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Guia de Divulgação Científica - Museu da Vida - Fiocruz

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Os últimos 20 anos testemunharam um crescimento nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> divulgação científica na América Latina. Mas ain<strong>da</strong> há um<br />

longo caminho a percorrer antes que se possa dizer que a<br />

divulgação científica está atingindo, <strong>de</strong> forma sistemática e ampla,<br />

todo o continente.<br />

Atualmente, muitos canais estão sendo usados para comunicar<br />

ciência na América Latina. Estes vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais usuais – a<br />

saber, revistas, jornais, rádio e televisão – aos mais incomuns e<br />

até provocativos. Esses últimos incluem eventos públicos em bares<br />

e outros locais fora do circuito acadêmico, peças <strong>de</strong> teatro,<br />

novelas, revistas <strong>de</strong> história em quadrinho, poesia, jogos, contação<br />

<strong>de</strong> histórias, cordéis e, até, <strong>de</strong>sfiles populares no Peru e <strong>de</strong>sfiles<br />

<strong>de</strong> escola <strong>de</strong> samba em pleno carnaval no Brasil.<br />

Muitas <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação científica <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s no<br />

continente fazem uso <strong>de</strong> novas tecnologias, particularmente a<br />

Internet e <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> multimídia , embora a cobertura <strong>de</strong> tais<br />

novas tecnologias em to<strong>da</strong> América Latina continue limita<strong>da</strong>,<br />

particularmente nas áreas mais pobres.<br />

Um papel importante também tem sido <strong>de</strong>sempenhado por<br />

museus e centros <strong>de</strong> ciência interativos. Só o Brasil – para <strong>da</strong>r<br />

um exemplo – tem cerca <strong>de</strong> cem centros <strong>de</strong> ciência em todo o<br />

país, a maioria <strong>de</strong>les sendo <strong>de</strong> tamanho pequeno e tendo sido<br />

implanta<strong>da</strong> na última déca<strong>da</strong>.<br />

Tais iniciativas não são isola<strong>da</strong>s. O ano <strong>de</strong> 1990 foi testemunha <strong>da</strong><br />

criação <strong>da</strong> Re<strong>de</strong>-POP , uma re<strong>de</strong><br />

interativa que reúne cerca <strong>de</strong> 70 membros, incluindo centros e<br />

programas para a popularização <strong>da</strong> ciência e tecnologia na<br />

América Latina e Caribe. Sua principal meta é fortalecer o<br />

intercâmbio <strong>de</strong> idéias e a cooperação ativa entre seus membros.<br />

Além disto, houve um aumento significativo no número <strong>de</strong><br />

congressos que reúnem indivíduos <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> profissões<br />

com o objetivo <strong>de</strong> analisar e discutir estratégias para ampliar o<br />

alcance <strong>da</strong> comunicação <strong>de</strong> questões relaciona<strong>da</strong>s à ciência. A<br />

preocupação com a formação dos comunicadores <strong>da</strong> ciência tem<br />

sido um item constante em tais congressos. Embora alguns cursos<br />

(inclusive <strong>de</strong> mestrado e doutorado) já tenham sido criados em<br />

universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e instituições científicas, há ain<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

se criarem outros.<br />

Num nível nacional, vários países latino-americanos criaram<br />

programas nacionais <strong>de</strong> divulgação científica. Um exemplo <strong>de</strong><br />

<strong>Guia</strong> <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> <strong>Científica</strong><br />

Desafios <strong>da</strong> divulgação científica<br />

na América Latina<br />

Luisa Massarani, coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> SciDev.Net/América Latina e<br />

coor<strong>de</strong>nadora do Centro <strong>de</strong> Estudos do <strong>Museu</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>/Casa <strong>de</strong> Oswaldo Cruz/<strong>Fiocruz</strong>, Brasil.<br />

sucesso é o programa Explora no Chile,<br />

criado em 1995 pela CONICYT (Comissão Nacional <strong>de</strong> Pesquisa<br />

<strong>Científica</strong> e Tecnológica).<br />

Panamá é outro país que tem um programa <strong>de</strong> popularização <strong>da</strong><br />

ciência. Criado em 1997, DESTELLOS está vinculado à SENACYT<br />

(Secretaria Nacional <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação) do país.<br />

A implementação <strong>de</strong> um programa para a popularização <strong>da</strong> ciência<br />

e <strong>da</strong> tecnologia no Brasil está sendo atualmente realiza<strong>da</strong> por seu<br />

governo, tendo sido criado um <strong>de</strong>partamento voltado para essa<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro do Ministério <strong>da</strong> Ciência e Tecnologia.<br />

Várias iniciativas regionais <strong>de</strong> popularização <strong>da</strong> ciência também<br />

estão sendo implementa<strong>da</strong>s. No Brasil, por exemplo, isto tem<br />

sido promovido em alguns estados como Amapá, Mato Grosso<br />

do Sul e Minas Gerais Outros países, mesmo quando não têm um<br />

plano nacional, têm feito esforços significativos para promover<br />

a divulgação científica, como é o caso do México.<br />

Levando em consi<strong>de</strong>ração essas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, talvez não seja<br />

surpreen<strong>de</strong>nte que as questões em torno <strong>da</strong> comunicação pública<br />

<strong>da</strong> ciência também venham ganhando crescente <strong>de</strong>staque na<br />

agen<strong>da</strong> política, em parte reflexo <strong>da</strong>s políticas sociais e<br />

econômicas que têm como finali<strong>da</strong><strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r os países <strong>da</strong> região<br />

a participarem, <strong>de</strong> forma mais consi<strong>de</strong>rável, na economia global<br />

do conhecimento.<br />

No Brasil, por exemplo, agências governamentais, como o<br />

Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico<br />

(CNPq) e a Financiadora <strong>de</strong> Estudos e Projetos (Finep) – ambos<br />

ligados ao Ministério <strong>da</strong> Ciência e Tecnologia –, bem como órgãos<br />

estaduais que apóiam a pesquisa, <strong>de</strong>stinaram recursos para a<br />

divulgação científica. Essas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são, ain<strong>da</strong>, menciona<strong>da</strong>s<br />

explicitamente na legislação relativa à ciência em vários países<br />

latino-americanos, como na Costa Rica e em El Salvador .<br />

A Organização dos Estados Americanos (OEA), através <strong>de</strong> seu<br />

Gabinete <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia, está planejando atualmente uma<br />

Política Hemisférica para a Popularização <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia.<br />

Essa tendência reflete uma percepção crescente <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> incrementar a relação entre ciência, público e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Parece haver um reconhecimento ca<strong>da</strong> vez maior, tanto nos<br />

círculos políticos quanto públicos, <strong>de</strong> que, se a América Latina<br />

Desafios <strong>da</strong> divulgação científica na América Latina<br />

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