Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Enfim, a assistência mo<strong>de</strong>rna à família e às crianças começa a ser pensada<br />
nesse momento histórico. Inicialmente, a arte <strong>de</strong> cultivar as crianças era privilégio e<br />
marca específica das elites. Logo em seguida, as famílias pobres tornaram-se alvo<br />
da tutela higienista como uma estratégia <strong>de</strong> controle social amplo.<br />
No século XIX, a família colonial começou a ser mais incisivamente <strong>de</strong>finida<br />
como incapaz <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> seus filhos, com seus hábitos atrasados e incultos entre<br />
eles, o fato <strong>de</strong> que, na tradição colonial, os pais não tomavam para si o encargo das<br />
crianças. Devido aos altos índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil e das precárias condições<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos adultos, os higienistas passaram a impor à família uma educação<br />
física, moral, intelectual e sexual, baseada nos princípios sanitários da época. Tal<br />
educação, dirigida principalmente às mulheres e às crianças, <strong>de</strong>veria revolucionar os<br />
costumes familiares.<br />
A mulher foi uma figura importante nas transformações pelas quais passou a<br />
família nas socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais durante os últimos séculos. No Brasil, os médicos<br />
higienistas aliaram-se às mulheres. “Foi através <strong>de</strong> uma aliança política do médico<br />
com a mulher ‘oprimida’ da família colonial brasileira que se iniciou o processo <strong>de</strong><br />
produção da família higiênica”. (RAUTER, 1987, p. 21).<br />
Nesse novo mo<strong>de</strong>lo familiar, controlado pela or<strong>de</strong>m médica, a mulher não<br />
<strong>de</strong>via ser mais inculta, pois ela passava a ocupar um lugar <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />
referência no cuidado com as crianças. Ela tinha o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> gerar e educar os<br />
futuros cidadãos da nação, embora continuasse restrita ao espaço da casa. Tais<br />
práticas contribuíram para a <strong>de</strong>stituição lenta do po<strong>de</strong>r do patriarca. Aparece, então,<br />
a imagem das mães <strong>de</strong>votadas.<br />
A educação é a via privilegiada pela quais os indivíduos apren<strong>de</strong>riam a<br />
<strong>de</strong>senvolver o gosto pela saú<strong>de</strong>, o cuidado <strong>de</strong> si, acabando, <strong>de</strong>ssa forma, com a<br />
28