Perfil socioecon{mico e epidemiolygico da populaomo idosa do ...
Perfil socioecon{mico e epidemiolygico da populaomo idosa do ... Perfil socioecon{mico e epidemiolygico da populaomo idosa do ...
)XQGDomR 2VZDOGR &UX] &HQWUR GH 3HVTXLVDV $JJHX 0DJDOKmHV 'HSDUWDPHQWR GH 6D~GH &ROHWLYD 0HVWUDGR HP 6D~GH 3~EOLFD 3HUILO VRFLRHFRQ{PLFR H HSLGHPLROyJLFR GD SRSXODomR LGRVD GR 'LVWULWR (VWDGXDO GH )HUQDQGR GH 1RURQKD 3( G 6iOYHD GH 2OLYHLUD &DPSHOR H 3DLYD 5HFLIH 0
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)XQGDomR 2VZDOGR &UX]<br />
&HQWUR GH 3HVTXLVDV $JJHX 0DJDOKmHV<br />
'HSDUWDPHQWR GH 6D~GH &ROHWLYD<br />
0HVWUDGR HP 6D~GH 3~EOLFD<br />
3HUILO VRFLRHFRQ{PLFR H HSLGHPLROyJLFR GD<br />
SRSXODomR LGRVD GR 'LVWULWR (VWDGXDO GH<br />
)HUQDQGR GH 1RURQKD 3(<br />
G<br />
6iOYHD GH 2OLYHLUD &DPSHOR H 3DLYD<br />
5HFLIH<br />
0
6È/9($ '( 2/,9(,5$ &$03(/2 ( 3$,9$<br />
PERFIL SOCIOECONÔMICO E EPIDEMIOLÓGICO DA<br />
POPULAÇÃO IDOSA DO DISTRITO ESTADUAL DE<br />
FERNANDO DE NORONHA - PE<br />
Dissertação apresenta<strong>da</strong> como requisito parcial para obtenção<br />
<strong>do</strong> grau de Mestre em Saúde Pública, pelo Departamento de<br />
Saúde Coletiva – NESC, <strong>do</strong> Centro de Pesquisas Aggeu<br />
Magalhães – CPqAM <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz – Fiocruz.<br />
Orienta<strong>do</strong>r: 'U (GXDUGR 0DLD )UHHVH GH &DUYDOKR<br />
RECIFE<br />
2004<br />
1
6È/9($ '( 2/,9(,5$ &$03(/2 ( 3$,9$<br />
<strong>Perfil</strong> soc ioec onôm ic o e epidem iológic o <strong>da</strong> populaç ão <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />
<strong>do</strong> Dist rit o Est adual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha - PE<br />
Dissertação apresenta<strong>da</strong> como requisito parcial para obtenção <strong>do</strong> grau de Mestre<br />
em Saúde Pública, pelo Departamento de Saúde Coletiva – NESC, <strong>do</strong> Centro de<br />
Pesquisas Aggeu Magalhães – CPqAM <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz – Fiocruz.<br />
Orienta<strong>do</strong>r:<br />
______________________________<br />
Profº Dr. Eduar<strong>do</strong> Maia Freese de Carvalho<br />
NESC/CPqAM/Fiocruz<br />
%DQFD ([DPLQDGRUD<br />
1º Examina<strong>do</strong>r: 2º Examina<strong>do</strong>r:<br />
2<br />
Recife, 23 de março de 2004.<br />
______________________________ ______________________________<br />
Profª Drª Márcia Carréra Campos Leal Profª Drª Lia Giral<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silva Augusto<br />
Deptº Medicina Social -UFPE NESC/CPqAM/Fiocruz
'HGLFR DRV LGRVRV LOKpXV DWRUHV VRFLDLV FXMDV KLVWyULDV GH YLGD HP )HUQDQGR<br />
GH 1RURQKD DMXGDUDP D FRQVWUXLU HVWH WUDEDOKR: A<strong>da</strong>lberto José <strong>da</strong> Silva, A<strong>da</strong>lgisa<br />
Moura <strong>da</strong> Silva (Dasinho), Ana Martins (Nanete), Antônio Carmo de Santana,<br />
Antônio Santana <strong>do</strong>s Santos (com sau<strong>da</strong>de), Calixto Pereira, Carlos Augusto de<br />
Araújo, Cecília Teixeira <strong>da</strong> Silva, Cícero Vital Nunes, Cleonice José de Souza, David<br />
Alves Cordeiro, Davino Pereira de Sena, Ednal<strong>do</strong> Paz e Silva (Pastor), Enói Soares<br />
<strong>da</strong> Silva, Fernan<strong>do</strong> Ferreira <strong>da</strong> Silva, Francisca Azeve<strong>do</strong> T. Gomes (Chiquinha),<br />
Francisca Bezerra <strong>da</strong> Silva (Maria), Francisca Pacheco <strong>da</strong> Silva (Chica), Francisco<br />
Cazeca <strong>da</strong> Costa (Chicó), Francisco Gomes <strong>da</strong> Silva (Mansinho), Francisco Paulo de<br />
Oliveira (Chiquito), Francisco Pereira Alves (Chico <strong>da</strong> Horta), Gardência Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
Silva, Glória Maria Cunha de Serpa Brandão, I<strong>da</strong> Korossy Marques de Almei<strong>da</strong>, Ivan<br />
Augustinho de Andrade (Mestre), João Benício Barbosa, João <strong>da</strong> Rocha Amorim<br />
(Dandão), João Januário <strong>da</strong> Silva (Zé <strong>da</strong> Quixaba), João Miguel de Azeve<strong>do</strong>, João<br />
Pedro <strong>do</strong> Nascimento, João Silvestre <strong>da</strong> Silva, José Benedito Lins Filho (Arlin<strong>do</strong>),<br />
José Benedito Xavier (Padre), José de Arimathéa de Serpa Brandão, José<br />
Fernandes Pereira (Zé Polícia), José Ferreira Campos (Campelo), José Ferreira <strong>da</strong><br />
Silva (Du<strong>da</strong>), José Gomes de Aguiar (Zezo), Josefa Maria de Azeve<strong>do</strong> de Lima<br />
(Nazinha), Josefa Nunes de Almei<strong>da</strong> (Zefinha), Juvenal José de Medeiros (Veneno),<br />
Manoel Batista Nascimento (Manoel Grande), Manoel <strong>da</strong> Luz <strong>do</strong> Nascimento (com<br />
sau<strong>da</strong>de), Maria Cícera Dionísio, Maria <strong>da</strong> Conceição Oliveira (Vó), Maria <strong>da</strong>s Neves<br />
Silva (Nevinha), Maria Dina <strong>do</strong>s Santos, Maria <strong>do</strong> Carmo Dias Barbosa (Pituca),<br />
Maria <strong>do</strong> Livramento <strong>do</strong>s Santos Marinho, Maria <strong>do</strong>s Prazeres <strong>do</strong>s Santos, Maria<br />
José Alves de Barros Silva, Maria José <strong>da</strong> Silva (Zezé), Maria José de Santana<br />
(Nina), Maria Julieta <strong>da</strong> Silva, Maria Lúcia Serafim de Farias, Maria Ma<strong>da</strong>lena <strong>da</strong><br />
Silva, Maria Nailde <strong>da</strong> Silva Cordeiro, Maria Olindina <strong>do</strong>s Santos, Maria Raimun<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Silva (Mª de Gouveia), Maria Rosa de Santana (com sau<strong>da</strong>de), Moisés Inácio <strong>do</strong>s<br />
Santos, Nilson Apory, Nival<strong>do</strong> Sebastião de Santana (Ivo Bomba), Olívia Chagas de<br />
Oliveira Costa, Otaciana Flor, Paulo Avelino Dantas, Pedro Rosa <strong>da</strong> Silva<br />
(Pedrinho), René Gerônimo de Araújo, Rita Borges Flor, Rocil<strong>da</strong> Ferreira de<br />
Medeiros, Salviano José de Souza, Sebastiana Soares <strong>da</strong> Silva, Sebastião Alves de<br />
Souza, Sebastião Francisco de Oliveira (Dr. Vaqueiro), Severina Helena Maria,<br />
Severina Mª <strong>do</strong>s Santos (Silveira), Severino Cesário <strong>da</strong> Costa, Severino Gomes<br />
Barbosa, Severino Rodrigues <strong>do</strong>s Santos (Biu Guar<strong>da</strong>) e Valdice Lima de Santana.<br />
3
$*5$'(&,0(1726<br />
A Deus e Nossa Senhora <strong>do</strong>s Remédios (padroeira de Fernan<strong>do</strong> de Noronha), pela<br />
luz que me ilumina...<br />
Aos meus avós (com sau<strong>da</strong>de), Maria e Antônio, Gina e Alfeu, pelos exemplos que<br />
me inspiram e animam...<br />
Aos meus pais, Paula Frascinete e Geral<strong>do</strong>, por tu<strong>do</strong> e por tanto!<br />
Aos queri<strong>do</strong>s Rosita e Ariel (com sau<strong>da</strong>de), pelo apoio essencial e irrestrito...<br />
A Romero, companheiro de tanto tempo e to<strong>da</strong>s as horas, por caminhar sempre de<br />
mãos <strong>da</strong><strong>da</strong>s comigo...<br />
Aos filhos Rodrigo, Renan e Vanessa, pelo senti<strong>do</strong> que dão a minha vi<strong>da</strong>...<br />
A Hosan, Gina e Jasom, por serem irmãos de ver<strong>da</strong>de...<br />
Ao amigo Heleno Arman<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silva (com sau<strong>da</strong>de), por ter me permiti<strong>do</strong> participar<br />
<strong>da</strong> sua história de vi<strong>da</strong> e ter me ensina<strong>do</strong> o essencial sobre a vi<strong>da</strong> em Fernan<strong>do</strong> de<br />
Noronha;<br />
À Valdeci Colaço (com sau<strong>da</strong>de), minha eterna professora, pelas aulas<br />
inesquecíveis...a sabe<strong>do</strong>ria compartilha<strong>da</strong>!<br />
Aos amigos Augusto Alcalde, Cristiane Cavalcanti, Fábia Pottes, Luciana Venâncio e<br />
Rosana Almei<strong>da</strong>, pelas lições de vi<strong>da</strong> e por se alegrarem com as minhas alegrias...<br />
Ao professor Eduar<strong>do</strong> Freese de Carvalho, por ter embarca<strong>do</strong> na minha ‘utopia’ e<br />
orienta<strong>do</strong> os primeiros passos de uma longa ‘jorna<strong>da</strong>’...<br />
À Cristina Carrazzone, companheira de campo, pela força amiga e pelo trabalho<br />
militante!<br />
À Verônica Modesto e Marcos Aurélio, minha família em Noronha, por terem me<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong> muito mais que abrigo e carinho...por Ítalo, principalmente!<br />
À Marília Siqueira Campos, Josete Melo e Anália Nuzya Garcia, pelos ensinamentos<br />
na área de gerontologia, pela amizade e boa companhia!<br />
A Dagoberto, Eustáquio, João Carlos e Lázaro, pela imprescindível colaboração.<br />
4
3HOR DSRLR HVVHQFLDO<br />
Professor Emmanuel França (Magnífico Reitor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco);<br />
Dr. Ênio Lustosa Cantarelli (Diretor <strong>do</strong> PROCAPE); Sr. Sérgio Salles (ex-<br />
administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> DEFN); Conceição Melo (assistente social <strong>do</strong> HUOC); Cláudia<br />
Alves, Maria Auxilia<strong>do</strong>ra de Oliveira, Rosângela Oliveira, Rosângela Passos, Raquel<br />
Soares e Tatiana Santacruz (equipe de assistentes sociais <strong>da</strong> Divisão de Serviço<br />
Social <strong>do</strong> HUOC); Dra. Lia Giral<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silva Augusto (NESC/CPqAM/Fiocruz);<br />
professor Carlos Feitosa Luna (CPqAM/Fiocruz); Dra. Ana Paula de Oliveira<br />
Marques e Dra. Márcia Carréra Campos Leal (Universi<strong>da</strong>de Federal de<br />
Pernambuco); Dr. Renato Veras (Universi<strong>da</strong>de Estadual <strong>do</strong> Rio de Janeiro); Ana<br />
Carolina de Melo <strong>da</strong> Silva, Cristina Carrazzone, Érica França de Araújo, Erlene<br />
Roberta Ribeiro <strong>do</strong>s Santos, Fábio Lopes de Melo, Karina Conceição de Araújo,<br />
Luciana Venâncio Santos Souza, Maria Geisiane de Souza, Maria Sandra Andrade,<br />
Marinal<strong>da</strong> Anselmo Vilela e O<strong>da</strong>léia Araújo Ferreira (minha turma <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong>); Dra.<br />
Janirza Cavalcante <strong>da</strong> Rocha Lima (Fun<strong>da</strong>ção Joaquim Nabuco); A<strong>da</strong>gilson Batista<br />
<strong>da</strong> Silva, Mégine Carla Cabral <strong>da</strong> Silva e Romero Euclides <strong>da</strong> Silva (NESC/Fiocruz);<br />
Débora de Oliveira, Janice de Andrade Dias, Lindinalva Maria de Menezes, Nil<strong>da</strong> de<br />
Andrade Lima, Paulo Lira, Rivaldete de Souza, (equipe <strong>da</strong> Secretaria Acadêmica <strong>do</strong><br />
NESC/Fiocruz) e Sidália Aragão (apoio NESC/Fiocruz); Milton Luna <strong>da</strong> Silva,<br />
Sr. Ernandes José de Souza, Sra. Eunice Maria de Oliveira, Sra. I<strong>da</strong> Korossy de<br />
Almei<strong>da</strong>, Sr. Carlos Alberto Flor, Sr. Moisés José de Souza e Sr. René Jerônimo<br />
Araújo (Conselho Distrital de Fernan<strong>do</strong> de Noronha); Sr. Marcos Aurélio <strong>da</strong> Silva<br />
(Diretor <strong>do</strong> Parnamar/FN); Sra. Maria José Borges Lins e Silva (Marieta); Sr.<br />
Fernan<strong>do</strong> Filizola (coordena<strong>do</strong>r de saúde <strong>da</strong> Adm. <strong>do</strong> DEFN); Srta. Larissa Morélia<br />
Sá Vieira Mace<strong>do</strong> (Diretora <strong>do</strong> Hospital São Lucas); Sra. Sandra Valéria Lima<br />
5
(assistente social <strong>do</strong> DEFN); to<strong>da</strong> equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas, especialmente:<br />
Adriana Flor, Carlos Augusto Alves de Santana, Edson Alves Barbosa, Eduar<strong>do</strong><br />
Marques <strong>da</strong> Silva, Eli Paes e Silva, Eliude Charamba Souza, Gildene Pereira <strong>do</strong><br />
Nascimento, Gisel<strong>da</strong> Moura <strong>da</strong> Silva, Ivanil<strong>do</strong> Ferreira <strong>da</strong> Silva, Maria Flávia <strong>da</strong> Silva<br />
Calixto, Rosânia Maria <strong>do</strong>s Santos e Wellington Cordeiro; Sr. Alcin<strong>do</strong> Cavalcanti de<br />
Araújo Filho (Diretor Regional <strong>da</strong> Mongeral); e Sr. Erick Sobreira Guedes<br />
(Laboratório Roche).<br />
6
5(6802<br />
$%675$&7<br />
/,67$ '( ,/8675$d®(6<br />
/,67$ '( 7$%(/$6<br />
/,67$ '( $%5(9,$785$6 ( 6,*/$6<br />
/,67$ '( $1(;26<br />
$35(6(17$d2<br />
,1752'8d2<br />
680È5,2<br />
6REUH D (SLGHPLRORJLD 6RFLDO H R FRQFHLWR GH (VSDoR<br />
DOJXPDV FRQVLGHUDo}HV<br />
&RQVLGHUDo}HV VREUH R 7HPSR H R (VSDoR GR 6HU ,GRVR<br />
2 )HQ{PHQR GR (QYHOKHFLPHQWR GD 3RSXODomR 0XQGLDO<br />
3URFHVVRV GH 7UDQVLomR 'HPRJUiILFD H (SLGHPLROyJLFD<br />
QR %UDVLO<br />
2 ,GRVR H D ,OKD<br />
7
$VSHFWRV +LVWyULFRV GR 'LVWULWR (VWDGXDO GH )HUQDQGR<br />
GH 1RURQKD<br />
2%-(7,926<br />
*HUDO<br />
(VSHFtILFRV<br />
352&(',0(1726 0(72'2/Ï*,&26<br />
ÈUHD GH (VWXGR<br />
'HVHQKR GR (VWXGR<br />
'HILQLomR GD 3RSXODomR<br />
&ROHWD GH 'DGRV<br />
3.4.1 Pré-teste<br />
3.4.2 Pesquisa de Campo<br />
'HILQLomR GR ,QVWUXPHQWR GH &ROHWD GH 'DGRV<br />
&RQVLGHUDo}HV eWLFDV<br />
3URFHVVDPHQWR H $QiOLVH GRV 'DGRV<br />
2 3URFHVVR 0HWRGROyJLFR D KLVWyULD GD SHVTXLVD<br />
5(68/7$'26<br />
,QIRUPDo}HV *HUDLV ± 6HomR , GR %2$6<br />
6D~GH )tVLFD ± 6HomR ,, GR %2$6<br />
8
8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV ± 6HomR ,,, GR %2$6<br />
$WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD $9'V ± 6HomR ,9 GR %2$6<br />
5HFXUVRV 6RFLDLV ± 6HomR 9 GR %2$6<br />
5HFXUVRV (FRQ{PLFRV ± 6HomR 9, GR %2$6<br />
6D~GH 0HQWDO ± 6HomR 9,, GR %2$6<br />
1HFHVVLGDGHV H 3UREOHPDV TXH $IHWDP R (QWUHYLVWDGR ±<br />
6HomR 9,,, GR %2$6<br />
',6&8662<br />
&21&/86®(6<br />
5(&20(1'$d®(6<br />
5()(5Ç1&,$6 %,%/,2*5È),&$6<br />
$1(;26<br />
9
5(6802<br />
Conhecer o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so ilhéu, identifican<strong>do</strong> a<br />
atual situação de saúde e apresentan<strong>do</strong> peculiari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>da</strong><br />
população insular, minoritária, viven<strong>do</strong> em situação de isolamento geográfico, no<br />
Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha - PE, é o principal objetivo deste trabalho.<br />
O desenho censitário <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> caracteriza-se pela realização de uma abor<strong>da</strong>gem<br />
epidemiológica descritiva de tipo corte transversal em população especial. Foram<br />
entrevista<strong>do</strong>s 80 i<strong>do</strong>sos residentes na Ilha <strong>do</strong> universo de 88. O instrumento utiliza<strong>do</strong><br />
para coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s foi o Brazil Old Age Schedule (BOAS), questionário<br />
multidimensional para estu<strong>do</strong>s comunitários em população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>. Basicamente, o<br />
referencial teórico está fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> no conteú<strong>do</strong> de disciplinas relaciona<strong>da</strong>s ao<br />
processo de envelhecimento humano e <strong>da</strong> saúde coletiva. Em Fernan<strong>do</strong> e Noronha,<br />
a Taxa de 4,3% não caracteriza a existência de uma população envelheci<strong>da</strong> e não<br />
ocorre o processo de feminização <strong>da</strong> velhice, contrastan<strong>do</strong> com a reali<strong>da</strong>de<br />
observa<strong>da</strong> no Brasil, de forma geral. Os indica<strong>do</strong>res <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong>s, analisa<strong>do</strong>s<br />
isola<strong>da</strong>mente, revelam o perfil de uma população diferencia<strong>da</strong>, quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong> a<br />
outras <strong>do</strong> Continente. No entanto, apesar <strong>da</strong> boa quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, onde o IDH é<br />
considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s melhores <strong>do</strong> Brasil, o eleva<strong>do</strong> custo de vi<strong>da</strong> na Ilha chega a<br />
superar os padrões observa<strong>do</strong>s em Pernambuco e na capital Recife. Do ponto de<br />
vista gerontológico, os indica<strong>do</strong>res de autonomia e independência apontam para o<br />
perfil de uma população saudável, porém, apesar <strong>da</strong> boa capaci<strong>da</strong>de funcional,<br />
foram encontra<strong>da</strong>s eleva<strong>da</strong>s taxas de prevalência de Diabetes Mellitus e<br />
Hipertensão Arterial.<br />
10
$%675$&7<br />
The main aim of this study is to build up a socio-economic and epidemiological profile<br />
of elderly people living on the island of Fernan<strong>do</strong> de Noronha – a district that falls<br />
under the jurisdiction of the State of Pernambuco in the Northeast of Brazil. It<br />
establishes the current state of health of this population and reveals peculiarities of<br />
the every<strong>da</strong>y life of the islanders, who constitute a minority living in a geographically<br />
isolated location. The study takes the form of a census using a cross-section<br />
descriptive epidemiological approach to a special population. Eighty elderly residents<br />
of the island, of a total population of 88 were interviewed. Data was collected using<br />
the BOAS (Brazil Old Age Schedule), a multidimensional questionnaire for<br />
community studies among the elderly population. Theoretically, the study is based on<br />
scholarly work on the ageing process in humans and community health. The<br />
population of Fernan<strong>do</strong> de Noronha cannot be classified as an ageing one, as elderly<br />
people account for only 4.3% of the total. Neither are women coming to form an<br />
increasingly larger proportion of the elderly population, in contrast to what has been<br />
observed in Brazil as a whole. Socio-economic indicators, analysed separately,<br />
indicate that the profile of the population is quite distinct from that of others on the<br />
mainland. Nevertheless, despite the good quality of life, – the HDI being considered<br />
to be one of the best in Brazil – the cost of living on the island is higher than that of<br />
the rest of the State of Pernambuco and its capital Recife. From a gerontological<br />
perspective, the indicators for autonomy and independence suggest that the<br />
population is healthy, with good functional capacity, although the prevalence rates for<br />
Diabetes Mellitus and Arterial Hypertension were found to be high.<br />
11
,67$ '( ,/8675$d®(6<br />
)LJXUDV<br />
Figura 1 – Mapa <strong>do</strong> Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
Figura 2 – Mapa <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
Figura 3 – Cordilheira Dorsal Meso-Atlântica<br />
*UiILFRV<br />
Gráfico 1 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Sexo.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Gráfico 2 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Satisfação<br />
com a Vi<strong>da</strong> em Geral. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Gráfico 3 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Relato de<br />
Incontinência Urinária e Freqüência de Ocorrência. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Gráfico 4 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à prática de<br />
Ativi<strong>da</strong>de Produtiva Remunera<strong>da</strong> atualmente. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Gráfico 5 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Dificul<strong>da</strong>de para Dormir.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Gráfico 6 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Dificul<strong>da</strong>de para se<br />
Alimentar. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
12
Gráfico 7 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Per<strong>da</strong> de Agili<strong>da</strong>de.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Gráfico 8 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Autonomia e<br />
Independência para Sair de Casa (quan<strong>do</strong> necessário). Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Gráfico 9 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por relato de Vontade de Chorar.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
13
,67$ '( 7$%(/$6<br />
Tabela 1 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Sexo e I<strong>da</strong>de.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 2 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Naturali<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong><br />
de Noronha, 2002.<br />
Tabela 3 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Tempo de Moradia<br />
na Ilha, Última Visita feita ao Continente e Motivo <strong>da</strong> Visita. Fernan<strong>do</strong> de Noronha,<br />
2002.<br />
Tabela 4 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Sexo e Grau de<br />
Escolari<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 5 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Esta<strong>do</strong> Conjugal,<br />
Tempo de União e I<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Cônjuge. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 6 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Número de Filhos(as)<br />
Vivos(as). Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 7 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Situação de Moradia.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 8 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Auto-avaliação <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> de Saúde. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 9 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Diagnóstico Referi<strong>do</strong><br />
