Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
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Para Solymos (2003), a pobreza correspon<strong>de</strong> a uma experiência <strong>de</strong> dor. Dor<br />
essa que po<strong>de</strong> ser física, que acompanha o pouquíssimo alimento e as longas horas<br />
<strong>de</strong> trabalho; dor emocional, que nasce das humilhações diárias da <strong>de</strong>pendência e da<br />
impotência; e a dor moral <strong>de</strong> ser forçado a fazer escolhas – tais como optar entre<br />
usar os limitados recursos para salvar a vida <strong>de</strong> um membro doente da família ou<br />
usar os mesmos recursos para alimentar suas crianças.<br />
As pessoas em situação <strong>de</strong> pobreza também estão mais sujeitas a<br />
apresentarem manifestações psicopatológicas não especificas do que as<br />
que não se encontram em tais condições. Um estudo que realizamos na<br />
população em geral concluiu que o grupo <strong>de</strong> baixa renda contava com um<br />
número significativamente maior <strong>de</strong> pessoas com sintomas <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong>pressão que o <strong>de</strong> alta e média renda. (SOLYMOS, 2003, p.29).<br />
A autora <strong>de</strong>staca que a pobreza material em sua natureza tem efeitos<br />
subjetivos, tais como a angústia dos pais que se sentem incapazes <strong>de</strong> alimentar os<br />
próprios filhos, o que gera neles um sentimento forte <strong>de</strong> vergonha.<br />
Ser pobre significa estar exposto a um conjunto <strong>de</strong> condições adversas que<br />
vão contra, limitam ou põem obstáculo à realização da pessoa e sua existência.<br />
“Nesse sentido, a miséria material reforça os limites pessoais e não contribui para a<br />
realização da pessoa. Viver nessa situação é viver <strong>de</strong>sumanamente, privado <strong>de</strong><br />
algo” (SOLYMOS, 2003, p.29).<br />
Outra característica das famílias pobres é a impressão <strong>de</strong> isolamento social.<br />
“A sensação <strong>de</strong> isolamento social po<strong>de</strong> resultar em apatia, imobilismo e fracasso<br />
materno em prover as necessida<strong>de</strong>s dos filhos, e tais sentimentos po<strong>de</strong>m<br />
potencializar a tendência ao comportamento negligente”. (COOHEY, 1996, apud<br />
SOLYMOS 2003, P. 30).<br />
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