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MODO SEMIÓTICO comunicação<br />
(informação)<br />
COMPONENTE<br />
SEMIÓTICO<br />
DOMINANTE<br />
símbolo<br />
(a coisa, o mundo<br />
exterior à obra)<br />
130 A <strong>CULTURA</strong> E <strong>SEU</strong> <strong>CONTRÁRIO</strong><br />
discursivo<br />
tradutivo<br />
diretiva<br />
expressão ativo<br />
expressivo<br />
O quadro começa a fazer mais sentido: um cultural que é útil<br />
assumirá o modo de uma comunicação: o sentido por ele agenciado é o<br />
da circulação azeitada do significado: a comunicação (na forma<br />
privilegiada da informação). A arte não se preocupa com comunicar<br />
coisa alguma: a arte expressa, o que quer dizer que seu significado não<br />
circula sobre a esteira de uma cadeia de montagem que gira bem<br />
lubrificada, sobre a qual cada um coloca o que o código permite e da<br />
qual cada um retira mais o que pode do que o quer, ainda segundo os<br />
limites (bastante estreitos) do mesmo código. 66 A arte expressa. Sua<br />
semiose não flui por mãos de circulação sinalizadas: mão/contra-mão,<br />
parada proibida, siga, pare, atenção: seu significado se abre num desenho<br />
do qual a porção maior é a reprodução fractal da menor e vice-versa,<br />
sem limites previsíveis. Mona Lisa não comunica nada, donde o falso e<br />
ao mesmo tempo legítimo mistério de seu sorriso: expressa um<br />
universo. O programa para uma obra de comunicação será<br />
necessariamente discursivo: como a expressão não merece a caput<br />
diminutio, quer dizer, a redução que seria sua diminuição a um discurso<br />
sobre, um programa que a respeite deverá ser tudo menos discursivo:<br />
será ativo, prático: a práxis. Por isso a política para a arte custa mais, é<br />
mais cara e não pode ser de outro modo: por isso a Internet jamais fará<br />
pela arte, do ponto de vista da recepção, nada além que o slide e a<br />
reprodução fotográfica já não tenham feito, o que é pouco ou nada: a<br />
arte exige que se vá até ela, que se sinta como se a faz. Discursivo, o<br />
programa para o cultural comunicativo é um programa tradutor e<br />
diretivo, ao tempo em que o programa da arte não pode ser nada além<br />
de interpretativo — e interpretativo não-diretivo (Mais adiante se fará<br />
a precisão necessária, sob este aspecto). (A obra de arte não aceita<br />
qualquer interpretação, embora a aceite mais que uma obra do cultural:<br />
a arte exige algo que o cultural em princípio desconhece: competência.)<br />
(Não demando competência para sentir diante de uma obra de arte:<br />
gosto natural; demando competência para saber o que está em jogo<br />
numa obra de arte).<br />
simbólico significante<br />
(a coisa, o mundo<br />
está dentro da obra)<br />
indicial<br />
icônico<br />
66 “O individual é inefável, o individual é inexplicável”: E. Gombrich, “La historia del arte y las<br />
sciencias sociales” in Breve historia de la cultura, Barcelona : Ed. Península, 2004, p. 102.