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Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

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instância que ampara e respon<strong>de</strong> à <strong>de</strong>pendência, ou seja, o bebê precisa<br />

integralmente <strong>de</strong> um outro que ainda não é um outro separado ou externo a ele.<br />

Do meu ponto <strong>de</strong> vista, a saú<strong>de</strong> mental do indivíduo está sendo construída<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início pela mãe, que oferece o que chamei <strong>de</strong> ambiente facilitador,<br />

isto é, um ambiente em que os processos evolutivos e as interações<br />

naturais do bebê com o meio po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver-se <strong>de</strong> acordo com o<br />

padrão hereditário do indivíduo. A mãe está assentando, sem que o saiba,<br />

as bases da saú<strong>de</strong> mental do indivíduo. (WINNICOTT, 1988, p. 20).<br />

Segundo o autor, o ambiente facilitador é, no início, a mãe suficientemente<br />

boa. A expressão suficientemente boa refere-se à mãe capaz <strong>de</strong> reconhecer e<br />

aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>pendência do bebê, permitindo saber quais são suas necessida<strong>de</strong>s e<br />

respon<strong>de</strong>r as mesmas.<br />

Da bonda<strong>de</strong> “suficiente” faz parte a espontaneida<strong>de</strong> e a pessoalida<strong>de</strong> da<br />

mãe no seu cuidado com o bebê, além da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acreditar que<br />

o bebê é um processo <strong>de</strong> amadurecimento em curso e que, portanto, não é<br />

ela – seus cuidados ou o controle da situação – que dará vida ao bebê. A<br />

mãe apenas facilita um processo que pertence ao bebê. (DIAS, 2003,<br />

p.133)<br />

Para Winnicott (2000), essa adaptação absoluta da mãe significa um<br />

envolvimento total, porém, temporário. O bebê necessita <strong>de</strong> uma pessoa<br />

absolutamente entregue a ele, mesmo que seja por um pequeno período <strong>de</strong> tempo<br />

do dia. Isso é possível, porque, quando saudável, a mãe entra num estado, intitulado<br />

por Winnicott (2000), <strong>de</strong> Preocupação Materna Primária, que tem início nos últimos<br />

meses da gravi<strong>de</strong>z e mantém-se por algum tempo após o parto. A tese <strong>de</strong> Winnicott<br />

(2000) sobre a Preocupação Materna Primária é a <strong>de</strong> que esse é um estado muito<br />

especial da mãe, um estado psicológico.<br />

A mãe que <strong>de</strong>senvolve esse estado ao qual chamei <strong>de</strong> ‘preocupação<br />

materna primária’ fornece um contexto para que a constituição da criança<br />

comece a manifestar, para que as tendências ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comecem a <strong>de</strong>sdobrar-se, e para que o bebê comece a experimentar<br />

movimentos espontâneos e se torne dono das sensações correspon<strong>de</strong>ntes<br />

a essa etapa inicial da vida. A vida instintiva não precisa ser mencionada<br />

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