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Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

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tempo, os vínculos com seu grupo <strong>de</strong> referência. Já, a adoção representa a quebra<br />

<strong>de</strong>sse jogo, pela transferência total dos direitos e <strong>de</strong>veres sobre a criança da família<br />

<strong>de</strong> origem para a família adotiva.<br />

A expressão circulação <strong>de</strong> crianças foi usada pela primeira vez por Fonseca<br />

(1993) para <strong>de</strong>signar o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> crianças que passa parte da infância ou<br />

juventu<strong>de</strong> em casas que não a <strong>de</strong> seus genitores. A falta <strong>de</strong> qualquer menção <strong>de</strong>ssa<br />

prática na literatura das ciências sociais levou a autora, <strong>de</strong> início, a ficar perplexa e,<br />

em seguida, pensar ser esse um fenômeno regional (Sul do Brasil). Com o tempo,<br />

foram surgindo trabalhos <strong>de</strong> etnógrafos com dados que mostram que um<br />

surpreen<strong>de</strong>nte número <strong>de</strong> famílias pobres abrigam crianças cujos genitores estão<br />

ausentes.<br />

Segundo Serra (2003), a circulação <strong>de</strong> crianças é um fenômeno <strong>de</strong>mográfico<br />

bastante estudado em alguns países, mas praticamente <strong>de</strong>sconhecido da<br />

<strong>de</strong>mografia brasileira. Encontra-se, no Brasil, um esforço <strong>de</strong> alguns poucos<br />

pesquisadores, como Fonseca (1993), em apreen<strong>de</strong>r o fenômeno sob a ótica das<br />

ciências sociais. A circulação <strong>de</strong> crianças po<strong>de</strong> ser também <strong>de</strong>scrita como um<br />

fenômeno migratório, já que implica um movimento <strong>de</strong> um lar para outro. O mais<br />

importante para esse estudo são, porém, os sentidos <strong>de</strong> cuidado e preservação dos<br />

vínculos familiares e comunitários que tal prática <strong>de</strong>monstra.<br />

Observando a prática <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> crianças como uma estrutura básica<br />

da organização <strong>de</strong> parentesco, em grupos <strong>de</strong> baixa renda brasileiros,<br />

nossa atenção se volta <strong>de</strong> um ‘problema social’ para um processo social, e<br />

o nosso enfoque analítico muda <strong>de</strong> ‘o colapso dos valores tradicionais’ para<br />

formas alternativas <strong>de</strong> organização vinculadas a uma cultura popular<br />

urbana. (FONSECA, 1993, p. 116).<br />

Serra (2003) trabalhou com dados da Pesquisa Nacional <strong>de</strong> Amostragem<br />

Domiciliar - PNAD - disponibilizado pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

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