de Saúde e indicação de Prejuízo à Capaci<strong>da</strong>de Funcional. Fernan<strong>do</strong> de Noronha,<br />
2002.<br />
Tabela 10 – Distribuição <strong>da</strong>s freqüências <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Situação <strong>do</strong>s<br />
Prontuários no Hospital São Lucas. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
14
Tabela 11 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Valores de Glicose<br />
Plasmática (em mg/dl). Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2003.<br />
Tabela 12 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Valores de Pressão<br />
Arterial. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2003.<br />
Tabela 13 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por auto-avaliação <strong>da</strong><br />
Capaci<strong>da</strong>de Motora e relato de ocorrência de Que<strong>da</strong>s. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 14 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Auto-avaliação <strong>do</strong>s<br />
senti<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Visão e Audição. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 15 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Auto-avaliação <strong>da</strong><br />
Saúde Bucal. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 16 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Utilização de Serviços<br />
Médicos e Dentários. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 17 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Freqüência de Uso de Serviços<br />
Médicos nos últimos Três Meses. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 18 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Utilização de<br />
Aju<strong>da</strong>s/Apoios e Medicamentos e relato de Auto-medicação. Fernan<strong>do</strong> de Noronha,<br />
2002.<br />
Tabela 19 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Identificação de<br />
Pessoas que poderiam cuidá-los em caso de Doença e/ou Incapaci<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong><br />
de Noronha, 2002.<br />
Tabela 20 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Aju<strong>da</strong> Recebi<strong>da</strong> por<br />
Outra Pessoa. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
15
Tabela 21 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Grau de Autonomia<br />
e Independência no Desempenho <strong>da</strong>s Ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> Diária. Fernan<strong>do</strong> de<br />
Noronha, 2002.<br />
Tabela 22 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por natureza <strong>da</strong>s<br />
Ativi<strong>da</strong>des Realiza<strong>da</strong>s no Tempo Livre. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 23 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Situação Familiar.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 24 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos por Área de Ocupação<br />
Profissional durante a maior parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 25 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Fonte de<br />
onde tira o Sustento para Sobrevivência. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 26 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Ren<strong>da</strong> Própria<br />
Mensal. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 27 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Ren<strong>da</strong> Familiar<br />
Mensal. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 28 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação ao Acesso a alguns<br />
Serviços e Equipamentos no Domicílio. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 29 – Distribuição <strong>da</strong> freqüência <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por Avaliação <strong>da</strong><br />
Situação Econômica (atual), compara<strong>da</strong> à Época <strong>do</strong>s 50 anos de I<strong>da</strong>de. Fernan<strong>do</strong><br />
de Noronha, 2002.<br />
Tabela 30 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à avaliação <strong>da</strong> Condição<br />
<strong>da</strong> Residência feita pela Entrevista<strong>do</strong>ra. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 31 – Distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN por freqüência <strong>do</strong> índice <strong>da</strong> escala de<br />
SCO. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
16
Tabela 32 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação aos Sentimentos de<br />
Solidão e Preocupação. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 33 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação à Expectativa em relação<br />
ao Futuro e Esta<strong>do</strong> Emocional Referi<strong>do</strong>. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
Tabela 34 – Distribuição <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN em relação às Principais Carências e<br />
Problemas mais Importantes. Fernan<strong>do</strong> de Noronha, 2002.<br />
17
,67$ '( $%5(9,$785$6 ( 6,*/$6<br />
ACS – Agente Comunitário de Saúde<br />
AIVD – Ativi<strong>da</strong>de Instrumental de Vi<strong>da</strong> Diária<br />
APA – Área de Preservação Ambiental<br />
AVD – Ativi<strong>da</strong>de de Vi<strong>da</strong> Diária<br />
BOAS – Brazil Old Age Schedule<br />
BPC – Benefício <strong>da</strong> Prestação Continua<strong>da</strong><br />
CEP – Comissão de Ética em Pesquisa<br />
CNS – Conselho Nacional de Saúde<br />
CPqAM – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães<br />
DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis<br />
DEFN – Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
DIP – Doenças Infecciosas e Parasitárias<br />
DM – Diabetes Mellitus<br />
EDG – Escala de Depressão Geriátrica<br />
FIOCRUZ – Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz<br />
HA – Hipertensão Arterial<br />
HUOC – Hospital Universitário Oswal<strong>do</strong> Cruz<br />
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano<br />
LOAS – Lei Orgânica <strong>da</strong> Assistência Social<br />
MINTER – Ministério <strong>do</strong> Interior<br />
OMS – Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde<br />
ONU – Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s<br />
PACS – Programa <strong>do</strong> Agente Comunitário de Saúde<br />
PARNAMAR – Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
18
PEI – Política Estadual <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />
PMPE – Polícia Militar de Pernambuco<br />
PNI – Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />
PNSI – Política Nacional de Saúde <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so<br />
PSF – Programa de Saúde <strong>da</strong> Família<br />
SCO – Síndrome Cerebral Orgânica<br />
SUS – Sistema Único de Saúde<br />
TFD – Tratamento Fora <strong>do</strong> Domicílio<br />
UFPE – Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco<br />
UnATI – Universi<strong>da</strong>de Aberta <strong>da</strong> Terceira I<strong>da</strong>de<br />
UNICAP – Universi<strong>da</strong>de Católica de Pernambuco<br />
UPE – Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco<br />
19
,67$ '( $1(;26<br />
Anexo 1 – Brazil Old Age Schedule (BOAS)<br />
Anexo 2 – Formulário específico para pesquisa <strong>do</strong>cumental<br />
Anexo 3 – Parecer <strong>do</strong> Conselho de Ética em Pesquisa (CEP)<br />
Anexo 4 – Termo de Adesão à Pesquisa de Campo<br />
Anexo 5 – Autorização <strong>da</strong> Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas para<br />
manuseio <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos<br />
Anexo 6 – Parecer <strong>da</strong> representante <strong>do</strong> Conselho Distrital de<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
Anexo 7 – Programa <strong>da</strong> I Conferência Distrital de Saúde <strong>do</strong> DEFN<br />
20
$35(6(17$d2<br />
Dos primeiros contatos intergeracionais, com os pais e avós, herdei as lembranças<br />
de uma infância feliz e as primeiras lições práticas sobre a DWLWXGH GR FXLGDGR.<br />
Sinceramente, desconheço um perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> minha história em que não tenha<br />
convivi<strong>do</strong> com i<strong>do</strong>sos e, na condição de aprendiz, continuo buscan<strong>do</strong> sempre essa<br />
convivência, visan<strong>do</strong> o aperfeiçoamento pessoal e profissional. É bem melhor<br />
aprender ouvin<strong>do</strong> histórias que decoran<strong>do</strong> teorias.<br />
Reconheço, a minha trajetória acadêmica ain<strong>da</strong> é incipiente, no entanto, são quase<br />
dez anos de exercício profissional, na área de saúde pública, dedican<strong>do</strong> a<br />
intervenção, enquanto Assistente Social, à causa <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Assim, deixei marca<strong>da</strong> a<br />
breve passagem pelo Hospital <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco e, desde<br />
1998, atuo no Hospital Universitário Oswal<strong>do</strong> Cruz, compon<strong>do</strong> a equipe <strong>do</strong> Gero-<br />
HUOC. Atualmente, também ocupo o cargo de Conselheira no Conselho Estadual<br />
<strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (CEDI), coordenan<strong>do</strong> a Comissão de Municipalização, pela<br />
Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco.<br />
Do contato com a complexa reali<strong>da</strong>de em que se insere a questão <strong>da</strong> saúde <strong>do</strong><br />
i<strong>do</strong>so e ao me deparar com a escassez de estu<strong>do</strong>s sobre populações especiais<br />
minoritárias, viven<strong>do</strong> em situação de isolamento, seja <strong>do</strong> ponto de vista geográfico,<br />
étnico e/ou cultural, surgiu a ‘XWRSLD’ de iniciar essa busca rumo ao cotidiano<br />
desconheci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus, indígenas e quilombolas no esta<strong>do</strong> de Pernambuco.<br />
21
O Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha foi o primeiro lugar escolhi<strong>do</strong>,<br />
ten<strong>do</strong> em vista, a minha história de aproximação com a população insular.<br />
Comuni<strong>da</strong>de que me honrou recentemente com seu título de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e com a qual<br />
tenho assumi<strong>do</strong> um compromisso profissional desde a época <strong>da</strong> graduação em<br />
Serviço Social.<br />
Este trabalho, em linhas gerais, abor<strong>da</strong> o processo de envelhecimento enquanto<br />
categoria social de análise, consideran<strong>do</strong> as dimensões ‘WHPSR H HVSDoR’, numa<br />
dinâmica dialética, a partir <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de diferentes disciplinas. Destaca as<br />
contribuições de diversos autores a respeito <strong>do</strong>s processos de ‘transição<br />
demográfica e epidemiológica’ no Brasil e no mun<strong>do</strong>, enfatizan<strong>do</strong> suas<br />
peculiari<strong>da</strong>des. Registra uma síntese sobre a história de Fernan<strong>do</strong> de Noronha e<br />
propõe uma visão humaniza<strong>da</strong> sobre o HVSDoR LQVXODU. Revela o processo e as<br />
dificul<strong>da</strong>des meto<strong>do</strong>lógicas encontra<strong>da</strong>s durante a pesquisa de campo e apresenta<br />
os resulta<strong>do</strong>s e conclusões <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> sobre o SHUILO VRFLRHFRQ{PLFR H<br />
HSLGHPLROyJLFR GD SRSXODomR LGRVD GR '()1. Eis o primeiro passo de uma longa<br />
jorna<strong>da</strong>, a história que tenho para contar...<br />
22
,1752'8d2<br />
23<br />
> @ VH WRGRV WLYHVVHP WLGR D PHVPD KLVWyULD<br />
QmR SRGHULDP PDLV VH GLIHUHQFLDU XQV GRV RXWURV<br />
SRUTXH FDGD XP GH QyV p DTXLOR TXH RV VHXV DWRV FULDUDP<br />
8PEHUWR (FR<br />
6REUH D (SLGHPLRORJLD 6RFLDO H R FRQFHLWR GH (VSDoR DOJXPDV<br />
FRQVLGHUDo}HV<br />
Ao realizar um estu<strong>do</strong> sobre o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico de uma<br />
população, se faz necessário esclarecer alguns conceitos relaciona<strong>do</strong>s ao tema, ou<br />
seja, a linha de pensamento que embasa o conteú<strong>do</strong> teórico sobre a Epidemiologia<br />
enquanto “Ciência <strong>da</strong> Saúde <strong>do</strong> Ser Social”, como propõe Juan Samaja (2003).<br />
Defini<strong>da</strong> como HVWXGR GD GLVWULEXLomR H GRV GHWHUPLQDQWHV GDV GRHQoDV HP<br />
SRSXODo}HV KXPDQDV, a epidemiologia foi considera<strong>da</strong> disciplina básica <strong>do</strong> campo <strong>da</strong><br />
Saúde Pública em 1840, quan<strong>do</strong> a saúde <strong>da</strong>s populações passou a ser assunto <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como marco histórico as revoluções Francesa e Industrial na<br />
Inglaterra no final <strong>do</strong> século XVIII, movimentos que reivindicaram um conjunto de<br />
estu<strong>do</strong>s e intervenções justifica<strong>da</strong>s e legitima<strong>da</strong>s em nome <strong>do</strong> interesse coletivo,<br />
principalmente, <strong>da</strong> classe operária (CASTELLANOS, 1997).<br />
Os séculos XVIII e XIX foram marca<strong>do</strong>s pelo processo de emergência <strong>da</strong><br />
epidemiologia e pela reafirmação <strong>da</strong>s teorias contagionistas. A partir <strong>do</strong><br />
desenvolvimento <strong>da</strong> microbiologia, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na teoria <strong>do</strong> contágio, a<br />
epidemiologia perde espaço para a etiologia, prevalecen<strong>do</strong> o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s
<strong>da</strong> medicina preventiva, centra<strong>da</strong> no indivíduo, ocorren<strong>do</strong> uma mu<strong>da</strong>nça de<br />
paradigmas, <strong>da</strong> perspectiva populacional para a individual. Nesse contexto, o objeto<br />
de trabalho <strong>da</strong> nova perspectiva passou a ser o conjunto de <strong>do</strong>enças e diagnósticos<br />
agrupa<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> certa taxonomia (CASTELLANOS, 1997).<br />
Para Almei<strong>da</strong> Filho e Rouquayrol (1990),<br />
A epidemiologia surgiu a partir <strong>da</strong> consoli<strong>da</strong>ção de um tripé de elementos<br />
conceituais, meto<strong>do</strong>lógicos e ideológicos: a Clínica, a Estatística e a<br />
Medicina Social. A Clínica se constitui nos séculos XVIII e XIX como a<br />
primeira ciência humana aplica<strong>da</strong>, basea<strong>da</strong> em um saber diagnóstico,<br />
prognóstico e terapêutico individual que potencialmente seria transferível ao<br />
nível coletivo, com o projeto de uma medicina <strong>da</strong>s epidemias. Em paralelo, a<br />
Estatística, nasci<strong>da</strong> no século XVIII para a medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> ‘esta<strong>do</strong> moderno’ pela<br />
contagem <strong>do</strong>s seus ci<strong>da</strong>dãos, exércitos e riquezas, possibilitou também a<br />
quantificação <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças e seus efeitos. Finalmente, o movimento <strong>da</strong><br />
Medicina Social, que marcou o campo médico na Europa Ocidental em<br />
mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, propon<strong>do</strong> a saúde como uma questão<br />
fun<strong>da</strong>mentalmente política, contribuiu com a perspectiva <strong>do</strong> coletivo para a<br />
constituição <strong>da</strong> nova disciplina.<br />
Com o aparecimento <strong>da</strong> medicina social, durante os séculos XVIII e XIX, surgem as<br />
investigações e explicações <strong>da</strong> situação de saúde associa<strong>da</strong> à condição de vi<strong>da</strong>,<br />
principalmente na França e na Inglaterra, onde Engels desenvolveu um estu<strong>do</strong> sobre<br />
a classe operária, a partir <strong>da</strong>s relações sociais e de produção, porém, essa linha de<br />
pensamento foi interrompi<strong>da</strong>, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> lugar à hegemonia <strong>da</strong>s teorias unicausais <strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>ença (PAIM, 1997).<br />
No início <strong>do</strong> século XIX, surge uma estratégia bio-política de perspectiva integra<strong>do</strong>ra<br />
na Saúde Coletiva, com a emergência <strong>da</strong> Medicina Social, porém, com a<br />
incorporação <strong>da</strong> microbiologia de Pasteur, ocorre o processo de fragmentação na<br />
formação profissional <strong>do</strong> médico. Somente a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> século<br />
XIX, inicia-se a difícil incorporação <strong>do</strong> social no entendimento <strong>do</strong> processo saúde-<br />
<strong>do</strong>ença (NUNES, 1995).<br />
24
Mais recentemente, no século XX, com o ressurgimento <strong>da</strong> medicina social nas<br />
déca<strong>da</strong>s de 50 e 60, por exemplo, é retoma<strong>da</strong> a temática 'Saúde e<br />
Desenvolvimento', principalmente na América Latina (AL). Nos anos 70, no Brasil e<br />
na AL, diversos estu<strong>do</strong>s procuram apontar as repercussões negativas <strong>do</strong> modelo de<br />
desenvolvimento econô<strong>mico</strong> implanta<strong>do</strong>, nas condições de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população,<br />
surgin<strong>do</strong> as bases conceituais para a medicina social e a epidemiologia social. A<br />
partir <strong>do</strong>s anos 90, ocorre o incremento <strong>da</strong> produção científica (estu<strong>do</strong>s e<br />
publicações) sobre o assunto (PAIM, 1997).<br />
É interessante observar a explicação apresenta<strong>da</strong> por Castellanos (1997), para<br />
justificar a inviabili<strong>da</strong>de de se estu<strong>da</strong>r a saúde pública a partir <strong>da</strong> perspectiva<br />
individual, diante <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s sistemas populacionais, devi<strong>do</strong> ao processo<br />
de interação <strong>do</strong>s grupos humanos. O autor enfatiza a importância <strong>da</strong>s abor<strong>da</strong>gens<br />
qualitativas para <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong>s dimensões subjetivas <strong>da</strong> Saúde Coletiva.<br />
Outra contribuição de Castellanos (1997), a ser considera<strong>da</strong>, diz respeito aos<br />
conceitos de FRQGLo}HV GH YLGD, que podem ser garanti<strong>da</strong>s ao trabalha<strong>do</strong>r pelos<br />
seus rendimentos ou indiretamente pelas políticas públicas; HVWLOR GH YLGD,<br />
significan<strong>do</strong> o conjunto de comportamentos, hábitos, etc.; e FRQGLo}HV GH WUDEDOKR,<br />
que podem gerar problemas de saúde. A partir destes conceitos, o autor relaciona a<br />
situação de saúde <strong>da</strong> população às suas condições de vi<strong>da</strong>, contextualiza<strong>da</strong> na<br />
estrutura de produção <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des, sen<strong>do</strong> imprescindível conhecer o conceito de<br />
HVSDoR.<br />
25
Czeresnia & Ribeiro (2000), afirmam que<br />
Em epidemiologia o uso <strong>do</strong> conceito de espaço acompanhou o<br />
desenvolvimento teórico <strong>da</strong> geografia, especialmente <strong>da</strong> vertente chama<strong>da</strong><br />
geografia médica. (...) As tentativas de redefinir o conceito de espaço em<br />
epidemiologia, acompanhan<strong>do</strong> o desenvolvimento teórico-conceitual <strong>da</strong><br />
geografia, buscaram incluir na compreensão <strong>do</strong> processo <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença,<br />
dimensões sociais, culturais e simbólicas.<br />
Historicamente, o conceito de espaço sofreu algumas alterações na sua<br />
interpretação, oscilan<strong>do</strong> <strong>do</strong> espaço isola<strong>do</strong> (foco, microlocaliza<strong>do</strong>) para o espaço<br />
ecológico, amplia<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> dimensões geográficas, históricas, políticas, sociais e<br />
econômicas de análise, indican<strong>do</strong>, inclusive, fatores de risco, a partir <strong>da</strong> inserção <strong>da</strong><br />
população em determina<strong>do</strong>s espaços. Castellanos (1997) ain<strong>da</strong> trabalha três<br />
conceitos importantes para a compreensão de sua análise: FDSLWDO FXOWXUDO (permite<br />
acesso ao saber sobre riscos de a<strong>do</strong>ecer e prevenção <strong>do</strong>s mesmos), FDSLWDO<br />
HFRQ{PLFR (possibilita maior acesso ao cui<strong>da</strong><strong>do</strong> e condições de vi<strong>da</strong>), e FDSLWDO<br />
VLPEyOLFR (relaciona-se à dimensão subjetiva <strong>da</strong> satisfação <strong>da</strong>s pessoas com a vi<strong>da</strong>).<br />
Assim, "o espaço é construí<strong>do</strong> socialmente, e constitui portanto, uma possibili<strong>da</strong>de<br />
de estratificar a população segun<strong>do</strong> condições de vi<strong>da</strong>.<br />
Diante <strong>da</strong> conjuntura atual, onde o processo de globalização simboliza a afirmação,<br />
em escala mundial, <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção capitalista na sua versão mais bárbara,<br />
deixan<strong>do</strong> para trás, como enfatizou Milton Santos (2003), as grandes questões<br />
civilizatórias e humanísticas, a reali<strong>da</strong>de impõe novas deman<strong>da</strong>s, no senti<strong>do</strong> de<br />
