Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ultrapassa a um salário mínimo. O censo ainda mostra que o percentual <strong>de</strong> crianças<br />
<strong>de</strong> zero a seis anos, que se <strong>de</strong>senvolvem em domicílios chefiados por mulheres, é<br />
<strong>de</strong> 56,6%.<br />
Percebe-se que a dimensão da pobreza se aprofunda quando vinculamos<br />
monoparentalida<strong>de</strong>, sexo e etnia.<br />
Famílias monoparentais femininas e pobreza acabam, <strong>de</strong> um lado, por<br />
construir outro estigma, o <strong>de</strong> que as mulheres são menos ‘capazes’ para<br />
cuidar <strong>de</strong> suas famílias ou para administrá-las sem um homem. De outro, é<br />
apontado que as mulheres, hoje, ganharam maior in<strong>de</strong>pendência e,<br />
portanto, po<strong>de</strong>m assumir suas famílias. No entanto, enquanto houver a<br />
associação maciça entre monoparentalida<strong>de</strong> e pobreza – e os dados do<br />
Censo 2000 confirmam, em especial, quando distribuída por regiões do<br />
País – acaba por fortalecer muito mais a adjetivação <strong>de</strong>ssas famílias como<br />
vulneráveis ou <strong>de</strong> risco do que como potencialmente autônomas. (VITALE,<br />
2002, p. 51).<br />
Outro aspecto a ser consi<strong>de</strong>rado na monoparentalida<strong>de</strong> feminina é a<br />
durabilida<strong>de</strong> e a seqüência, ou seja, o tempo em que a família permanece em<br />
situação monoparental. A monoparentalida<strong>de</strong> supõe vivências <strong>de</strong> relações,<br />
separações, recomposições <strong>de</strong> vínculos e dos sentimentos aí contidos. “[...] a<br />
monoparentalida<strong>de</strong> não é um estado fixo e, portanto, <strong>de</strong>ve ser captada no seu<br />
movimento, nas relações que se constroem e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazem”. (VITALE, 2002, p.56).<br />
Tratar das famílias monoparentais femininas pobres é, <strong>de</strong>sse modo, abordar<br />
seus vínculos, suas relações com uma re<strong>de</strong> familiar que não coinci<strong>de</strong><br />
necessariamente com as fronteiras da casa.<br />
A literatura estudada permitiu compreen<strong>de</strong>r que as famílias das camadas<br />
pobres na socieda<strong>de</strong> brasileira contemporânea vivem uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> organização, sendo bastante comuns a família monoparental feminina e família<br />
conjugal reconstituída, e a idéia <strong>de</strong> que a criança <strong>de</strong>ve ser protegida é compartilhada<br />
por esse grupo social e a estratégia <strong>de</strong> circulação das crianças pela família extensa<br />
é amplamente praticada.<br />
38