Ordem LEPIDOPTERA - Acervo Digital de Obras Especiais
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<strong>LEPIDOPTERA</strong> 55<br />
sente-se odor <strong>de</strong>sagradável, que, ao meu olfato, lembra o da tintura<br />
<strong>de</strong> valeriana. Em outras lagartas encontram-se também órgãos<br />
glandulares eversíveis, <strong>de</strong> outro tipo e em outras partes do corpo,<br />
porém também funcionando como o osmeterium, isto é, como<br />
órgãos <strong>de</strong>fensivos, repugnadores.<br />
Devo finalmente consi<strong>de</strong>rar a secreção tóxica que enche a parte<br />
ôca dos chamados pelos ou espinhos urticantes. Tratam-se <strong>de</strong> cerdas,<br />
simples ou <strong>de</strong> tipo espinhoso, porém sempre em relação, na base,<br />
com células hipodérmicas glandulares secretoras <strong>de</strong> peçonha.<br />
Sendo espinhos vulnerantes, que se quebram com extrema facilida<strong>de</strong><br />
quando se toca o corpo da lagarta que os possua, a peçonha,<br />
que transportam, é imediatamente inoculada na pele, produzindo<br />
uma reação, que varia <strong>de</strong> um eritema passageiro, como o <strong>de</strong> uma<br />
queimadura ligeira, a lesões mais extensas, com formação <strong>de</strong> papulas<br />
ou vesículas e fenômenos gerais (náuseas, reação ganglionar, febre).<br />
A natureza da peçonha ainda não foi <strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>terminada;<br />
acredita-se, porém, que se trate <strong>de</strong> uma substancia <strong>de</strong> composição<br />
química próxima da cantaridina (ver os trabalhos <strong>de</strong> FOOT e <strong>de</strong><br />
GILMER).<br />
Há tempos, criando lagartas <strong>de</strong> Megalopyge lanata, inadvertidamente<br />
passei levemente o dorso da mão sôbre os pelos <strong>de</strong> uma<br />
lagarta bem <strong>de</strong>senvolvida. Além <strong>de</strong> forte reação local, semelhante<br />
à <strong>de</strong> uma queimadura, houve acentuada reação nos gânglios axilares<br />
e um pouco <strong>de</strong> febre.<br />
De outra feita, almoçando em meu gabinete e abrindo um pacote<br />
contendo lagartas morras <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> Phobetron (Eucleidae),<br />
provàvelmente um pequeno fragmento <strong>de</strong> um dos processos dorsais<br />
<strong>de</strong>ssas larvas, já <strong>de</strong>stacados, caiu na comida e atingio o véu do<br />
paladar. A mucosa atingida ficou primeiro muito vermelha, parecendo<br />
ter havido pequenas hemorragias submucosas, seguindo-se<br />
<strong>de</strong>pois uma escara superficial, que levou alguns dias a cicatrizar.<br />
Eventualmente os pelos <strong>de</strong>stacados do corço <strong>de</strong> certas lagartas<br />
po<strong>de</strong>m alojar-se no globo ocular, geralmente na conjuntiva, <strong>de</strong>terminando<br />
uma conjuntivite nodular, chamada pseudo-tuberculosa,<br />
por imitar a tuberculose conjuntival.<br />
Há na literatura médica observações <strong>de</strong> vários oftalmologistas<br />
referentes a tais lesões oculares da conjuntiva, da córnea e da íris.