Aleister Crowley - Download de livros sobre magia, ocultismo ...
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sendo a carta-chave do baralho inteiro) representa Maut, a deusa-abutre, que é uma modificação mais antiga e mais sublime da ideia de Nuit do que Ísis. Há duas lendas ligadas ao abutre. Supõe-se que ele possua um pescoço em espiral, o que possivelmente se refere à teoria (recentemente ressuscitada por Einstein, mas mencionada por Zoroastro em seus Oráculos) de que a forma do universo, a forma daquela energia que é chamada de universo, é espiral. Na outra lenda supõe-se que o abutre reproduza sua espécie mediante a intervenção do vento; em outras palavras, o elemento ar é considerado como o pai de toda a existência manifestada. Existe um paralelo disso na filosofia grega, na escola de Anaxímenes. Essa carta é, portanto, tanto o pai, quanto a mãe, sob a forma mais abstrata destas ideias. Não se trata de uma confusão, mas sim de uma identificação deliberada do macho e da fêmea, o que é justificado pela biologia. O óvulo fertilizado é sexualmente neutro. É apenas um elemento determinante que no curso do desenvolvimento que define o sexo. É necessário se aclimatar com isso, que é, à primeira vista, uma estranha ideia. Logo que se tenha decidido a considerar o aspecto feminino das coisas, o elemento masculino deve surgir imediatamente, no mesmo lampejo de pensamento, para contrabalançá-lo. Esta identificação é completa em si, filosoficamente falando. Será somente mais tarde que se considerará a questão do resultado da formulação do zero como mais 1 mais menos 1. O resultado de fazer-se deste modo faz surgir a ideia do Tetragrammaton. A FÓRMULA DO TETRAGRAMMATON Foi explicado neste ensaio que todo o Tarô é baseado na Árvore da Vida e que a Árvore da Vida é sempre cognata ao Tetragrammaton. Pode-se sintetizar a doutrina inteira muito resumidamente como se segue. A união do Pai e da Mãe produz gêmeos, o filho avançando para a filha, a filha devolvendo a energia ao pai. Através deste ciclo de mudança são asseguradas a estabilidade e a eternidade do universo. A fim de compreender o Tarô, faz-se mister voltar na história até a era matriarcal (e exogâmica), na qual a sucessão não se dava através do filho primogênito do rei, mas sim através de sua filha. O rei não era, portanto, rei por herança, mas por direito de conquista. Nas dinastias mais estáveis, o novo rei era sempre um estranho, um estrangeiro; e mais, ele tinha que matar o velho rei e casar com a filha deste rei. Este sistema garantiu a virilidade e capacidade de todo rei. O estranho precisava conquistar sua noiva numa competição aberta. Nos antigos contos de fadas, este motivo é continuamente reiterado. O ambicioso estranho é geralmente um troubadour, quase sempre disfarçado, com frequência sob forma repulsiva. A Bela e a Fera é um 56
conto típico. Há, usualmente, uma camuflagem correspondente por parte da filha do rei, como no caso de Cinderela e da Princesa Encantada. A narrativa de Aladim proporciona o todo desta fábula sob uma forma muito elaborada, acondicionada com contos técnicos de magia. Eis aqui o fundamento da lenda do Príncipe Errante ‒ e, note bem, ele é sempre “o louco da família”. A conexão entre loucura e santidade é tradicional. Não se trata de zombaria quando se decide que o parvo da família vá para a igreja. No Oriente, acredita-se que o louco seja possuído, um homem santo ou profeta. Esta identidade é tão profunda que está realmente embutida na linguagem. Silly 20 significa vazio ‒ o vácuo do ar ‒ zero, “os baldes vazios no convés”. E a palavra deriva do alemão selig, santo, abençoado. É a inocência do Louco o que o caracteriza mais intensamente. Verse-á na sequência quão importante é este aspecto da história. Para assegurar a sucessão, concebia-se, portanto: primeiro, que o sangue real devesse ser efetivamente o sangue real, e segundo, que este procedimento fosse fortalecido pela introdução do estranho conquistador, em lugar de ser atenuado pela procriação consanguínea. Em certos casos, exagerava-se com esta teoria. Havia provavelmente muita tramoia a respeito desse príncipe sob disfarce. É possível que o rei, seu pai, lhe fornecesse cartas de apresentação bastante secretas; em suma, que o velho jogo político já fosse velho até naquelas épocas remotas. Tal costume, assim, evoluiu para a condição bem investigada por Frazer em A Rama Dourada (esta rama sendo, sem dúvida, um símbolo da própria filha do rei). “A filha do rei é toda gloriosa interiormente; seu traje é de ouro lavrado.” Como teria ocorrido tal evolução? Pode ter havido uma reação contra o jogo político. Pode ter havido uma glorificação, antes de tudo do “fidalgo-assaltante”, finalmente do mero chefe de quadrilha, mais ou menos como temos visto, no nosso próprio tempo, na reação contra