Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Em relação a sua vida atual, Ana afirma que melhorou por não estar mais com João. Por outro lado, revela que não está feliz porque o sonho de sua vida é voltar para o ex-parceiro. Revela, porém, mágoa por João ter se envolvido com outras mulheres e para reatarem o relacionamento seria preciso que João fizesse exames médicos para comprovar a ausência de doenças sexualmente transmissíveis. Quanto aos planos para o futuro, quer ter uma casa e móveis para melhor acomodar seus filhos. Ana relata que foi bom as meninas terem voltado a morar com ela, o que parece tê-la surpreendido, pois não acreditava que isso seria possível. “Se eu tivesse esperando o pai delas a gente estaria lá embaixo até hoje. Eu estava lá até hoje. [Ana foi orientada pelo abrigo sobre os cuidados e as necessidades das crianças.] Porque lá eles falavam comigo e com ele, sempre falavam que a gente tem as meninas e tem que ter um lugar para colocar elas. A gente fez um quartinho com os irmãos dele. Todo dia ele ficava falando que ia fazer que ia fazer e não fazia nada. Aí eu fui e fiz. Mas entra dinheiro né! Minha mãe que ajuda. Com esse dinheiro que eu consegui fazer esse fundo aqui”. (Ana). João foi encaminhado pelo abrigo para uma clínica de recuperação de dependentes químicos, mas não prosseguiu o tratamento. Caso B Entrevistada: Beatriz. Grau de parentesco com as crianças: mãe. Estado Civil: solteira. Naturalidade: Belo Horizonte/MG. Idade: 17 anos. Escolaridade: 1º. Grau incompleto. Profissão: não tem. Número de filhos e idade: Bianca – 2,5 anos / Grávida de quatro meses. Religião: não tem. 86
Entrevista realizada na: Casa Novella em 20/06/2005. Criança abrigada: Bianca. Idade na data do abrigamento: três meses. Idade atual: 2,5 anos. Local de nascimento: Belo Horizonte. Motivo do abrigamento: negligência. Descrição da negligência após abrigamento: mãe usuária de drogas (crack desde os sete anos de idade), não alimentava e não oferecia cuidados básicos de higiene para a filha. Avós maternos alcoólatras. Descrição da criança no momento do abrigamento: desnutrida, desidratada; com diarréia, assaduras fortes e edema na área genital, escabiose (sarna). Acompanhamento familiar: sim. Tempo: dois meses. Estratégias de acompanhamento: visitas domiciliares. Guarda da criança: destituído poder familiar. O caso é de uma adolescente, Beatriz, que teve a filha Bianca de três meses de idade abrigada devido à negligência. A criança continua abrigada, e a família teve o poder familiar destituído pelo Juizado da Infância e Juventude de Belo Horizonte. A entrevista foi realizada na Casa Novella. Na época, Beatriz ainda não havia perdido a guarda definitiva de sua filha. Bianca foi abrigada na Casa Novella aos três meses de idade, devido à negligência cometida pela mãe. A criança chegou desnutrida e desidratada e com vários problemas graves de pele. Inicialmente, foram feitas tentativas de acompanhamento familiar por meio de visitas domiciliares, sem sucesso, porém. Por ser considerada uma família de risco e residir em uma área de grande violência, ela não vem sendo acompanhada em seu domicílio. Durante as visitas realizadas no abrigo, a família é acompanhada pela psicóloga. Normalmente, quem vem comparecendo mais assiduamente às visitas de 87
- Page 35 and 36: - IBGE- até 1999, que deram visibi
- Page 37 and 38: Rizzini et al (1993) destacam ainda
- Page 39 and 40: Além dessa estratégia, a criança
- Page 41 and 42: frutos das relações proibidas. Ao
- Page 43 and 44: práticas e de comportamentos a par
- Page 45 and 46: A passagem da tutela familiar para
- Page 47 and 48: À medida que se pôde efetivamente
- Page 49 and 50: famílias pobres, cujas crianças s
- Page 51 and 52: Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA
- Page 53 and 54: Para Solymos (2003), a pobreza corr
- Page 55 and 56: suicida, baixa auto-estima, carênc
