Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
uma breve revisão da história da família e do abandono de crianças no Brasil. A história do abandono possibilita perceber como tal fenômeno mobilizou a sociedade civil e começou a fazer parte da pauta das políticas públicas. O contexto histórico do abandono e das práticas de atenção à infância brasileira e o quadro dos modelos e dinâmicas das famílias pobres é necessário para evitar o risco de se construir um conceito de negligência desvinculado do contexto histórico e sociocultural dessas famílias. O terceiro capítulo revê e analisa os diversos conceitos de negligência, apontando os pontos de convergência e de divergência entre eles com o intuito de contribuir para a delimitação do conceito de negligência. Esse capítulo ainda aborda a teoria a construção dos vínculos no primeiro ano de vida e a importância do afeto para crianças, especialmente, as pequenas a partir da proposta teórica de Donald Woods Winnicott. O quarto capítulo descreve os procedimentos de coleta de dados e apresenta a sua análise. Os instrumentos de coleta foram: pesquisa documental nos arquivos da Casa Novella e as entrevistas realizadas com os pais que tiveram seus filhos atendidos no abrigo. A análise do conteúdo encontra-se no quinto capítulo. As considerações finais, as referências e um apêndice completam esta dissertação. 20
2. CONTEXTO DO ABANDONO DE CRIANÇAS NA HISTÓRIA DA FAMÍLIA NO BRASIL. Esse capítulo apresenta uma breve revisão sobre as transformações da família brasileira com a intenção de abordar a história do abandono de crianças no Brasil. Tal contextualização é útil para delimitar o conceito de negligência, fundamental para o desenvolvimento desta dissertação. Nesse sentido, apoiou-se em autores como Rizzini e Pilloti (1995), Rizzini e Rizzini (2004), Romagnoli (1996), Samara (1983) Costa (1999), Marcílio (2001) e Del Priore (2002). O ponto de partida é o período colonial, no qual as práticas de abandono são evidenciadas por meio do mecanismo da roda dos expostos. Destaca-se o movimento higienista, que, no final do século XIX, propôs o rompimento com as práticas coloniais, em nome da nova ordem de urbanização. Chega-se à década de noventa do século XX, quando da promulgação do ECA (BRASIL,1990), que rompe com a idéia do menor e da situação irregular, para trazer a noção de crianças e adolescentes como sujeitos e portadores de direitos universais. 2.1 Da família colonial à família higiênica Ao examinar a trajetória histórica da família no Brasil, do período colonial ao período do higienismo, vê-se que as famílias brasileiras foram profundamente 21
- Page 1 and 2: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
- Page 3 and 4: FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela
- Page 5 and 6: Aos amigos da Casa Novella e a toda
- Page 7 and 8: “A Acolhida e a partilha são a
- Page 9 and 10: ABSTRACT The basic principle of thi
- Page 11 and 12: LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Violên
- Page 13 and 14: SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...........
- Page 15 and 16: 1. INTRODUÇÃO O interesse pelo te
- Page 17 and 18: Accoglienza per Bambini in Situazin
- Page 19: educativo do relacionamento. Procur
- Page 23 and 24: submissão. Encontrar-se-ão, entre
- Page 25 and 26: acreditava que a criança morta tor
- Page 27 and 28: Os higienistas examinaram os regist
- Page 29 and 30: desordem higiênica dos velhos háb
- Page 31 and 32: autoritarismo dos regimes político
- Page 33 and 34: entrevistas e observação, obteve
- Page 35 and 36: - IBGE- até 1999, que deram visibi
- Page 37 and 38: Rizzini et al (1993) destacam ainda
- Page 39 and 40: Além dessa estratégia, a criança
- Page 41 and 42: frutos das relações proibidas. Ao
- Page 43 and 44: práticas e de comportamentos a par
- Page 45 and 46: A passagem da tutela familiar para
- Page 47 and 48: À medida que se pôde efetivamente
- Page 49 and 50: famílias pobres, cujas crianças s
- Page 51 and 52: Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA
- Page 53 and 54: Para Solymos (2003), a pobreza corr
- Page 55 and 56: suicida, baixa auto-estima, carênc
- Page 57 and 58: ou responsáveis não conseguem cum
- Page 59 and 60: A U T O R ( E S ) C O N C E I T O F
- Page 61 and 62: longos períodos de tempo, com falt
- Page 63 and 64: A partir desses estudos sobre negli
- Page 65 and 66: juntos, o bebê com fome alucina al
- Page 67 and 68: 3.2.1 A hereditariedade O bebê, ao
- Page 69 and 70: aqui porque o que estou descrevendo
2. CONTEXTO DO ABANDONO DE CRIANÇAS NA HISTÓRIA DA FAMÍLIA<br />
NO BRASIL.<br />
Esse capítulo apresenta uma breve revisão sobre as transformações da<br />
família brasileira com a intenção <strong>de</strong> abordar a história do abandono <strong>de</strong> crianças no<br />
Brasil. Tal contextualização é útil para <strong>de</strong>limitar o conceito <strong>de</strong> negligência,<br />
fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta dissertação. Nesse sentido, apoiou-se<br />
em autores como Rizzini e Pilloti (1995), Rizzini e Rizzini (2004), Romagnoli (1996),<br />
Samara (1983) Costa (1999), Marcílio (2001) e Del Priore (2002).<br />
O ponto <strong>de</strong> partida é o período colonial, no qual as práticas <strong>de</strong> abandono são<br />
evi<strong>de</strong>nciadas por meio do mecanismo da roda dos expostos. Destaca-se o<br />
movimento higienista, que, no final do século XIX, propôs o rompimento com as<br />
práticas coloniais, em nome da nova or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> urbanização. Chega-se à década <strong>de</strong><br />
noventa do século XX, quando da promulgação do ECA (BRASIL,1990), que rompe<br />
com a idéia do menor e da situação irregular, para trazer a noção <strong>de</strong> crianças e<br />
adolescentes como sujeitos e portadores <strong>de</strong> direitos universais.<br />
2.1 Da família colonial à família higiênica<br />
Ao examinar a trajetória histórica da família no Brasil, do período colonial ao<br />
período do higienismo, vê-se que as famílias brasileiras foram profundamente<br />
21