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Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

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filhos tinham pouco contato com a mãe uma vez que eram confiados aos cuidados<br />

das amas-<strong>de</strong>-leite.<br />

Costa (1999) ressalta que o filho no período colonial ocupava uma posição <strong>de</strong><br />

mero instrumento <strong>de</strong>ntro da família e era tomado como proprieda<strong>de</strong>. Não no mesmo<br />

sentido do escravo, mas, sim, no sentido <strong>de</strong> um membro a ser socializado para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e aumentar os bens e o prestígio do patriarca. O filho era, simplesmente,<br />

um servidor do pai. Nesse período, o pai não tinha gran<strong>de</strong>s compromissos e nem<br />

manifestações <strong>de</strong> afeto para com sua prole. Percebe-se, na citação abaixo, como<br />

se caracteriza o abandono afetivo das crianças pelos pais nesse período.<br />

Embora o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> filhos na família antiga pu<strong>de</strong>sse ter sido<br />

responsável pela diluição do afeto <strong>de</strong>dicado a cada um <strong>de</strong>les, esse fato,<br />

por si só, não explica a conduta sentimental do pai. Inversamente,<br />

comprova o papel instrumental que o filho tinha na família e como este<br />

papel repercutiu na avaliação emocional da criança. (COSTA, 1999, p.<br />

154).<br />

A família colonial ignorava e subestimava a fragilida<strong>de</strong> das crianças. Estas<br />

não <strong>de</strong>spertavam nenhum interesse, uma vez que não eram ainda úteis, como<br />

aponta Costa (1999, p.159).<br />

Ao pai proprietário interessava o filho adulto, com capacida<strong>de</strong> para herdar<br />

seus bens, levar adiante seu trabalho e enriquecer a família. A criança<br />

tinha uma vida paralela à economia doméstica. Don<strong>de</strong> o fenômeno da<br />

“adultização” precoce da infância. Tão logo chegavam à puberda<strong>de</strong>, os<br />

filhos eram levados a assumir a postura <strong>de</strong> adultos. Assim, adquiriam o<br />

direito a uma maior participação na atenção da família.<br />

As <strong>de</strong>scrições sobre a infância, no período colonial brasileiro, acentuam o fato<br />

<strong>de</strong> as crianças sofrerem por falta <strong>de</strong> cuidados higiênicos, alimentares e afetivos,<br />

sobretudo, no primeiro ano <strong>de</strong> vida. Essa prática <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> cuidados está associada<br />

à <strong>de</strong>svalorização da infância. Esses <strong>de</strong>scuidos levaram muitas crianças à morte. No<br />

entanto, as mortes <strong>de</strong> crianças pequenas eram explicadas e aceitas a partir <strong>de</strong> um<br />

i<strong>de</strong>ário religioso católico, fortemente internalizado pelas famílias, uma vez que se<br />

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