- Page 57 and 58: ou responsáveis não conseguem cum
- Page 59 and 60: A U T O R ( E S ) C O N C E I T O F
- Page 61 and 62: longos períodos de tempo, com falt
- Page 63 and 64: A partir desses estudos sobre negli
- Page 65 and 66: juntos, o bebê com fome alucina al
- Page 67 and 68: 3.2.1 A hereditariedade O bebê, ao
- Page 69 and 70: aqui porque o que estou descrevendo
- Page 71 and 72: Winnicott, citado por Arcangioli (1
- Page 73 and 74: origem e motivo do abrigamento, tem
- Page 75 and 76: 4.2 Apresentação e análise dos d
- Page 77 and 78: É comum o uso de drogas entre os m
- Page 79 and 80: 4.3 Breve apresentação dos estudo
- Page 81 and 82: que também não queria falar sobre
- Page 83 and 84: vontade. correiadas. Em relação
- Page 85: “Imaginava nada. Bem que eu queri
- Page 89 and 90: tinha que ir na escola por causa da
- Page 91 and 92: nela. Beatriz disse que, quando viu
- Page 93 and 94: Beatriz diz que pretende levar essa
- Page 95 and 96: Sobre o que mais marcou sua vida, r
- Page 97 and 98: seu medo, sua insegurança frente
- Page 99 and 100: Carmem relata que começou a ficar
- Page 101 and 102: Seu pai é falecido, sua mãe atual
- Page 103 and 104: Sobre o motivo do abrigamento, para
- Page 105 and 106: 5. ANÁLISE DO CONTEÚDO Após a le
- Page 107 and 108: 107 eu bato. Ainda mais a mais velh
- Page 109 and 110: estrutura, o que levou Antônio ao
- Page 111 and 112: 111 “A primeira minha ficou mais
- Page 113 and 114: autor destaca a importância de uma
- Page 115 and 116: A negligência é reconhecida por A
- Page 117 and 118: seus filhos dos abrigos, uma vez qu
- Page 119 and 120: A pesquisa de campo foi realizada a
- Page 121 and 122: violência tanto na família de ori
- Page 123 and 124: BRASIL. Código de menores. Lei n.
- Page 125 and 126: 125 RIZZINI, Irene e PILOTTI, Franc
- Page 127 and 128: APÊNDICE A Roteiro de entrevista 1
Em relação a sua vida atual, Ana afirma que melhorou por não estar mais<br />
com João. Por outro lado, revela que não está feliz porque o sonho <strong>de</strong> sua vida é<br />
voltar para o ex-parceiro. Revela, porém, mágoa por João ter se envolvido com<br />
outras mulheres e para reatarem o relacionamento seria preciso que João fizesse<br />
exames médicos para comprovar a ausência <strong>de</strong> doenças sexualmente<br />
transmissíveis. Quanto aos planos para o futuro, quer ter uma casa e móveis para<br />
melhor acomodar seus filhos.<br />
Ana relata que foi bom as meninas terem voltado a morar com ela, o que<br />
parece tê-la surpreendido, pois não acreditava que isso seria possível.<br />
“Se eu tivesse esperando o pai <strong>de</strong>las a gente estaria lá<br />
embaixo até hoje. Eu estava lá até hoje. [Ana foi orientada<br />
pelo abrigo sobre os cuidados e as necessida<strong>de</strong>s das<br />
crianças.] Porque lá eles falavam comigo e com ele, sempre<br />
falavam que a gente tem as meninas e tem que ter um lugar<br />
para colocar elas. A gente fez um quartinho com os irmãos<br />
<strong>de</strong>le. Todo dia ele ficava falando que ia fazer que ia fazer e<br />
não fazia nada. Aí eu fui e fiz. Mas entra dinheiro né! Minha<br />
mãe que ajuda. Com esse dinheiro que eu consegui fazer esse<br />
fundo aqui”. (Ana).<br />
João foi encaminhado pelo abrigo para uma clínica <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos, mas não prosseguiu o tratamento.<br />
Caso B<br />
Entrevistada: Beatriz.<br />
Grau <strong>de</strong> parentesco com as crianças: mãe.<br />
Estado Civil: solteira.<br />
Naturalida<strong>de</strong>: Belo Horizonte/MG.<br />
Ida<strong>de</strong>: 17 anos.<br />
Escolarida<strong>de</strong>: 1º. Grau incompleto.<br />
Profissão: não tem.<br />
Número <strong>de</strong> filhos e ida<strong>de</strong>: Bianca – 2,5 anos / Grávida <strong>de</strong> quatro meses.<br />
Religião: não tem.<br />
86