resgatar a dimensão humaniza<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> Ciência. Nesse contexto, retoman<strong>do</strong> Samaja<br />
(2003), este propõe uma concepção amplia<strong>da</strong> <strong>da</strong> Epidemiologia, defini<strong>da</strong> como<br />
‘Ciência <strong>da</strong> Saúde <strong>do</strong> Ser Social’.<br />
26
E ao conceber o indivíduo enquanto VHU VRFLDO, sujeito <strong>da</strong> sua própria história, o lugar<br />
onde vive, ou seja, o espaço humano, nos ensinou Milton Santos (1997), é a síntese,<br />
sempre provisória e sempre renova<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s contradições e <strong>da</strong> dialética social [...] O<br />
espaço é um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de sistemas de ações.<br />
Rompen<strong>do</strong> com o pragmatismo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s meramente quantitativos, o desafio de<br />
se desenvolver uma visão dialética <strong>da</strong> Epidemiologia, amplia para abranger<br />
dimensões qualitativas, subjetivas e críticas <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Desta forma, ao<br />
contemplar ‘tempo, espaço e mun<strong>do</strong>’, os estu<strong>do</strong>s sobre a saúde <strong>do</strong>s indivíduos e/ou<br />
populações deixam de atender os imperativos <strong>da</strong> técnica, simplesmente, para<br />
concretizar o papel social <strong>da</strong> Ciência. Torna-se essencial, eis outro desafio, a<br />
intervenção e colaboração entre cientistas (<strong>da</strong>s diversas disciplinas), partin<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
próprio conceito de saúde, cuja origem <strong>do</strong> latim (salus), sugere noção de integri<strong>da</strong>de,<br />
visão holística, contemplan<strong>do</strong> o coletivo e o indivíduo nas dimensões física, mental e<br />
social.<br />
O capital impera sobre o trabalho; o material impera sobre o humano; a técnica<br />
impera sobre a ciência... Inverter este processo seria (quiçá?) o desafio mais<br />
apaixonante e revolucionário <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de, no entanto, o movimento de resistência,<br />
de enfrentamento ain<strong>da</strong> está enfraqueci<strong>do</strong>, seja pela adesão <strong>do</strong>s cientistas aos<br />
imperativos <strong>do</strong> sistema de produção vigente, seja por omissão. De fato, os<br />
resulta<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s nos meios acadê<strong>mico</strong>s servem mais a interesses específicos<br />
que atendem às deman<strong>da</strong>s reais <strong>da</strong>s populações e enfrentam as iniqüi<strong>da</strong>des sociais.<br />
27
A respeito <strong>do</strong> assunto, Milton Santos (2003) manifestou sua preocupação:<br />
A grande mo<strong>da</strong> agora é pedir às universi<strong>da</strong>des que perguntem às empresas<br />
que digam o que elas devem fazer. É considera<strong>do</strong> chique e permite ao<br />
CNPq se retirar <strong>do</strong> processo de financiamento. Só que, na produção de<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s que têm relação com a vi<strong>da</strong>, o resulta<strong>do</strong> pode ser a corrupção <strong>da</strong><br />
pesquisa e a desconfiança justifica<strong>da</strong> em relação aos homens de ciência [...]<br />
Uma meia ver<strong>da</strong>de serve a objetivos pragmáticos, mas uma meia ver<strong>da</strong>de<br />
não é a ver<strong>da</strong>de. E to<strong>da</strong>s as meias ver<strong>da</strong>des possíveis reuni<strong>da</strong>s não<br />
produzem a ver<strong>da</strong>de. As ver<strong>da</strong>des parciais podem ser eficazes no interesse<br />
<strong>da</strong>queles a quem interessem, mas não conduzem à ver<strong>da</strong>de, e ce<strong>do</strong> ou<br />
tarde conduzirão a desastres.<br />
Dan<strong>do</strong> continui<strong>da</strong>de à pauta <strong>do</strong>s desafios que se impõem para a (SLGHPLRORJLD,<br />
enquanto &LrQFLD GD VD~GH GR 6HU 6RFLDO, relaciona<strong>do</strong> às questões epistemológicas<br />
e à formação profissional, outro desafio diz respeito ao fato de que as Ciências<br />
Sociais e Humanas devem compor o conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong> Saúde Coletiva numa perspectiva<br />
interdisciplinar, não somente como uma externali<strong>da</strong>de, ou seja, como um acréscimo<br />
ao biológico. Qualquer discussão que queira ultrapassar o nível <strong>da</strong> implementação<br />
imediata e superficial deve atentar que a interdisciplinari<strong>da</strong>de supõe entender o<br />
universo como estan<strong>do</strong> em fluxo contínuo (NUNES, 1995).<br />
Ao afirmar ser mais importante conhecer como vive uma determina<strong>da</strong> população,<br />
que saber como morre, Castellanos (1997), reforça a idéia <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de<br />
estabelecer contato com as dimensões <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong> indivíduo e/ou população.<br />
Para Milton Santos (1997),<br />
Tempo, espaço e mun<strong>do</strong> são reali<strong>da</strong>des históricas que devem ser<br />
mutuamente conversíveis, se a nossa preocupação epistemológica é<br />
totaliza<strong>do</strong>ra. Em qualquer momento, o ponto de parti<strong>da</strong> é a socie<strong>da</strong>de<br />
humana em processo, isto é, realizan<strong>do</strong>-se. Essa realização se dá sobre<br />
uma base material: o espaço e seu uso; o tempo e seu uso; a materiali<strong>da</strong>de<br />
e suas diversas formas; as ações e suas diversas feições.<br />
Para Czeresnia & Ribeiro (2000), a vertente <strong>da</strong> epidemiologia social, com base em<br />
abor<strong>da</strong>gem marxista, realizou estu<strong>do</strong>s que alcançaram identificar origens e<br />
condicionantes sociais e econô<strong>mico</strong>s <strong>do</strong>s processos epidê<strong>mico</strong>s. Considerou<br />
28
epidemia como um acontecimento social, e não apenas a soma de casos de uma<br />
mesma <strong>do</strong>ença. Os autores enfatizam a problemática <strong>do</strong> subdesenvolvimento e,<br />
principalmente, <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais como seus principais condicionantes. A<br />
erradicação e o controle <strong>da</strong>s epidemias não dependem apenas de diagnóstico e<br />
intervenção biológica, mas de to<strong>do</strong>s os elementos que participam <strong>da</strong> organização<br />
social <strong>do</strong> espaço.<br />
&RQVLGHUDo}HV VREUH R 7HPSR H R (VSDoR GR 6HU ,GRVR<br />
Envelhecer é inerente ao próprio ser humano, porém, o contexto em que ocorre é<br />
ponto fun<strong>da</strong>mental de diferenciação na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas que atingem a chama<strong>da</strong><br />
terceira i<strong>da</strong>de. A saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so irá depender de fatores associa<strong>do</strong>s a sua história,<br />
condição <strong>socioecon</strong>ômica, inserção na socie<strong>da</strong>de, no âmbito familiar, no merca<strong>do</strong> de<br />
trabalho, entre outros, interferin<strong>do</strong> na sua quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>. Conforme Roble<strong>do</strong><br />
(1994),<br />
O envelhecimento ocorre de formas varia<strong>da</strong>s, independente <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
pessoa. Existem pessoas que, aos 80 anos, estão em plena vi<strong>da</strong> produtiva,<br />
apesar de to<strong>da</strong>s as vicissitudes impostas pela i<strong>da</strong>de, ao passo que pessoas<br />
que ain<strong>da</strong> não chegaram aos 60 anos encontram-se em esta<strong>do</strong> de total<br />
decrepitude.<br />
A história registra inúmeras tentativas de se definir um limite para a transição <strong>da</strong> fase<br />
adulta à velhice. Como observa Beauvoir (1990), para Hipócrates (460 a.C. – 377<br />
a.C.) a velhice resultava de uma ruptura <strong>do</strong> equilíbrio entre os quatro humores<br />
(sangue, fleuma, bile amarela e bile negra), começan<strong>do</strong> aos 56 anos. O médico<br />
grego é o primeiro a comparar as etapas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana às quatro estações <strong>da</strong><br />
natureza e a velhice ao inverno. Aristóteles (427 a.C. – 347 a.C.) considerava que a<br />
condição de vi<strong>da</strong> era o calor interior e associava a senescência ao resfriamento,<br />
29
acreditan<strong>do</strong> que a perfeição <strong>do</strong> corpo se completa aos 35 anos e a <strong>da</strong> alma aos 50.<br />
Segun<strong>do</strong> Dante (1472 – 1629), chega-se à velhice aos 45 anos.<br />
De fato, a delimitação <strong>da</strong> passagem <strong>da</strong> fase adulta para a velhice extrapola a<br />
discussão meramente cronológica para atingir dimensões subjetivas <strong>do</strong> processo de<br />
envelhecimento, contemplan<strong>do</strong> fatores biopsicossociais.<br />
Embora a discussão sobre o tempo de ser i<strong>do</strong>so seja ampla e polêmica,<br />
atravessan<strong>do</strong> historicamente os campos <strong>da</strong> ciência, filosofia e religião, na ver<strong>da</strong>de,<br />
não se pode conceber o processo de envelhecimento associa<strong>do</strong> unicamente à<br />
dimensão ‘7HPSR’. Sen<strong>do</strong> assim, a i<strong>da</strong>de cronológica é somente uma referência<br />
quantitativa <strong>do</strong>s anos vivi<strong>do</strong>s por um indivíduo e o envelhecimento é um processo,<br />
envolven<strong>do</strong> fenômenos biopsicossociais, inicia<strong>do</strong> antes <strong>da</strong> velhice, que é uma fase<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, assim como a infância, a<strong>do</strong>lescência e a fase adulta.<br />
Entre os seres vivos, to<strong>da</strong> espécie possui um limite denomina<strong>do</strong> ‘0i[LPD 'XUDomR<br />
GH 9LGD’, indican<strong>do</strong> o número de anos que uma espécie irá viver caso as<br />
circunstâncias ambientais causa<strong>do</strong>ras de <strong>do</strong>enças e mortes forem controla<strong>da</strong>s.<br />
Embora exista uma mitologia em relação às possibili<strong>da</strong>des de<br />
prolongamento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana basea<strong>da</strong> em tecnologias gera<strong>da</strong>s pela<br />
pesquisa científica, na reali<strong>da</strong>de, há um limite genético biológico para a<br />
duração <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana. Existe um limite biológico para a duração <strong>da</strong>s<br />
células <strong>do</strong> organismo humano, de forma que, mesmo sen<strong>do</strong> elimina<strong>da</strong>s<br />
to<strong>da</strong>s as <strong>do</strong>enças, a duração máxima <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana não excederá cerca<br />
de 120 anos (NERI, 2001).<br />
Ao considerar os fatores ambientais como determinantes no processo de<br />
envelhecimento individual e populacional - a Organización Mundial de la Salud<br />
(1984) define como população envelheci<strong>da</strong> aquela em que a proporção de pessoas<br />
30
com 60 anos e mais na população geral atinge 7%, com tendência a crescer -<br />
concebe-se também padrões diferencia<strong>do</strong>s de envelhecimento, fato que pode ser<br />
claramente observa<strong>do</strong> nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s demográficos <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong> ao nascer,<br />
nos diferentes contextos internacional, nacional e regional. Tal reali<strong>da</strong>de irá<br />
influenciar a delimitação <strong>do</strong> tempo de ser i<strong>do</strong>so nas socie<strong>da</strong>des.<br />
Para a biologia, a expectativa de vi<strong>da</strong> é normalmente defini<strong>da</strong> como a<br />
duração média de vi<strong>da</strong> para os membros <strong>da</strong> mesma espécie, a partir <strong>do</strong><br />
nascimento. Para a demografia, expectativa de vi<strong>da</strong> é a estimativa de vi<strong>da</strong>,<br />
sobre a duração média de vi<strong>da</strong> de uma coorte por ocasião <strong>do</strong> nascimento<br />
(NERI, 2001).<br />
A priori, o envelhecimento no plano individual é defini<strong>do</strong> em função <strong>do</strong>s anos vivi<strong>do</strong>s,<br />
embora a i<strong>da</strong>de cronológica não seja uma variável absoluta. Apesar <strong>da</strong> menção no<br />
discurso legal, na prática, os indivíduos não nascem em condições reais de<br />
igual<strong>da</strong>de, crescem e envelhecem no contexto de socie<strong>da</strong>des desiguais onde a luta<br />
pela sobrevivência, para muitos, adquire dimensões desumanas no momento em<br />
que o trabalho, além de não estar ao alcance de to<strong>do</strong>s, também não garante a<br />
reprodução <strong>da</strong> força de trabalho. Sen<strong>do</strong> assim, a história, a condição e os hábitos de<br />
vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong> indivíduo irão delinear o seu processo de envelhecimento.<br />
O ‘7HPSR ,QWUtQVHFR’, cria<strong>do</strong> por processos físicos, biológicos, psicológicos e sociais,<br />
está estreitamente relaciona<strong>do</strong> aos conceitos de LGDGH ELROyJLFD, envelhecimento<br />
biológico e i<strong>da</strong>de funcional. Segun<strong>do</strong> Neri (2001),<br />
A i<strong>da</strong>de biológica é um indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> tempo que resta a um indivíduo para<br />
viver, num <strong>da</strong><strong>do</strong> momento de sua vi<strong>da</strong>. O envelhecimento biológico ou<br />
senescência é, assim, o processo que preside ou determina o potencial de<br />
ca<strong>da</strong> indivíduo para permanecer vivo, o qual diminui com o passar <strong>do</strong>s anos.<br />
O grau de conservação <strong>do</strong> nível <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de a<strong>da</strong>ptativa, em comparação<br />
com a i<strong>da</strong>de cronológica é tecnicamente referi<strong>do</strong> como LGDGH IXQFLRQDO.<br />
Os conceitos de GHSHQGrQFLD e DXWRQRPLD estão relaciona<strong>do</strong>s à i<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong><br />
i<strong>do</strong>so, mas o que significam tais conceitos? Para Baltes & Silverberg (1995), a<br />
31
dependência, na velhice, é resulta<strong>do</strong> de mu<strong>da</strong>nças ocorri<strong>da</strong>s ao longo <strong>do</strong> curso <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> e englobam desde as mu<strong>da</strong>nças biológicas até as transformações exigi<strong>da</strong>s pelo<br />
meio social. A dependência pode ser avalia<strong>da</strong> em três níveis: estrutura<strong>da</strong>, como<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> circunstância cultural que atribui valor ao homem em função <strong>do</strong> que e<br />
enquanto produz; a física, decorrente <strong>da</strong> incapaci<strong>da</strong>de funcional, ou seja, falta de<br />
condições para realizar as tarefas de vi<strong>da</strong> diária; e comportamental, que é<br />
socialmente induzi<strong>da</strong>, pois advém <strong>do</strong> julgamento e <strong>da</strong>s ações de outrem.<br />
O outro conceito a ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong> diz respeito à autonomia, assumi<strong>do</strong> neste trabalho<br />
como indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> poder de decisão <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no meio em que habita, seja nas<br />
relações familiares ou sociais que desenvolve. Para Gillon (1995), a autonomia pode<br />
ser avalia<strong>da</strong> mediante três critérios: autonomia de ação, de vontade e de<br />
pensamento. Segun<strong>do</strong> o autor, a autonomia de ação ocorre quan<strong>do</strong> o homem pode<br />
agir de forma independente, sem qualquer obstáculo; a autonomia de vontade é a<br />
que permite ao ser humano decidir sobre coisas com base nas suas próprias<br />
deliberações, e autonomia de pensamento é a que faz <strong>do</strong> homem, no uso de sua<br />
capaci<strong>da</strong>de intelectual, um ser que pode tomar decisões com base nas suas crenças<br />
e valores.<br />
A LGDGH SVLFROyJLFD pode ser conceitua<strong>da</strong> em <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s, continua Neri (2001),<br />
Um é análogo ao significa<strong>do</strong> de i<strong>da</strong>de biológica, e refere-se à relação que<br />
existe entre a i<strong>da</strong>de cronológica e as capaci<strong>da</strong>des, tais como percepção,<br />
aprendizagem e memórias, as quais prenunciam o potencial funcionamento<br />
futuro <strong>do</strong> indivíduo. O segun<strong>do</strong> uso <strong>do</strong> conceito <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de psicológica tem<br />
relação com o senso subjetivo <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de. Este depende de como ca<strong>da</strong><br />
indivíduo avalia a presença ou ausência de marca<strong>do</strong>res biológicos, sociais e<br />
psicológicos <strong>do</strong> envelhecimento em comparação com outras pessoas de<br />
sua i<strong>da</strong>de.<br />
32
Além <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des biológica e psicológica, existe uma delimitação para o<br />
envelhecimento, construí<strong>da</strong> histórica e culturalmente no âmbito <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des. Tal<br />
delimitação está associa<strong>da</strong> aos papéis a serem desempenha<strong>do</strong>s pelos indivíduos, a<br />
partir <strong>da</strong> avaliação <strong>do</strong> grau de habili<strong>da</strong>de para exercê-los. Para Neri (2001),<br />
O envelhecimento social é o processo de mu<strong>da</strong>nça em papéis e<br />
comportamentos que é típico <strong>do</strong>s anos mais tardios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> adulta e diz<br />
respeito à adequação <strong>do</strong>s papéis e <strong>do</strong>s comportamentos <strong>do</strong>s adultos mais<br />
velhos ao que é normalmente espera<strong>do</strong> para as pessoas nessa faixa etária.<br />
Os autores Birren & Schroots (apud NERI, 2001), são responsáveis pelas definições<br />
mais aceitas sobre HQYHOKHFLPHQWR SULPiULR,<br />
Também referi<strong>do</strong> como VHQHVFrQFLD ou HQYHOKHFLPHQWR QRUPDO, trata-se de<br />
um fenômeno que atinge a to<strong>do</strong>s os seres humanos pós-reprodutivos, por<br />
força de mecanismos genéticos típicos <strong>da</strong> espécie. É progressivo, ou seja,<br />
afeta gradual e acumulativamente o organismo. Seu resulta<strong>do</strong> é diminuição<br />
na capaci<strong>da</strong>de de a<strong>da</strong>ptação. Não é <strong>do</strong>ença. Comporta gra<strong>da</strong>ções, porque<br />
está sujeito à influência concorrente de muitos fatores. [...] Quan<strong>do</strong> o<br />
indivíduo que envelhece preserva características e funcionali<strong>da</strong>de<br />
comparáveis às de indivíduos mais jovens, quan<strong>do</strong> ele preserva a<br />
plastici<strong>da</strong>de comportamental e seu funcionamento excede o de seus<br />
contemporâneos, diz-se que tem um padrão de envelhecimento ótimo ou<br />
bem-sucedi<strong>do</strong> (NERI, 2001).<br />
O HQYHOKHFLPHQWR VHFXQGiULR RX SDWROyJLFR,<br />
Diz respeito a alterações ocasiona<strong>da</strong>s por <strong>do</strong>enças associa<strong>da</strong>s ao<br />
envelhecimento que não se confundem com as mu<strong>da</strong>nças normais desse<br />
processo. Doenças associa<strong>da</strong>s ao envelhecimento, como por exemplo as<br />
moléstias cardiovasculares, as cérebrovasculares e certos tipos de câncer<br />
exibem uma crescente probabili<strong>da</strong>de de ocorrência com o aumento <strong>da</strong><br />
i<strong>da</strong>de, em parte por causa de mecanismos genéticos, em parte em virtude<br />
de fatores ambientais, <strong>do</strong> estilo de vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de. Demência senil<br />
e <strong>do</strong>enças neurológicas típicas <strong>da</strong> velhice são exemplos adicionais de<br />
moléstias associa<strong>da</strong>s ao envelhecimento, já que sua prevalência na<br />
população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> é muito maior <strong>do</strong> que em i<strong>da</strong>des anteriores, mas sua<br />
etiologia não está ain<strong>da</strong> bem estabeleci<strong>da</strong> (NERI, 2001).<br />
Finalmente, o HQYHOKHFLPHQWR WHUFLiULR RX WHUPLQDO,<br />
Está relaciona<strong>do</strong> a um padrão de declínio terminal caracteriza<strong>do</strong> por um<br />
grande aumento nas per<strong>da</strong>s físicas e cognitivas, num perío<strong>do</strong> relativamente<br />
curto, ao cabo <strong>do</strong> qual a pessoa morre, quer por causa de <strong>do</strong>enças<br />
dependentes <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, quer pela acumulação <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong><br />
envelhecimento normal e <strong>do</strong> patológico. Não se sabe ain<strong>da</strong> o quanto ele é<br />
universal, mas o fenômeno de acumulação de per<strong>da</strong>s é reconheci<strong>do</strong> como<br />
ponto final <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças terminais que ocorrem em qualquer i<strong>da</strong>de. A<br />
33
interação entre os três tipos de envelhecimento é mais provável na velhice<br />
avança<strong>da</strong> (NERI, 2001).<br />
Diante <strong>do</strong> que foi coloca<strong>do</strong>, sem a pretensão de aprofun<strong>da</strong>r a discussão a respeito<br />
