Ordem LEPIDOPTERA - Acervo Digital de Obras Especiais

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60 INSETOS DO BRASIL O casulo mais simples consiste num saco em que o fio de seda que o constitue forma uma rêde de malhas muito afastadas, permitindo que se veja perfeitamente a crisálida inclusa (algumas espécies de Ctenuchidae). Os casulos mais comuns apresentam-se mais ou menos espessados e às vêzes muito endurecidos (Eucleidae). A consistência normal, porém, é a média, do conhecido casulo do bicho da sêda. Algumas lagartas, ao se aproximar a ninfose e antes de confeccionarem os respectivos casulos, reúnem-se em grupos de vários individuos e tecem primeiramente uma cobertura de sêda, mais ou menos espessa, que protege os vários casulos que sob ela se formam (Eucleidae, Megalopygidae, etc.). A tais coberturas, como aos casulos individuais de outras espécies, podem ser aglutinados pelos ou mesmo partes mais ou menos extensas do tegumento da lagarta. Outras lagartas incluem no casulo fôlhas ou partes de fôlhas (Saturniidae), de galhos ou de outros corpos encontrados no meio em que viviam. 19. Tipos de crisálidas - O aspecto das crisálidas não é o mesmo em todos os Lepidópteros. Nas espécies mais primitivas da superfamília Micropterygoidea, as crisálidas são pupae liberae, de tegumento mole, providas de mandíbulas funcionais, que cortam o casulo por ocasião da saída do adulto, com todos os apêndices completamente livres e os sete primeiros urômeros móveis. As crisálidas de Lepidopteros um tanto mais evoluidos (Hepialoidea, muitos representantes de Tineoidea, Tortricoidea, Cossoidea e Zygaenoidea) são do mesmo tipo das que se vê na maioria dos insetos holometabólicos, isto é, são pupae incompletae (ninfas propriamente ditas); apresentam tegumentos mais espessos, maxilas e palpos maxilares geralmente presentes; não têm mandíbulas, os apêndices são parcialmente livres, cada um dentro da respectiva bainha; urômeros 3-6 ou 4-6 móveis em ambos os sexos; o 7 ° também é móvel no macho. Essas pupas, ou não têm cremaster, ou o apresentam rudimentar.

LEPIDOPTERA 61 Nos Lepidopteros mais adiantados ou especializados, vêem-se as chamadas pupae obtectae, que atingem o máximo de perfeição nas crisálidas própriamente ditas das borboletas. Nessas pupas o tegumento, mais ou menos esclerosado, em geral fortemente rugoso ou mesmo com projeções mais ou menos salientes, forma um invólucro comum para todos os apêndices, que assim mal ou não se destacam da superfície do corpo. Em algumas espécies, entretanto, um dos apêndices pupais apresenta-se inteiramente separado do corpo. É o caso da crisálida de Protoparce (Sphingidae), na qual se vê a espiritromba, dentro da respectiva bainha, completamente isolada. Nas pupas obtectas, o 4º, o 5° e o 6° são os únicos urômeros livres em ambos os sexos e o corpo fica geralmente prêso pelo cremaster a um coxim de sêda. A morfologia externa das pupas dos Lepidópteros tem sido estudada em trabalhos de vários entomólogos e, como a das lagartas, permite tambem que, por ela, se possa determinar, pelo menos, a família a que pertence a crisálida apresentada. O trabalho mais conhecido sôbre a questão, equivalente, portanto, ao de FRA- CKER sôbre lagartas em geral, é o de EDNA MOSHER (1916). 20. Eclosão. - Quando a borboleta ou mariposa está completamente formada dentro da crisálida, o tegumento desta fende-se da cabeça ao tórax, permitindo que o inseto adulto possa libertar-se do invólucro ou exúvia pupal. "Le coup de théâtre est complet. De la momie grise ou noirâtre qui se sèche et s'accourcit, vous voyez l'être nouveau, le ressuscité, le phénix, s'arracher et resplendir dans tout l'éclat de la jeunesse. De sorte qu'à l'envers de nous, qui commençons par les beaux jours et semblons d'abord papillons, pour traîner plus tardet languir, lui commence par les années sombres, et d'une longue vie obscure il surgit à la jeunesse où il meurt glorifié." (MICHELET, 1884, L'insecte.). Nas pupas livres e incompletas, devido a delgadeza do tegumento, a exúvia facilmente se fragmenta na ocasião da saída da imagem. Nas pupas obtectas processa-se a deiscência, rompendo-se o tegumento ao longo de uma linha dorsal, acompanhando a borda interna das tecas alares. As crisálidas enterradas em células subterrâneas vão abrindo caminho no solo, até a superfície, mediante contorsões ao nível dos

