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HOOR-PA-KRAAT 23 Ao atingir-se a teogonia altamente sofisticada, aparecerá um símbolo perfeitamente claro e concreto desta doutrina. Harpócrates é o deus do Silêncio, e este silêncio possui um significado muito especial (ver ensaio anexo, apêndice). O primeiro é Kether, o ser puro, inventado como um aspecto do nada puro. Em sua manifestação, ele não é um, mas dois; ele só é apenas um porque é 0. Ele existe; EHEIEH, seu nome divino, que significa Eu sou ou Eu serei, é meramente outra maneira de dizer que ele Não É, porque o um não conduz a lugar algum, que é de onde ele veio. Assim a única manifestação possível é em dois, e esta manifestação tem que ser em silêncio, porque o número 3, o número de Binah, Compreensão, não foi ainda formulado. Em outras palavras, não há Mãe. Tudo que se tem é o impulso dessa manifestação e este tem que ocorrer em silêncio, quer dizer, há, até agora, não mais que o impulso, que é não formulado; é somente quando ele é interpretado que se torna a Palavra, o Logos (ver Atu I). Agora, que se considere a forma tradicional de Harpócrates. Ele é um bebê, isto é, inocente, e ainda sem atingir a puberdade; uma forma mais simples de Parsifal, ele é representado na cor rosa-cravo (rosa clara). É a aurora, a insinuação da luz prestes a chegar, mas de modo algum esta luz; ele tem uma mecha de cabelos negros encaracolados pela sua orelha, e esta é a influência do Altíssimo descendo sobre o chakra Brahmarandra. O ouvido é o veículo de Akasha, o Espírito. Este é o único símbolo que sobressai, é a única indicação de que ele não é meramente o bebê calvo, porque é a única cor na bolha de rosa-cravo. Mas na outra mão, seu dedo polegar está, ou contra seu lábio inferior, ou em sua boca, o que é não se pode dizer. Há aqui uma disputa entre duas escolas; se ele está pressionando seu lábio inferior, enfatiza o silêncio como silêncio, se seu polegar está na boca, enfatiza a doutrina de EHEIEH: Eu serei. De qualquer modo, no fim estas doutrinas são idênticas. Este bebê está num ovo azul, que é evidentemente o símbolo da Mãe. Esta criança, de certa maneira, não nasceu; o azul é o azul do espaço; o ovo está assentado sobre um lótus, e este lótus cresce no Nilo, sendo outro símbolo da Mãe, e o Nilo é também um símbolo do Pai fertilizando o Egito, Yoni (mas, também, o Nilo é o lar de Sebek, o crocodilo, o qual ameaça Harpócrates). Todavia, Harpócrates nem sempre é representado assim. Ele é mostrado por algumas escolas em pé; acha-se em pé sobre os crocodilos do Nilo (referência ao crocodilo de que se falou logo anteriormente, o símbolo de duas coisas exatamente opostas). Há, aqui, uma analogia. Um lembra Hércules ‒ o Hércules menino ‒ que fiava na roca da Casa das Mulheres, o outro lembra Hércules já homem forte, que era inocente, que foi, por fim, um louco que destruiu sua esposa e os filhos. É um símbolo cognato. 23 O Louco é, também, obviamente, um aspecto de Pã, mas esta ideia é mostrada em seu desenvolvimento mais pleno pelo Atu XV, cuja letra é a semivogal Ayin ((), cognata de Aleph ()). 62

Harpócrates é (num certo sentido) o símbolo da aurora no Nilo e do fenômeno fisiológico que acompanha o ato do despertar. Percebe-se na outra extremidade da oitava do pensamento a conexão desse símbolo com a sucessão ao poder real descrito anteriormente. O símbolo de Harpócrates ele mesmo tende a ser puramente filosófico. Harpócrates é também a absorção mística da obra da criação, a Hé final do Tetragrammaton. Harpócrates é, na verdade, o lado passivo de seu gêmeo, Hórus. E contudo, ao mesmo tempo, é um símbolo “de emplumamento completo para voar” dessa ideia, que é o vento, que é o ar, a impregnação da Deusa-Mãe. É imune a todo ataque devido a sua inocência, pois nesta inocência está o silêncio perfeito, o qual é a essência da virilidade. O ovo não é tão-somente Akasha, 24 mas também o ovo original no sentido biológico. Este ovo brota do lótus, que é símbolo do yoni. Há um símbolo asiático cognato de Harpócrates e embora não se refira diretamente a esta carta, precisa ser considerado em conexão com ela. Trata-se do Buddha-Rupa. Ele é representado com mais frequência sentado sobre um lótus, e geralmente há atrás dele desdobrado o capelo da serpente. A forma deste capelo é, mais uma vez, o yoni (note-se os usuais ornamentos deste capelo, fálico e frutiforme). O crocodilo do Nilo é chamado de Sebek ou Mako, o Devorador. Nos rituais oficiais, a ideia é geralmente aquela do pescador, que deseja proteção dos assaltos de seu animal-totem. Há, contudo, uma identidade entre o criador e o destruidor. Na mitologia indiana, Shiva desempenha as duas funções. Na mitologia grega, dirige-se ao deus Pã como Pamphage, Pangenetor, o devorador de tudo, o gerador de tudo (note-se que o valor numérico da palavra Pan é 131, como o é o de Samael, o anjo destruidor hebraico). Além disso, no simbolismo dos iniciados, o ato de devorar é o equivalente à iniciação, como o místico diria “Minha alma é tragada em Deus” (compare com o simbolismo de Noé e a Arca, Jonas 25 e a baleia, e outros). É preciso ter sempre em mente a bivalência de todo símbolo. Insistir em uma ou outra das atribuições contraditórias inerentes a um símbolo é simplesmente uma marca de incapacidade espiritual e isto acontece ininterruptamente devido ao preconceito. Constitui o mais simples teste de iniciação que todo símbolo seja compreendido instintivamente como contendo esse significado contraditório em si mesmo. Marque bem a passagem seguinte em The Vision and the Voice, 26 pág. 136): “É mostrado a mim que este coração é o coração que se regozija, e a serpente é a serpente de Da‟ath, pois aqui todos os símbolos são intercambiáveis, pois cada um contém em si mesmo seu próprio oposto. E este é o grande Mistério dos Superiores que 24 O ovo negro do elemento espírito em algumas escolas hindus. Dele procedem os outros elementos, ar, água, terra e fogo (nesta ordem). 25 Note-se o N de Jonas e o significado do nome: pomba. 26 A Visão e a Voz (NT). 63