<strong>da</strong>s divergências históricas e culturais, em torno <strong>da</strong> definição de um limite para<br />
caracterizar o momento <strong>da</strong> transição para a velhice, serão abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s mais <strong>do</strong>is<br />
aspectos considera<strong>do</strong>s importantes para o desenvolvimento deste trabalho: o<br />
primeiro relaciona<strong>do</strong> à contribuição <strong>da</strong> física, a partir <strong>do</strong> ‘Para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong>s Gêmeos’, e o<br />
segun<strong>do</strong>, ao contexto <strong>da</strong>s relações sociais <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção capitalista, onde o<br />
indivíduo é avalia<strong>do</strong> pela sua capaci<strong>da</strong>de de produzir.<br />
Segun<strong>do</strong> afirma Hawking (1988),<br />
As leis de movimento de Newton puseram um fim na idéia <strong>da</strong> posição<br />
absoluta no espaço. A teoria <strong>da</strong> relativi<strong>da</strong>de libertou-se <strong>do</strong> tempo absoluto.<br />
Consideremos um par de gêmeos. Suponhamos que um deles vá viver no<br />
topo de uma montanha e o outro permaneça ao nível <strong>do</strong> mar. O primeiro<br />
gêmeo envelhecerá mais rápi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que o segun<strong>do</strong>. Assim, ao se<br />
encontrarem novamente, um será mais velho que o outro. Neste caso, a<br />
diferença <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des seria muito pequena, mas se tornaria muito maior se<br />
um <strong>do</strong>s gêmeos embarcasse, para uma longa viagem, numa nave espacial<br />
que se deslocasse em veloci<strong>da</strong>de aproxima<strong>da</strong> à <strong>da</strong> luz. Ao voltar, ele estaria<br />
muito mais jovem <strong>do</strong> que seu irmão que ficou na Terra. Isto é conheci<strong>do</strong><br />
como o para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong>s gêmeos, mas só é um para<strong>do</strong>xo se acreditarmos na<br />
idéia de um tempo absoluto. Na teoria <strong>da</strong> relativi<strong>da</strong>de não há qualquer<br />
tempo absoluto; em vez disso, ca<strong>da</strong> indivíduo tem sua própria medi<strong>da</strong><br />
pessoal de tempo, que depende de onde se está e como se desloca.<br />
Apesar <strong>da</strong> referência cronológica ser a mais utiliza<strong>da</strong> para contar o tempo de vi<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s pessoas, existe uma orientação explícita, no senti<strong>do</strong> de que a dimensão <strong>do</strong><br />
tempo ou <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de, simplesmente, não pode ser delimita<strong>da</strong> fora <strong>do</strong> contexto<br />
<strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> nem <strong>do</strong> espaço onde o indivíduo desenvolve suas relações sociais<br />
e de trabalho. Neste senti<strong>do</strong>, para efeito de pesquisa científica, a maioria <strong>da</strong><br />
literatura geriátrica e gerontológica aceita o ponto de corte aos 60 anos, i<strong>da</strong>de, a<br />
partir <strong>da</strong> qual, os indivíduos seriam considera<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Este é o corte etário<br />
34
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU) para os países em<br />
desenvolvimento. Para os países desenvolvi<strong>do</strong>s, onde a expectativa média de vi<strong>da</strong> é<br />
maior, a<strong>do</strong>ta-se o ponto de corte <strong>do</strong>s 65 anos como a i<strong>da</strong>de de transição <strong>da</strong>s<br />
pessoas para o segmento i<strong>do</strong>so <strong>da</strong> população (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA<br />
SALUD, 2002).<br />
Tal delimitação foi assumi<strong>da</strong> como parâmetro para seleção <strong>da</strong> população investiga<strong>da</strong><br />
neste trabalho, seguin<strong>do</strong> os critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pela Organización Mundial de la<br />
Salud (2002), preconiza<strong>do</strong>s pela Política Nacional <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so - PNI (Lei n o 8.842, de 4<br />
de janeiro de 1994); em Pernambuco, pela Política Estadual <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so - PEI (Lei n o<br />
12.109, de 26 de novembro de 2001) e, recentemente, pelo Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (Lei nº<br />
10.741, de 1º de outubro de 2003), consideran<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so a pessoa com i<strong>da</strong>de a partir<br />
<strong>do</strong>s 60 anos.<br />
O segun<strong>do</strong> aspecto a ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong> diz respeito à inserção <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no contexto <strong>da</strong>s<br />
socie<strong>da</strong>des de mo<strong>do</strong> de produção capitalista, onde<br />
A política de desenvolvimento que <strong>do</strong>mina as socie<strong>da</strong>des industrializa<strong>da</strong>s e<br />
urbaniza<strong>da</strong>s sempre teve mais interesse na assistência materno-infantil e<br />
com os jovens. O investimento numa criança tem um retorno potencial de 60<br />
anos ou mais de vi<strong>da</strong> útil, produtiva, enquanto os amplos cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s médicosociais<br />
na tentativa de manutenção de uma vi<strong>da</strong> saudável de um i<strong>do</strong>so não<br />
podem ser encara<strong>do</strong>s como investimento. São na ver<strong>da</strong>de um dever <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong>de para aqueles que deram tanto de si para as gerações futuras"<br />
(PAPALÉO NETTO, 1996).<br />
A ênfase na problematização <strong>da</strong> questão <strong>do</strong> envelhecimento passa a ser<br />
desenvolvi<strong>da</strong>, sistematicamente, a partir <strong>do</strong> século XVII, na Europa, com a transição<br />
<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção feu<strong>da</strong>l para o capitalista mercantil. Assim,<br />
O envelhecimento <strong>da</strong>s primeiras gerações de operários marcou a<br />
associação entre velhice, pobreza e incapaci<strong>da</strong>de, pois se tratava de um<br />
segmento <strong>da</strong> população que não podia, devi<strong>do</strong> ao avanço <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de ou<br />
incapaci<strong>da</strong>de física, vender a sua força de trabalho, constituin<strong>do</strong>-se como<br />
35
um grupo dependente de algum tipo de assistência. Ao mesmo tempo, o<br />
declínio <strong>da</strong> produção familiar, seja na agricultura, seja em pequenas<br />
empresas <strong>do</strong>mésticas, reduziu um sistema de remuneração familiar que<br />
permitia aos filhos cui<strong>da</strong>r <strong>do</strong>s pais envelheci<strong>do</strong>s (DEBERT & SIMÕES,<br />
1994).<br />
Imprescindível à compreensão <strong>do</strong> fenômeno <strong>do</strong> envelhecimento <strong>da</strong> população<br />
mundial, enquanto questão social, é a relação direta <strong>da</strong> influência <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de<br />
produção capitalista na estrutura familiar, ou seja, a exploração <strong>do</strong> capital sobre o<br />
trabalho, geran<strong>do</strong> salários irrisórios, obrigan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os componentes <strong>da</strong> família a<br />
desenvolver alguma ativi<strong>da</strong>de produtiva ou comercial, fora de casa, para manter uma<br />
ren<strong>da</strong> mínima de sobrevivência. Tal situação altera substancialmente o processo de<br />
reprodução <strong>da</strong> força de trabalho, em escala amplia<strong>da</strong>, recain<strong>do</strong> sobre os mais<br />
'frágeis', <strong>do</strong> ponto de vista produtivo, o ônus pela desestruturação <strong>do</strong> trabalho<br />
<strong>do</strong>méstico (SOUZA, 1985).<br />
Com a desestruturação <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>méstico, o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> para com os i<strong>do</strong>sos,<br />
crianças e porta<strong>do</strong>res de deficiência, antes assumi<strong>do</strong> pela mulher, tem si<strong>do</strong><br />
paulatinamente delega<strong>do</strong> às instituições presta<strong>do</strong>ras de serviços, sejam públicas,<br />
priva<strong>da</strong>s ou filantrópicas, porém, nem sempre, tais serviços são planeja<strong>do</strong>s e<br />
executa<strong>do</strong>s para garantir a digni<strong>da</strong>de de seus usuários. As políticas sociais<br />
direciona<strong>da</strong>s à população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> não atendem à deman<strong>da</strong> real, ten<strong>do</strong> em vista a<br />
ilegitimi<strong>da</strong>de de suas concepções. Na maioria <strong>da</strong>s vezes, nem o corte <strong>do</strong>s 60 anos<br />
de i<strong>da</strong>de, assumi<strong>do</strong> pela Organización Mundial de la Salud (2002), para países em<br />
desenvolvimento, é respeita<strong>do</strong> no momento <strong>do</strong> exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. No<br />
Brasil, por exemplo, a Lei Orgânica <strong>da</strong> Assistência Social - LOAS (Lei n o 8.742, de 7<br />
de dezembro de 1993), mediante o Benefício <strong>da</strong> Prestação Continua<strong>da</strong> (BPC),<br />
atualiza<strong>do</strong> no Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (2003), garante 1 (um) salário mínimo mensal ao<br />
36
i<strong>do</strong>so, muito pobre, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de i<strong>da</strong>de, num país<br />
onde a expectativa de vi<strong>da</strong> é de 68,5 anos, tenden<strong>do</strong> a baixar em algumas regiões<br />
específicas.<br />
Em síntese, ao considerar o processo de envelhecimento num contexto histórico,<br />
bem como as representações culturais, implicações sociais e políticas, em torno <strong>da</strong><br />
questão, observam-se divergências de acor<strong>do</strong> com a época em que se analisa tal<br />
processo, caracterizan<strong>do</strong> visões diferentes e antagônicas acerca de como foi e tem<br />
si<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> o assunto, nas distintas socie<strong>da</strong>des. Como bem enfatiza Lepargneur<br />
(1997),<br />
Nas civilizações antigas, o ancião era geralmente respeita<strong>do</strong> por ele<br />
mesmo, pelo que tinha sofri<strong>do</strong> e trabalha<strong>do</strong> durante muitos anos e por<br />
representar a tradição, o saber individual e coletivo, capitalizan<strong>do</strong> 'knowhow'<br />
<strong>da</strong> tribo, a sabe<strong>do</strong>ria que uma geração tem de transmitir à seguinte<br />
para formar uma família, uma etnia, uma nação, uma religião. Os anciãos na<br />
África negra e na Ásia <strong>do</strong> sudeste são geralmente respeita<strong>do</strong>s não apenas<br />
em razão de sua experiência, mas também em razão de sua proximi<strong>da</strong>de<br />
futura com os antepassa<strong>do</strong>s defuntos. Uma nação não se faz apenas com o<br />
desenvolvimento <strong>da</strong>s inovações, mas também, pela contínua digestão de<br />
seu passa<strong>do</strong> coletivo, algo que mal cabe na memória <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res.<br />
Outrora o novo era objeto de suspeita por não ter si<strong>do</strong> testa<strong>do</strong> pelo tempo.<br />
A rapidez <strong>da</strong> evolução técnico-científica inverteu brutalmente estas<br />
valorações <strong>da</strong>s épocas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
A ênfase na produtivi<strong>da</strong>de, mediante um sistema de exploração <strong>do</strong> capital sobre o<br />
trabalho, elege um segmento <strong>da</strong> população a ser privilegia<strong>do</strong> pelas políticas<br />
públicas. Tal dinâmica, ao longo <strong>da</strong> história, vem benefician<strong>do</strong> o investimento nos<br />
mais jovens, em detrimento <strong>da</strong> população que, teoricamente, não estaria mais em<br />
condições de competir no merca<strong>do</strong> de trabalho. Dessa forma, os imperativos <strong>do</strong><br />
sistema econô<strong>mico</strong> passam a se sobrepor aos princípios <strong>da</strong> digni<strong>da</strong>de humana.<br />
Recorren<strong>do</strong> às palavras de Leonar<strong>do</strong> Boff (1999), “a relação <strong>do</strong> ser humano sobre o<br />
instrumento se tornou uma relação <strong>do</strong> instrumento sobre o ser humano”.<br />
37
Seguin<strong>do</strong> a lógica <strong>do</strong> capital, a velhice é uma fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em que as per<strong>da</strong>s são<br />
acentua<strong>da</strong>s, principalmente pelas relações sociais desenvolvi<strong>da</strong>s nas socie<strong>da</strong>des<br />
capitalistas, onde o i<strong>do</strong>so é praticamente descarta<strong>do</strong>, não só <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho<br />
como também <strong>do</strong> foco de intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
A ênfase na competição nega a capaci<strong>da</strong>de de produzir e o saber acumula<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />
pessoas mais velhas. Sem abor<strong>da</strong>r as condições ambientais, as quais, muitas vezes,<br />
são os ver<strong>da</strong>deiros impedimentos e barreiras à capaci<strong>da</strong>de de produzir <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so,<br />
elabora-se um discurso ideologicamente preconceituoso a respeito <strong>do</strong><br />
envelhecimento. Portanto, a questão não seria de falta de habili<strong>da</strong>de ou<br />
incompetência, na ver<strong>da</strong>de, tais barreiras poderiam ser venci<strong>da</strong>s mediante<br />
cooperação e a<strong>da</strong>ptação, desde que houvesse real interesse <strong>da</strong> família,<br />
comuni<strong>da</strong>de, socie<strong>da</strong>de e poder público. Aludin<strong>do</strong> ao biólogo Humberto Maturana<br />
(apud BOFF, 1999), pode ser dito que “a socie<strong>da</strong>de moderna neoliberal,<br />
especialmente o merca<strong>do</strong>, se assenta na competição. Por isso é excludente,<br />
inumana e faz tantas vítimas”.<br />
A partir <strong>do</strong> momento em que o processo de envelhecimento é entendi<strong>do</strong> enquanto<br />
fenômeno biopsicossocial, consideran<strong>do</strong> seus determinantes e diferenças, tanto na<br />
dimensão individual quanto populacional, o princípio <strong>da</strong> eqüi<strong>da</strong>de torna-se essencial<br />
na abor<strong>da</strong>gem conceitual <strong>da</strong> questão, bem como, no conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s políticas públicas<br />
direciona<strong>da</strong>s à população que envelhece.<br />
Independentemente <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de que se utilize nos diferentes contextos, é<br />
importante reconhecer que a i<strong>da</strong>de cronológica não é um indica<strong>do</strong>r exato<br />
<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que acompanham o envelhecimento. Existem variações<br />
consideráveis no esta<strong>do</strong> de saúde, na participação e nos níveis de<br />
independência entre as pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de. Os responsáveis<br />
políticos devem ter isso em conta, ao traçarem políticas e programas para<br />
suas populações de i<strong>do</strong>sos. Promulgar amplas políticas sociais basea<strong>da</strong>s<br />
unicamente na i<strong>da</strong>de cronológica pode ser discriminatório e<br />
38
contraproducente para o bem-estar <strong>da</strong>s pessoas de i<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong><br />
(ORGANIZCIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002).<br />
Concluin<strong>do</strong>, para desenvolver uma visão amplia<strong>da</strong> sobre µR WHPSR H R HVSDoR GR VHU<br />
LGRVR, convém defender a dialetização <strong>da</strong>s dimensões µWHPSR HVSDoR H PXQGR,<br />
abrin<strong>do</strong> trincheiras para uma visão totaliza<strong>do</strong>ra, consideran<strong>do</strong> as condições de vi<strong>da</strong>,<br />
estilo de vi<strong>da</strong> e condições de trabalho como determinantes no processo de<br />
envelhecimento.<br />
2 )HQ{PHQR GR (QYHOKHFLPHQWR GD 3RSXODomR 0XQGLDO<br />
Nos últimos trinta anos o ‘fenômeno <strong>do</strong> envelhecimento <strong>da</strong> população mundial’ tem<br />
si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> um marco na história <strong>da</strong>s relações sociais, exigin<strong>do</strong> novas posturas<br />
<strong>do</strong> poder público e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, no senti<strong>do</strong> de atender às deman<strong>da</strong>s impostas<br />
pelas questões e situações sociais emergentes, a partir <strong>do</strong> processo de transição<br />
demográfica em curso. “O envelhecimento <strong>da</strong> população é um <strong>do</strong>s maiores triunfos<br />
<strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de e também um <strong>do</strong>s nossos maiores desafios. Ao entrar no século<br />
XXI, o envelhecimento à escala mundial impõe maiores exigências econômicas e<br />
sociais a to<strong>do</strong>s os países” (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002).<br />
Com base nas informações apresenta<strong>da</strong>s no relatório <strong>da</strong> Organização <strong>da</strong>s United<br />
Nations (2001), observa-se que, no mun<strong>do</strong>, o número de pessoas com 60 anos ou<br />
mais foi estima<strong>do</strong> em 605 milhões no ano de 2000. Este número está projeta<strong>do</strong> para<br />
atingir cerca de 2 bilhões em 2050, tempo em que será tão alto quanto o <strong>da</strong><br />
população infantil (0-14 anos). Este fato, ou seja, o crescimento <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />
e o declínio <strong>da</strong> infantil, irá marcar a primeira vez na história em que o número de<br />
crianças e pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s será semelhante. Os países que apresentam maior<br />
39
número de i<strong>do</strong>sos são a Grécia e a Itália, onde 24% <strong>da</strong> população é envelheci<strong>da</strong>.<br />
Em termos de regiões, a maioria <strong>da</strong>s pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s (53%) reside na Ásia, enquanto<br />
a Europa apresenta a segun<strong>da</strong> maior população (24%). Na América Latina e Caribe<br />
vivem 8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong> população mundial.<br />
Vários fatores têm contribuí<strong>do</strong> para o processo de transição demográfica, tais como:<br />
avanço <strong>da</strong>s pesquisas e o emprego de novas tecnologias de diagnóstico (laboratorial<br />
e de imagem) e tratamento na área de saúde; diminuição <strong>da</strong>s taxas de mortali<strong>da</strong>de<br />
infantil (levan<strong>do</strong> a um aumento <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong>), de fecundi<strong>da</strong>de e natali<strong>da</strong>de;<br />
prevenção com medi<strong>da</strong> coletiva (vacinação em massa), controle e erradicação <strong>da</strong>s<br />
Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), utilização de novos medicamentos mais<br />
eficazes; e melhoria nas condições sanitárias <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des permitin<strong>do</strong> aumento <strong>da</strong><br />
longevi<strong>da</strong>de.<br />
Diferente <strong>do</strong> conceito de longevi<strong>da</strong>de, o qual,<br />
Refere-se ao número de anos vivi<strong>do</strong>s por um indivíduo ou ao número de<br />
anos que, em média, as pessoas de uma mesma geração ou coorte viverão,<br />
o envelhecimento populacional não se refere a indivíduos, nem a ca<strong>da</strong><br />
geração, mas, sim, à mu<strong>da</strong>nça na estrutura etária <strong>da</strong> população, o que<br />
produz um aumento <strong>do</strong> peso relativo <strong>da</strong>s pessoas acima de determina<strong>da</strong><br />
i<strong>da</strong>de, considera<strong>da</strong> como defini<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> início <strong>da</strong> velhice. Este limite inferior<br />
varia de socie<strong>da</strong>de para socie<strong>da</strong>de e depende não somente de fatores<br />
biológicos, mas, também, econô<strong>mico</strong>s, ambientais, científicos e culturais<br />
(CARVALHO & GARCIA, 2003).<br />
Na visão de Andrews (apud BOFF, 1999), são aspectos importantes a serem<br />
considera<strong>do</strong>s para entender o fenômeno <strong>do</strong> envelhecimento <strong>da</strong> população mundial:<br />
desde 1950, a esperança de vi<strong>da</strong> ao nascer em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> aumentou 19 anos;<br />
hoje em dia, uma em ca<strong>da</strong> dez pessoas tem 60 anos de i<strong>da</strong>de ou mais; para 2050,<br />
estima-se que a relação será de um para cinco para o mun<strong>do</strong> em seu conjunto, e de<br />
um para três para o mun<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>; segun<strong>do</strong> as projeções, o número de<br />
40
centenários – de 100 anos de i<strong>da</strong>de ou mais – aumentará 15 vezes, de<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 145 000 pessoas em 1999 para 2,2 milhões em 2050; e entre<br />
