10.05.2013 Views

Capítulo 04.pdf - PUC Rio

Capítulo 04.pdf - PUC Rio

Capítulo 04.pdf - PUC Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

269<br />

importante para um maior detalhamento da imagem perceptiva. Embora em seus<br />

escritos ficcionais – e de toda geração que fizera parte – a fantasmagoria quedasse como<br />

um esboço, a herença literária e filosófica começada por ele, caída em mentes ágeis,<br />

completaria a comunicabilidade do recurso. Com o passar do tempo, o trabalho de<br />

divulgação do ecletismo, iniciado por Monte Alverne e concluído por seu seguidor,<br />

transformaria os fantasmas em objetos comuns, deixados num canto da sala para a<br />

instrução dos filhos de família do <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

4.8- Matéria idealista<br />

Os reflexos das discussões filosóficas pertinentes à recepção da intelectualidade<br />

brasileira à teoria do conhecimento, via ecletismo espiritualista, fizeram-se sentir em<br />

vários extratos culturais, sendo a literatura um dos que mais se beneficiou com os<br />

desdobramentos estéticos do “Eu”. Numa primeira leitura, os elementos em jogo na<br />

formação do beletrismo brasileiro pareceram se destacar mais por seus valores<br />

extrínsecos, paisagísticos e obsessivos no oferecimento de um catálogo frio da natureza<br />

para leitores em busca de pertencimento, do que capazes de assumir a dubiedade criada<br />

pelas sombras projetadas de uma mente inquieta. Colaboraram para este sentido de pura<br />

exterioridade descritiva os próprios responsáveis por fundamentar teórica e<br />

artisticamente as obras nascentes em período tão receptivo aos fantasmas de toda<br />

ordem. José de Alencar, no final da década de 1850, justamente no calor das leituras e<br />

interpretações em torno do ecletismo espiritualista, escreveu no corpo de seu romance A<br />

viuvinha que, ao contrário da Inglaterra, envolvida por um manto de chumbo, por<br />

névoas, vapores, e do “idealismo vago e fantástico” influente nas imaginações dos<br />

jovens alemães, o Brasil obsequiava seus artistas com as paisagens pedestres da<br />

natureza, cativava a sensibilidade pela grandeza oferecida ao nível dos olhos:<br />

Ao contrário, o nosso céu, sempre azul, sorria àqueles que o contemplavam; a natureza<br />

brasileira, cheia de vigor e de seiva, cantava a todo o momento um hino sublime à vida<br />

e ao prazer.<br />

O gênio brasileiro, vivo e alegre no meio dos vastos horizontes que o cercam, sente-se<br />

tão livre, tão grande, que não precisa elevar-se a essas regiões ideais em que se perde o<br />

espírito alemão. 200<br />

200<br />

ALENCAR, José de. Obras selecionadas de José de Alencar. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Cia. Brasileira<br />

Divulgação do livro, S/d, p. 91.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!