09.05.2013 Views

Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

Dissertação Fernanda Flaviana de Souza Martins - PUC Minas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Embora tivessem relatado que os pais eram bons e não tinham o costume<br />

<strong>de</strong> castigar fisicamente os filhos, ficou a impressão <strong>de</strong> que queriam evitar rememorar<br />

a própria infância.<br />

Sobre a infância <strong>de</strong> Beatriz e Antônio, estava presente nos relatos a<br />

lembrança das violências sofridas, principalmente, a violência doméstica física.<br />

106<br />

“Eu não tenho muita lembrança <strong>de</strong>la nem do meu pai, mas <strong>de</strong><br />

mim eu tenho um pouco <strong>de</strong> lembrança, ela me contou e tudo.<br />

Ela contava que eu levantava cinco horas da manhã pra tomar<br />

banho na água fria. E ela mim tirava lá da água fria e batia<br />

muito.” (Beatriz).<br />

Nota-se como a violência física é aceita e vista como uma forma <strong>de</strong> educar os<br />

filhos. Essa educação está diretamente relacionada com o exercício da autorida<strong>de</strong><br />

dos pais sobre os filhos.<br />

“Eu criei até essa ida<strong>de</strong>, pai me <strong>de</strong>u uma surra só” (Antônio).<br />

Percebe-se que o fenômeno da violência familiar repete-se entre as gerações.<br />

A família sofre o impacto provocado pela mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Percebe-se, porém, por meio<br />

<strong>de</strong>sse estudo, uma semelhança geracional promovida pela herança familiar.<br />

Samara (1983) e Costa (1999) revelam que, nas famílias da elite no período<br />

colonial, encontrava-se a figura do patriarca, tomada como autorida<strong>de</strong> máxima. O<br />

patriarca tinha o direito <strong>de</strong> castigar fisicamente, além dos escravos, os seus filhos e<br />

a sua esposa. Romagnoli (1996) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a imagem do patriarca dos tempos<br />

passados permanece, em certo sentido, nos dias atuais. A partir dos estudos <strong>de</strong><br />

casos realizados nesta pesquisa, po<strong>de</strong>-se perceber que a prática <strong>de</strong> utilização dos<br />

castigos físicos como recurso pedagógico ainda faz parte, muitas vezes, da história<br />

<strong>de</strong> vida das famílias abordadas. Nota-se isso pela fala <strong>de</strong> Ana:<br />

“fico sem paciência <strong>de</strong> ficar pegando no pé. A gente passa mal<br />

e eles também, eu <strong>de</strong>ixo à vonta<strong>de</strong>. Só que <strong>de</strong> vez em quando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!