Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Estar do Menor- PNBEM - (BRASIL, 1964) e a Lei nº. 6.697/79 – Código <strong>de</strong> menores<br />
(BRASIL, 1979).<br />
O órgão <strong>de</strong> execução da PNBEM era a Fundação Nacional para o Bem-Estar<br />
do Menor (FUNABEM), uma instância fe<strong>de</strong>ral encarregada <strong>de</strong> formular políticas para<br />
o menor em nível nacional, com seus braços executivos no nível estadual, a<br />
Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor – FEBEM -.<br />
Embora a prática do internamento <strong>de</strong> crianças não seja fato recente no<br />
Brasil, apenas, com a criação da FUNABEM na década <strong>de</strong> 60 e a revisão<br />
do código <strong>de</strong> Menores na década <strong>de</strong> 70, quando, também, com a ditadura<br />
militar, os menores foram consi<strong>de</strong>rados “questão <strong>de</strong> segurança nacional”,<br />
consolida-se a idéia <strong>de</strong> que lugar <strong>de</strong> criança pobre é no internato. É nesse<br />
período que o “complexo tutelar”, “re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção à criança” ou “aparato<br />
técnico-jurídico-policial” adquirem plena visibilida<strong>de</strong>. (RIZZINI; PILOTTI,<br />
1995, p.213).<br />
A situação <strong>de</strong> pobreza do menor é reafirmada pelo aparato jurídico que a<br />
transforma em irregular. A institucionalização das crianças pobres funcionou como<br />
<strong>de</strong>pósito e um gran<strong>de</strong> laboratório, permitindo tanto a retirada da criança da rua como<br />
a produção <strong>de</strong> um saber sobre a irregularida<strong>de</strong>. As pesquisas realizadas serviam<br />
para melhor submeter, dominar e disciplinar as crianças e adolescentes internados.<br />
A partir da década <strong>de</strong> 80, os movimentos sociais e as organizações não<br />
governamentais, que recentemente <strong>de</strong>spontavam no cenário nacional, iniciaram<br />
ampla mobilização para introduzir na Constituição Fe<strong>de</strong>ral os direitos da criança e do<br />
adolescente com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> romper com a lógica do código <strong>de</strong> menor.<br />
A cultura <strong>de</strong> institucionalização da criança pobre no País passa a ser<br />
questionada. A pobreza urbana crescia cada vez mais rapidamente e, com ela, a<br />
violência. Tal crescimento significou um <strong>de</strong>safio para a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento<br />
do Po<strong>de</strong>r Público. Com isso, a socieda<strong>de</strong> civil passa a se organizar. Surgem vários<br />
movimentos em prol da criança. Dentre eles, a Pastoral do Menor, ligada à Igreja<br />
Católica e os diversos grupos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos direitos da criança e do adolescente.<br />
46