1999 e 2050 o coeficiente entre a população ativa e inativa – isto é, o número de<br />
pessoas entre 15 e 64 anos de i<strong>da</strong>de por ca<strong>da</strong> pessoa de 65 ou mais – diminuirá em<br />
menos <strong>da</strong> metade nas regiões desenvolvi<strong>da</strong>s, e em uma fração ain<strong>da</strong> menor nas<br />
menos desenvolvi<strong>da</strong>s.<br />
Analisan<strong>do</strong> as peculiari<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s processos de envelhecimento ocorri<strong>do</strong>s em países<br />
desenvolvi<strong>do</strong>s e em desenvolvimento, Gordilho et al. (2001) consideram que, no<br />
primeiro caso,<br />
Essa transição aconteceu lentamente, efetivan<strong>do</strong>-se ao longo de mais de<br />
cem anos. Alguns desses países apresentam hoje um crescimento negativo<br />
<strong>da</strong> sua população, com uma taxa de nascimento mais baixa que a de<br />
mortali<strong>da</strong>de. A transição acompanhou a elevação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
populações urbanas e rurais, graças à adequa<strong>da</strong> inserção <strong>da</strong>s pessoas no<br />
merca<strong>do</strong> de trabalho e às oportuni<strong>da</strong>des educacionais mais favoráveis, além<br />
de melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e de moradia.<br />
Nos países em desenvolvimento, a expectativa de vi<strong>da</strong> começou a aumentar a partir<br />
<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 50, em decorrência <strong>do</strong> emprego de tecnologias, tais como: vacinas,<br />
antibióticos, melhoria <strong>do</strong>s equipamentos médicos de diagnósticos e terapêuticos,<br />
entre outros, reduzin<strong>do</strong> drasticamente a mortali<strong>da</strong>de por DIP, aumentan<strong>do</strong> a<br />
expectativa de vi<strong>da</strong>, embora não necessariamente tenha ocorri<strong>do</strong> uma melhoria na<br />
quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população geral.<br />
Percebe-se, portanto, uma níti<strong>da</strong> diferença entre os processos de envelhecimento<br />
populacionais ocorri<strong>do</strong>s em alguns países desenvolvi<strong>do</strong>s e em desenvolvimento.<br />
Naqueles, onde foi implementa<strong>do</strong> o ‘Welfare State’, modelo de esta<strong>do</strong> que exerce<br />
diretamente as funções de reprodução <strong>da</strong> força de trabalho, foram garanti<strong>da</strong>s<br />
41
condições materiais de bem-estar, expressas pela proteção ao trabalho, mediante<br />
uma política de seguri<strong>da</strong>de social, onde a população envelheceu lentamente, com<br />
quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, ten<strong>do</strong> acesso à previdência, assistência social e saúde, enquanto<br />
o processo vivencia<strong>do</strong> nos países em desenvolvimento permitiu que a população<br />
envelhecesse de forma acelera<strong>da</strong>, sem haver grandes mu<strong>da</strong>nças nos indica<strong>do</strong>res de<br />
pobreza <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des.<br />
3URFHVVRV GH 7UDQVLomR 'HPRJUiILFD H (SLGHPLROyJLFD QR %UDVLO<br />
7UDQVLomR 'HPRJUiILFD<br />
Atualmente, a população brasileira com i<strong>da</strong>de a partir <strong>do</strong>s 60 anos é estima<strong>da</strong> em<br />
torno de 15 milhões de pessoas.<br />
Em 2025, segun<strong>do</strong> projeções demográficas, o Brasil será o sexto país <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> a ter uma população de i<strong>do</strong>sos, em termos absolutos. Estimam-se<br />
33 milhões de indivíduos com mais de 60 anos de i<strong>da</strong>de (SAYEG, 1997).<br />
Como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong> com a que<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
natali<strong>da</strong>de, o Brasil segue uma tendência mundial de envelhecimento<br />
populacional, onde há duas déca<strong>da</strong>s havia 16 i<strong>do</strong>sos para ca<strong>da</strong> 100<br />
crianças (população de até 14 anos), dez anos depois eram 21 para 100 e<br />
hoje são 29 i<strong>do</strong>sos para 100 crianças. Fato interessante é constatar que o<br />
maior crescimento proporcional foi <strong>da</strong>s pessoas com 75 anos e mais. Eram<br />
2,4 milhões de brasileiros nesta i<strong>da</strong>de em 1991 e hoje são 3,6 milhões<br />
(IBGE, 2000).<br />
Embora existam algumas divergências, entre autores, <strong>da</strong><strong>do</strong>s revelam que a primeira<br />
fase <strong>do</strong> processo de transição demográfica no Brasil foi marca<strong>da</strong> pela diminuição<br />
<strong>da</strong>s taxas de mortali<strong>da</strong>de infantil, como decorrência <strong>do</strong> maior controle <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças<br />
infecciosas, obti<strong>da</strong> pelo uso de tecnologias sanitárias e médicas trazi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> exterior<br />
na déca<strong>da</strong> de 40, cain<strong>do</strong> de 24 óbitos por mil nasci<strong>do</strong>s vivos em 1940, para 13 por<br />
mil em 1990. Com a diminuição <strong>da</strong>s taxas de fecundi<strong>da</strong>de, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 60,<br />
42
é inicia<strong>da</strong> a segun<strong>da</strong> fase <strong>da</strong> transição demográfica, cain<strong>do</strong> de 6,28 filhos por mulher<br />
em i<strong>da</strong>de fértil, em 1960, para 4,35 em 1980 e 2,7 em 1991. Vale salientar que, no<br />
mesmo perío<strong>do</strong>, no Brasil, a expectativa de vi<strong>da</strong> ao nascer passou <strong>do</strong>s 42,74 para<br />
os 60,08 anos em média (IBGE, 1992).<br />
No entendimento de Carvalho & Garcia (2003), entre os anos 30 e 60 <strong>do</strong> século XX,<br />
o sensível declínio <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de infantil com a fecundi<strong>da</strong>de manti<strong>da</strong> em níveis<br />
altos, não gerou impacto significativo na estrutura etária proporcional. Ocorreu, na<br />
época, o fenômeno denomina<strong>do</strong> H[SORVmR GHPRJUiILFD.<br />
A essa situação se chama de quase-estabili<strong>da</strong>de (mortali<strong>da</strong>de declinante,<br />
fecundi<strong>da</strong>de basicamente constante, taxas de crescimento crescentes e<br />
estrutura etária aproxima<strong>da</strong>mente constante). Ao se começar o declínio<br />
sustenta<strong>do</strong> de fecundi<strong>da</strong>de é que se dá início ao processo de<br />
envelhecimento de uma população. Em vários países, inclusive o Brasil,<br />
que, até então, tinham uma população extremamente jovem, quase-estável,<br />
com o declínio <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong>de, o ritmo de crescimento anual <strong>do</strong> número de<br />
nascimentos passou, imediatamente, a cair, o que fez com que se iniciasse<br />
um processo contínuo de estreitamento <strong>da</strong> base <strong>da</strong> pirâmide etária,<br />
conseqüentemente, de envelhecimento <strong>da</strong> população.<br />
A partir <strong>da</strong> contribuição mais abrangente de Veras (2002),<br />
Segun<strong>do</strong> Gordilho et al. (2001),<br />
A explicação para o crescimento <strong>da</strong> população <strong>do</strong> grupo etário de mais de<br />
60 anos está na drástica redução <strong>da</strong>s taxas de fecundi<strong>da</strong>de, principalmente<br />
nos centros urbanos, sen<strong>do</strong> várias as razões para esta mu<strong>da</strong>nça no padrão<br />
reprodutivo. Um deles é o intenso processo de urbanização <strong>da</strong> população.<br />
Uma <strong>da</strong>s conseqüências deste fato pode ser observa<strong>do</strong> na crescente<br />
limitação <strong>do</strong> tamanho <strong>da</strong> família, dita<strong>da</strong> pelo PRGXV YLYHQGL <strong>do</strong>s grandes<br />
centros urbanos (principalmente em um contexto de crise econômica),<br />
caracteriza<strong>do</strong>, entre outras coisas, por uma progressiva incorporação <strong>da</strong><br />
mulher à força de trabalho, uma crescente difusão <strong>do</strong>s meios<br />
contraceptivos, e pelas mu<strong>da</strong>nças nos padrões socioculturais decorrentes<br />
<strong>da</strong> própria migração, além <strong>da</strong> ação massifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s meios de<br />
comunicação, sobretu<strong>do</strong> <strong>da</strong> televisão, que veicula um padrão associa<strong>do</strong>,<br />
principalmente, às famílias pequenas.<br />
O processo de transição demográfica no Brasil caracteriza-se pela rapidez<br />
com que os aumentos absoluto e relativo <strong>da</strong>s populações adulta e <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />
vêm alteran<strong>do</strong> a pirâmide populacional. Até os anos 60, to<strong>do</strong>s os grupos<br />
etários registravam um crescimento praticamente idêntico, a partir <strong>da</strong>í, o<br />
grupo de i<strong>do</strong>sos passou a liderar esse crescimento. À semelhança de outros<br />
países latino-americanos, o envelhecimento no Brasil é um fenômeno<br />
43
pre<strong>do</strong>minantemente urbano resultan<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong>, <strong>do</strong> intenso movimento<br />
migratório inicia<strong>do</strong> na déca<strong>da</strong> de 60, motiva<strong>do</strong> pela industrialização<br />
desencadea<strong>da</strong> pelas políticas desenvolvimentistas.<br />
Apesar de haver alguns impasses em relação à intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> impacto <strong>do</strong>s fatores<br />
determinantes no processo de transição demográfica, não se pode negar a<br />
importância de ca<strong>da</strong> um deles. Outra característica marcante <strong>do</strong> envelhecimento no<br />
Brasil diz respeito ao processo de feminização, onde, desde 1950, as mulheres têm<br />
maior esperança de vi<strong>da</strong> ao nascer, cuja diferença está ao re<strong>do</strong>r de sete anos e<br />
meio. Tal situação representa impacto considerável na deman<strong>da</strong> por políticas<br />
públicas, visto que, embora as mulheres vivam mais que os homens, elas estão mais<br />
sujeitas a deficiências físicas e mentais (GORDILHO et al., 2001).<br />
Em síntese, conforme registra Kalache et al. (1987),<br />
No Brasil, entre 1960 e 1980 houve uma que<strong>da</strong> de 33% na fecundi<strong>da</strong>de. A<br />
diminuição no ritmo de nascimento resulta, em médio prazo, na ampliação<br />
relativa <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>. No mesmo perío<strong>do</strong> de 20 anos a expectativa<br />
de vi<strong>da</strong> aumentou em oito anos. Entre os anos de 1980 e 2000, o aumento<br />
estima<strong>do</strong> se situa em torno de cinco anos, quan<strong>do</strong> o brasileiro, ao nascer,<br />
terá a esperança de vi<strong>da</strong> de 68 anos e meio. As projeções para o perío<strong>do</strong><br />
de 2000 a 2025 permitem supor que a expectativa média de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />
brasileiro estará próxima <strong>do</strong>s 80 anos, para ambos os sexos.<br />
Dessa forma, consideran<strong>do</strong> as dimensões geográficas e populacionais <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />
brasileira, onde a história registra índices de desigual<strong>da</strong>des <strong>socioecon</strong>ômicas<br />
protagoniza<strong>da</strong>s por um processo desumano de concentração de ren<strong>da</strong>, tal reali<strong>da</strong>de<br />
irá marcar as diferenças no envelhecimento <strong>da</strong>s populações nas diversas Regiões<br />
<strong>do</strong> País, existin<strong>do</strong> no Sul e Sudeste padrões mais próximos <strong>da</strong>queles observa<strong>do</strong>s<br />
em países desenvolvi<strong>do</strong>s, enquanto no Norte e Nordeste tais padrões aproximam-se<br />
<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s nos países subdesenvolvi<strong>do</strong>s.<br />
44
Outra característica observa<strong>da</strong> são as diferenças nos padrões de envelhecimento<br />
nas Regiões <strong>do</strong> Brasil é verifica<strong>da</strong> no Nordeste, por exemplo, onde a emigração <strong>da</strong><br />
população jovem acentua tal processo, devi<strong>do</strong> à necessi<strong>da</strong>de de deslocamento para<br />
os grandes centros urbanos, em busca de oferta e melhores condições de trabalho.<br />
Mais um indica<strong>do</strong>r dessas diferenças, diz respeito à situação educacional, onde a<br />
média de anos de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s ‘I<strong>do</strong>sos Responsáveis pelos Domicílios’ é bastante<br />
diferencia<strong>da</strong> entre as Uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Federação, varian<strong>do</strong> de 6,0 no Distrito Federal a<br />
2,5 anos de estu<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> de Pernambuco. No Norte e Nordeste, onde a<br />
população rural tem maior expressão, a média de estu<strong>do</strong> nas capitais é bastante<br />
superior. No conjunto <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco, a escolari<strong>da</strong>de média <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos é<br />
bem inferior à média encontra<strong>da</strong> para a capital Recife: 2,5 contra 5,6 (IBGE, 2000).<br />
Ao observar os <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre o Rendimento Médio <strong>do</strong>s I<strong>do</strong>sos Responsáveis pelos<br />
Domicílios, a lógica <strong>da</strong> diferenciação entre as Regiões se mantém, refletin<strong>do</strong> a<br />
desigual<strong>da</strong>de na distribuição <strong>do</strong>s rendimentos em três níveis. O primeiro é referente<br />
à variação <strong>do</strong>s rendimentos médios em função <strong>da</strong> situação <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio (urbana ou<br />
rural), onde a ren<strong>da</strong> rural representa algo em torno de 40% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> urbana. O<br />
segun<strong>do</strong> nível de desigual<strong>da</strong>de é verifica<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> diferencial entre os<br />
rendimentos médios extremos observa<strong>do</strong>s intra-regionalmente, constatan<strong>do</strong>-se o<br />
maior diferencial na Região Norte, onde o rendimento médio <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so nas áreas<br />
rurais <strong>do</strong> Amazonas corresponde a aproxima<strong>da</strong>mente 54% <strong>do</strong> mesmo rendimento<br />
verifica<strong>do</strong> em Rondônia, haven<strong>do</strong> maior homogenei<strong>da</strong>de nas Regiões Sul e<br />
Nordeste. O terceiro nível de desigual<strong>da</strong>de é verifica<strong>do</strong> inter-regiões, onde o menor<br />
rendimento médio <strong>do</strong>s responsáveis pelos <strong>do</strong>micílios foi verifica<strong>do</strong> no Nordeste (R$<br />
45
198,00), equivalente a apenas 36,3% <strong>do</strong> mesmo rendimento no Centro-Oeste (R$<br />
546,00) ou a 49,7% <strong>do</strong> rendimento rural auferi<strong>do</strong> nas Regiões Sul e Sudeste (IBGE,<br />
2000).<br />
7UDQVLomR (SLGHPLROyJLFD<br />
Uma <strong>da</strong>s maiores conquistas <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de foi a ampliação <strong>do</strong> tempo de<br />
vi<strong>da</strong>, ampliação que se fez acompanhar de uma melhora substancial <strong>do</strong>s<br />
parâmetros de saúde <strong>da</strong>s populações, ain<strong>da</strong> que estas conquistas estejam<br />
longe de se distribuir de forma eqüitativa nos diferentes países e contextos<br />
<strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong>s. O envelhecimento <strong>da</strong> população é uma aspiração natural<br />
de qualquer socie<strong>da</strong>de, mas não basta por si só. Viver mais é importante<br />
desde que se consiga agregar quali<strong>da</strong>de a estes anos adicionais de vi<strong>da</strong><br />
(VERAS, 2001).<br />
Apesar <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s epidemiológicos apontarem sempre para o aumento <strong>da</strong> incidência<br />
<strong>da</strong>s Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no mun<strong>do</strong>, o processo de<br />
envelhecimento biológico não deve ser confundi<strong>do</strong> com <strong>do</strong>ença, sen<strong>do</strong> necessário<br />
abor<strong>da</strong>r a diferença entre os conceitos de VHQLOLGDGH e VHQHVFrQFLD. A palavra<br />
senili<strong>da</strong>de está relaciona<strong>da</strong> às alterações produzi<strong>da</strong>s pelas diversas <strong>do</strong>enças que<br />
podem acometer o i<strong>do</strong>so; senescência está relaciona<strong>da</strong> às mu<strong>da</strong>nças que ocorrem<br />
no organismo apenas pela passagem <strong>do</strong>s anos, correspondentes aos efeitos<br />
naturais <strong>do</strong> envelhecimento (cerebral, cardiovascular, respiratório, renal, digestivo,<br />
osteoarticular e en<strong>do</strong>crinológico), enquanto processo normal, não poden<strong>do</strong> ser<br />
interpreta<strong>da</strong>s como patológicas (PASSARELI, 1997).<br />
Acompanhan<strong>do</strong> o processo de transição demográfica, a mu<strong>da</strong>nça no perfil de saúde<br />
<strong>da</strong>s populações é outro fenômeno que vem sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>. A morbimortali<strong>da</strong>de<br />
que existia como decorrência de DIP, ao ser controla<strong>da</strong>, cede lugar para a<br />
morbimortali<strong>da</strong>de por DCNT, como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> expectativa de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
46
populações. Tal processo, denomina<strong>do</strong> ‘7UDQVLomR (SLGHPLROyJLFD’, também<br />
apresenta características peculiares nos contextos <strong>da</strong>s diferentes socie<strong>da</strong>des.<br />
De acor<strong>do</strong> com Carvalho et al. (1998),<br />
Toman<strong>do</strong>-se como referência o Brasil, observamos que o processo histórico<br />
verifica<strong>do</strong> neste século, no País, em na<strong>da</strong> se assemelha, por exemplo, ao<br />
ocorri<strong>do</strong> nos países capitalistas europeus que implementaram a<br />
industrialização conjuntamente com políticas de µ:HOIDUH 6WDWH. Este Esta<strong>do</strong><br />
de µEHP HVWDU VRFLDO decorreu <strong>da</strong>s políticas públicas implanta<strong>da</strong>s,<br />
principalmente, nas áreas de educação, saúde e seguri<strong>da</strong>de social,<br />
associa<strong>da</strong>s com políticas de expansão econômica, asseguran<strong>do</strong> trabalho e<br />
ren<strong>da</strong> (salário).<br />
No Brasil, a transição epidemiológica indica um novo padrão, onde<br />
A principal característica que diferencia a nossa população em processo de<br />
envelhecimento <strong>da</strong> <strong>do</strong>s países desenvolvi<strong>do</strong>s é que o Brasil ain<strong>da</strong> possui<br />
uma alta proporção de sua população na faixa etária de 0-14 anos, e este<br />
grupo jovem tem suas próprias necessi<strong>da</strong>des sociais e médicas específicas,<br />
sobretu<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong>de de aprimoramento na educação e a erradicação<br />
de <strong>do</strong>enças comuns. Ao mesmo tempo, a população que envelhece coloca<br />
novas exigências para os serviços sociais e de saúde. Os problemas de<br />
saúde <strong>da</strong>s pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s são freqüentemente de natureza crônica e<br />
podem requerer intervenções custosas e o uso de tecnologia complexa. O<br />
crescimento projeta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s despesas varia de país para país. Contu<strong>do</strong>, a<br />
estimativa média <strong>do</strong> custo de saúde de uma pessoa <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> poderia cobrir o<br />
custo de três pessoas de menos i<strong>da</strong>de (VERAS, 1994).<br />
Neste contexto, o Brasil registra ain<strong>da</strong> eleva<strong>do</strong>s índices de DIP e DCNT, além <strong>da</strong>s<br />
chama<strong>da</strong>s enfermi<strong>da</strong>des ‘emergentes e reemergentes’, delinean<strong>do</strong> um perfil<br />
epidemiológico complexo e heterogêneo.<br />
Existe no País um pre<strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de por DCNT, principalmente<br />
cardiovascular (1 a causa de óbito) sobre DIP que declina acentua<strong>da</strong>mente.<br />
As Causas Externas, que correspondem aos acidentes de trânsito,<br />
homicídios e suicídios, representam a segun<strong>da</strong> posição na mortali<strong>da</strong>de por<br />
grandes grupos de causas, observan<strong>do</strong>-se um aumento <strong>da</strong>s neoplasias<br />
malignas, diabetes e SIDA. (CARVALHO et al., 1998).<br />
Relaciona<strong>da</strong> à saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, a reali<strong>da</strong>de brasileira revela uma lacuna estrutural a<br />
ser preenchi<strong>da</strong>, haven<strong>do</strong> carência de equipes de profissionais capacita<strong>do</strong>s para<br />
atender a referi<strong>da</strong> população e ambientes devi<strong>da</strong>mente a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s para recebê-la.<br />
Como a população envelhece e os i<strong>do</strong>sos são mais freqüentemente<br />
afeta<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>enças crônicas, o número de consultas tende a se ampliar<br />
