Autovalores do Laplaciano - Departamento de Matemática - UFMG

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09.05.2013 Views

Capítulo 2 Método de Diferenças Finitas 2.1 O Caso Unidimensional Nesta seção, desenvolveremos um método numérico de diferenças finitas para resolver o problema de Dirichlet para a equação de Poisson em uma dimensão −u ′′ = f (x) em [0, a] , u (0) = u (a) = 0, e para o problema de autovalor de Dirichlet para o laplaciano −u ′′ = λu em [0, a] , u (0) = u (a) = 0. 2.1.1 Séries de Taylor e Diferenças Finitas em Uma Dimensão Seja ∆x > 0. Considere as seguintes expansões de Taylor de uma função u em torno de um ponto x0, respectivamente à direita e à esquerda de x0: Daí, u(x0 + ∆x) = u(x0) + u ′ (x0)∆x + 1 2! u′′ (x0)∆x 2 + 1 3! u′′′ (x0)∆x 3 + . . . , (2.1) u(x0 − ∆x) = u(x0) − u ′ (x0)∆x + 1 2! u′′ (x0)∆x 2 − 1 3! u′′′ (x0)∆x 3 + . . . (2.2) u ′ (x0) = u(x0 + ∆x) − u(x0) ∆x u ′ (x0) = u(x0) − u(x0 − ∆x) ∆x − 1 2! u′′ (x0)∆x − 1 3! u′′′ (x0)∆x 2 − . . . , + 1 2! u′′ (x0)∆x − 1 3! u′′′ (x0)∆x 2 + . . . Isso fornece duas aproximações possíveis para a primeira derivada u ′ (x0) de u em x0: u ′ (x0) ≈ u(x0 + ∆x) − u(x0) , ∆x (2.3) u ′ (x0) ≈ u(x0) − u(x0 − ∆x) . ∆x (2.4) A primeira é chamada uma diferença progressiva e a segunda é uma diferença regressiva. Pela Fórmula de Taylor com Resto, o erro destas aproximações é dado por ɛ = ± 1 2 u′′ (ξ)∆x = O(∆x), 39

Rodney Josué Biezuner 40 onde x0 ξ x0 + ∆x no primeiro caso, e x0 − ∆x ξ x0 no segundo caso. Por outro lado, se subtrairmos (2.2) de (2.1), obtemos u ′ (x0) = u(x0 + ∆x) − u(x0 − ∆x) 2∆x − 1 3! u′′′ (x0)∆x 2 − 1 5! u(5) (x0)∆x 4 − . . . o que dá uma outra aproximação possível para a primeira derivada u ′ (x0) de u em x0: u ′ (x0) ≈ u(x0 + ∆x) − u(x0 − ∆x) 2∆x com erro ɛ = − 1 6 u′′′ (ξ)∆x 2 = O(∆x 2 ), para algum x0 − ∆x ξ x0 + ∆x. Esta aproximação por diferença finita é chamada diferença centrada. Ela é uma melhor aproximação que as aproximações laterais (progressiva e regressiva). Se, ao invés, adicionarmos (2.1) e (2.2), obtemos u ′′ (x0) = u(x0 + ∆x) + u(x0 − ∆x) − 2u(x0) ∆x 2 o que fornece uma aproximação para a derivada segunda u ′′ (x0) de u em x0: u ′′ (x0) ≈ u(x0 + ∆x) + u(x0 − ∆x) − 2u(x0) ∆x 2 − 2 4! u(4) (x0)∆x 2 − 2 5! u(6) (x0)∆x 4 − . . . com erro ɛ = − 1 12 u(4) (ξ)∆x 2 = O(∆x 2 ), onde x0 − ∆x ξ x0 + ∆x. Esta aproximação é também chamada uma diferença centrada para a derivada segunda. 2.1.2 Discretização Dividimos o intervalo [0, a] em n subintervalos de comprimento ∆x = a/n através de n − 1 pontos interiores uniformemente espaçados: x0 = 0, x1 = ∆x, x2 = 2∆x, . . . , xn−1 = (n − 1) ∆x, xn = n∆x = a, de modo que [0, a] = [x0, x1] ∪ [x1, x2] ∪ . . . ∪ [xn−1, xn]. Introduzimos a notação: ui = u(xi), fi = f (xi) . Esta é uma discretização uniforme do intervalo [0, a]. Uma vez discretizado o domínio da equação diferencial parcial, procedemos à discretização desta. Usando diferenças centradas para cada ponto interior xi, 1 i n − 1, temos −ui−1 + 2ui − ui+1 ∆x 2 = fi. (2.7) Para os pontos de fronteira, a condição de Dirichlet implica simplesmente que (2.5) (2.6) u0 = un = 0. (2.8)

