Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
(2000), a família mo<strong>de</strong>rna do tipo 2 reflete a lógica individualista da socieda<strong>de</strong><br />
contemporânea.<br />
Os novos arranjos familiares também são encontrados nas famílias das<br />
camadas pobres da socieda<strong>de</strong> brasileira. Nesse sentido, o estudo sobre famílias e<br />
crianças <strong>de</strong> Belo Horizonte realizado, em 1995, pela Associação Municipal <strong>de</strong><br />
Assistência Social - AMAS -, constatou a existência <strong>de</strong> diferentes arranjos familiares,<br />
sendo eles: nuclear (simples ou extensa), monoparental feminina (simples ou<br />
extensa), monoparental masculina (simples ou extensa), família convivente, família<br />
<strong>de</strong> genitores ausentes, família nuclear com crianças agregadas e famílias<br />
reconstituídas.<br />
Além <strong>de</strong> apontar a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> família, essa pesquisa também<br />
mostrou que a prática <strong>de</strong> cuidado com a criança é um valor positivo e compartilhado<br />
pelo grupo social. No entanto, tal cuidado não é realizado somente pelo casal, mas<br />
pela família extensa. Assim, algumas famílias, mesmo vivendo uma situação<br />
financeira precária, protegem os seus filhos pequenos dos riscos à integrida<strong>de</strong> física<br />
e psicológica, utilizando como estratégia a circulação das crianças. Muitas mães<br />
ouvidas nessa pesquisa narraram que levavam seus filhos para morar na casa <strong>de</strong><br />
algum parente, por algum tempo, até que o risco fosse afastado ou que eles<br />
crescessem o suficiente para enfrentar a situação adversa. Tal atitu<strong>de</strong> tomada na<br />
sua aparência po<strong>de</strong> ser interpretada como sinal <strong>de</strong> uma fragilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vínculos<br />
afetivos entre pais e filhos. No entanto, analisada em seu contexto, é uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
cuidado e <strong>de</strong> proteção das crianças, portanto, uma atitu<strong>de</strong> contrária da negligência.<br />
Sarti (2003) realizou uma pesquisa na periferia <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> conviveu<br />
durante anos com famílias pobres. Utilizando instrumentos <strong>de</strong> pesquisa qualitativa,<br />
32