já o<br />
marido <strong>de</strong>svaloriza constant<strong>em</strong>ente. Desta feita, compreen<strong>de</strong>r-se-á qual a leitura feita pela<br />
narradora acerca da opinião da Socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> Geral.<br />
2.3. O que é ser Doméstica segundo a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral?<br />
A narradora igualmente afirma que exist<strong>em</strong> pessoas que reconhec<strong>em</strong> e outras não, por isso,<br />
nos explica que há qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>fenda “ (…) que a pessoa (…) `tá <strong>em</strong> casa, mas que faz, que<br />
arruma, que orienta, e há aquela pessoa que não dá valor a isso. (…) há pessoas que não<br />
dão valor.” (pág.19). Natércia enten<strong>de</strong> que, tais opiniões variam consoante a mentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
cada indivíduo e ainda a ida<strong>de</strong>, pois é claro o seu discurso ao afirmar que os mais velhos<br />
valorizam menos a mulher doméstica, e que são os mais novos a começar a partilhar as<br />
tarefas (pág.44) e a atribuir maior valor ao trabalho realizado pela doméstica (pág.20),<br />
Natércia enten<strong>de</strong> que a juventu<strong>de</strong> valoriza mais <strong>de</strong>vido à sua mentalida<strong>de</strong> mais aberta e<br />
renovada e também à educação (pág.59). O seu entendimento baseia-se, fundamentalmente,<br />
no ex<strong>em</strong>plo do seu marido e do seu pai. No caso do marido, a narradora dá-nos conta que o<br />
mesmo não é capaz <strong>de</strong> colaborar <strong>em</strong> nenhuma tarefa <strong>de</strong> casa, n<strong>em</strong> mesmo quando a narradora<br />
conciliava a dupla tarefa, como <strong>de</strong> resto nos esclarece: “ (…) eu tinha que fazer tudo<br />
sozinha” (pág.20), até porque, é a mesma a referir que o mesmo não foi educado para fazer<br />
(pág.41). No caso do pai, Natércia diz-nos que é igual, “ (…) é uma pessoa que na sabe fazer<br />
nada <strong>em</strong> casa.” (pág.21). Face a estes ex<strong>em</strong>plos, e quanto à perspectiva futura, reconhece a<br />
narradora que a educação é fundamental, assim sendo, a mesma incutiu nos filhos a<br />
importância para que apren<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> e soubess<strong>em</strong> fazer as tarefas <strong>de</strong> casa (pág.41 e 45), pois<br />
<strong>em</strong> certa medida também a ajudavam e no futuro saberiam fazer (pág.19-20). Neste sentido,<br />
consi<strong>de</strong>ra a narradora que, as mães que conciliam a dupla tarefa são aquelas que com maior<br />
regularida<strong>de</strong> incut<strong>em</strong> aos filhos e os educam para a valorização e aprendizag<strong>em</strong> da realização<br />
das tarefas <strong>de</strong> casa, <strong>em</strong> contrapartida, as mães que são domésticas a c<strong>em</strong> por cento,<br />
consi<strong>de</strong>ram que os filhos homens não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> fazer as tarefas <strong>de</strong> casa, ficando tudo a seu<br />
cargo e a cargo das filhas, como <strong>de</strong> resto foi o caso do seu marido (pág.63-64).<br />
104