10.05.2013 Views

Guia de Divulgação Científica - Museu da Vida - Fiocruz

Guia de Divulgação Científica - Museu da Vida - Fiocruz

Guia de Divulgação Científica - Museu da Vida - Fiocruz

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Como isto o afeta como um repórter <strong>de</strong> ciência em potencial?<br />

Armar-se com um grau básico em ciência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não seja<br />

<strong>de</strong>masiado estrito, é altamente recomendável. Isto lhe dá uma<br />

base sobre a qual acumular seu conhecimento científico. Um<br />

conhecimento geral <strong>da</strong> maioria dos campos é necessário em um<br />

furo jornalístico em ciência. A ciência não é um campo estático<br />

e novos conhecimentos são gerados diariamente. Um bom<br />

repórter <strong>de</strong> ciência <strong>de</strong>ve estar disposto a atualizar constantemente<br />

seu conhecimento.<br />

Você certamente não será capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar uma notícia quente<br />

em ciência por conta própria a menos que permaneça atualizado<br />

com o que está acontecendo na ciência em geral. Em um mesmo<br />

dia, um re<strong>da</strong>tor <strong>de</strong> ciência po<strong>de</strong> receber a incumbência <strong>de</strong> cobrir<br />

um lançamento espacial ao alvorecer, uma suspeita <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong> doença na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> à tar<strong>de</strong> e uma entrevista à noite com um<br />

ganhador do prêmio Nobel em física que está visitando a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Isto não significa que você precisa ser um especialista. Mas a<br />

especialização tem também as suas vantagens. Por exemplo, dá<br />

um acesso mais fácil aos círculos dos cientistas. Os cientistas<br />

freqüentemente se mostram relutantes em conversar<br />

“confi<strong>de</strong>ncialmente” com um repórter ‘<strong>de</strong>sconhecido’, com quem<br />

eles não se sentem à vonta<strong>de</strong>, com medo <strong>de</strong> que qualquer coisa<br />

que eles digam seja interpreta<strong>da</strong> como a posição oficial <strong>da</strong><br />

empresa ou <strong>da</strong> instituição governamental para as quais eles<br />

trabalham. Conseqüentemente, as notícias <strong>de</strong>ssas fontes muitas<br />

vezes não são obti<strong>da</strong>s oficialmente, mas num nível pessoal.<br />

Uma conseqüência disto é que, se você tiver se especializado<br />

numa <strong>da</strong><strong>da</strong> área <strong>da</strong> ciência, po<strong>de</strong>rá ter uma chance melhor <strong>de</strong><br />

fazer um contato pessoal com um cientista <strong>de</strong>sse campo do que<br />

um repórter geral que po<strong>de</strong> não ser capaz <strong>de</strong> conversar no mesmo<br />

nível <strong>de</strong> entendimento básico <strong>da</strong> maneira como a ciência opera<br />

e <strong>de</strong> como os cientistas pensam.<br />

Esses contatos científicos são geralmente construídos numa base<br />

<strong>de</strong> confiança pessoal ao longo <strong>de</strong> muitos anos e freqüentemente<br />

envolvem amiza<strong>de</strong>s por to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. Este é um dos aspectos mais<br />

importantes do jornalismo científico <strong>de</strong> sucesso. Quanto antes<br />

você começar a criar seus contatos, melhor será para você.<br />

Conseguindo uma boa matéria<br />

Algumas <strong>da</strong>s melhores reportagens exclusivas são o resultado<br />

<strong>de</strong> uma combinação <strong>de</strong> uma mente alerta, uma atitu<strong>de</strong> para<br />

trabalho investigativo e um conhecimento atualizado sobre os<br />

mais recentes <strong>de</strong>senvolvimentos em ciência e tecnologia.<br />

Um bom repórter <strong>de</strong> ciência <strong>de</strong>ve saber como e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> conseguir<br />

as notícias. Nos países oci<strong>de</strong>ntais, os laboratórios <strong>de</strong> pesquisa,<br />

as universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e as organizações priva<strong>da</strong>s geralmente inun<strong>da</strong>m<br />

os repórteres <strong>de</strong> ciência com press releases, reportagens e<br />

material <strong>de</strong> base. Estas instituições geralmente têm assessores<br />

