Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas
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Embora tivessem relatado que os pais eram bons e não tinham o costume<br />
<strong>de</strong> castigar fisicamente os filhos, ficou a impressão <strong>de</strong> que queriam evitar rememorar<br />
a própria infância.<br />
Sobre a infância <strong>de</strong> Beatriz e Antônio, estava presente nos relatos a<br />
lembrança das violências sofridas, principalmente, a violência doméstica física.<br />
106<br />
“Eu não tenho muita lembrança <strong>de</strong>la nem do meu pai, mas <strong>de</strong><br />
mim eu tenho um pouco <strong>de</strong> lembrança, ela me contou e tudo.<br />
Ela contava que eu levantava cinco horas da manhã pra tomar<br />
banho na água fria. E ela mim tirava lá da água fria e batia<br />
muito.” (Beatriz).<br />
Nota-se como a violência física é aceita e vista como uma forma <strong>de</strong> educar os<br />
filhos. Essa educação está diretamente relacionada com o exercício da autorida<strong>de</strong><br />
dos pais sobre os filhos.<br />
“Eu criei até essa ida<strong>de</strong>, pai me <strong>de</strong>u uma surra só” (Antônio).<br />
Percebe-se que o fenômeno da violência familiar repete-se entre as gerações.<br />
A família sofre o impacto provocado pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Percebe-se, porém, por meio<br />
<strong>de</strong>sse estudo, uma semelhança geracional promovida pela herança familiar.<br />
Samara (1983) e Costa (1999) revelam que, nas famílias da elite no período<br />
colonial, encontrava-se a figura do patriarca, tomada como autorida<strong>de</strong> máxima. O<br />
patriarca tinha o direito <strong>de</strong> castigar fisicamente, além dos escravos, os seus filhos e<br />
a sua esposa. Romagnoli (1996) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a imagem do patriarca dos tempos<br />
passados permanece, em certo sentido, nos dias atuais. A partir dos estudos <strong>de</strong><br />
casos realizados nesta pesquisa, po<strong>de</strong>-se perceber que a prática <strong>de</strong> utilização dos<br />
castigos físicos como recurso pedagógico ainda faz parte, muitas vezes, da história<br />
<strong>de</strong> vida das famílias abordadas. Nota-se isso pela fala <strong>de</strong> Ana:<br />
“fico sem paciência <strong>de</strong> ficar pegando no pé. A gente passa mal<br />
e eles também, eu <strong>de</strong>ixo à vonta<strong>de</strong>. Só que <strong>de</strong> vez em quando