Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business
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ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Cerutti, presidente da Magneti Marelli Mercosul, admite que boa parte dos componentes feitos aqui passa por reduções tecnológicas para baixar custos. “Mas isso é natural para um país emergente, não é algo negativo, faz parte do desenvolvimento social”, pondera. “Olhando para trás, a evolução da indústria foi enorme e há grandes oportunidades pela frente.” De forma geral, a combinação deletéria de impostos e margens nos ní- INVESTIMENTOS EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO 398 1.029 667 65 % ALEMANHA 149 786 42BUSINESS 399 51 % FRANÇA (2008/US$ bilhões) 121 INOVAÇÃO NO SETOR AUTOMOTIVO 1.010 ITÁLIA veis mais altos do mundo acabou por expurgar avanços tecnológicos dos carros nacionais, para cortar custos. Sem economia de escala local, algumas das mais modernas tecnologias automotivas incorporadas aos carros produzidos aqui são importadas, caso da eletrônica veicular. BASE FRÁGIL Na busca pela inovação, quando se divide o bolo entre montadoras e seus EUA JAPÃO CHINA ALEMANHA COREIA BRASIL 492 49 % 77 2.638* 1.190 BRASIL 45 % 959 435 45 % ESPANHA Empresas Empresas inovadoras Fonte: MCT (*) Número inclui fabricantes de veículos, cabines, carrocerias, reboques, peças, acessórios e recondicionamento de motores Fonte: Brasil - Pintec/IBGE 2008. Demais países: Community Innovation Survey 2004/ABDI 45 23 fornecedores, a situação é pior na parte de baixo da cadeia industrial. Enquanto 30 das 36 fabricantes de veículos no Brasil fizeram inovações de processos e produtos no período de 2006 a 2008, ou 83% das empresas consultadas, 708 fábricas de autopeças disseram ter feito o mesmo, ou menos da metade (47%) das 1.517 ouvidas pelo IBGE (quadro na página ao lado). “A base da indústria brasileira de autopeças investe pouco em pesquisa, desenvolvimento e inovação, por isso está perdendo a corrida para outras nações emergentes”, avisa Flávio Campos, diretor de engenharia da divisão de arquitetura eletroeletrônica da Delphi América do Sul. “Principalmente os fornecedores de componentes de baixa tecnologia agregada tendem a desaparecer aqui, porque estão sofrendo enormes pressões de custos e não conseguem competir com os chineses”, sentencia. Para Campos, até mesmo grandes fornecedores de sistemas sofisticados se acomodaram: “Os sistemistas investem, mas em nível ainda abaixo da necessidade. É preciso acordar depressa e acelerar a engenharia local, para agregar valor aos produtos. Essa é a única forma de competir com a China e isso só se faz com muita pesquisa e desenvolvimento”. De fato, a grande maioria das inovações promovidas pelo setor automotivo no Brasil não representa novidade para o mercado mundial. Segundo o IBGE, entre os fabricantes de veículos, de 2006 a 2008 houve apenas uma inovação de produto inédita em termos internacionais e nenhuma em relação a processos de produção. Já entre os fornecedores de componentes existiram só nove inovações globais de produtos e cinco de processos. PERSPECTIVA POSITIVA Daqui para frente a indústria brasilei-
a deverá acompanhar mais de perto a evolução internacional, acredita Rejman: “Atualmente, várias empresas estão trabalhando em projetos de novos produtos que irão ser produzidos e comercializados não somente em países emergentes, mas também em mercados de alta tecnologia”, afirma. “O progresso também se aplica ao uso de ferramentas de desenvolvimento que eram incipientes no passado, tais como programas de simulação, e hoje são parte integrante do desenvolvimento local.” Apesar das dificuldades, a maioria dos analistas projeta um cenário positivo para o desenvolvimento tecno- BAIXO INVESTIMENTO SETOR LIDERA APORTES LOCAIS EM P&D, MAS BRASIL APLICA MENOS DE 1% DO PIB NESSA ÁREA Apesar da grande evolução do desenvolvimento local de produtos, especialistas alertam que o País é obrigado a importar muita inteligência, na forma de projetos e produtos de alto valor agregado, porque aqui o investimento na área é substancialmente inferior ao de muitos países concorrentes. Isso fica claro quando se comparam os gastos totais com pesquisa e desenvolvimento (P&D). Segundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, o capital destinado a P&D no Brasil por governo, estatais e empresas privadas mal passa de 1% do PIB, cerca de US$ 23 bilhões por ano, enquanto a China, por exemplo, direciona 1,5% de seu PIB, mais de US$ 120 bilhões/ ano, e os Estados Unidos, a nação que mais investe nisso, gasta quase US$ 400 bilhões, ou 2,7% do PIB. O setor automotivo é, de longe, o segmento da indústria de transformação nacional que mais investe em pesquisa e desenvolvimento, com o total de R$ 3 bilhões em 2008, de acordo com dados da mais recente Pintec, Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. Este valor, contudo, representou apenas 1,5% do faturamento naquele ano dos fabricantes de autopeças e veículos, que chegou a R$ 201 bilhões. E foi um terço dos investimentos totais de R$ 8,5 bilhões. Essas cifras revelam que o porcentual destinado a P&D por empresas do setor automotivo no País está bastante abaixo dos padrões das matrizes, que gastam de 5% a 8% das receitas para desenvolver tecnologia. MUITAS MUIT VEZES É NECESSÁRIA NEC ALTA TECNOLOGIA PARA CONTER OS CUSTOS DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS PAULO ALVES, diretor de sistemas de segurança e carroceria da Continental Fabricante de pneus e diversos sistemas automotivos, a alemã Continental, por exemplo, investiu sozinha algo como US$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento durante o ano passado, o que supera o investimento do segmento inteiro no Brasil. A situação fica pior quando se divide o investimento entre montadoras e fornecedores de peças. As fabricantes de veículos destinaram em 2008, segundo a Pintec, R$ 2,5 bilhões às atividades de P&D, ou 2% do faturamento naquele ano, enquanto as fábricas de componentes gastaram R$ 528 milhões, ou apenas 0,7% das receitas. O quadro é preocupante, pois atualmente grande parte das inovações tecnológicas é promovida pelos sistemistas. Assim, a indústria instalada aqui perde uma importante fonte de evolução. Nesse cenário, ideias novas que criam valor se propagam mais lentamente no Brasil, onde 41.262 empresas, ou 38,6% das 106.862 consultadas na Pintec, declararam ter implementado inovações de processos e produtos entre 2006 e 2008, ante 101 mil corporações inovadoras na Alemanha só em 2004, ou 56%. Os resultados são melhores no setor automotivo brasileiro: 1.190 de 2.638 corporações ouvidas promoveram inovações, mas o índice de 45%, embora maior que a média nacional, ainda está atrás do nível mundial – na indústria automotiva alemã foi de 65% em 2004, e de 51% na França no mesmo ano.
