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Aleister Crowley - Download de livros sobre magia, ocultismo ...

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é para ser obtida mediante quaisquer termos razoáveis. Razão é um impasse, razão é<br />

danação; só a loucura, loucura divina, oferece uma saída. A lei do Ministro da Justiça<br />

não servirá; o legislador po<strong>de</strong> ser um condutor epilético <strong>de</strong> camelos como Maomé, um<br />

filho da fortuna provinciano e megalomaníaco como Napoleão, ou mesmo um exilado,<br />

três partes sábio, uma parte maluco, um morador <strong>de</strong> sótão em Soho, como Karl Marx.<br />

Há somente uma coisa em comum entre essas pessoas: são todas loucas, quer dizer,<br />

inspiradas. Quase todos os povos primitivos possuem essa tradição, ao menos sob forma<br />

diluída. Respeitam o lunático errante, pois po<strong>de</strong> ser que ele seja o mensageiro do<br />

Altíssimo. “Este estrangeiro esquisito? Vamos tratá-lo bondosamente. Talvez estejamos<br />

lidando com um anjo sem o saber”.<br />

Estreitamente vinculada a essa i<strong>de</strong>ia, está a questão da paternida<strong>de</strong>. Necessita-se<br />

<strong>de</strong> um salvador. O que se requer com certeza nas suas qualificações? Que não seja um<br />

homem comum (nos Evangelhos, as pessoas sofismavam em torno da afirmação <strong>de</strong> que<br />

Jesus era o Messias porque vinha <strong>de</strong> Nazaré, uma cida<strong>de</strong> perfeitamente conhecida,<br />

porque conheciam sua mãe e sua família; em síntese, argumentavam que ele não possuía<br />

qualificações para candidato a salvador). O salvador tem que ser uma pessoa<br />

peculiarmente sagrada; dificilmente se acredita que ele seja efetivamente um ser<br />

humano. No mínimo, sua mãe precisa ser uma virgem e, para se combinar a esta<br />

maravilha, seu pai não po<strong>de</strong> ser um homem ordinário; portanto, seu pai tem que ser um<br />

<strong>de</strong>us. Mas, como um <strong>de</strong>us é um vertebrado gasoso, urge que ele seja alguma<br />

materialização <strong>de</strong> um <strong>de</strong>us. Ótimo! Que ele seja o <strong>de</strong>us Marte, sob a forma <strong>de</strong> um lobo;<br />

ou Júpiter, como um touro, ou uma chuva <strong>de</strong> ouro, ou um cisne; ou Jeová, sob a forma<br />

<strong>de</strong> uma pomba; ou alguma outra criatura fantástica, <strong>de</strong> preferência disfarçado sob<br />

alguma forma animal. Há inúmeras formas <strong>de</strong>ssa tradição, mas todas concordam em um<br />

ponto: o salvador só po<strong>de</strong> aparecer como o resultado <strong>de</strong> algum aci<strong>de</strong>nte extraordinário,<br />

absolutamente contrário a tudo que seja normal. A mais ínfima sugestão <strong>de</strong> alguma<br />

coisa razoável nesta matéria <strong>de</strong>struiria o argumento todo. Mas como é preciso contar<br />

com alguma figura concreta, a solução geral é representar o salvador como o Louco<br />

(tentativas no sentido <strong>de</strong> atingir esta condição aparecem na Bíblia; observe-se a “capa<br />

multicolorida” <strong>de</strong> José e <strong>de</strong> Jesus; é o bufão 21 que livra seu povo da escravidão).<br />

Na sequência se verá como esta i<strong>de</strong>ia está ligada àquela do mistério da<br />

paternida<strong>de</strong>, e também da iri<strong>de</strong>scência do mercúrio alquímico em um dos estágios da<br />

Gran<strong>de</strong> Obra.<br />

21 Chame-o <strong>de</strong> Arlequim e um Tetragrammaton evi<strong>de</strong>ntemente bufoneando a Sagrada Família salta à<br />

vista: Pantaleão, o idoso “antique-antic”; palhaço e arlequim, dois aspectos do Louco, e Columbina, a<br />

virgem. Mas, ao ser burlesca, a tradição se torna confusa e o significado profundo é perdido, tal como<br />

ocorreu com a peça <strong>de</strong> mistério medieval <strong>de</strong> Pôncio e Judas, que se tornou uma farsa, com variantes<br />

tópicas oportunistas, Polichinelo e Judy.<br />

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