47
progressivamente. Sabemos também que esse número amplia<strong>do</strong> de<br />
consultas leva a um incremento substancial <strong>do</strong> consumo de medicamentos,<br />
exames complementares e hospitalização (VERAS, 2001).<br />
Embora protegi<strong>do</strong> pelos direitos de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, o usuário que atingir a chama<strong>da</strong><br />
‘terceira i<strong>da</strong>de’ provavelmente enfrentará sérias dificul<strong>da</strong>des de acesso aos serviços<br />
públicos de saúde, como por exemplo: falta de informação sobre os direitos e<br />
recursos disponíveis; escassez de meios de transporte devi<strong>da</strong>mente a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s,<br />
burocracia institucional, entre outros. Tais dificul<strong>da</strong>des serão agrava<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong><br />
com a situação <strong>socioecon</strong>ômica <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, interferin<strong>do</strong> significativamente na sua<br />
quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>. A respeito <strong>do</strong> assunto, Mendes (apud VERAS, 2003), enfatiza<br />
que:<br />
A baixa resolutivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> modelo em curso, a precarie<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s serviços<br />
ambulatoriais, a escassez <strong>do</strong>s serviços <strong>do</strong>miciliares, a falta de instâncias<br />
intermediárias (como os hospitais-dia e centros de convivência), fazem com<br />
que o primeiro atendimento ocorra em estágio avança<strong>do</strong>, dentro <strong>do</strong> hospital,<br />
o que não só aumenta os custos como diminui as chances de um<br />
prognóstico favorável.<br />
Apesar <strong>do</strong>s esforços que vêm sen<strong>do</strong> feitos no senti<strong>do</strong> de efetivar, na prática,<br />
Políticas Públicas capazes de causar impactos positivos no cotidiano <strong>da</strong> população<br />
<strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, ain<strong>da</strong> pre<strong>do</strong>mina a µFLGDGDQLD GH SDSHO, ou seja, a maioria <strong>da</strong> população sofre<br />
as conseqüências desumanas <strong>do</strong> processo histórico de iniqüi<strong>da</strong>de e exclusão social,<br />
contan<strong>do</strong> apenas com o aparato legal, muitas vezes, Leis nem sequer<br />
regulamenta<strong>da</strong>s, como é o caso <strong>da</strong> PEI no esta<strong>do</strong> de Pernambuco.<br />
Nas palavras de Sayeg (1997),<br />
Muito se tem improvisa<strong>do</strong> em termos de Geriatria e Gerontologia. Vários<br />
profissionais, na área de saúde, não têm qualificação porque não tiveram<br />
oportuni<strong>da</strong>de, na Universi<strong>da</strong>de, de fazer cursos de extensão ou<br />
especialização. Isso faz com que muitos desses profissionais, que atuam<br />
junto aos i<strong>do</strong>sos, incorram em erros graves, até mesmo, em alguns casos,<br />
prejudican<strong>do</strong> e causan<strong>do</strong> o que chamamos de µLDWURJHQLD de atendimento,<br />
por puro desconhecimento. Torna-se, então, fun<strong>da</strong>mental o treinamento de<br />
Recursos Humanos, a qualificação de pessoal. E, isto, não envolve só a<br />
classe médica, uma vez que a Geriatria e Gerontologia trabalham com<br />
48
conceito multidisciplinar. Logo, o médico, não trabalha sozinho, mas com a<br />
aju<strong>da</strong> de vários profissionais. To<strong>da</strong>s as profissões que tenham interface com<br />
o problema, com a atenção <strong>do</strong> envelhecimento, devem ter elementos<br />
qualitativos, em termos de Recursos Humanos.<br />
E o resulta<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> esse processo irá afetar diretamente o setor saúde,<br />
deman<strong>da</strong>n<strong>do</strong> novas posturas <strong>do</strong> poder público para administrar os impactos <strong>do</strong><br />
envelhecimento na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong>s políticas sociais. Neste senti<strong>do</strong>, foi elabora<strong>da</strong> a<br />
Política Nacional de Saúde <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (PNSI) 1 , ten<strong>do</strong> como objetivo: SHUPLWLU XP<br />
HQYHOKHFLPHQWR VDXGiYHO R TXH VLJQLILFD SUHVHUYDU D FDSDFLGDGH IXQFLRQDO D<br />
DXWRQRPLD H PDQWHU R QtYHO GH TXDOLGDGH GH YLGD GR LGRVR (GORDILHO et al., 2001).<br />
2 ,GRVR H D ,OKD<br />
Ao a<strong>do</strong>tar o processo de envelhecimento como categoria social de análise,<br />
transcenden<strong>do</strong> os limites <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de cronológica ou biológica, considera-se que<br />
A saúde e a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, mais que em outros grupos<br />
etários, sofrem a influência de múltiplos fatores físicos, psicológicos, sociais<br />
e culturais. Assim, avaliar e promover a saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so significa considerar<br />
variáveis de distintos campos <strong>do</strong> saber, numa atuação interdisciplinar e<br />
multidimensional (ANDERSON, 1997).<br />
A reali<strong>da</strong>de evidencia a necessi<strong>da</strong>de de estu<strong>do</strong>s que permitam conhecer o perfil <strong>do</strong><br />
i<strong>do</strong>so, nos diferentes contextos sociais, com a finali<strong>da</strong>de de subsidiar o planejamento<br />
de políticas públicas cujos resulta<strong>do</strong>s causem impactos positivos na vi<strong>da</strong> cotidiana<br />
<strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>s populações. Criar medi<strong>da</strong>s que garantam a digni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ser humano,<br />
viabilizan<strong>do</strong> níveis satisfatórios de autonomia e independência durante a fase em<br />
que as per<strong>da</strong>s fisiológicas se acentuam, significa promover a saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />
1 Aprova<strong>da</strong> pela Portaria n o 1.395, de 9 de dezembro de 1999 e publica<strong>da</strong> no DOU n o 237-E, seção 1,<br />
página 20 a 24 de 13 de dezembro de 1999.<br />
49
Consideran<strong>do</strong>, enfim, a importância <strong>do</strong> tema abor<strong>da</strong><strong>do</strong> e a necessi<strong>da</strong>de de<br />
investimento em pesquisa sobre a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> brasileira - que apresenta<br />
características específicas, devi<strong>do</strong> a diversos fatores <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong>s, políticos,<br />
culturais, inclusive relaciona<strong>do</strong>s ao espaço geográfico de um país com dimensões<br />
continentais, onde historicamente a iniqüi<strong>da</strong>de social vem sen<strong>do</strong> revela<strong>da</strong> no cenário<br />
de uma socie<strong>da</strong>de marca<strong>da</strong> pelos contrastes de representar, no contexto<br />
internacional, uma <strong>da</strong>s dez maiores economias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e ao mesmo tempo ocupar<br />
a escala <strong>do</strong>s sexagésimos países em índice de desenvolvimento humano - este<br />
trabalho investigou uma população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, cuja situação de isolamento geográfico é<br />
uma de suas características mais peculiares.<br />
O esta<strong>do</strong> de Pernambuco está localiza<strong>do</strong> na região Nordeste <strong>do</strong> Brasil, ocupan<strong>do</strong><br />
uma área de aproxima<strong>da</strong>mente 98.307 Km 2 . É forma<strong>do</strong> por 185 municípios,<br />
distribuí<strong>do</strong>s em 5 meso-regiões: Metropolitana <strong>do</strong> Recife, Mata Pernambucana,<br />
Agreste Pernambucano, Sertão Pernambucano e Sertão <strong>do</strong> São Francisco, além <strong>do</strong><br />
Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha.<br />
Em Pernambuco, segun<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> IBGE (2000), atualmente existem<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 704. 886 i<strong>do</strong>sos, numa população geral de 7. 918. 344 habitantes.<br />
Recife é a terceira Capital <strong>do</strong> País em número de população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, representan<strong>do</strong><br />
uma Taxa de Envelhecimento de 9,4%. A proposta de estu<strong>da</strong>r o universo <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos<br />
residentes no DEFN surgiu como possibili<strong>da</strong>de de desenvolver um estu<strong>do</strong> pioneiro,<br />
para traçar o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população insular, onde são<br />
verifica<strong>do</strong>s os melhores indica<strong>do</strong>res regionais de quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>.<br />
50
O DEFN foi instituí<strong>do</strong> pela Lei nº 11.304, de 28 de dezembro de 1995, que também<br />
aprovou a sua Lei Orgânica. Desde então,<br />
O DEFN, enti<strong>da</strong>de autárquica integrante <strong>da</strong> administração direta <strong>do</strong> Poder<br />
Executivo, exerce sobre to<strong>da</strong> extensão <strong>da</strong> área territorial <strong>do</strong> Arquipélago de<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha a jurisdição plena atribuí<strong>da</strong> às competências estadual<br />
e municipal, bem como os poderes administrativos e de polícia próprios de<br />
ente público (PERNAMBUCO, 1995).<br />
Quanto à Organização <strong>do</strong> DEFN, sua estrutura de direção superior é composta por<br />
<strong>do</strong>is órgãos: a Administração-Geral, órgão executivo <strong>do</strong> DEFN, dirigi<strong>do</strong> e<br />
representa<strong>do</strong> pelo Administra<strong>do</strong>r-Geral, nomea<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, após<br />
prévia aprovação <strong>da</strong> indicação pela Assembléia Legislativa; e o Conselho Distrital,<br />
câmara de consulta e fiscalização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des exerci<strong>da</strong>s pela Administração<br />
Geral, com poderes de indicação e deliberação sobre matérias específicas de<br />
interesse direto <strong>da</strong> população <strong>do</strong> Arquipélago. Os Conselheiros Distritais são eleitos<br />
através <strong>do</strong> voto direto e secreto <strong>do</strong>s eleitores residentes e <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s em Fernan<strong>do</strong><br />
de Noronha, inscritos na sua jurisdição, para o exercício <strong>do</strong> man<strong>da</strong>to de quatro anos.<br />
(PERNAMBUCO, 1995).<br />
A opção pela linha de pesquisa ‘A Saúde <strong>da</strong>s Populações de Pernambuco: Ci<strong>da</strong>de e<br />
Campo no contexto Regional’ foi feita com a intenção de incluir a 'Ilha' nesta<br />
temática, contemplan<strong>do</strong> as peculiari<strong>da</strong>des históricas, sociais, demográficas e<br />
epidemiológicas de uma comuni<strong>da</strong>de que vive isola<strong>da</strong> <strong>do</strong> Continente. Uma <strong>da</strong>s<br />
peculiari<strong>da</strong>des <strong>do</strong> DEFN, diz respeito à taxa de envelhecimento populacional local<br />
(4,3%), que não acompanha o processo de envelhecimento observa<strong>do</strong> no País<br />
(8,6%). Atualmente, em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, existe uma população fixa estima<strong>da</strong><br />
em 2. 051 habitantes, entre os quais, 88 são i<strong>do</strong>sos (IBGE, 2000).<br />
51
A importância deste estu<strong>do</strong> é justifica<strong>da</strong> pela necessi<strong>da</strong>de de se conhecer essa<br />
população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, isola<strong>da</strong>, minoritária, numa comuni<strong>da</strong>de onde as políticas públicas<br />
tendem historicamente a privilegiar setores liga<strong>do</strong>s ao ‘PHLR DPELHQWH’, turismo e<br />
população jovem, principalmente, quan<strong>do</strong> consideramos a Taxa de Crescimento<br />
Médio Geométrico Anual <strong>da</strong> Ilha (2,21%), que supera as médias Nacional (1,36%) e<br />
Estadual (0,75%), exigin<strong>do</strong> planejamento, a médio prazo, para manter o equilíbrio<br />
entre recursos naturais disponíveis e capaci<strong>da</strong>de de ocupação populacional<br />
(BRASIL, 2000).<br />
Outro fato que chamou atenção foi a escassez de <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre os i<strong>do</strong>sos residentes<br />
em Fernan<strong>do</strong> de Noronha. E a originali<strong>da</strong>de deste trabalho está relaciona<strong>da</strong><br />
justamente ao impacto que o estu<strong>do</strong> poderá causar na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> saúde pública<br />
local, no momento em que seus gestores estão sensíveis à questão <strong>do</strong><br />
envelhecimento.<br />
Ao destacar ‘meio ambiente’, propon<strong>do</strong> uma visão crítica sobre o termo, este<br />
momento é propício à reprodução <strong>do</strong> pensamento de Milton Santos (2003), o qual<br />
discorreu <strong>da</strong> seguinte forma sobre o assunto:<br />
O termo ‘meio ambiente’ me incomo<strong>da</strong> profun<strong>da</strong>mente. Não é uma questão<br />
corporativa; é que meio ambiente se constitui apenas uma metáfora,<br />
portanto não se pode teorizar a partir dessa noção. O que há é o PHLR, que<br />
por simplificação às vezes se chama meio ambiente, o que constitui também<br />
uma redução. [...] Uma dessas visões é a visão de território freqüentemente<br />
confundi<strong>da</strong> com a visão <strong>do</strong> ambiente. Na reali<strong>da</strong>de, território também não é<br />
uma categoria analítica. A categoria analítica é o território usa<strong>do</strong> pelos<br />
homens, tal qual ele é, isto é, o espaço vivi<strong>do</strong> pelos homens, sen<strong>do</strong><br />
também, o teatro <strong>da</strong> ação de to<strong>da</strong>s as empresas, de to<strong>da</strong>s as instituições.<br />
Desse espaço humaniza<strong>do</strong>, as ci<strong>da</strong>des são hoje a grande representação e<br />
a grande esperança.<br />
52
$VSHFWRV +LVWyULFRV GR 'LVWULWR (VWDGXDO GH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
O Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, descoberto oficialmente no ano de 1503,<br />
por Américo Vespúcio, numa expedição patrocina<strong>da</strong> pelo fi<strong>da</strong>lgo Fernan de Loronha,<br />
só foi ocupa<strong>do</strong> pelos portugueses a partir de 1737, ao ser incorpora<strong>do</strong> à Capitania<br />
de Pernambuco, quan<strong>do</strong> foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> a Vila <strong>do</strong>s Remédios. Segun<strong>do</strong> relato histórico<br />
<strong>do</strong>s autores Silva & Melo (2000),<br />
Ain<strong>da</strong> no século XVI muitos a visitariam. Muitos navega<strong>do</strong>res descansariam<br />
ali <strong>da</strong>s jorna<strong>da</strong>s pelo mar. Dali levariam madeira para suas embarcações.<br />
Dali tirariam alimentos - frutos e raízes, ovos, aves, tartarugas para sua<br />
alimentação. [...] Até que, no século XVII, o homem veio para ficar. [...]<br />
Inicialmente, por 25 anos: os holandeses (1629 a 1654), chegam, erguem<br />
um reduto no alto de um morro. Arren<strong>da</strong>m a terra a gente de nobreza. [...] O<br />
século XVIII seria decisivo. A presença <strong>do</strong>s franceses (1736 a 1737)<br />
despertaria a atenção de Portugal pelo aban<strong>do</strong>no a que havia relega<strong>do</strong> sua<br />
primeira Capitania no Brasil, jamais ocupa<strong>da</strong> pelo seu <strong>do</strong>natário. Nas rotas<br />
<strong>da</strong>s grandes navegações, aquele espaço aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> significava perigo. E<br />
uma estratégia de ocupação e defesa surgiria, traçan<strong>do</strong>-se espaços para<br />
vilas, onde viveriam prisioneiros comuns de Pernambuco e, eventualmente,<br />
presos políticos ou por razões políticas, de muitos lugares <strong>do</strong> Brasil.<br />
Desde o início <strong>do</strong> processo de desenvolvimento <strong>do</strong> Arquipélago, a população de<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha passou a sofrer as conseqüências de várias administrações<br />
públicas autoritárias, sem participação popular. Tal situação pode ser analisa<strong>da</strong><br />
considera<strong>da</strong>s as finali<strong>da</strong>des para ocupação <strong>do</strong> Arquipélago, quase sempre<br />
associa<strong>da</strong>s à vigilância e punição de presos comuns e políticos, bem como,<br />
segurança nacional.<br />
A Vila <strong>do</strong>s Remédios (sede <strong>da</strong> Colônia Correcional), teve seu traça<strong>do</strong><br />
urbano delimita<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is largos, que se uniriam em um <strong>do</strong>s ângulos, um –<br />
o poder civil – diante <strong>da</strong> edificação de coman<strong>do</strong>; o outro – o poder religioso<br />
– diante <strong>da</strong> Igreja de N.Sª <strong>do</strong>s Remédios. [...] Dez fortificações nasceram <strong>da</strong><br />
estratégia militar implanta<strong>da</strong>, para defender to<strong>da</strong>s as praias onde fosse<br />
possível o desembarque, sen<strong>do</strong> nove espalha<strong>da</strong>s pelos 17Km 2 <strong>da</strong> ilha<br />
principal e uma isola<strong>da</strong>, sobre um morro, em frente ao porto natural, de<br />
Santo Antônio. [...] Obriga<strong>do</strong>s a trabalhar até a exaustão, foi a mão de obra<br />
carcerária que construiu tu<strong>do</strong>. Pedras foram sen<strong>do</strong> leva<strong>da</strong>s para os pontos<br />
escolhi<strong>do</strong>s. Áreas foram devasta<strong>da</strong>s na sua vegetação, para <strong>da</strong>rem lugar<br />
aos conjuntos arquitetônicos ou prédios isola<strong>do</strong>s que se instalavam (SILVA<br />
& MELO, 2000).<br />
53
Ain<strong>da</strong> sobre a história <strong>da</strong> ocupação de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, Silva & Melo (2000)<br />
continuam:<br />
Por 201 anos vigoraria o presídio comum de Fernan<strong>do</strong> de Noronha. Muito<br />
pouco seria acrescenta<strong>do</strong> ao espaço, senão cabanas para presos de bom<br />
comportamento e suas famílias, em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX, após a liberação<br />
de também serem remeti<strong>da</strong>s mulheres para a ilha, tanto companheiras <strong>do</strong>s<br />
correcionais como mulheres prisioneiras, igualmente condena<strong>da</strong>s – como os<br />
homens ali manti<strong>do</strong>s - a longas penas. E com essa liberação veio o<br />
aumento <strong>da</strong> população, vieram os risos infantis, a necessi<strong>da</strong>de de<br />
programas escolares e de saúde, o controle excessivo <strong>da</strong> conduta de ca<strong>da</strong><br />
um <strong>do</strong>s que aí viviam, submeti<strong>do</strong>s a um regime de extrema rigidez. [...] O<br />
presídio político cria<strong>do</strong> em 1938, após a cessão <strong>da</strong> ilha à União, não traria<br />
grandes mu<strong>da</strong>nça ao traça<strong>do</strong> urbano. Substituíam-se homens, apenas.<br />
Saíam os ladrões, os assassinos de Pernambuco, condena<strong>do</strong>s a longas<br />
penas, para chegarem os comunistas, aliancistas e integralistas de to<strong>do</strong> o<br />
Brasil, homens letra<strong>do</strong>s movi<strong>do</strong>s por ideais considera<strong>do</strong>s subversivos,<br />
submeti<strong>do</strong>s ao serviço braçal, encontran<strong>do</strong> o derivativo <strong>da</strong> Arte para<br />
sublimarem aqueles dias de humilhação, fazen<strong>do</strong> teatro nas horas de<br />
descanso, como um refrigério para seus atormenta<strong>do</strong>s espíritos. E saem os<br />
presos comuns, transferi<strong>do</strong>s para a Ilha Grande, no Rio de Janeiro, somente<br />
permanecen<strong>do</strong> ali os que se haviam mostra<strong>do</strong> úteis aos trabalhos <strong>do</strong> dia a<br />
dia.<br />
A história de Fernan<strong>do</strong> de Noronha começou a tomar novo rumo, em relação ao<br />
processo de conquista <strong>do</strong>s direitos de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>da</strong> população insular, a partir <strong>do</strong>s<br />
anos 80, culminan<strong>do</strong> em 1987, quan<strong>do</strong> tomou posse o primeiro Governa<strong>do</strong>r Civil <strong>do</strong><br />
Arquipélago, vincula<strong>do</strong> ao Ministério <strong>do</strong> Interior (MINTER). Pela primeira vez, a meta<br />
principal <strong>do</strong> Governo passou a ser "...a recuperação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>da</strong> população<br />
civil de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, que há déca<strong>da</strong>s habita o Território, sem que antes<br />
tenha ti<strong>do</strong> direitos e deveres formalmente explicita<strong>do</strong>s e legalmente constituí<strong>do</strong>s"<br />
(BRASIL, 1988).<br />
Termina<strong>da</strong> a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, restou o Território Federal, rígi<strong>do</strong> e<br />
hierárquico. Restaram uns poucos que haviam atravessa<strong>do</strong> os muitos<br />
tempos noronhenses, descendentes de presos, de guar<strong>da</strong>s, de gente <strong>do</strong><br />
Continente que se haviam acostuma<strong>do</strong> à solidão <strong>da</strong>quelas paragens e à<br />
