Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
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Carmem relata que começou a ficar <strong>de</strong>sesperada quando percebeu que não<br />
tinha mais recursos para prover seus filhos. Depois que as crianças foram<br />
abrigadas, ficou sem moradia e foi morar com sua irmã. Nesse período, <strong>de</strong>scobriu<br />
que estava grávida novamente, o que aumentou sua sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo.<br />
Quando indagada sobre as suas gestações, Carmem comenta que todas<br />
foram muito tranqüilas, que fez acompanhamento médico em todas e que seus filhos<br />
nasceram <strong>de</strong> parto normal. Diz que Cristina quase nasceu <strong>de</strong>ntro do táxi. Foi<br />
chegando ao hospital e foi nascendo ali mesmo na entrada.<br />
Novamente perguntada como foi a gestação <strong>de</strong> Cristina, Carmem, que estava<br />
com a criança no colo, olha para ela, passa a mão em sua cabeça e diz com pesar<br />
que não a queria. Respira fundo e fica por alguns segundos calada e pensativa.<br />
Carmem parece triste com as lembranças. Relata que teve medo <strong>de</strong> a criança<br />
nascer com problemas e ela não po<strong>de</strong>r amamentá-la, pois na época, estava muito<br />
doente e fazendo uso <strong>de</strong> psicofarmacos.<br />
“Graças a Deus ela nasceu perfeita”. (Carmem).<br />
Carmem ainda faz uso <strong>de</strong> psicofarmacos. Para ter seus filhos <strong>de</strong> volta, ela<br />
contou com a ajuda da comunida<strong>de</strong> local. O padre da paróquia <strong>de</strong> seu bairro ajudou-<br />
a a reformar um barracão que foi doado para ela por sua irmã. Ter moradia segura<br />
era uma condição imposta pelo Juizado da Infância e Juventu<strong>de</strong> para o<br />
encerramento da medida <strong>de</strong> abrigamento. Por um tempo recebeu também cestas<br />
básicas <strong>de</strong> um grupo religioso. Hoje, a família <strong>de</strong> Carmem está inserida em um<br />
programa social da Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte, chamado <strong>de</strong> Famílias Acolhedoras,<br />
do qual recebe um salário mínimo. Seu marido retornou para casa e começou a<br />
trabalhar recentemente na Linha Ver<strong>de</strong> como peão <strong>de</strong> obras. Ainda não teve a sua<br />
carteira profissional assinada, mas a mesma será assinada nas próximas semanas.<br />
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