Autovalores do Laplaciano - Departamento de Matemática - UFMG

Autovalores do Laplaciano - Departamento de Matemática - UFMG Autovalores do Laplaciano - Departamento de Matemática - UFMG

09.05.2013 Views

Rodney Josué Biezuner 99 Estes são os autovalores da matriz de iteração de Jacobi para a matriz de discretização obtida a partir da fórmula de cinco pontos (observe que elas possuem os mesmos autovetores; no entanto R possui autovalores nulos). Segue que o máximo autovalor ocorre quando k = l = 1, logo ρ (R) = cos π n . O argumento para a fórmula de três pontos é análogo. Para o quadrado unitário temos ρ (R) = cos (π∆x) . (4.37) Vemos em particular que ρ (R) → 1 quando ∆x → 0, de modo que a velocidade de convergência do método de Jacobi vai ficando cada vez menor para malhas mais refinadas. Podemos dizer mais usando a expansão da função cosseno em torno da origem se ∆x é pequeno podemos aproximar cos x = 1 − 1 2 x2 + O x 4 ; cos (π∆x) ≈ 1 − π2 2 ∆x2 , de modo que ρ (R) → 1 quadraticamente quando ∆x → 0. Em outras palavras, para uma malha duas vezes mais refinada (isto é, ∆x reduzido pela metade), o método de Jacobi é cerca de quatro vezes mais vagaroso em média (consulte novamente a tabela no final da seção anterior). A tabela abaixo mostra os valores do raio espectral para alguns valores de ∆x: ∆x 0.1 0.05 0.025 ρ (R) 0.9511 0.9877 0.9969 Para ∆x = 0.025 (correspondente a uma matriz de tamanho n = 39 × 39 = 1521), temos R∞ (R) = − log 10 (0.9969) = 0.0013484, de modo que para reduzir o erro pelo fator de uma casa decimal precisamos de iterações. m = log 10 0.1 log 10 ρ (R) 1 = − log10 ρ (R) = 1 ≈ 742 0.00135 4.3.2 Convergência do Método de Gauss-Seidel 4.11 Teorema. Se A é uma matriz irredutível, diagonalmente dominante tal que |aii| > n |aij| para pelo menos alguma linha i, então o método de Gauss-Seidel converge. Prova. Sejam D a parte diagonal, −L a parte triangular inferior estrita e −U a parte triangular superior estrita da matriz A, e seja R = (D − L) −1 U a matriz de iteração do método de Gauss-Seidel para A. Escrevemos R = (D − L) −1 U = D I − D −1 L −1 U ou j=1 j=i R = I − D −1 L −1 D −1 U. (4.38)

Rodney Josué Biezuner 100 Suponha por absurdo que exista um autovalor λ de R tal que |λ| 1; como na demonstração do Teorema 4.9, temos Agora, observando que det I − λ −1 R = det I − λ −1 −1 −1 −1 I − D L D U = 0. det I − D −1 L = 1 porque I − D−1L é uma matriz triangular inferior com apenas 1’s na diagonal principal, escrevemos 0 = det I − λ −1 −1 −1 −1 I − D L D U = det I − D −1 L det I − λ −1 −1 −1 −1 I − D L D U I −1 = det − D L I − λ −1 −1 −1 −1 I − D L D U Por outro lado, = det I − D −1 L − λ −1 D −1 U . D −1 A = I − D −1 L − D −1 U é irredutível, diagonalmente dominante e estritamente dominante nas linhas onde A é porque −1 D A ij = 1 se i = j, aij se i = j. aii Logo, a matriz I − D −1 L − λ −1 D −1 U também satisfaz estas propriedades, pois I, −D −1 L e −D −1 U são respectivamente a parte diagonal, a parte triangular inferior estrita e a parte triangular superior estrita da matriz D −1 A, e multiplicar a parte triangular inferior estrita pelo número λ −1 cujo módulo é menor que ou igual a 1 não alterará a dominância diagonal (na verdade só tende a melhorá-la) nem acrescentará zeros à matriz. A Proposição 3.16 implica então que I − D −1 L − λ −1 D −1 U é invertível, um absurdo. Usando o Teorema 4.11, concluímos que o método de Gauss-Seidel converge para as matrizes de discretização obtidas através dos esquemas de diferenças finitas do Capítulo 2. Para analizar a velocidade de convergência do método de Gauss-Seidel, vamos obter os raios espectrais para as matrizes de discretização obtidas a partir da fórmula de três pontos unidimensional e a partir da fórmula de cinco pontos bidimensional. 4.12 Teorema. Seja A a matriz de discretização obtida a partir da fórmula de três pontos unidimensional ou a partir da fórmula de cinco pontos bidimensional com ∆x = ∆y. Seja R = (D − L) −1 U a matriz de iteração do método de Gauss-Seidel. Então 2 π ρ (R) = cos . (4.39) n Prova. Para obter o raio espectral da matriz de iteração R, queremos encontrar os autovalores µ de R: ou seja, Ru = (D − L) −1 Uu = µu, Uu = µ (D − L) u (um problema de autovalor generalizado). No caso da matriz de discretização da fórmula de cinco pontos, isso significa encontrar µ tal que Para os autovalores não-nulos, podemos fazer a substituição ui,j+1 + ui+1,j = µ (4ui,j − ui,j−1 − ui−1,j) . (4.40) ui,j = µ i+j 2 vi,j (4.41)