<strong>de</strong> imprensa com gran<strong>de</strong> disposição para aju<strong>da</strong>r um repórter<br />

que se <strong>de</strong>u o trabalho <strong>de</strong> entrar em contato com eles.<br />

Os repórteres também são convi<strong>da</strong>dos aos congressos e conferências<br />

científicos. E a Internet facilita ain<strong>da</strong> mais a vi<strong>da</strong>; as notícias são<br />

envia<strong>da</strong>s diretamente à sua caixa <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> e-mail e existem<br />

vários mecanismos <strong>de</strong> procura e outras fontes disponíveis.<br />

Nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, muitas coisas são diferentes.<br />

Freqüentemente, os repórteres nesses países não têm tais<br />

recursos facilmente disponíveis. Isto obviamente torna mais<br />

dura a tarefa <strong>de</strong> coletar notícias. Além disto, é possível que até<br />

o momento as novas tecnologias <strong>de</strong> comunicação não tenham<br />

efetivamente mu<strong>da</strong>do a forma como a notícia – inclusive notícia<br />

<strong>de</strong> ciência – é dissemina<strong>da</strong>, uma diferença que terá impacto<br />

direto no repórter <strong>de</strong> ciência.<br />

Em primeiro lugar, existem bem poucos distribuidores<br />

organizados <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong> ciência. É improvável que reportagens<br />

<strong>de</strong> ciência prontas para serem usa<strong>da</strong>s sejam entregues ao<br />

repórter <strong>de</strong> ciência. Além do mais, dicas sobre notícias <strong>de</strong> ciência<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento não estão prontamente disponíveis, em<br />

parte por causa <strong>da</strong> ausência <strong>de</strong> assessores <strong>de</strong> imprensa.<br />

Na maioria dos países em <strong>de</strong>senvolvimento, apenas um punhado<br />

<strong>de</strong> empresas tem uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> relações com a mídia. Em vez <strong>de</strong><br />

distribuir press releases sobre ciência básica em an<strong>da</strong>mento em<br />

suas instituições, a tendência é se concentrar nos discursos e<br />

palestras inaugurais <strong>de</strong> ministros, executivos <strong>de</strong> empresas e<br />

administradores <strong>de</strong> ciência.<br />

Em segundo lugar, uma eleva<strong>da</strong> proporção <strong>da</strong>s pesquisas nos países<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento é realiza<strong>da</strong> em laboratórios governamentais,<br />

cujos cientistas são governados por regras <strong>de</strong> conduta que os<br />

impe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> conversar com repórteres sem a permissão <strong>de</strong> seus<br />

‘chefes’. A notícia geralmente forneci<strong>da</strong> por essas agências é aquilo<br />

que o governo <strong>de</strong>seja que as pessoas saibam.<br />

Por exemplo, se uma secretaria que cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> assuntos espaciais<br />

divulgar um press release sobre o sucesso no lançamento <strong>de</strong> um<br />

foguete, as informações estarão prontamente disponíveis. Mas<br />

se você tiver perguntas a fazer sobre o fracasso <strong>de</strong> um<br />

lançamento, as respostas estarão menos disponíveis.<br />

Estes dois obstáculos po<strong>de</strong>m dificultar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

uma cobertura saudável e vibrante <strong>de</strong> ciência pela mídia em<br />

geral. Mas os repórteres <strong>de</strong> ciência com iniciativa e um faro<br />

para notícias po<strong>de</strong>m virar essas <strong>de</strong>svantagens a seu favor.<br />

Por exemplo, a inexistência <strong>de</strong> distribuidores <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong><br />

ciência e um número ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> assessores <strong>de</strong> imprensa<br />

querem dizer que muitas notícias <strong>de</strong> ciência estão ali, esperando<br />

para serem i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s e transforma<strong>da</strong>s numa reportagem<br />

exclusiva <strong>de</strong> repórteres que as <strong>de</strong>scobrirem antes.<br />

Certa vez, tropecei com uma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> duas linhas no<br />

relatório <strong>de</strong> um instituto que dizia que seus cientistas estavam<br />

trabalhando numa “abor<strong>da</strong>gem imunológica <strong>da</strong> contracepção”.<br />

Son<strong>da</strong>gens adicionais revelaram que eles estavam usando um<br />

18 Como me torno um jornalista <strong>de</strong> ciência?<br />

<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> <strong>Científica</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!