Autovalores do Laplaciano - Departamento de Matemática - UFMG

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09.05.2013 Views

Rodney Josué Biezuner 35 Observe que u ∗ é uma função radialmente simétrica, não-crescente. Assumiremos os seguintes resultados sem demonstração (para uma prova, veja [Bandle], Lema 2.4 e Corolário 2.1): 1.27 Lema. Seja Ω ⊂ Rn um aberto limitado. Então f e |∇u| Ω 2 Ω Ω ∗ Ω ∗ f ∗ |∇u ∗ | 2 . 1.28 Teorema. (Desigualdade de Faber-Krahn) Seja Ω ⊂ R 2 um aberto limitado. Se λ1 é o primeiro autovalor de Dirichlet do laplaciano em Ω, então vale λ1 πα2 0,1 A , onde α0,1 é o primeiro zero positivo da função de Bessel J0 e A é a área de Ω. Prova: Seja (un) ⊂ W 1,2 0 (Ω) uma seqüência minimizante para o quociente de Rayleigh I do primeiro autovalor de Dirichlet λ1 (Ω) do laplaciano em Ω. Como I (|u|) = I (u), podemos assumir un 0 para todo n. Então u ∗ n ∈ W 1,2 0 (D), onde D = Ω ∗ é o disco de raio R que possui área A. Segue que Ω λ1 (Ω) = lim inf |∇un| 2 Ω u2 n = α2 0,1 π = R2 πR2 α2 0,1 = πα2 0,1 A . D lim inf |∇u∗n| 2 D (u∗ 2 min n) u∈W 1,2 0 (Ω)\{0} Ω |∇u|2 Ω u2 = λ1 (D) A desigualdade de Faber-Krahn entre outras coisas comprova a conjectura de Rayleigh de que entre todas as regiões de mesma área, o disco tem o menor primeiro autovalor. 1.29 Teorema. (Lei de Weyl) Seja Ω ⊂ R 2 um aberto limitado conexo e 0 < λ1 < λ2 . . . λj . . . os autovalores de Dirichlet do laplaciano em Ω. Então λj ∼ 4πj A , onde A é a área de Ω. Mais geralmente, se Ω ⊂ R n é um aberto limitado, então λj ∼ 4π 2 2/n j , ωnV Prova: Veja [Weyl] ou [Courant-Hilbert], pág. .429–443 1.30 Corolário. Seja Ω ⊂ R 2 um aberto limitado conexo. Existe apenas um número finito de autovalores λj para os quais o número máximo j de domínios nodais é atingido.

Rodney Josué Biezuner 36 Prova: A demonstração deste corolário depende da observação de que se u é uma autofunção associada a um certo autovalor de Dirichlet λ e Ωi é qualquer domínio nodal de u, então λ é o primeiro autovalor do laplaciano em Ωi, isto é, λ1 (Ωi) = λ. De fato, ui = u|Ωi é uma autofunção associada a λ em Ωi, pois ui ∈ C2 (Ωi) ∩ C0 Ωi satisfaz −∆ui = λui em Ωi e ui = 0 em ∂Ωi (pois ∂Ωi está contida na união do conjunto nodal de u e ∂Ω, onde u = 0). Além disso, ui não muda de sinal em Ωi por definição de domínio nodal de u, logo possui apenas um domínio nodal e portanto segue do Corolário 1.26 que ui é uma autofunção associada ao primeiro autovalor de Dirichlet em Ωi. Sejam Ω1, · · · , Ωm, m j, os domínios nodais de uma autofunção u associada a λj. Como λj = λ1 (Ωi) para todo i, segue da Desigualdade de Faber-Krahn que λj πα2 0,1 A (Ωi) , onde A (Ωi) é a área de Ωi, para todo i. Escrevendo estas desigualdades na forma e somando-as para i = 1, . . . , m, segue que Logo, se o caso máximo m = j ocorre, temos A (Ωi) πα 2 0,1 A (Ω) πα 2 0,1 A (Ω) πα 2 0,1 1 , λj m . λj j . λj Se o número máximo m = j de domínios nodais fosse atingido para um número infinito de índices j, tomando o limite nesta desigualdade quando j → ∞ para esta subseqüência de índices, teríamos pela Lei de Weyl que donde A (Ω) πα 2 0,1 α0,1 2. A (Ω) 4π , Mas α0,1 = 2.404825558..., contradição. Com relação aos conjuntos nodais das autofunções do laplaciano, pode-se dizer que eles são altamente regulares: o conjunto nodal de uma autofunção u do laplaciano em Ω ⊂ R n é localmente composto de hiperfícies de dimensão n − 1, que podem se intersectar em superfícies de dimensão menor que n − 1 (veja [Cheng] para o enunciado preciso e sua demonstração). Estas hiperfícies não podem terminar no interior de Ω, o que significa que ou elas são fechadas, ou elas começam e terminam na fronteira de Ω. Além disso, no caso bidimensional, quando as curvas nodais se intersectam, ou quando elas interceptam a fronteira, elas o fazem em ângulos iguais; assim, por exemplo, se uma curva nodal intercepta a fronteira, ela o faz em um ângulo reto, enquanto que se duas curvas nodais interceptam a fronteira no mesmo ponto, elas o fazem em ângulos de π/3 e guardam também um ângulo de π/3 entre si (veja [Courant-Hilbert]). Exemplo 8. Como vimos no Exemplo 2, os autovalores de Dirichlet do laplaciano no quadrado Q = [0, π] 2 ⊂ R 2 são dados por λnm = n 2 + m 2 , n, m ∈ N,

