09.05.2013 Views

ASPECTOS MORFOLÓGICOS DE ADULTOS DE Nusalala uruguaya

ASPECTOS MORFOLÓGICOS DE ADULTOS DE Nusalala uruguaya

ASPECTOS MORFOLÓGICOS DE ADULTOS DE Nusalala uruguaya

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>ASPECTOS</strong> <strong>MORFOLÓGICOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>ADULTOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong><br />

(Navás, 1923) (Neuroptera: Hemerobiidae)<br />

RESUMO - <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> é um inseto predador<br />

polífago encontrado em muitos agroecossistemas. Caracteres<br />

da nervação das asas e da genitália externa são<br />

BRÍGIDA SOUZA 1<br />

importantes para a sua identificação. Essas e outras características<br />

morfológicas do adulto são descritas e<br />

ilustradas.<br />

TERMOS PARA IN<strong>DE</strong>XAÇÃO: Insecta, Hemerobiidae, <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong>, morfologia.<br />

MORPHOLOGICAL ASPECTS OF ADULTS OF <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> (Navás,<br />

1923) (Neuroptera: Hemerobiidae)<br />

ABSTRACT - <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> is a polyphagous<br />

predator insect present in several agroecossystems.<br />

Wing venation and genitalics characters are important<br />

IN<strong>DE</strong>X TERMS: Insecta, Hemerobiidae, <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong>, morphology.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Entre o grande número de agentes que podem<br />

ser empregados no controle biológico, destacam-se os<br />

neurópteros da família Hemerobiidae, pois diversas espécies<br />

têm sido observadas associadas ao complexo de<br />

inimigos naturais de vários insetos-praga, em muitas<br />

culturas de importância econômica.<br />

Os hemerobiídeos são originários do período<br />

permiano e constituem-se num dos grupos mais primitivos<br />

da Ordem Neuroptera. Na região Neotropical,<br />

apesar de ser um dos grupos de neurópteros mais bem<br />

representados, não têm sido muito estudados (Olazo,<br />

1981). Seria necessária uma revisão completa desse<br />

táxon na América do Sul, pois a maioria das descrições<br />

realizadas baseou-se quase exclusivamente nos<br />

caracteres da nervação da asa, extremamente variável<br />

dentro do grupo, originando-se em muitos casos<br />

de sinonímia.<br />

Estudos taxonômicos sobre vários gêneros de<br />

hemerobiídeos têm sido realizados por diversos autores<br />

em todo o mundo, mas poucos trabalhos têm sido feitos<br />

sobre a taxonomia de <strong>Nusalala</strong> (Penny e Monserrat,<br />

1983). O gênero <strong>Nusalala</strong> foi originalmente descrito<br />

por Navás em 1913, para incluir espécies que possuíam<br />

asas com quatro setores radiais, uma área costal estreita,<br />

sem nenhum vestígio da nervura umeral, três séries<br />

de nervuras transversais e a mediana posterior (MP) e<br />

cubital anterior (Cua) coalescidas, na asa anterior.<br />

Navás (1926, 1928), Smith (1931), Kimmins<br />

(1936) e Penny e Sturm (1984) descreveram algumas<br />

for its identification. These and other morphological<br />

characters of the adult insect are illustrated and<br />

described.<br />

espécies de <strong>Nusalala</strong>. Kimmins (1936) apresentou<br />

uma lista das espécies pertencentes ao gênero e fez<br />

a redescrição da espécie-tipo, N. erecta. Penny e Monserrat<br />

(1983) redescreveram N. reticulata (Navás), descrita<br />

originalmente como Micromus reticulatus Navás.<br />

Segundo os autores, essa foi a única espécie do gênero<br />

encontrada na região da Bacia Amazônica, onde realizaram<br />

seus estudos.<br />

Este trabalho teve como objetivo caracterizar,<br />

através de descrições e ilustrações, aspectos da morfologia<br />

externa dos adultos de N. <strong>uruguaya</strong>.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Os trabalhos foram conduzidos com insetos da<br />

geração F2, oriundos de larvas alimentadas com o pulgão<br />

Uroleucon sp., coletados de plantas de picão (Bidens<br />

pilosa L.). Foram feitas descrições e ilustrações<br />

das características morfológicas de adultos recémemergidos.<br />

Os insetos foram mortos com éter etílico e a clarificação,<br />

quando necessária, feita com solução aquosa<br />

de KOH a 10 %. As ilustrações foram realizadas em<br />

câmara clara acoplada ao microscópio estereoscópico.<br />

Para a nervação das asas e genitália, adotou-se a terminologia<br />

de Carpenter (1940), exceto para certas estruturas<br />

da genitália não encontradas nos gêneros neárticos,<br />

para as quais utilizou-se a nomenclatura proposta por<br />

Enrique V. González Olazo (comunicação pessoal),<br />

para o gênero <strong>Nusalala</strong>. As demais estruturas foram<br />

nomeadas de acordo com Borror e DeLong (1969).<br />

1. Eng. Agr., M.Sc., Departamento de Entomologia, UNIVERSIDA<strong>DE</strong> FE<strong>DE</strong>RAL <strong>DE</strong> LAVRAS (UFLA). Caixa<br />

Postal 37, 37200-000, Lavras, MG.


