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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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processo histórico – esconderam as pulsões internas de um processo incisivo de<br />

afirmação do sujeito, igualmente presentes no momento em que o ecletismo motivava<br />

os debates na imprensa e inspirava a publicação de livros comprometidos com a<br />

divulgação da corrente filosófica.<br />

Aqui, o sistema cumpriu um papel bem mais amplo do que aquele realizado na<br />

França. Construiu as bases de acesso às fontes originárias tanto do sensualismo quanto<br />

do idealismo, alinhando-as numa progressão histórica precisa, ou seja, com o ecletismo<br />

espiritualista os intelectuais brasileiros encontraram um compêndio em que os ganhos<br />

mais importantes da teoria do conhecimento estavam comentados e devidamente<br />

organizados dentro de uma tradição já sedimentada pela História da psicologia. 157<br />

Bastava abrir uma de suas páginas para que aquilo de mais potente na promoção de<br />

fantasmas ficasse exposto à curiosidade dos leitores:<br />

Locke, Messieurs, est aussi um enfant de Descartes; il est pénetré de l’eprit de sa<br />

méthode; il rejette toute autre autorité que celle de la raison, et il part de l’analyse de la<br />

consciense; mais au lieu de voir dans la conscience tous les éléments qu’elle comprend,<br />

sans rejeter entièrement l’élément intérieur, la liberté et l’intelligence, il considère plus<br />

particulièrement l’élement extérieur; il est sutourt frappé de la sensation; la philosophie<br />

de Locke est une branche du cartésianisme, mais c’en est une branche partielle et<br />

exclusive. 158<br />

4.6- Locke nos trópicos<br />

Mormente o trabalho de vulgarização da teoria do conhecimento efetivado pelo<br />

ecletismo espiritualista no Brasil do século XIX, não se podia dizer que a cultura lusobrasileira<br />

desconhecia completamente o conteúdo referente a órgãos atentos, impressões<br />

de objetos exteriores na memória e o nascimento da idéia no sujeito. Um dos filósofos<br />

símbolos da ilustração portuguesa, Luís Antônio Verney, que em 1746 publicou o<br />

157 A matéria acadêmica “História da psicologia” surgiu nos primeiros decênios do século XVIII, na<br />

Alemanha, junto a uma valorização da pesquisa a respeito dos princípios funcionais da “alma humana”,<br />

realizada por Wolff, Kant e Hibman. Na época, buscava-se autonomia no conhecimento de cada uma das<br />

ciências filosóficas e o alinhamento, dentro de uma perspectiva histórica, das teorias do conhecimento<br />

produzidas desde a Antigüidade soou como um caminho natural do conhecimento. As obras fundamentais<br />

sobre o assunto, História crítica da filosofia e o Espírito da filosofia especulativa, de Johann Jacob<br />

Bruckner e Dietrich Tidemann, respectivamente, foram referências assumidas por Victor Cousin em todos<br />

os seus cursos de história da filosofia. VIDAL, Fernando. “La psychologie empirique et sons<br />

historicisation pedant l’Aufklärung”. Revue d’Histoire des Sciences Humaines. n.2, 2000, pp. 29-55.<br />

158 COUSIN, op. cit., p. 375.

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