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Prova: A <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>ste corolário <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da observação <strong>de</strong> que se u é uma autofunção associada a<br />

um certo autovalor <strong>de</strong> Dirichlet λ e Ωi é qualquer <strong>do</strong>mínio nodal <strong>de</strong> u, então λ é o primeiro autovalor <strong>do</strong><br />

laplaciano em Ωi, isto é,<br />

λ1 (Ωi) = λ.<br />

De fato, ui = u|Ωi é uma autofunção associada a λ em Ωi, pois ui ∈ C2 (Ωi) ∩ C0 <br />

Ωi satisfaz −∆ui = λui<br />

em Ωi e ui = 0 em ∂Ωi (pois ∂Ωi está contida na união <strong>do</strong> conjunto nodal <strong>de</strong> u e ∂Ω, on<strong>de</strong> u = 0). Além<br />

disso, ui não muda <strong>de</strong> sinal em Ωi por <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio nodal <strong>de</strong> u, logo possui apenas um <strong>do</strong>mínio nodal<br />

e portanto segue <strong>do</strong> Corolário 1.26 que ui é uma autofunção associada ao primeiro autovalor <strong>de</strong> Dirichlet em<br />

Ωi.<br />

Sejam Ω1, · · · , Ωm, m j, os <strong>do</strong>mínios nodais <strong>de</strong> uma autofunção u associada a λj. Como λj = λ1 (Ωi)<br />

para to<strong>do</strong> i, segue da Desigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Faber-Krahn que<br />

λj πα2 0,1<br />

A (Ωi) ,<br />

on<strong>de</strong> A (Ωi) é a área <strong>de</strong> Ωi, para to<strong>do</strong> i. Escreven<strong>do</strong> estas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s na forma<br />

e soman<strong>do</strong>-as para i = 1, . . . , m, segue que<br />

Logo, se o caso máximo m = j ocorre, temos<br />

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Se o número máximo m = j <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínios nodais fosse atingi<strong>do</strong> para um número infinito <strong>de</strong> índices j, toman<strong>do</strong><br />

o limite nesta <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> j → ∞ para esta subseqüência <strong>de</strong> índices, teríamos pela Lei <strong>de</strong> Weyl que<br />

<strong>do</strong>n<strong>de</strong><br />

A (Ω)<br />

πα 2 0,1<br />

<br />

α0,1 2.<br />

A (Ω)<br />

4π ,<br />

Mas α0,1 = 2.404825558..., contradição. <br />

Com relação aos conjuntos nodais das autofunções <strong>do</strong> laplaciano, po<strong>de</strong>-se dizer que eles são altamente<br />

regulares: o conjunto nodal <strong>de</strong> uma autofunção u <strong>do</strong> laplaciano em Ω ⊂ R n é localmente composto <strong>de</strong><br />

hiperfícies <strong>de</strong> dimensão n − 1, que po<strong>de</strong>m se intersectar em superfícies <strong>de</strong> dimensão menor que n − 1 (veja<br />

[Cheng] para o enuncia<strong>do</strong> preciso e sua <strong>de</strong>monstração). Estas hiperfícies não po<strong>de</strong>m terminar no interior <strong>de</strong><br />

Ω, o que significa que ou elas são fechadas, ou elas começam e terminam na fronteira <strong>de</strong> Ω. Além disso, no<br />

caso bidimensional, quan<strong>do</strong> as curvas nodais se intersectam, ou quan<strong>do</strong> elas interceptam a fronteira, elas o<br />

fazem em ângulos iguais; assim, por exemplo, se uma curva nodal intercepta a fronteira, ela o faz em um<br />

ângulo reto, enquanto que se duas curvas nodais interceptam a fronteira no mesmo ponto, elas o fazem em<br />

ângulos <strong>de</strong> π/3 e guardam também um ângulo <strong>de</strong> π/3 entre si (veja [Courant-Hilbert]).<br />

Exemplo 8. Como vimos no Exemplo 2, os autovalores <strong>de</strong> Dirichlet <strong>do</strong> laplaciano no quadra<strong>do</strong> Q = [0, π] 2 ⊂<br />

R 2 são da<strong>do</strong>s por<br />

λnm = n 2 + m 2 , n, m ∈ N,

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