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Adulto (Fig. 1) com coloração geral marrom.<br />

Cabeça marrom-clara, palpos labiais e maxilares de<br />

mesma coloração, com três e cinco artículos, respectivamente<br />

(Figs. 2A, 2B). Mandíbulas afiladas apicalmente<br />

(Fig. 2C). Olhos compostos proeminentes, pretos,<br />

brilhantes e bem separados. Ocelos ausentes. Antena<br />

longa, moniliforme, com o escapo alargado, de coloração<br />

marrom-clara (Fig. 3).<br />

253<br />

Tórax marrom, protórax mais largo que longo,<br />

conforme observações feitas para espécies neárticas por<br />

Carpenter (1940). Pernas ambulatórias, pouco mais<br />

claras que o tórax, coxas livres. Tíbias dotadas de<br />

dois esporões na região apical. Tíbias anteriores e<br />

medianas com duas manchas escuras nas regiões<br />

sub-basal e subapical (Figs. 4A, 4B). Tarsos pentâmeros,<br />

empódio em forma de almofada (Figs. 4A,<br />

4B, 4C).<br />

FIGURA 1 - Aspecto geral do adulto de <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> (Navás, 1923). ant – antena: e – olho composto; ts –<br />

tarso; w – asa.<br />

FIGURA 2 - Peças bucais de <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> (Navás, 1923). A- lábio inferior; B- maxila; C- mandíbula (lp =<br />

palpo labial; mxp= palpo maxilar).<br />

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p. 252-257, abr./jun., 1999


254<br />

FIGURA 3 - Base da antena de <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> (Navás, 1923). (fl= flagelo; ped= pedicelo; scp= escapo).<br />

FIGURA 4 - Pernas de <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> (Navás, 1923). A- anterior; B- mediana; C- posterior (cx = coxa; emp=<br />

empódio; fm= fêmur; tb= tíbia; tcl= garra tarsal; tr= trocânter; ts= tarso).<br />

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p. 252-257, abr./jun., 1999


As asas são transparentes, com tonalidade marrom-clara<br />

e se acham cobertas por microtríquias, assim<br />

como as nervuras e bordos. Asas anteriores com manchas<br />

escuras na base da margem anal. Nervuras longitudinais<br />

com colorações amarelo-clara e marrom-escura<br />

alternadas. Margem costal estreita, especialmente na<br />

base. Nervura umeral presente e nervuras costais ramificadas<br />

(Fig. 5A). Baseando-se na descrição do sistema<br />

de nervação de hemerobiídeos neárticos efetuada por<br />

Carpenter (1940), observou-se em N. <strong>uruguaya</strong>, o setor<br />

radial (RS) unido à primeira ramificação da radial (R1),<br />

formando uma única nervura (RS + R1), da qual originam-se<br />

três ramificações (não incluindo MA); média<br />

anterior (MA) unida basalmente à RS + R1; cubital (Cu)<br />

com duas ramificações; 3 nervuras anais (A).<br />

255<br />

Asa posterior de coloração marrom-clara uniforme;<br />

área costal estreita, com nervuras não ramificadas;<br />

nervura umeral ausente. RS e R1 não coalescidas, mas tocando-se<br />

através de uma nervura transversal; setor radial<br />

com 3 ramificações (não incluindo MA); MA também unida<br />

à RS através de uma nervura transversal; nervura cubital<br />

sombreada de marrom mais escuro (Fig. 5B).<br />

Apresenta nervuras transversais em três séries<br />

nas asas anteriores, com quatro nervuras transversais<br />

na série interna, três na série mediana e sete na série<br />

externa (algumas medianas e externas interrompidas<br />

medianamente) e duas séries nas asas posteriores, com<br />

coloração marrom-escura, sendo três internas e seis<br />

externas (algumas também interrompidas na região<br />

mediana) (Figs.5A, 5B).<br />

FIGURA 5 - Asas de <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> (Navás, 1923). A - anterior; B - posterior (A= anal; C= costal, Cu=<br />

cubital; h = umeral; MA= mediana anterior; m-cu= médio-cubital; MP= mediana posterior; R=r adial; Rs= setor<br />

