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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

(…) mas, gosto <strong>de</strong> sair, trabalhar e quando se chegar logo se faz, as coisas faz<strong>em</strong>-se à<br />

mesma <strong>em</strong> casa.” (pág.32). Diz-nos mesmo a narradora: “ (…) <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> me <strong>de</strong>itar às onze,<br />

<strong>de</strong>ito-me à uma, ou uma e meia, mas, faz-se à mesma (…) gosto <strong>de</strong> trabalhar (…) ter as<br />

coisinhas <strong>de</strong> casa orientadas.” (pág.32). Apesar <strong>de</strong> ela própria consi<strong>de</strong>rar que existe hoje<br />

mais facilida<strong>de</strong> (pág.29), do qua havia antigamente, ao nível por ex<strong>em</strong>plo, dos<br />

eletrodomésticos como sejam os aspiradores, a máquina <strong>de</strong> lavar roupa, ajudam na realização<br />

das tarefas domésticas (pág.29).<br />

Reconhece não ter hoje a energia e saú<strong>de</strong> que tinha há vinte anos atrás, “ (…) já é com<br />

um bocado mais <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>, (…) com a ida<strong>de</strong> que tenho já me custa mais (…)” (pág.31),<br />

ao tentar <strong>de</strong>screver como será ser doméstica no futuro, Natércia enten<strong>de</strong> que, os jovens nos<br />

dias <strong>de</strong> hoje viv<strong>em</strong> numa exagerada correria, o que n<strong>em</strong> lhe permite t<strong>em</strong>po para cozinhar,<br />

muitas vezes as suas refeições cing<strong>em</strong>-se a san<strong>de</strong>s (pág.33) e, nesse sentido, consi<strong>de</strong>ra que as<br />

tarefas domésticas também se vão alterando.<br />

Uma das questões da narradora versou sobre o or<strong>de</strong>nado, pelo facto da mulher<br />

doméstica trabalhar muito <strong>em</strong> casa e não receber qualquer valor monetário por esse trabalho<br />

(pág.23-24). A narradora diz-nos que, se for para casa <strong>de</strong> alguém fazer essas tarefas é<br />

r<strong>em</strong>unerada mas, estando <strong>em</strong> casa, não. Paradoxalmente, consi<strong>de</strong>ra que não <strong>de</strong>ve receber<br />

salário pois o trabalho que faz é para casa, encarando-o, <strong>em</strong> certo ponto, como uma obrigação<br />

ou um <strong>de</strong>ver que lhe está associado: “ (…) aqui <strong>em</strong> casa, não receb<strong>em</strong>os. T<strong>em</strong> que se fazer, é<br />

a nossa casa, t<strong>em</strong>os que a ter limpa e t<strong>em</strong>os que fazer, receber não receb<strong>em</strong>os nada.”<br />

(pág.23).<br />

Da visão paradoxal <strong>de</strong> Natércia quanto às tarefas domésticas, passamos à sua visão da<br />

representação familiar.<br />

2.2. O que é ser Doméstica segundo a família?<br />

Ao refletir sobre qual a avaliação feita à mulher doméstica pela família, a narradora<br />

diz-nos que, na generalida<strong>de</strong>, encontramos s<strong>em</strong>pre pessoas que valorizam e pessoas que<br />

<strong>de</strong>svalorizam (pág.17), não obstante e centrando-se no seu caso e na opinião da sua família,<br />

relativamente ao trabalho que diariamente <strong>de</strong>senvolve <strong>em</strong> casa mediante o discurso da<br />

própria, compreen<strong>de</strong>-se que os mesmos o valorizam: “ acho que sim, a minha família que vê<br />

que eu trabalho e que faço o possível p`ra ter tudo orientado e organizado, a t<strong>em</strong>po e horas<br />

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