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A CULTURA E SEU CONTRÁRIO TC def.pmd

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dizer que o ponto de vista aqui adotado é o da política cultural, que<br />

busca com a cultura modificar o mundo, e não o dos estudos distantes<br />

da cultura, como é comum na antropologia e na sociologia, interessados<br />

apenas em entender a cultura). O segundo capítulo discute um modo<br />

central da cultura contemporânea, o modo móvel, flutuante, vogante,<br />

e aborda o que pode ser entendido como uma qualidade da cultura<br />

brasileira (no entanto vista durante longo tempo, tempo demais, como<br />

sua qualidade negativa), tratando de ver em que medida essa cultura<br />

brabsileira revela-se contemporânea histórica do presente e de si<br />

mesma além de modelo (opcional, nada impositivo: inspire-se nele<br />

quem quiser, uma vez que essa cultura não contém nenhum traço de<br />

imperialismo cultural, ao contrário do que ocorreu ou ocorre com a<br />

alemã, a francesa e a anglo-saxã) para outras “culturas nacionais” no<br />

século 21. O terceiro dedica-se à emergência contemporânea da<br />

sociedade civil como talvez a maior mudança cultural registrada no<br />

século 20 tardio. O quarto aponta para algo que não se costuma<br />

destacar na cultura — seu componente negativo — por meio de uma<br />

reflexão sobre o princípio do inerte cultural e sua relação com a violência<br />

(lembrando que um dos usos que se procura dar à cultura hoje é o de<br />

combater a violência interior à sociedade) e pela análise de um caso<br />

concreto trazido à tona, como tantos outros, pelo ataque terrorista às<br />

Torres Gêmeas de Nova York em setembro de 2001. E o último<br />

desenvolve um tema que ficou inserido em filigrana ao longo dos<br />

anteriores: o lugar e o significado da arte (sobretudo a contemporânea)<br />

diante do sistema de sentidos da cultura, buscando desenhar os traços<br />

que distinguem uma da outra.<br />

Estes ensaios revelam-se quase certamente, para recorrer<br />

novamente a Nietzsche, modos de uma consideração intempestiva da<br />

cultura, divergente da hoje predominante em mais de um espectro<br />

político e que segue um princípio investigativo que talvez possa ser<br />

denominado de genealogia da cultura e da arte. Mas, tratar<br />

intempestivamente a cultura talvez seja um modo privilegiado de livrála<br />

dos trilhos rígidos em que se tem buscado colocá-la e devolver-lhe a<br />

capacidade heurística que, em condições normais, fica restrita apenas<br />

a um de seus domínios, o da arte (e que, se ficar restrita à arte, que o<br />

seja então de modo aprofundado). Nada impedirá que essa cultura —<br />

a que pensamos poder manejar e que nos parece favorável mas,<br />

também, aquela que ignoramos ou procuramos ocultar — exploda em<br />

nossa cara. O reconhecimento de sua tessitura de paradoxos e de sua<br />

carga de negatividade pode, entretanto, permitir a elaboração de<br />

instrumentos mais adequados para o entendimento e a estimulação<br />

O OUTRO LADO DA <strong>CULTURA</strong> - E A ARTE 13

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