radial; Sc= sub-costal).<br />

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p. 252-257, abr./jun., 1999


256<br />

Abdome cilíndrico, com 10 segmentos, marrom,<br />

podendo apresentar uma coloração mais clara ou escura<br />

de acordo com o conteúdo intestinal. Espiráculos presentes<br />

em cada um dos 8 primeiros urômeros. Fêmea<br />

com 8 o e 9 o tergitos estendidos latero-ventralmente, 10 o<br />

tergito dividido longitudinalmente em duas placas, as<br />

quais formam os ectoproctos, 8 o esternito não observado;<br />

9 o esternito subdividido em dois lóbulos, formando<br />

as gonapófises laterais, 10 o esternito ausente (Figs. 6A,<br />

6B). Macho com 9 o tergito estendido ventralmente até a<br />

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p. 252-257, abr./jun., 1999<br />

base dos ectoproctos, sem projeções caudais. Ectoproctos<br />

com pequenas e agudas projeções caudo-ventrais. O<br />

gonarco (estrutura originada do 10 o esternito, conforme<br />

Acker, 1960 e Olazo, 1981), apresenta na sua porção<br />

apical, o edeago, que consiste em uma estrutura alongada<br />

e curvada ventralmente, e também 2 pares de endoprocessos,<br />

sendo o par lateral agudo e quase tão longo<br />

quanto o edeago e o mediano mais curto e arredondado<br />

apicalmente. Ambos formam, respectivamente, os<br />

processos externo e interno do gonarco (Figs. 6C, 6D).<br />

FIGURA 6 - Genitálias de <strong>Nusalala</strong> <strong>uruguaya</strong> (Navás, 1923). A e B- feminina, respectivamente vistas lateral e<br />

ventral; C e D - masculina, respectivamente vistas lateral e dorsal (aed= edeago; cr= cercos; ect 1 = ectoprocto;<br />

lgp= gonapófises laterais; prex 2 = processo externo do gonarco; prin 2 = processo interno do gonarco; stn=<br />

esternito; t= tergito).<br />

1 Nomenclatura usada por Enrique V. González Olazo [= placas anais de Carpenter(1940)].<br />

2 Nomenclatura proposta por Enrique V. González Olazo, para o gênero <strong>Nusalala</strong>.


CONCLUSÃO<br />

Adultos de N. <strong>uruguaya</strong> podem ser reconhecidos<br />

pelas características do gênero e pelos seus caracteres<br />

morfológicos externos, especialmente os da nervação<br />

das asas e da genitália externa.<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTO<br />

Ao Dr. Enrique V. González Olazo, Fundación<br />

Miguel Lillo, San Miguel de Tucumán, Argentina, pela<br />

identificação de N. <strong>uruguaya</strong> e pela revisão dos esquemas<br />

morfológicos das genitálias masculina e feminina.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ACKER, T.S. The comparative morphology of the male<br />

terminalia of Neuroptera (Insecta). Microentomology,<br />

Stanford, v.24, n.2, p.25-84, 1960.<br />

BORROR, D. J.; DeLONG, D. M. Introdução ao estudo<br />

dos insetos. Rio de Janeiro: USAID, 1969. 653p.<br />

(abreviações usadas nas figuras, 613-615).<br />

CARPENTER, F.M. A revision of the neartic Hemerobiidae,<br />

Berothidae, Sisyridae, Polystoechotidae and Dilaridae<br />

(Neuroptera). Proceedings of the American<br />

Academy of Arts and Sciences, Boston, v.74,<br />

p.193-278, Mar. 1940.<br />

257<br />

KIMMINS, D.E. New species of <strong>Nusalala</strong> (Neuroptera:<br />

Hemerobiidae). Annals and Magazine of Natural<br />

History, Série 10, London, v.17, n.101, p.568-576,<br />

1936.<br />

NAVÁS, R.P.L. Insectos exóticos neurópteros y afines.<br />

Brotéria, Série Zoológica, Lisboa, v.23, n.2, p.79-<br />

93, Feb. 1926.<br />

NAVÁS, R.P.L. Insectos neotrópicos. Revista Chilena<br />

de História Natural Pura y Aplicada, Série 4,<br />

Valparaiso, v.32, p.106-108, 1928.<br />

OLAZO, E.V.G. El genero Megalomus Rambur<br />

(Neuroptera- Planipennia - Hemerobiidae) en<br />

Argentina y Chile. Acta Zoologica Lilloana, Tucuman,<br />

v.36, n.2, p.97-114, 1981.<br />

PENNY, N.D.; MONSERRAT, V.J. Neuroptera of the<br />

Amazon Basin. Part 10 - Hemerobiidae. Acta Amazonica,<br />

Manaus, v.13, n.5-6, p.879-909, 1983.<br />

PENNY, N. D.; STURM, H. A flightless brown<br />

lacewing from Colombia (Neuroptera: Hemerobiidae).<br />

Spixiana, Munich, v.7, n.1, p.19-22, 1984.<br />

SMITH, R.C. The Neuroptera of Haiti, West Indies.<br />

Annals of the Entomological Society of America,<br />

College Park, v.24, n.4, p.798-823, 1931.<br />

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p. 252-257, abr./jun., 1999

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!