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a deverá acompanhar mais de perto<br />
a evolução internacional, acredita<br />
Rejman: “Atualmente, várias empresas<br />
estão trabalhando em projetos de<br />
novos produtos que irão ser produzidos<br />
e comercializados não somente<br />
em países emergentes, mas também<br />
em mercados de alta tecnologia”,<br />
afirma. “O progresso também se<br />
aplica ao uso de ferramentas de desenvolvimento<br />
que eram incipientes<br />
no passado, tais como programas de<br />
simulação, e hoje são parte integrante<br />
do desenvolvimento local.”<br />
Apesar das dificuldades, a maioria<br />
dos analistas projeta um cenário positivo<br />
para o desenvolvimento tecno-<br />
BAIXO INVESTIMENTO<br />
SETOR LIDERA APORTES LOCAIS EM P&D, MAS BRASIL APLICA MENOS DE 1% DO PIB NESSA ÁREA<br />
Apesar da grande evolução do desenvolvimento local de<br />
produtos, especialistas alertam que o País é obrigado a<br />
importar muita inteligência, na forma de projetos e produtos<br />
de alto valor agregado, porque aqui o investimento<br />
na área é substancialmente inferior ao de muitos países<br />
concorrentes. Isso fica claro quando se comparam os<br />
gastos totais com pesquisa e desenvolvimento (P&D).<br />
Segundo dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, o<br />
capital destinado a P&D no Brasil por governo, estatais<br />
e empresas privadas mal passa de 1% do PIB, cerca de<br />
US$ 23 bilhões por ano, enquanto a China, por exemplo,<br />
direciona 1,5% de seu PIB, mais de US$ 120 bilhões/<br />
ano, e os Estados Unidos, a nação que mais investe nisso,<br />
gasta quase US$ 400 bilhões, ou 2,7% do PIB.<br />
O setor automotivo é, de longe, o segmento da indústria<br />
de transformação nacional que mais investe em<br />
pesquisa e desenvolvimento, com o total de R$ 3 bilhões<br />
em 2008, de acordo com dados da mais recente Pintec,<br />
Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE. Este valor,<br />
contudo, representou apenas 1,5% do faturamento naquele<br />
ano dos fabricantes de autopeças e veículos, que<br />
chegou a R$ 201 bilhões. E foi um terço dos investimentos<br />
totais de R$ 8,5 bilhões.<br />
Essas cifras revelam que o porcentual destinado a<br />
P&D por empresas do setor automotivo no País está<br />
bastante abaixo dos padrões das matrizes, que gastam<br />
de 5% a 8% das receitas para desenvolver tecnologia.<br />
MUITAS MUIT VEZES É<br />
NECESSÁRIA NEC ALTA<br />
TECNOLOGIA<br />
PARA CONTER<br />
OS CUSTOS DE<br />
COMPONENTES<br />
AUTOMOTIVOS<br />
PAULO ALVES, diretor de sistemas de<br />
segurança e carroceria da Continental<br />
Fabricante de pneus e diversos sistemas automotivos,<br />
a alemã Continental, por exemplo, investiu sozinha algo<br />
como US$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento durante<br />
o ano passado, o que supera o investimento do<br />
segmento inteiro no Brasil.<br />
A situação fica pior quando se divide o investimento<br />
entre montadoras e fornecedores de peças. As fabricantes<br />
de veículos destinaram em 2008, segundo a Pintec,<br />
R$ 2,5 bilhões às atividades de P&D, ou 2% do faturamento<br />
naquele ano, enquanto as fábricas de componentes<br />
gastaram R$ 528 milhões, ou apenas 0,7% das<br />
receitas. O quadro é preocupante, pois atualmente grande<br />
parte das inovações tecnológicas é promovida pelos<br />
sistemistas. Assim, a indústria instalada aqui perde uma<br />
importante fonte de evolução.<br />
Nesse cenário, ideias novas que criam valor se propagam<br />
mais lentamente no Brasil, onde 41.262 empresas,<br />
ou 38,6% das 106.862 consultadas na Pintec,<br />
declararam ter implementado inovações de processos e<br />
produtos entre 2006 e 2008, ante 101 mil corporações<br />
inovadoras na Alemanha só em 2004, ou 56%.<br />
Os resultados são <strong>melhor</strong>es no setor automotivo brasileiro:<br />
1.190 de 2.638 corporações ouvidas promoveram<br />
inovações, mas o índice de 45%, embora maior que a<br />
média nacional, ainda está atrás do nível mundial – na<br />
indústria automotiva alemã foi de 65% em 2004, e de<br />
51% na França no mesmo ano.