HOOR-PA-KRAAT 23<br />

Ao atingir-se a teogonia altamente sofisticada, aparecerá um símbolo<br />

perfeitamente claro e concreto <strong>de</strong>sta doutrina. Harpócrates é o <strong>de</strong>us do Silêncio, e este<br />

silêncio possui um significado muito especial (ver ensaio anexo, apêndice). O primeiro<br />

é Kether, o ser puro, inventado como um aspecto do nada puro. Em sua manifestação,<br />

ele não é um, mas dois; ele só é apenas um porque é 0. Ele existe; EHEIEH, seu nome<br />

divino, que significa Eu sou ou Eu serei, é meramente outra maneira <strong>de</strong> dizer que ele<br />

Não É, porque o um não conduz a lugar algum, que é <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ele veio. Assim a única<br />

manifestação possível é em dois, e esta manifestação tem que ser em silêncio, porque o<br />

número 3, o número <strong>de</strong> Binah, Compreensão, não foi ainda formulado. Em outras<br />

palavras, não há Mãe. Tudo que se tem é o impulso <strong>de</strong>ssa manifestação e este tem que<br />

ocorrer em silêncio, quer dizer, há, até agora, não mais que o impulso, que é não<br />

formulado; é somente quando ele é interpretado que se torna a Palavra, o Logos (ver Atu<br />

I).<br />

Agora, que se consi<strong>de</strong>re a forma tradicional <strong>de</strong> Harpócrates. Ele é um bebê, isto é,<br />

inocente, e ainda sem atingir a puberda<strong>de</strong>; uma forma mais simples <strong>de</strong> Parsifal, ele é<br />

representado na cor rosa-cravo (rosa clara). É a aurora, a insinuação da luz prestes a<br />

chegar, mas <strong>de</strong> modo algum esta luz; ele tem uma mecha <strong>de</strong> cabelos negros<br />

encaracolados pela sua orelha, e esta é a influência do Altíssimo <strong>de</strong>scendo <strong>sobre</strong> o<br />

chakra Brahmarandra. O ouvido é o veículo <strong>de</strong> Akasha, o Espírito. Este é o único<br />

símbolo que <strong>sobre</strong>ssai, é a única indicação <strong>de</strong> que ele não é meramente o bebê calvo,<br />

porque é a única cor na bolha <strong>de</strong> rosa-cravo. Mas na outra mão, seu <strong>de</strong>do polegar está,<br />

ou contra seu lábio inferior, ou em sua boca, o que é não se po<strong>de</strong> dizer. Há aqui uma<br />

disputa entre duas escolas; se ele está pressionando seu lábio inferior, enfatiza o silêncio<br />

como silêncio, se seu polegar está na boca, enfatiza a doutrina <strong>de</strong> EHEIEH: Eu serei. De<br />

qualquer modo, no fim estas doutrinas são idênticas.<br />

Este bebê está num ovo azul, que é evi<strong>de</strong>ntemente o símbolo da Mãe. Esta<br />

criança, <strong>de</strong> certa maneira, não nasceu; o azul é o azul do espaço; o ovo está assentado<br />

<strong>sobre</strong> um lótus, e este lótus cresce no Nilo, sendo outro símbolo da Mãe, e o Nilo é<br />

também um símbolo do Pai fertilizando o Egito, Yoni (mas, também, o Nilo é o lar <strong>de</strong><br />

Sebek, o crocodilo, o qual ameaça Harpócrates).<br />

Todavia, Harpócrates nem sempre é representado assim. Ele é mostrado por<br />

algumas escolas em pé; acha-se em pé <strong>sobre</strong> os crocodilos do Nilo (referência ao<br />

crocodilo <strong>de</strong> que se falou logo anteriormente, o símbolo <strong>de</strong> duas coisas exatamente<br />

opostas). Há, aqui, uma analogia. Um lembra Hércules ‒ o Hércules menino ‒ que fiava<br />

na roca da Casa das Mulheres, o outro lembra Hércules já homem forte, que era<br />

inocente, que foi, por fim, um louco que <strong>de</strong>struiu sua esposa e os filhos. É um símbolo<br />

cognato.<br />

23 O Louco é, também, obviamente, um aspecto <strong>de</strong> Pã, mas esta i<strong>de</strong>ia é mostrada em seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

mais pleno pelo Atu XV, cuja letra é a semivogal Ayin ((), cognata <strong>de</strong> Aleph ()).<br />

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