Rodney Josué Biezuner 40<br />

on<strong>de</strong> x0 ξ x0 + ∆x no primeiro caso, e x0 − ∆x ξ x0 no segun<strong>do</strong> caso.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, se subtrairmos (2.2) <strong>de</strong> (2.1), obtemos<br />

u ′ (x0) = u(x0 + ∆x) − u(x0 − ∆x)<br />

2∆x<br />

− 1<br />

3! u′′′ (x0)∆x 2 − 1<br />

5! u(5) (x0)∆x 4 − . . .<br />

o que dá uma outra aproximação possível para a primeira <strong>de</strong>rivada u ′ (x0) <strong>de</strong> u em x0:<br />

u ′ (x0) ≈ u(x0 + ∆x) − u(x0 − ∆x)<br />

2∆x<br />

com erro<br />

ɛ = − 1<br />

6 u′′′ (ξ)∆x 2 = O(∆x 2 ),<br />

para algum x0 − ∆x ξ x0 + ∆x. Esta aproximação por diferença finita é chamada diferença centrada.<br />

Ela é uma melhor aproximação que as aproximações laterais (progressiva e regressiva).<br />

Se, ao invés, adicionarmos (2.1) e (2.2), obtemos<br />

u ′′ (x0) = u(x0 + ∆x) + u(x0 − ∆x) − 2u(x0)<br />

∆x 2<br />

o que fornece uma aproximação para a <strong>de</strong>rivada segunda u ′′ (x0) <strong>de</strong> u em x0:<br />

u ′′ (x0) ≈ u(x0 + ∆x) + u(x0 − ∆x) − 2u(x0)<br />

∆x 2<br />

− 2<br />

4! u(4) (x0)∆x 2 − 2<br />

5! u(6) (x0)∆x 4 − . . .<br />

com erro<br />

ɛ = − 1<br />

12 u(4) (ξ)∆x 2 = O(∆x 2 ),<br />

on<strong>de</strong> x0 − ∆x ξ x0 + ∆x. Esta aproximação é também chamada uma diferença centrada para a<br />

<strong>de</strong>rivada segunda.<br />

2.1.2 Discretização<br />

Dividimos o intervalo [0, a] em n subintervalos <strong>de</strong> comprimento ∆x = a/n através <strong>de</strong> n − 1 pontos interiores<br />

uniformemente espaça<strong>do</strong>s:<br />

x0 = 0, x1 = ∆x, x2 = 2∆x, . . . , xn−1 = (n − 1) ∆x, xn = n∆x = a,<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que [0, a] = [x0, x1] ∪ [x1, x2] ∪ . . . ∪ [xn−1, xn]. Introduzimos a notação:<br />

ui = u(xi),<br />

fi = f (xi) .<br />

Esta é uma discretização uniforme <strong>do</strong> intervalo [0, a]. Uma vez discretiza<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio da equação diferencial<br />

parcial, proce<strong>de</strong>mos à discretização <strong>de</strong>sta. Usan<strong>do</strong> diferenças centradas para cada ponto interior xi, 1 i <br />

n − 1, temos<br />

−ui−1 + 2ui − ui+1<br />

∆x 2 = fi. (2.7)<br />

Para os pontos <strong>de</strong> fronteira, a condição <strong>de</strong> Dirichlet implica simplesmente que<br />

(2.5)<br />

(2.6)<br />

u0 = un = 0. (2.8)

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