Capítulo 04.pdf - PUC Rio
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referências facilmente identificáveis nas muitas interjeições diante da magnanimidade<br />
das florestas e montanhas brasileiras induzia ao entendimento dos conceitos relativos ao<br />
Sublime, tópico principal da paisagística romântica mundial. De Longino, filósofo<br />
antigo já citado no capítulo anterior, as sugestões de uma natureza e de uma arte<br />
arrebatadoras da imaginação ganharam renovadas interpretações no século XVIII, tendo<br />
como principais intérpretes Edmund Burke e Imanuel Kant. O primeiro escreveu, em<br />
1757, A philosophical enquiry into the origin o four ideas of sublime and beautiful e o<br />
segundo, Crítica da faculdade de juízo, em 1790, dentro do qual resgatou algumas<br />
apreciações, conforme a citação seguinte:<br />
Disso vê-se também que a verdadeira sublimidade tenha de ser procurada só no ânimo<br />
daquele que julga e não no objeto da natureza, cujo ajuizamento enseja essa disposição<br />
de ânimo. Quem quereria denominar sublimes também massas informes de cordilheiras<br />
amontoadas umas sobre as outra em desordem selvagem com suas pirâmides de gelo, ou<br />
o sombrio mar furioso etc.? Mas o ânimo sente-se elevado em seu próprio ajuizamento<br />
quando ele, na contemplação dessas coisas, sem consideração de sua forma, entrega-se<br />
ao cuidado da faculdade da imaginação e de uma razão meramente ampliadora dela,<br />
conquanto posta em ligação com ela totalmente sem fim determinado, no entanto<br />
considera o poder inteiro da faculdade da imaginação inadequado às idéias da razão. 214<br />
Silvestre Pinheiro em suas incursões sobre estética chegou a elaborar um<br />
conceito similar chamado de “entusiasmo poético”, mas, como deixou claro sua<br />
biógrafa intelectual, a matéria fugia ao romantismo por sua visão de arte fixar-se na<br />
cópia correta dos objetos. 215 Isto não apontou sua ignorância sobre o tema, pois o<br />
silêncio a respeito das sublimidades da alma dizia respeito a afinidades maiores com o<br />
empirismo científico e a reservas particulares do pensador português com o idealismo<br />
alemão, ou a filosofia ligada à emergência dos pensadores de Yena. O nome de Kant já<br />
se tornara algo factível no Brasil pelo menos desde os primeiros lustros do século XIX,<br />
quando o padre Feijó divulgava as teorias do filósofo em seus cursos dados na cidade de<br />
Itu, em 1829, dos quais sobraram alguns cadernos de anotações, resumos e esquemas<br />
simplemente em reproducirla, sino que deberán buscar um modo de formularla. De esta manera, como<br />
bem señala Carvalhão Buescu, este proceso de interiorización de la percepción de la realidad que tiene<br />
lugar em los escritores românticos culmina, necesariamente, em la materialización de esa subjetividad, y<br />
ello solo es posible a través de la descripción. Sin embargo, em el caso específico de la literatura de<br />
viajes, no podemos olvidar que se trata de um gênero intrínsecamente descriptivo, en el que, a priori, no<br />
tiene cabida la escritura novelesca, ya que uma de las pretensiones de sua autores há sido, desde siempre,<br />
transcribir, bien para si o bien para compartir com los demás, sus vivencias. CURREL, Clara. “El paisaje<br />
canario em los relatos de los viajeros franceses de la época romântica”. In BUESCU, Helena<br />
Carvalhão(Org)Corpo e paisagem românticos. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,<br />
2004, p. 215.<br />
214 KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Forense Universitária, 2005, p.102.<br />
215 SILVA, Nady Moreira Domingues da. “O sistema filosófico de Silvestre Pinheiro Ferreira”.<br />
Departamento de Filosofia/Pontifícia Universidade Católica do <strong>Rio</strong> de Janeiro/Fevereiro de 1978, p. 72.