o vitorianismo. As credenciais do “príncipe errante” foram meticulosamente examinadas; a não ser que fosse um criminoso fugitivo, não podia ser escolhido para a competição; tampouco era suficiente para ele conquistar a filha do rei numa competição aberta, viver no regaço do luxo até que o velho rei morresse e sucedê-lo pacificamente. Era forçado a assassinar o velho rei com suas próprias mãos. À primeira vista, pareceria que a fórmula é a união do extremamente masculino, a grande fera loura, com o extremamente feminino, a princesa que não conseguia dormir se houvesse uma ervilha sob seus sete leitos de penas. Mas todo este simbolismo derrota a si mesmo. O macio se torna o duro, o áspero se torna o liso. Quanto mais se sonda a fórmula, mais a identificação dos opostos se torna estreita. A pomba é a ave de Vênus, mas também é um símbolo do Espírito Santo, ou seja, do falo, sob sua forma mais sublimada. Não há, portanto, qualquer razão para surpreender-se com a identificação do pai com a mãe. 20 Tolo, estúpido, ingênuo, em Inglês ‒ NT. 57
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sendo a carta-chave do baralho inteiro) representa Maut, a <strong>de</strong>usa-abutre, que é uma<br />
modificação mais antiga e mais sublime da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Nuit do que Ísis.<br />
Há duas lendas ligadas ao abutre. Supõe-se que ele possua um pescoço em espiral,<br />
o que possivelmente se refere à teoria (recentemente ressuscitada por Einstein, mas<br />
mencionada por Zoroastro em seus Oráculos) <strong>de</strong> que a forma do universo, a forma<br />
daquela energia que é chamada <strong>de</strong> universo, é espiral.<br />
Na outra lenda supõe-se que o abutre reproduza sua espécie mediante a<br />
intervenção do vento; em outras palavras, o elemento ar é consi<strong>de</strong>rado como o pai <strong>de</strong><br />
toda a existência manifestada. Existe um paralelo disso na filosofia grega, na escola <strong>de</strong><br />
Anaxímenes.<br />
Essa carta é, portanto, tanto o pai, quanto a mãe, sob a forma mais abstrata <strong>de</strong>stas<br />
i<strong>de</strong>ias. Não se trata <strong>de</strong> uma confusão, mas sim <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>liberada do<br />
macho e da fêmea, o que é justificado pela biologia. O óvulo fertilizado é sexualmente<br />
neutro. É apenas um elemento <strong>de</strong>terminante que no curso do <strong>de</strong>senvolvimento que<br />
<strong>de</strong>fine o sexo.<br />
É necessário se aclimatar com isso, que é, à primeira vista, uma estranha i<strong>de</strong>ia.<br />
Logo que se tenha <strong>de</strong>cidido a consi<strong>de</strong>rar o aspecto feminino das coisas, o elemento<br />
masculino <strong>de</strong>ve surgir imediatamente, no mesmo lampejo <strong>de</strong> pensamento, para<br />
contrabalançá-lo. Esta i<strong>de</strong>ntificação é completa em si, filosoficamente falando. Será<br />
somente mais tar<strong>de</strong> que se consi<strong>de</strong>rará a questão do resultado da formulação do zero<br />
como mais 1 mais menos 1. O resultado <strong>de</strong> fazer-se <strong>de</strong>ste modo faz surgir a i<strong>de</strong>ia do<br />
Tetragrammaton.<br />
A FÓRMULA DO TETRAGRAMMATON<br />
Foi explicado neste ensaio que todo o Tarô é baseado na Árvore da Vida e que a<br />
Árvore da Vida é sempre cognata ao Tetragrammaton. Po<strong>de</strong>-se sintetizar a doutrina<br />
inteira muito resumidamente como se segue.<br />
A união do Pai e da Mãe produz gêmeos, o filho avançando para a filha, a filha<br />
<strong>de</strong>volvendo a energia ao pai. Através <strong>de</strong>ste ciclo <strong>de</strong> mudança são asseguradas a<br />
estabilida<strong>de</strong> e a eternida<strong>de</strong> do universo.<br />
A fim <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o Tarô, faz-se mister voltar na história até a era matriarcal<br />
(e exogâmica), na qual a sucessão não se dava através do filho primogênito do rei, mas<br />
sim através <strong>de</strong> sua filha. O rei não era, portanto, rei por herança, mas por direito <strong>de</strong><br />
conquista. Nas dinastias mais estáveis, o novo rei era sempre um estranho, um<br />
estrangeiro; e mais, ele tinha que matar o velho rei e casar com a filha <strong>de</strong>ste rei. Este<br />
sistema garantiu a virilida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo rei. O estranho precisava<br />
conquistar sua noiva numa competição aberta. Nos antigos contos <strong>de</strong> fadas, este<br />
motivo é continuamente reiterado. O ambicioso estranho é geralmente um troubadour,<br />
quase sempre disfarçado, com frequência sob forma repulsiva. A Bela e a Fera é um<br />
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