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Dissertação de Mestrado em Serviço Social.pdf - Instituto Superior ...

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Trabalho Doméstico:<br />

Narrativas ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> mulheres “Domésticas”<br />

arruma no seu lugar.” (pág.42). Por outro lado, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser curioso que Natércia nos<br />

diga que, quando o marido sai com os amigos para uma cal<strong>de</strong>irada, “ (…) ele ajuda os outros<br />

a fazer a cal<strong>de</strong>irada, aqui não faz (…)” (pág.46), mas <strong>em</strong> casa não faz nada. De facto,<br />

percebe-se que o marido <strong>em</strong> casa não colabora <strong>em</strong> qualquer que seja a tarefa doméstica,<br />

sendo o seu discurso, a este respeito extr<strong>em</strong>amente negativo. Ao falar sobre o seu marido,<br />

Natércia diz-nos mesmo que ele é muito autoritário, “ (…) ele é aquela pessoa que quer e que<br />

diz: eu quero, posso e mando. (…) gosta muito <strong>de</strong> espezinhar (…) pessoas <strong>de</strong> fora não, mas a<br />

mim <strong>em</strong> casa (…)” (pág.50). Esta é uma situação que incomoda a narradora porque <strong>em</strong> casa<br />

dos pais o ex<strong>em</strong>plo era outro, assim como o ambiente: “ (…) nunca vi isto na casa dos meus<br />

pais (…) tinha tudo (…) até s<strong>em</strong> pedir eu tinha.” (pág.51). De facto, a narradora sente que o<br />

comportamento e as atitu<strong>de</strong>s do marido se alteraram muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que eram<br />

namorados (pág.55), como refere: “ (…) é muito mal, quando se apanha feitios assim (…).”<br />

(pág.52), se b<strong>em</strong> que Natércia também reconheça que o feitio do marido po<strong>de</strong> ter-se alterado<br />

<strong>de</strong>vido à sua profissão <strong>de</strong> polícia (pág.52). Por isso, acaba por ir aceitando os seus<br />

comportamentos menos agradáveis como, <strong>de</strong> resto, refere: “ (…) que r<strong>em</strong>édio tenho eu <strong>em</strong><br />

não aceitar (…) não se vê com bons olhos essas atitu<strong>de</strong>s (…) como não fui criada nesse<br />

ambiente, e os meus pais s<strong>em</strong>pre se <strong>de</strong>ram b<strong>em</strong> muito b<strong>em</strong> um com o outro (…) o meu pai<br />

não garreia com a minha mãe, nunca vi (…) na minha frente, nunca vi os meus pais<br />

discutir<strong>em</strong>.” (pág.53). Por nunca ter visto tais reações na casa dos pais, Natércia não reage<br />

muito b<strong>em</strong> e diz mesmo que esta situação “ (…) é revoltante (…) aguento (…) mas (…) não é<br />

o meu feitio, não fui criada assim, não é a minha maneira <strong>de</strong> ser. (…) vou suportando (…)”<br />

(pág.53).<br />

Tendo a sua activida<strong>de</strong> laboral incidido num restaurante como cozinheira, <strong>de</strong>ve<br />

compreen<strong>de</strong>r-se como avalia a narradora a profissão <strong>de</strong> que tanto gosta.<br />

. Auto-Avaliação da Profissão <strong>de</strong> Cozinheira<br />

Segundo Natércia para ser-se cozinheira, tal como para ser-se doméstica, é preciso<br />

gostar muito daquilo que se faz, nesse sentido, quando questionada sobre como é ser<br />

cozinheira, respon<strong>de</strong>u: “ (…) t<strong>em</strong> que ser um trabalho <strong>de</strong> pessoa que goste <strong>de</strong> trabalhar<br />

naquele ramo (…) não há horários, não há sábados, não há domingos, não há feriados. (…)<br />

há s<strong>em</strong>pre entrada a horas (…) mas as saídas não (…) é a louça, é arrumar cozinha (…) é<br />

<strong>de</strong>spejar lixos (…).” (pág.36). Para além disso, diz-nos também que ser cozinheira é,<br />

sobretudo, “ um trabalho muito complicado, <strong>de</strong> muita responsabilida<strong>de</strong> (…)” (pág.36). Para<br />

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