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Nos Lepidopteros mais adiantados ou especializados, vêem-se<br />

as chamadas pupae obtectae, que atingem o máximo <strong>de</strong> perfeição nas<br />

crisálidas própriamente ditas das borboletas. Nessas pupas o tegumento,<br />

mais ou menos esclerosado, em geral fortemente rugoso ou<br />

mesmo com projeções mais ou menos salientes, forma um invólucro<br />

comum para todos os apêndices, que assim mal ou não se <strong>de</strong>stacam<br />

da superfície do corpo.<br />

Em algumas espécies, entretanto, um dos apêndices pupais<br />

apresenta-se inteiramente separado do corpo. É o caso da crisálida<br />

<strong>de</strong> Protoparce (Sphingidae), na qual se vê a espiritromba, <strong>de</strong>ntro da<br />

respectiva bainha, completamente isolada.<br />

Nas pupas obtectas, o 4º, o 5° e o 6° são os únicos urômeros livres<br />

em ambos os sexos e o corpo fica geralmente prêso pelo cremaster a<br />

um coxim <strong>de</strong> sêda. A morfologia externa das pupas dos Lepidópteros<br />

tem sido estudada em trabalhos <strong>de</strong> vários entomólogos e, como a das<br />

lagartas, permite tambem que, por ela, se possa <strong>de</strong>terminar, pelo<br />

menos, a família a que pertence a crisálida apresentada. O trabalho<br />

mais conhecido sôbre a questão, equivalente, portanto, ao <strong>de</strong> FRA-<br />

CKER sôbre lagartas em geral, é o <strong>de</strong> EDNA MOSHER (1916).<br />

20. Eclosão. - Quando a borboleta ou mariposa está completamente<br />

formada <strong>de</strong>ntro da crisálida, o tegumento <strong>de</strong>sta fen<strong>de</strong>-se<br />

da cabeça ao tórax, permitindo que o inseto adulto possa libertar-se<br />

do invólucro ou exúvia pupal.<br />

"Le coup <strong>de</strong> théâtre est complet. De la momie grise ou noirâtre qui<br />

se sèche et s'accourcit, vous voyez l'être nouveau, le ressuscité, le phénix,<br />

s'arracher et resplendir dans tout l'éclat <strong>de</strong> la jeunesse.<br />

De sorte qu'à l'envers <strong>de</strong> nous, qui commençons par les beaux jours<br />

et semblons d'abord papillons, pour traîner plus tar<strong>de</strong>t languir, lui commence<br />

par les années sombres, et d'une longue vie obscure il surgit à la<br />

jeunesse où il meurt glorifié." (MICHELET, 1884, L'insecte.).<br />

Nas pupas livres e incompletas, <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>lga<strong>de</strong>za do tegumento,<br />

a exúvia facilmente se fragmenta na ocasião da saída da<br />

imagem. Nas pupas obtectas processa-se a <strong>de</strong>iscência, rompendo-se<br />

o tegumento ao longo <strong>de</strong> uma linha dorsal, acompanhando a borda<br />

interna das tecas alares.<br />

As crisálidas enterradas em células subterrâneas vão abrindo<br />

caminho no solo, até a superfície, mediante contorsões ao nível dos

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