Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

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09.05.2013 Views

ela vá para adoção, não sabe dizer qual será sua reação. Mas espera que isso não aconteça. Ressalta que não pode ver a filha crescer e que tem esperança de acompanhar o crescimento do próximo filho. Sobre a possibilidade de perda da guarda diz: “se eu nunca mais ver... eu acho, véio ... que eu juro que eu me mato. Eu me mato. Porque eu falo o que eu sofri no parto ... Inesquecível, eu nunca esqueço a dor. Ter que passar por isso de novo. Eu não desejo essa dor nem para meu pior inimigo. Porque é uma dor inesquecível que vem de cinco em cinco minutos, o menino querendo nascer ali rápido. E rezo né, e rezo pra minha filha nunca passar por isso. Que ela não vai para a adoção, que ela vai pra minha família, que ela larga minha família com quem ela merece ficar”. ( Beatriz). Beatriz sempre gostou muito de ir a bailes funks, porém, após o nascimento da filha Bianca, diz que sua vida mudou, pois precisava amamentar. O nascimento de sua filha, segundo ela “significou muita coisa, foi três vezes de morte pra mim. As três vezes de morte foi Deus que mim salvou. E depois eu ganhei ela, eu mudei muito, meu comportamento. Depois que minha colega morreu, eu mudei. Hoje se você for lá em casa, você pode ver que eu tou dentro de casa. Em casa vendo minha novela que eu não perco de jeito nenhum. Mil vezes melhor”. (Beatriz). Sobre os dias atuais, diz que sua vida está difícil sem sua filha. Plano de vida quase não tem, quer poder ver os filhos crescerem. Com Bianca tem preocupação em relação a sua sexualidade e à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Espera poder falar francamente com ela sobre sexo, para que ela não passe o que ela vem passando. Pretende, desse modo, evitar que a filha sofra o que ela vem sofrendo e também não repetir a atitude de seus pais que, segundo seu relato, nunca conversaram sobre sexo com ela. Sua fonte de informação foi a mãe de sua melhor amiga. 94

Sobre o que mais marcou sua vida, relatou. “Foi mais a minha infância que marcou. Ahahaha eu deito na cama e fico lembrando da minha infância, o que minha mãe mim conta o quê que eu aprontava e tudo. Aí quando eu to triste eu fico lembrando da morte da minha colega”. (Beatriz). Pretende continuar morando com sua mãe e espera que ela obtenha a guarda da neta, pois assim não perderá o contato com Bianca. Beatriz se emociona ao falar da filha. Sobre seu futuro diz: Caso C Entrevistada: Carmem. “Meu futuro? Meu futuro eu quero criar meus dois filhos, e rezo pra não vir mais porque eu não vou agüentar quatro ou cinco meninos na minha casa. Eu quero meu futuro é mais pra meus filhos. Quero ver meus filhos crescerem estudando e tudo”. (Beatriz). Grau de parentesco com as crianças: mãe. Estado Civil: amasiada. Naturalidade: Belo Horizonte/MG. Idade: 36 anos. Escolaridade: 1º. Grau incompleto. Profissão: não tem. Número de filhos e idade: quatro filhos (Cláudio - seis anos, Cleber - três anos, Carlos - dois anos e Cristina - um ano). Religião: católica. Entrevista realizada em: 01/03/2006. Criança abrigada: Cláudio, Cleber e Carlos. Idade na data do abrigamento: cinco anos, dois anos e seis meses. Idade atual: seis, três e dois anos. Local de nascimento: Belo Horizonte. 95

ela vá para adoção, não sabe dizer qual será sua reação. Mas espera que isso não<br />

aconteça. Ressalta que não po<strong>de</strong> ver a filha crescer e que tem esperança <strong>de</strong><br />

acompanhar o crescimento do próximo filho.<br />

Sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perda da guarda diz:<br />

“se eu nunca mais ver... eu acho, véio ... que eu juro que eu<br />

me mato. Eu me mato. Porque eu falo o que eu sofri no parto<br />

... Inesquecível, eu nunca esqueço a dor. Ter que passar por<br />

isso <strong>de</strong> novo. Eu não <strong>de</strong>sejo essa dor nem para meu pior<br />

inimigo. Porque é uma dor inesquecível que vem <strong>de</strong> cinco em<br />

cinco minutos, o menino querendo nascer ali rápido. E rezo né,<br />

e rezo pra minha filha nunca passar por isso. Que ela não vai<br />

para a adoção, que ela vai pra minha família, que ela larga<br />

minha família com quem ela merece ficar”. ( Beatriz).<br />

Beatriz sempre gostou muito <strong>de</strong> ir a bailes funks, porém, após o nascimento<br />

da filha Bianca, diz que sua vida mudou, pois precisava amamentar. O nascimento<br />

<strong>de</strong> sua filha, segundo ela<br />

“significou muita coisa, foi três vezes <strong>de</strong> morte pra mim. As<br />

três vezes <strong>de</strong> morte foi Deus que mim salvou. E <strong>de</strong>pois eu<br />

ganhei ela, eu mu<strong>de</strong>i muito, meu comportamento. Depois que<br />

minha colega morreu, eu mu<strong>de</strong>i. Hoje se você for lá em casa,<br />

você po<strong>de</strong> ver que eu tou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa. Em casa vendo<br />

minha novela que eu não perco <strong>de</strong> jeito nenhum. Mil vezes<br />

melhor”. (Beatriz).<br />

Sobre os dias atuais, diz que sua vida está difícil sem sua filha. Plano <strong>de</strong> vida<br />

quase não tem, quer po<strong>de</strong>r ver os filhos crescerem. Com Bianca tem preocupação<br />

em relação a sua sexualida<strong>de</strong> e à prevenção <strong>de</strong> doenças sexualmente<br />

transmissíveis. Espera po<strong>de</strong>r falar francamente com ela sobre sexo, para que ela<br />

não passe o que ela vem passando. Preten<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sse modo, evitar que a filha sofra o<br />

que ela vem sofrendo e também não repetir a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus pais que, segundo seu<br />

relato, nunca conversaram sobre sexo com ela. Sua fonte <strong>de</strong> informação foi a mãe<br />

<strong>de</strong> sua melhor amiga.<br />

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