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de Chateaubriand, expoentes do romantismo francês. 184 Quatro dias antes do início do
embate intelectual em que se destacaria como protagonista, Machado publicou um
poema curto e derramado de sentimento amoroso chamado Esta noite, publicado no
Jornal de Letras:
Os teus beijos ardentes,
Teus afagos mais veementes,
Guarda, guarda-os, anjo meu;
Esta noite entre mil flores,
Um sonho todo de amores
Nos dará de amor um céu! 185
Lendo o poema escrito na veemência da paixão juvenil já se poderia prever que
Machado entregar-se-ia com o mesmo fervor às disputas intelectuais, caso a ocasião se
apresentasse. Os “beijos ardentes”, “afagos veementes” transformar-se-iam facilmente
em mordidas e beliscões, sobretudo se a integridade intelectual de um iniciante estivesse
sendo testada. Na edição de 12 de fevereiro de 1858, Paula Brito lançou um desafio de
aparência pueril aos leitores, uma pergunta que terminava com um mote, cujos
resultados dariam oportunidade ao jovem correspondente da folha cultural testar os
conhecimentos adquiridos no silêncio das bibliotecas da capital da corte, expor o
conteúdo substancioso de suas leituras ecléticas. A quadrinha da lavra do próprio
redator chefe de A marmota guardava, como ele mesmo fizera questão de frisar, muitas
e valiosas opiniões das pessoas mais habilitadas:
Qual dos dous cegos mais sente
O penoso estado seu:
O que cegou por desgraça,
O que cego já nasceu? 186
Após a exposição do mote, pedia que os leitores mandassem artigos que
respondessem a questão nos mais variados formatos, servindo, inclusive, traduções ou
cópias de escritos de alguma sumidade no assunto. Favorecia a eclosão do debate a
morte de Francisco do Monte Alverne em dezembro daquele ano, cujas últimas
aparições públicas por ocasião da missa de São Pedro de Alcântara deixaram a imagem
de um homem torturado pela cegueira. 187 A perícia com a qual o padre mestre ainda
184
ASSIS, Machado de. Dispersos de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e
Cultura, 1965, pp. 37-46.
185
ASSIS, op. cit., p. 49.
186
Idem., p.50.
187
MASSA, A juventude de machado de Assis, op. cit. 190.