Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Além <strong>de</strong>ssa estratégia, a criança pobre e sua família foram objeto <strong>de</strong> diversas<br />
práticas <strong>de</strong> assistência no Brasil. Ver-se-á que essas práticas ora significavam uma<br />
substituição da família, ora a tutela da família, ora a busca <strong>de</strong> propiciar à família as<br />
condições necessárias, para que ela mesma pu<strong>de</strong>sse cuidar, proteger, reconhecer e<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os direitos <strong>de</strong> suas crianças.<br />
2.3 Práticas <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong>stinadas às famílias pobres e suas crianças<br />
No que se refere à infância pobre no Brasil, segundo Marcílio (1998), do<br />
período colonial até meados do século XIX, vigorou a fase caritativa. O<br />
assistencialismo <strong>de</strong>sse período é marcado pelo sentimento <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> humana.<br />
Na fase caritativa, a assistência às crianças abandonadas era caracterizada<br />
por dois sistemas: um informal e outro formal. No sistema informal, encontra-se a<br />
adoção <strong>de</strong> crianças pelas famílias, os chamados filhos <strong>de</strong> criação. Esta era uma<br />
prática amplamente difundida e presente em toda a história do Brasil, segundo<br />
Marcílio (1998). A criação <strong>de</strong> crianças abandonadas po<strong>de</strong> ser compreendida tanto<br />
pelo exercício dos princípios religiosos da carida<strong>de</strong> cristã como pelo viés do<br />
interesse econômico, ou seja, uma criança agregada à família po<strong>de</strong>ria significar<br />
mão-<strong>de</strong>-obra gratuita, e criá-la traria vantagens econômicas futuras.<br />
Já o sistema formal comportava as ações <strong>de</strong>senvolvidas pelas câmaras<br />
municipais e a prática da roda dos expostos. As câmaras municipais eram instituídas<br />
pela legislação portuguesa e <strong>de</strong>legadas oficialmente como responsáveis pela tarefa<br />
<strong>de</strong> prover a assistência aos pequenos enjeitados. A sua forma <strong>de</strong> atuação era<br />
39