Rodney Josué Biezuner 99<br />

Estes são os autovalores da matriz <strong>de</strong> iteração <strong>de</strong> Jacobi para a matriz <strong>de</strong> discretização obtida a partir da<br />

fórmula <strong>de</strong> cinco pontos (observe que elas possuem os mesmos autovetores; no entanto R possui autovalores<br />

nulos). Segue que o máximo autovalor ocorre quan<strong>do</strong> k = l = 1, logo<br />

ρ (R) = cos π<br />

n .<br />

O argumento para a fórmula <strong>de</strong> três pontos é análogo. <br />

Para o quadra<strong>do</strong> unitário temos<br />

ρ (R) = cos (π∆x) . (4.37)<br />

Vemos em particular que ρ (R) → 1 quan<strong>do</strong> ∆x → 0, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convergência <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Jacobi vai fican<strong>do</strong> cada vez menor para malhas mais refinadas. Po<strong>de</strong>mos dizer mais usan<strong>do</strong> a expansão<br />

da função cosseno em torno da origem<br />

se ∆x é pequeno po<strong>de</strong>mos aproximar<br />

cos x = 1 − 1<br />

2 x2 + O x 4 ;<br />

cos (π∆x) ≈ 1 − π2<br />

2 ∆x2 ,<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que ρ (R) → 1 quadraticamente quan<strong>do</strong> ∆x → 0. Em outras palavras, para uma malha duas vezes<br />

mais refinada (isto é, ∆x reduzi<strong>do</strong> pela meta<strong>de</strong>), o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Jacobi é cerca <strong>de</strong> quatro vezes mais vagaroso<br />

em média (consulte novamente a tabela no final da seção anterior). A tabela abaixo mostra os valores <strong>do</strong><br />

raio espectral para alguns valores <strong>de</strong> ∆x:<br />

∆x 0.1 0.05 0.025<br />

ρ (R) 0.9511 0.9877 0.9969<br />

Para ∆x = 0.025 (correspon<strong>de</strong>nte a uma matriz <strong>de</strong> tamanho n = 39 × 39 = 1521), temos<br />

R∞ (R) = − log 10 (0.9969) = 0.0013484,<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que para reduzir o erro pelo fator <strong>de</strong> uma casa <strong>de</strong>cimal precisamos <strong>de</strong><br />

iterações.<br />

m = log 10 0.1<br />

log 10 ρ (R)<br />

1<br />

= −<br />

log10 ρ (R) =<br />

1<br />

≈ 742<br />

0.00135<br />

4.3.2 Convergência <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gauss-Sei<strong>de</strong>l<br />

4.11 Teorema. Se A é uma matriz irredutível, diagonalmente <strong>do</strong>minante tal que |aii| > n<br />

|aij| para pelo<br />

menos alguma linha i, então o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gauss-Sei<strong>de</strong>l converge.<br />

Prova. Sejam D a parte diagonal, −L a parte triangular inferior estrita e −U a parte triangular superior<br />

estrita da matriz A, e seja R = (D − L) −1 U a matriz <strong>de</strong> iteração <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gauss-Sei<strong>de</strong>l para A.<br />

Escrevemos<br />

R = (D − L) −1 U = D I − D −1 L −1 U<br />

ou<br />

j=1<br />

j=i<br />

R = I − D −1 L −1 D −1 U. (4.38)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!