09.05.2013 Views

Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

embora, nos dias atuais, muitos segmentos da socieda<strong>de</strong> ainda utilizem o termo<br />

menor ao aludir às crianças pobres.<br />

A criança pobre, chamada menor, foi objeto da tutela do Estado. Nesse<br />

sentido, o Código Criminal <strong>de</strong> 1830 tinha por finalida<strong>de</strong> punir, tratar e regenerar a<br />

criança consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>linqüente.<br />

Para Rizzini e Pilotti (1995), as dificulda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>scaminhos da criança rica no<br />

Brasil jamais a levaram à Delegacia <strong>de</strong> Menores, ao Juizado <strong>de</strong> Menores ou aos<br />

internatos. Seu problema não era tomado como irregularida<strong>de</strong>, ou como indicativo<br />

<strong>de</strong> má índole ou <strong>de</strong>linqüência nem sua família consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>sestruturada ou<br />

incompetente na tarefa <strong>de</strong> educá-la.<br />

Com a Proclamação da República, os <strong>de</strong>bates sobre a assistência à infância<br />

pobre no Brasil tomaram conta do cenário social. É nesse período que é<br />

promulgado o Código <strong>de</strong> Menores tendo como autor o Juiz <strong>de</strong> Menores da capital da<br />

República, Mello Matos. A noção central que norteava o Código é a chamada<br />

situação irregular do menor, ou seja, da criança pobre, órfã e consi<strong>de</strong>rada<br />

<strong>de</strong>linqüente.<br />

A aprovação do Código <strong>de</strong> Menores, em 1927, é tida por alguns autores como<br />

um marco na história da assistência à infância, na medida em que passa a ser um<br />

atributo do Estado. Esse assumiu gradativamente a assistência à infância <strong>de</strong>svalida<br />

e criou um aparato para aten<strong>de</strong>r e controlar os menores em situação irregular.<br />

Pela legislação, que vigorou <strong>de</strong> 1927 a 1990 – (código <strong>de</strong> Menores), todas<br />

essas crianças e jovens eram passíveis, num momento ou outro, <strong>de</strong> serem<br />

sentenciados como “irregulares” e enviados às instituições <strong>de</strong> recolhimento,<br />

triagem, ressocialização ou guarda, a fim <strong>de</strong> que cessasse a situação <strong>de</strong><br />

irregularida<strong>de</strong>. A lógica era aparentemente simples: se a família não po<strong>de</strong><br />

ou falha no cuidado e proteção ao menor, o Estado toma para si esta<br />

função. (RIZZINI; PILOTTI, 1995, p.211).<br />

44

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!