extrema beleza <strong>do</strong> lugar. Restavam pesca<strong>do</strong>res, agricultores, construtores,<br />
carpinteiros, cozinheiros, professores leigos, que por serem bons nas<br />
tarefas que cumpriam, eram necessários ao funcionamento diário.<br />
Restavam crianças que cresciam sob o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Exército, depois <strong>da</strong><br />
Aeronáutica, <strong>do</strong> EMFA e, finalmente, <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Interior (MINTER),<br />
perío<strong>do</strong> em que a ilha recebeu seu único Governa<strong>do</strong>r civil e tempo <strong>da</strong>s mais<br />
significativas mu<strong>da</strong>nças, enquanto território sob o <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> União (1987 /<br />
1988). A população <strong>do</strong>brou, nesse tempo não militariza<strong>do</strong> mas ain<strong>da</strong><br />
fronteira e território federal (SILVA & MELO, 2000).<br />
54
Em 1988, após aprovação <strong>da</strong> nova Constituição brasileira, o Arquipélago de<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha volta a ser administra<strong>do</strong> pelo esta<strong>do</strong> de Pernambuco, na<br />
condição de Distrito Estadual, sem levar em consideração a opinião <strong>da</strong> população<br />
insular.<br />
Surgiu também aí a primeira Assembléia Popular, inauguran<strong>do</strong> um tempo de<br />
querer-se democracia e não submissão. O ilhéu começava a aprender a<br />
questionar, exigir, propor, decidir. Inicia-se, de fato, a construção de um<br />
ci<strong>da</strong>dão noronhense. Só aí apareceria também o interesse na preservação<br />
<strong>do</strong> patrimônio cultural, deixa<strong>do</strong> ao aban<strong>do</strong>no por tanto tempo (SILVA e<br />
MELO, 2000).<br />
Naquele mesmo ano, a concretização <strong>da</strong> luta <strong>do</strong> ilhéu pela preservação <strong>da</strong> natureza,<br />
seria outro acontecimento marcante na história <strong>da</strong>s relações sociais <strong>da</strong> Ilha. De<br />
acor<strong>do</strong> com Silva & Melo (2000),<br />
Já nesse tempo, a comuni<strong>da</strong>de científica internacional vinha sen<strong>do</strong><br />
mobiliza<strong>da</strong> para reconhecer o potencial ambiental ain<strong>da</strong> existente no<br />
arquipélago, merece<strong>do</strong>r de ser transforma<strong>do</strong> em uni<strong>da</strong>de de conservação,<br />
sob a proteção de órgãos ambientalistas de nível nacional. Inicia<strong>do</strong> em<br />
1982, esse movimento evoluiu até transformar-se em projeto e, finalmente,<br />
<strong>da</strong>r origem ao Parque Nacional Marinho (PARNAMAR/FN), cria<strong>do</strong> em<br />
setembro de 1988 (fig. 1).<br />
A administração <strong>do</strong> Parque é Federal, a cargo <strong>do</strong> Instituto Brasileiro de Meio<br />
Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que se compromete a<br />
preservar o ambiente e proporcionar oportuni<strong>da</strong>des para o turismo ecológico e a<br />
pesquisa científica, como é o caso <strong>do</strong>s ProjetosTartaruga Marinha (TAMAR) e<br />
Golfinho Rota<strong>do</strong>r. A área restante é Área de Proteção Ambiental (APA), permitin<strong>do</strong> o<br />
uso urbano acompanha<strong>do</strong> de cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s ambientais.<br />
Hoje, Noronha é Patrimônio Ambiental <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong>de, reconheci<strong>do</strong> pela<br />
UNESCO. O PARNAMAR (fig. 03), abrange 70% de to<strong>da</strong> área terrestre e<br />
marinha até 50 metros de profundi<strong>da</strong>de e o restante é APA, Área de<br />
Proteção Ambiental (GUERRIERO, 2002).<br />
Em linhas gerais, a população insular conta com uma infra-estrutura de serviços<br />
básicos. Na área <strong>da</strong> saúde, o Hospital São Lucas, de natureza pública estadual,<br />
caracteriza-se por ser um hospital geral, o único no Arquipélago, contan<strong>do</strong> com uma<br />
55
equipe de nível superior: três médicos (clínico geral, pediatra e obstetra/<br />
ginecologista); duas enfermeiras; três o<strong>do</strong>ntólogos e um farmacêutico/bio-quí<strong>mico</strong>;<br />
nível médio: dez auxiliares de enfermagem; duas recepcionistas; quatro motoristas e<br />
um agente administrativo; e nível elementar: quatro funcionários responsáveis pelos<br />
serviços gerais, lavanderia e limpeza.<br />
O Hospital São Lucas apresenta instalações para prestar serviços de emergência,<br />
existin<strong>do</strong> uma sala específica para pacientes que necessitam ficar em observação;<br />
curativos e gesso; atendimento ambulatorial com <strong>do</strong>is consultórios médicos<br />
(ginecologia, clínica médica e pediatria) e um gabinete o<strong>do</strong>ntológico; raio-X;<br />
laboratório de análises clínicas; vacinação; nebulização; expurgo; cirurgias; partos e<br />
internação, contan<strong>do</strong> com três enfermarias, totalizan<strong>do</strong> sete leitos, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is para a<br />
clínica médica, três para pediatria e <strong>do</strong>is para a obstetrícia.<br />
Em Noronha, segun<strong>do</strong> o censo <strong>do</strong> IBGE (2000), residem 2. 051 habitantes, sen<strong>do</strong><br />
1. 059 homens e 992 mulheres. A taxa de Alfabetização corresponde a 93,50% entre<br />
as pessoas residentes com 10 anos e mais de i<strong>da</strong>de. Na Ilha existe uma creche, a<br />
Escolinha Bem-Me-Quer, para crianças na faixa etária <strong>do</strong>s 4 meses aos 5 anos de<br />
i<strong>da</strong>de e a Escola Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, abrangen<strong>do</strong> desde a<br />
alfabetização ao ensino médio.<br />
Dos 467 <strong>do</strong>micílios particulares permanentes, 398 contam com abastecimento de<br />
água na forma de rede geral; 64 com poços ou nascentes e 5 com outras formas de<br />
abastecimento. A coleta <strong>do</strong> lixo abrange a totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios. São 453<br />
<strong>do</strong>micílios com banheiro ou sanitário, entre os quais, 274 com esgotamento sanitário<br />
56
liga<strong>do</strong> à rede geral e 14 <strong>do</strong>micílios sem banheiro ou sanitário. O esgotamento<br />
sanitário foi aponta<strong>do</strong> como uma <strong>da</strong>s principais carências, em termos de infra-<br />
estrutura, por não atender à deman<strong>da</strong> total <strong>da</strong> Ilha (BRASIL, 2000).<br />
57
2%-(7,926<br />
*HUDO<br />
TRAÇAR O PERFIL SOCIOECONÔMICO E EPIDEMIOLÓGICO DA POPULAÇÃO<br />
IDOSA DO DISTRITO ESTADUAL DE FERNANDO DE NORONHA.<br />
(VSHFtILFRV<br />
Conhecer a situação <strong>socioecon</strong>ômica <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN;<br />
Avaliar os indica<strong>do</strong>res de Autonomia e Independência <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong><br />
DEFN;<br />
Identificar a prevalência <strong>da</strong>s Doenças Crônicas Não Transmissíveis na população<br />
<strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN.<br />
58
352&(',0(1726 0(72'2/Ï*,&26<br />
ÈUHD GH (VWXGR<br />
Segun<strong>do</strong> informações oficiais, 21 ilhas e ilhotas de formação vulcânica conformam o<br />
Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha (fig. 2), que surgiu há 12 milhões de anos,<br />
como um <strong>do</strong>s cumes <strong>da</strong> Cordilheira Dorsal Meso-Atlântica (fig. 3), quan<strong>do</strong> fortes<br />
explosões de material liquefeito jorraram <strong>do</strong> interior <strong>da</strong> Terra a 3 o 54’ de latitude sul e<br />
32 o 25’ de longitude oeste. O Arquipélago é uma montanha com cerca de 4 500<br />
metros de profundi<strong>da</strong>de e 60 quilômetros de diâmetro na base. Na superfície ocupa<br />
uma área de 26Km 2 . O ponto mais alto é o Pico, medin<strong>do</strong> 321 metros de altura. O<br />
clima é sempre quente, com temperatura média anual de 27 o C, pouca variação<br />
entre dia e noite e duas estações defini<strong>da</strong>s: uma seca, de agosto a fevereiro, e uma<br />
úmi<strong>da</strong>, de março a julho (GUERRIERO, 2002).<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha também é o nome <strong>da</strong> Ilha principal <strong>do</strong> Arquipélago, onde a<br />
pesquisa foi realiza<strong>da</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> presídio comum (1737/1938); presídio político <strong>da</strong><br />
União (1938/1942); destacamento misto durante a II Guerra Mundial (1942/1945);<br />
Território Federal (1942/1988); e reintegra<strong>do</strong> ao Esta<strong>do</strong> de Pernambuco (1988). É a<br />
única Ilha habita<strong>da</strong>, dista 545Km <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Recife e possui uma área de 17Km 2 .<br />
Apresenta uma população fixa de 2.051 habitantes, onde a Taxa de Envelhecimento<br />
é de 4,3%, existin<strong>do</strong> 88 i<strong>do</strong>sos (IBGE, 2002).<br />
59
)LJXUD – Mapa <strong>do</strong> Parque Nacional Marinho de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
)RQWH $JHQGD &XOWXUDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
60
)LJXUD – Mapa <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
)RQWH $JHQGD &XOWXUDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
61
)LJXUD – Cordilheira Dorsal Meso-Atlântica<br />
)RQWH $JHQGD &XOWXUDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
62
'HVHQKR GR (VWXGR<br />
Caracteriza-se por ser um estu<strong>do</strong> descritivo, quantitativo, epidemiológico, de corte<br />
transversal, em população especial, apresentan<strong>do</strong> como vantagens: o baixo custo, o<br />
alto potencial descritivo e a simplici<strong>da</strong>de analítica. Segun<strong>do</strong> Rouquayrol & Almei<strong>da</strong><br />
Filho (1999), esse tipo de investigação produz "instantâneos" <strong>da</strong> situação de saúde<br />
de uma população ou comuni<strong>da</strong>de, com base na avaliação individual <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de<br />
saúde de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> grupo, produzin<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>res globais de saúde<br />
para o grupo investiga<strong>do</strong>.<br />
Para alguns tipos de <strong>do</strong>ença, especialmente aquelas de caráter crônico, como<br />
Hipertensão Arterial (HA) e Diabetes Mellitus (DM), por exemplo, visan<strong>do</strong> estimar<br />
ain<strong>da</strong> o risco por essas enfermi<strong>da</strong>des, calculou-se a WD[D GH SUHYDOrQFLD, que pode<br />
ser defini<strong>da</strong> simplesmente como a proporção de casos de uma certa <strong>do</strong>ença (ou<br />
evento relaciona<strong>do</strong> à saúde) em uma população delimita<strong>da</strong>, em um tempo<br />
determina<strong>do</strong>.<br />
'HILQLomR GD 3RSXODomR<br />
Por ser censitário, foram incluí<strong>da</strong>s no estu<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s residentes no<br />
DEFN, com i<strong>da</strong>de a partir <strong>do</strong>s 60 anos. Do Universo de 88 i<strong>do</strong>sos ilhéus, foram<br />
entrevista<strong>do</strong>s 80, ocorren<strong>do</strong> 05 (cinco) per<strong>da</strong>s de i<strong>do</strong>sos que não estavam na Ilha e<br />
03 (três) exclusões de i<strong>do</strong>sos que não estavam em condições de saúde mental para<br />
responder às questões <strong>do</strong> Brazil Old Age Schedule - BOAS (anexo 1), nos <strong>do</strong>is<br />
momentos <strong>da</strong> pesquisa de campo.<br />
63
&ROHWD GH 'DGRV<br />
3.4.1 Pré-teste<br />
Visan<strong>do</strong> testar o instrumento seleciona<strong>do</strong> e calcular o tempo necessário para sua<br />
aplicação, na semana anterior à Pesquisa de Campo, foram entrevista<strong>do</strong>s 06 (seis)<br />
i<strong>do</strong>sos, ca<strong>da</strong>stra<strong>do</strong>s no serviço de atendimento ambulatorial de gerontogeriatria <strong>do</strong><br />
Hospital Universitário Oswal<strong>do</strong> Cruz (HUOC), <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco<br />
(UPE), ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> os mesmos devi<strong>da</strong>mente convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s e esclareci<strong>do</strong>s a respeito<br />
<strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> procedimento. Após as entrevistas, não ocorreu a necessi<strong>da</strong>de de<br />
fazer modificações no questionário.<br />
3.4.2 Pesquisa de Campo<br />
O Instrumento utiliza<strong>do</strong> durante as entrevistas foi um questionário multidimensional<br />
para estu<strong>do</strong>s comunitários na população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>. As pessoas responsáveis pela<br />
pesquisa de campo foram as mestran<strong>da</strong>s Cristina de Fátima Velloso Carrazzone<br />
(MSP 052/02) e Sálvea de Oliveira Campelo e Paiva (MSP 062/02), durante os<br />
perío<strong>do</strong>s de 28 de outubro a 06 de novembro e 14 a 20 de dezembro de 2002, na<br />
Ilha de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, mediante visitas <strong>do</strong>miciliares, evitan<strong>do</strong> que o i<strong>do</strong>so<br />
sofresse possíveis transtornos de deslocamento e espera no momento <strong>da</strong> entrevista.<br />
As visitas <strong>do</strong>miciliares foram feitas com o acompanhamento <strong>do</strong> Agente Comunitário<br />
de Saúde (ACS), <strong>do</strong> Programa de Saúde <strong>da</strong> Família (PSF), responsável por ca<strong>da</strong><br />
área específica, permitin<strong>do</strong> atualizar o ca<strong>da</strong>stro <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos residentes no DEFN.<br />
64
Também foram realiza<strong>da</strong>s reuniões com a Diretoria e equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas,<br />
visan<strong>do</strong> buscar estratégias para a cobertura total <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> insular.<br />
Concomitantemente ao perío<strong>do</strong> <strong>da</strong>s entrevistas, foi realiza<strong>da</strong> a pesquisa <strong>do</strong>cumental<br />
nos arquivos e prontuários <strong>do</strong> Hospital São Lucas, a fim de colher informações sobre<br />
a prevalência <strong>da</strong>s DCNT na população em estu<strong>do</strong>. Para isso, foi elabora<strong>do</strong> um<br />
formulário específico (anexo 2), onde foram registra<strong>da</strong>s informações sobre o esta<strong>do</strong><br />
de saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, a partir de <strong>da</strong><strong>do</strong>s secundários, utilizan<strong>do</strong> como fonte os<br />
prontuários médicos, com o objetivo de comparar com os diagnósticos referi<strong>do</strong>s<br />
pelos entrevista<strong>do</strong>s durante a pesquisa de campo.<br />
Para comparar os diagnósticos de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial, referi<strong>do</strong>s<br />
pela população durante a pesquisa de campo, foram feitos testes de glicemia digital<br />
e aferimento de pressão arterial durante o perío<strong>do</strong> de 25 de setembro a 03 de<br />
outubro, por profissionais técnicos em enfermagem, <strong>do</strong> Hospital São Lucas,<br />
devi<strong>da</strong>mente acompanha<strong>do</strong>s pelo ACS responsável pela área <strong>da</strong> residência <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so<br />
e a Assistente Social responsável pela Pesquisa.<br />
Os parâmetros para classificação <strong>do</strong> diagnóstico de HA seguiram as recomen<strong>da</strong>ções<br />
<strong>da</strong> Organização Mundial de Saúde (1983), consideran<strong>do</strong> hipertensão os valores<br />
iguais ou superiores a 90mm Hg (diastólica) e 140 mm Hg (sistólica) e, para a<br />
sistólica isola<strong>da</strong>mente, valor acima de 160 mm Hg. Os parâmetros para o<br />
diagnóstico de DM seguiram as recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Brasileira de<br />
Diabetes – SBD (2001), consideran<strong>do</strong> a falta de ingestão calórica de no mínimo oito<br />
horas (jejum) e os valores de glicose plasmática (em mg/dl). Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />
65
testes de glicemia digital foram agrupa<strong>do</strong>s em três categorias: (1) glicemia de jejum<br />
normal (
A Seção II contém perguntas relaciona<strong>da</strong>s à opinião <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> a respeito <strong>do</strong><br />
seu esta<strong>do</strong> de saúde, em comparação com os últimos anos de sua vi<strong>da</strong> e com<br />
pessoas de sua faixa etária; seus maiores problemas de saúde e como estes podem<br />
afetar seus padrões habituais de ativi<strong>da</strong>de. São incluí<strong>da</strong>s também perguntas sobre<br />
problemas específicos que afetam os padrões funcionais <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so (VERAS, 1994).<br />
O propósito <strong>da</strong> Seção III é obter informações quanto ao conhecimento, direitos, uso<br />
e grau de satisfação por parte <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so em relação a vários tipos de serviços de<br />
saúde. São incluí<strong>da</strong>s também perguntas destina<strong>da</strong>s a verificar a aju<strong>da</strong> ou<br />
assistência que a pessoa <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> pode obter, na área de saúde, <strong>da</strong> sua família ou de<br />
outros (VERAS, 1994).<br />
A Seção IV inclui seis perguntas. A primeira compreende um total de quinze itens<br />
que, juntos, indicam graus relativos de autonomia funcional na execução <strong>da</strong>s<br />
ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> dia-a-dia. As outras são volta<strong>da</strong>s para a verificação de assistência real<br />
ou potencial nessas ativi<strong>da</strong>des, identifican<strong>do</strong> a pessoa que mais aju<strong>da</strong> o<br />
entrevista<strong>do</strong>. Também há perguntas que visam verificar sua participação social, nas<br />
ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>mésticas e comunitárias e o grau de satisfação com as mesmas<br />
(VERAS, 1994).<br />
As perguntas <strong>da</strong> Seção V objetivam avaliar vários aspectos e dimensões de<br />
satisfação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so nas suas relações com a família e vizinhos, os tipos de aju<strong>da</strong><br />
e/ou assistência recíprocas, o grau de interação familiar e comunitária e/ou de<br />
isolamento. A Seção VI tem o propósito de obter informações sobre a situação de<br />
trabalho/aposenta<strong>do</strong>ria <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so (VERAS, 1994).<br />
67
A Seção VII, de rastreamento de saúde mental, segun<strong>do</strong> Veras (1994), é uma<br />
tradução <strong>do</strong> questionário Short-CARE e inclui perguntas planeja<strong>da</strong>s para avaliar os<br />
<strong>do</strong>is principais distúrbios mentais <strong>da</strong> velhice: demência e depressão. No entanto,<br />
para aplicação no DEFN, algumas modificações foram feitas. A escala <strong>da</strong> Síndrome<br />
Cerebral Orgânica (SCO), conten<strong>do</strong> uma série de testes, que fornecem uma<br />
prevalência pontual <strong>da</strong> deficiência cognitiva, foi aplica<strong>da</strong> na íntegra. O ponto de corte<br />
utiliza<strong>do</strong> na escala <strong>do</strong> BOAS foi 3 e acima. Em relação à escala de depressão, o<br />
cálculo <strong>do</strong> escore não pode ser aplica<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong>. Por motivos éticos, para a<br />
reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ilha, três perguntas <strong>do</strong> questionário original foram excluí<strong>da</strong>s. A decisão<br />
foi toma<strong>da</strong> devi<strong>do</strong> à falta de um psiquiatra na equipe para <strong>da</strong>r suporte a uma<br />
deman<strong>da</strong> emergente, a partir <strong>da</strong> entrevista, durante a pesquisa de campo. Então,<br />
como não existiria a possibili<strong>da</strong>de de atendimento imediato por um especialista, as<br />
perguntas associa<strong>da</strong>s ao sentimento de suicídio não foram contempla<strong>da</strong>s. Sen<strong>do</strong><br />
assim, as informações relaciona<strong>da</strong>s à escala de depressão serão apresenta<strong>da</strong>s no<br />
formato de freqüências simples, mediante ilustração gráfica (VERAS, 1994).<br />
Apesar de ser um questionário extenso, foi surpreendente a aceitação <strong>do</strong><br />
instrumento pela população entrevista<strong>da</strong>, contrarian<strong>do</strong> o pensamento inicial de que<br />
tantas perguntas provavelmente cansariam os i<strong>do</strong>sos. Dependen<strong>do</strong> <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>r, to<strong>do</strong> o processo poderá acontecer num clima de diálogo, sem a<br />
mecanização <strong>do</strong> estilo ‘check list’.<br />
Em média, as entrevistas duraram cerca de 42 minutos, tempo que pode variar,<br />
dependen<strong>do</strong> de alguns fatores como: o esta<strong>do</strong> de saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so; seu interesse pela<br />
68
pesquisa; <strong>do</strong> ambiente onde acontece a entrevista; <strong>da</strong>s pessoas que participam <strong>do</strong><br />
processo, entre outros.<br />
&RQVLGHUDo}HV eWLFDV<br />
Este Projeto foi encaminha<strong>do</strong> ao Conselho de Ética em Pesquisa (CEP) <strong>da</strong><br />
Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz (Fiocruz) / Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães<br />
(CPqAM), ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> (anexo 3), por atender às normas éticas <strong>da</strong><br />
Resolução 196, de 10 de outubro de 1996 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Saúde (CNS) /<br />
Ministério <strong>da</strong> Saúde, sobre pesquisas científicas envolven<strong>do</strong> seres humanos,<br />
resguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o princípio de proteção e respeito à digni<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s sujeitos <strong>da</strong><br />
pesquisa, conforme estabeleci<strong>do</strong> a partir de Nuremberg, em 1947.<br />
O Projeto também foi envia<strong>do</strong> ao Conselho Distrital e à Administração <strong>do</strong> DEFN.<br />
To<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos residentes na Ilha foram esclareci<strong>do</strong>s a respeito <strong>do</strong>s objetivos <strong>da</strong><br />
pesquisa e convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s a assinar Termo de Adesão (anexo 4). A identi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s<br />
entrevista<strong>do</strong>s foi preserva<strong>da</strong>. Para consultar os prontuários, foi solicita<strong>da</strong> autorização<br />
à Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas (anexo 5). No mesmo perío<strong>do</strong> em que foi<br />
encaminha<strong>da</strong> uma versão <strong>da</strong> dissertação para emissão de um parecer acadê<strong>mico</strong>,<br />
antes <strong>da</strong> defesa, seguiu uma cópia para ser li<strong>da</strong> por uma representante <strong>do</strong> Conselho<br />
Distrital de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, a qual, também emitiu seu parecer sobre a<br />
dissertação (anexo 6). Após a aprovação <strong>do</strong> trabalho, os resulta<strong>do</strong>s serão<br />
socializa<strong>do</strong>s na comuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> DEFN.<br />
69
3URFHVVDPHQWR H $QiOLVH GRV 'DGRV<br />
O processamento e análise foram feitos pela própria mestran<strong>da</strong>, auxilia<strong>da</strong> por <strong>do</strong>is<br />
estatísticos, professores Carlos Feitosa Luna <strong>do</strong> CPqAM/Fiocruz e José Natal<br />
Figueirôa <strong>do</strong> Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), mediante utilização<br />
<strong>do</strong>s softwares Epi Info 6 e Excel 1997. Para análise <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram utiliza<strong>do</strong>s os<br />
recursos <strong>da</strong> estatística analítica (ou indutiva), mediante o teste de ‘qui-quadra<strong>do</strong>’<br />
(chi-square), indica<strong>do</strong> para comparar <strong>da</strong><strong>do</strong>s nominais, constituin<strong>do</strong> uma medi<strong>da</strong> de<br />
discrepância entre as freqüências observa<strong>da</strong>s e as espera<strong>da</strong>s (DORIA FILHO,<br />
1999).<br />
Para construir as Tabelas, foram utiliza<strong>do</strong>s critérios de seleção por indica<strong>do</strong>res e<br />
agrupamento <strong>da</strong>s variáveis, sempre que se fez necessário, viabilizan<strong>do</strong> a descrição<br />
<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, feita de acor<strong>do</strong> com a seqüência <strong>da</strong>s seções <strong>do</strong> BOAS. O capítulo<br />
<strong>da</strong> discussão foi trabalha<strong>do</strong> de forma a responder os objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />
2 3URFHVVR PHWRGROyJLFR D KLVWyULD GD SHVTXLVD<br />
$ HVFROKD GR 7HPD<br />
Na ver<strong>da</strong>de, este trabalho é a continui<strong>da</strong>de de um processo inicia<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> no<br />
perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> graduação em Serviço Social, pela Universi<strong>da</strong>de Católica de<br />
Pernambuco (UNICAP), quan<strong>do</strong> foi elabora<strong>da</strong> uma monografia intitula<strong>da</strong> “Fernan<strong>do</strong><br />
de Noronha: a outra face <strong>do</strong> paraíso”, abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a trajetória histórica <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />
70
<strong>do</strong> ilhéu, abrin<strong>do</strong> um canal para registrar os depoimentos <strong>da</strong> população, num<br />
momento de transição política na Ilha.<br />
É importante salientar o vínculo que foi estabeleci<strong>do</strong> e manti<strong>do</strong> com a população<br />
insular, desde a primeira aproximação, em 1990, até os dias atuais. A escolha pelo<br />
tema não foi feita de maneira aleatória. O fato de não existir nenhum trabalho<br />
científico sobre as condições de vi<strong>da</strong> e de saúde <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, era<br />
um fator de peso. No entanto, a decisão foi toma<strong>da</strong> considera<strong>da</strong>s as peculiari<strong>da</strong>des<br />
históricas, sociais, políticas e culturais <strong>da</strong> Ilha, onde o mun<strong>do</strong> acadê<strong>mico</strong>, como já foi<br />
coloca<strong>do</strong>, tem valoriza<strong>do</strong> pesquisas na área de ‘meio ambiente’, negligencian<strong>do</strong> as<br />
áreas sociais e humanas.<br />
As visitas à Ilha e o contato com a população em 1990, quan<strong>do</strong> a técnica utiliza<strong>da</strong><br />
para a entrevista foi a KLVWyULD GH YLGD, possibilitou o contato com uma reali<strong>da</strong>de<br />
complexa, diante <strong>da</strong> situação política <strong>da</strong>quele momento. Havia conflitos, as pessoas<br />
sentiam me<strong>do</strong> de falar. O Regime Autoritário havia deixa<strong>do</strong> marcas profun<strong>da</strong>s no<br />
cotidiano <strong>do</strong> ilhéu, como registra Janirza Lima (2003),<br />
Vale salientar que não foi somente na esfera <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho que as<br />
diversas administrações militares <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha -<br />
Exército, Marinha e Aeronáutica - desenvolveram sua ação hegemônica.<br />
Elas coman<strong>da</strong>vam os diferentes <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> cotidiano, a vi<strong>da</strong> familiar,<br />
religiosa, política, lúdica e educacional.<br />
Foi nesse contexto histórico que surgiram personagens humanos inesquecíveis,<br />
como o Sr. João Barrão, i<strong>do</strong>so, ten<strong>do</strong> as duas pernas amputa<strong>da</strong>s, não deixou de<br />
exercer o trabalho de agricultor. Utilizan<strong>do</strong>-se de <strong>do</strong>is banquinhos, plantou, colheu e<br />
abasteceu a Ilha inteira de milho, no ano anterior à pesquisa. E apesar <strong>da</strong>s<br />
entrevistas terem si<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s com os vários segmentos etários <strong>da</strong> população<br />
71
insular, desde aquele momento, depois <strong>da</strong> ‘conversa’ com outras pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s,<br />
como o Sr. Salviano e o Sr. Chico <strong>da</strong> Horta, por exemplo, sentia-se que naquela Ilha<br />
havia muita história para se contar e ouvir...<br />
2 ,QVWUXPHQWR GH &ROHWD GH 'DGRV<br />
A escolha <strong>do</strong> instrumento de coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s é um momento decisivo para o<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa. Considera<strong>da</strong>s as especifici<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong> grupo<br />
populacional, é imprescindível tecer alguns breves comentários a respeito <strong>da</strong><br />
necessi<strong>da</strong>de de abrir canais para a fala <strong>da</strong>s pessoas que já viveram muitos anos.<br />
Como bem afirmou Umberto Eco (1995), “para sobreviver é preciso contar histórias”.<br />
Até a própria história só sobrevive se for conta<strong>da</strong>. E quem tem mais histórias para<br />
contar que os mais velhos e experientes?<br />
Em geral, existe uma tendência acadêmica de valorizar a quantificação <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s,<br />
em prejuízo à via qualitativa <strong>da</strong> pesquisa. Tal constatação pode ser observa<strong>da</strong> nos<br />
próprios instrumentos de coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, cujas questões fecha<strong>da</strong>s não permitem<br />
registrar a opinião <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, limitan<strong>do</strong> e, muitas vezes, omitin<strong>do</strong> informações<br />
sobre aspectos importantes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> saúde. Dificilmente, por exemplo, são<br />
abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s questões relaciona<strong>da</strong>s ao senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, sonhos, amor e sexuali<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />
Em outras palavras, os instrumentos para coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, via de regra, não<br />
viabilizam o diálogo entre os participantes, tolhen<strong>do</strong> a fala e as respostas <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />
Cabe ao pesquisa<strong>do</strong>r criar estratégias para a realização de <strong>do</strong>is senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> verbo<br />
72
‘contar’: (1) verificar o número, a quanti<strong>da</strong>de; e (2) narrar, relatar. Sen<strong>do</strong> assim, abrir<br />
canais para a fala <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, o relato <strong>da</strong> experiência, deve ser objetivo de quem<br />
queira conhecê-lo, seja na perspectiva de população especial ou na individual,<br />
permitin<strong>do</strong> o diálogo, defini<strong>do</strong> por Paulo Freire (1989) como sen<strong>do</strong> “o encontro entre<br />
os homens, mediatiza<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>, para designá-lo”.<br />
Assim, para traçar o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong><br />
DEFN, o BOAS foi seleciona<strong>do</strong> como instrumento mais adequa<strong>do</strong>, principalmente,<br />
devi<strong>do</strong> ao seu conteú<strong>do</strong> multidimensional para estu<strong>do</strong>s comunitários. É<br />
imprescindível colocar, neste instante, a colaboração presta<strong>da</strong> pelo professor Renato<br />
Veras, ain<strong>da</strong> durante a elaboração <strong>do</strong> projeto de pesquisa, no senti<strong>do</strong> de tirar<br />
algumas dúvi<strong>da</strong>s e orientar sobre a aplicação <strong>do</strong> BOAS.<br />
$ 3HVTXLVD GH &DPSR 'RFXPHQWDO H &RPSDUDomR GH 'LDJQyVWLFR<br />
A etapa mais rica de to<strong>do</strong> o processo, sem sombra de dúvi<strong>da</strong>, foi a pesquisa de<br />
campo. No início, ocorreram alguns entraves, ou seja, fatos que fugiram ao controle<br />
<strong>do</strong> planejamento <strong>da</strong> Pesquisa e que serão abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s aqui, para efeito de<br />
contribuição. Sem o ca<strong>da</strong>stro <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, <strong>do</strong> contato com a Administração <strong>do</strong> DEFN<br />
ficou entendi<strong>do</strong> não haver na Ilha mais que 40 indivíduos, apesar <strong>do</strong> Censo <strong>do</strong> IBGE<br />
(2000) registrar a presença de 88 i<strong>do</strong>sos. A respeito deste <strong>da</strong><strong>do</strong>, foi alega<strong>do</strong> que<br />
muitos haviam migra<strong>do</strong> <strong>da</strong> Ilha para o Continente e outros haviam morri<strong>do</strong>. Diante<br />
<strong>da</strong> informação, contan<strong>do</strong> com uma população inferior aos números oficiais, o<br />
planejamento para a pesquisa de campo foi altera<strong>do</strong>, no senti<strong>do</strong> de dispensar o<br />
terceiro pesquisa<strong>do</strong>r. Levan<strong>do</strong> em consideração o número indica<strong>do</strong> pela<br />
73
Administração <strong>do</strong> DEFN e o tempo necessário para as pesquisas de campo e<br />
<strong>do</strong>cumental, to<strong>do</strong> processo foi repensa<strong>do</strong> para acontecer no perío<strong>do</strong> de 08 (oito)<br />
dias, contan<strong>do</strong> com a participação de duas pesquisa<strong>do</strong>ras e a supervisão <strong>do</strong><br />
orienta<strong>do</strong>r.<br />
Apesar <strong>do</strong>s vários contatos feitos, na tentativa de conseguir a relação com os nomes<br />
<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, visan<strong>do</strong> agen<strong>da</strong>r as entrevistas com antecedência, só foi possível ter<br />
acesso à primeira versão <strong>do</strong> ca<strong>da</strong>stro quan<strong>do</strong> a equipe já estava na Ilha. A primeira<br />
viagem foi patrocina<strong>da</strong> pela mestran<strong>da</strong> responsável pela Pesquisa, CPqAM/Fiocruz,<br />
PROAP <strong>da</strong> CAPES e Administração <strong>do</strong> DEFN. Ao chegar na Ilha dia 28 de outubro<br />
de 2002, por volta <strong>da</strong>s 18:00h , mesmo sem o ca<strong>da</strong>stro, foram feitas as primeiras<br />
entrevistas, na Vila <strong>do</strong> Trinta, com i<strong>do</strong>sos já conheci<strong>do</strong>s.<br />
No dia 29 de outubro, a partir <strong>da</strong>s 8:00h, horário em que a equipe deveria estar em<br />
campo, foi realiza<strong>da</strong> uma reunião com a Diretoria e os agentes de saúde <strong>do</strong> Hospital<br />
São Lucas, momento em que surgiu uma relação onde constavam os nomes de 67<br />
pessoas. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s eram to<strong>do</strong>s divergentes, a Administração referia 40 i<strong>do</strong>sos,<br />
existia uma outra listagem forneci<strong>da</strong> pela Gerência de Ação Social, em 2001, onde<br />
constavam cerca de 90 nomes e o Censo <strong>do</strong> IBGE (2000) sugeria a existência de 88<br />
i<strong>do</strong>sos.<br />
No dia 30 de outubro se fez necessária outra reunião com a equipe <strong>do</strong> Hospital local,<br />
a partir <strong>da</strong>s 17:00h, para rever e atualizar a relação <strong>do</strong>s nomes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. O<br />
resulta<strong>do</strong> dessa reunião foi preocupante porque, com base nos ca<strong>da</strong>stros <strong>do</strong> PSF,<br />
74
aumentou de 67 para 120 o número de i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> DEFN. Desde então, to<strong>do</strong> o<br />
planejamento <strong>da</strong> pesquisa de campo precisou ser novamente altera<strong>do</strong>.<br />
Foi interessante observar como, teoricamente, o que seriam elementos facilita<strong>do</strong>res<br />
para a realização de uma pesquisa abrangen<strong>do</strong> o universo <strong>da</strong> população de i<strong>do</strong>sos<br />
(sua condição de isolamento e a quanti<strong>da</strong>de relativamente pequena de indivíduos),<br />
na prática, diante <strong>da</strong>quela situação, (distante <strong>do</strong> Continente e sem condições de<br />
retornar para iniciar to<strong>do</strong> o processo), tornaram-se elementos dificulta<strong>do</strong>res para a<br />
realização <strong>da</strong> Pesquisa, a partir <strong>do</strong> momento em que não poderia ser ultrapassa<strong>do</strong> o<br />
limite <strong>do</strong>s 10% de per<strong>da</strong>s.<br />
Para <strong>da</strong>r conta de to<strong>da</strong>s as entrevistas, a jorna<strong>da</strong> prevista para o trabalho de campo,<br />
de oito horas/dia, foi praticamente <strong>do</strong>bra<strong>da</strong> para dezesseis horas/dia, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />
necessário abdicar <strong>do</strong>s intervalos para as refeições e anotações no Diário de<br />
Campo. Sen<strong>do</strong> assim, a maratona começava às 6:00h e terminava às 22:00h. Foi<br />
louvável o apoio recebi<strong>do</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de local. A título de agradecimentos, é<br />
necessário registrar o que não cabe nos questionários nem nas tabelas, ou seja, a<br />
participação plena <strong>da</strong> população, não haven<strong>do</strong> nenhuma recusa para responder um<br />
questionário tão extenso, além <strong>do</strong> carinho com que as pesquisa<strong>do</strong>ras foram<br />
recebi<strong>da</strong>s em to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>micílios. Este, portanto, foi o diferencial positivo e subjetivo<br />
que proporcionou esquecer as dificul<strong>da</strong>des e condições reais de trabalho de campo.<br />
Não foi difícil abdicar <strong>da</strong>s refeições porque, sempre, era ofereci<strong>da</strong> mui<br />
carinhosamente uma fruta, cal<strong>do</strong> de cana, água de coco, refrigerante, um lanche,<br />
enfim, um incentivo real para tocar a Pesquisa em frente. Também se faz necessário<br />
75
egistrar, além <strong>do</strong>s alimentos, as caronas, os abraços, os apertos de mão, os beijos<br />
no rosto e as bênçãos recebi<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos de Noronha. Este la<strong>do</strong> é o que não se<br />
‘conta’ mas ficará aqui mereci<strong>da</strong>mente registra<strong>do</strong>.<br />
Justiça se faça também ao empenho <strong>da</strong> equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas para<br />
contornar os contratempos, no senti<strong>do</strong> de prestar apoio irrestrito, atenden<strong>do</strong>, na<br />
medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> possível, às reivindicações feitas pela equipe de pesquisa<strong>do</strong>ras. O ACS<br />
não tinha hora para encerrar a jorna<strong>da</strong> de trabalho, os motoristas se des<strong>do</strong>bravam<br />
para conciliar as deman<strong>da</strong>s <strong>da</strong> rotina <strong>do</strong> Hospital e <strong>da</strong> pesquisa de campo, sem falar<br />
na própria Diretora <strong>do</strong> serviço que abraçou a causa como parte <strong>da</strong> Política de Saúde<br />
local.<br />
É claro que durante as entrevistas ou mesmo após o término, surgiram algumas<br />
conversas paralelas e questionamentos, nem sempre relaciona<strong>do</strong>s ao estu<strong>do</strong><br />
propriamente dito, mas, ao cotidiano <strong>do</strong>s ilhéus. Sen<strong>do</strong> assim, algumas consultas<br />
foram realiza<strong>da</strong>s pela médica Cristina Carrazzone e intervenções sociais e<br />
encaminhamentos foram feitos pela assistente social Sálvea Campelo. No entanto,<br />
um fato que chamou bastante atenção foi a freqüência com que as questões<br />
associa<strong>da</strong>s à sexuali<strong>da</strong>de, principalmente feminina, vieram à tona.<br />
Durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> Pesquisa as listas com os nomes <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos foram<br />
checa<strong>da</strong>s e atualiza<strong>da</strong>s, surgin<strong>do</strong>, inclusive, novos indivíduos cujos nomes não<br />
estavam registra<strong>do</strong>s em nenhuma delas. Dos 120 indivíduos, verifica<strong>do</strong>s aqueles<br />
que migraram definitivamente <strong>da</strong> Ilha para o Continente, os que ain<strong>da</strong> não haviam<br />
completa<strong>do</strong> os 60 anos de i<strong>da</strong>de e os casos de óbito, permaneceram 90 i<strong>do</strong>sos.<br />
76
Vale salientar que não se contava com o apoio permanente de transporte, recurso<br />
escasso na Ilha, fato que dificultou, ain<strong>da</strong> mais, o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho. O<br />
desgaste emocional <strong>da</strong>s pesquisa<strong>do</strong>ras foi intenso, no entanto, o físico foi exaustivo.<br />
Na ver<strong>da</strong>de, apesar de ter si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> o pré-teste <strong>do</strong> instrumento de coleta de<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s, junto aos i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong> ambulatório de gerontogeriatria <strong>do</strong> HUOC/UPE, as<br />
entrevistas realiza<strong>da</strong>s no ambiente <strong>do</strong>miciliar deman<strong>da</strong>m maior duração de tempo<br />
devi<strong>do</strong> ao deslocamento <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e fatores relaciona<strong>do</strong>s ao cotidiano <strong>do</strong><br />
i<strong>do</strong>so, como por exemplo, a presença de familiares, principalmente <strong>do</strong>s netos, no<br />
momento <strong>da</strong> pesquisa. Em média, as entrevistas duraram 42 minutos, haven<strong>do</strong><br />
casos em que foram necessários 120 minutos, ou seja, duas horas para o<br />
preenchimento completo <strong>do</strong> BOAS.<br />
Apesar de to<strong>do</strong> esforço, contan<strong>do</strong> com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> equipe de saúde<br />
local e <strong>da</strong> Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des estruturais,<br />
<strong>do</strong> esgotamento físico <strong>da</strong>s pesquisa<strong>do</strong>ras e <strong>do</strong>s imprevistos - para se ter uma idéia,<br />
alguns i<strong>do</strong>sos só foram entrevista<strong>do</strong>s após a quarta ou quinta visita <strong>do</strong>miciliar - o<br />
prazo de oito dias foi esgota<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> apenas 73 i<strong>do</strong>sos haviam si<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>s.<br />
A pesquisa <strong>do</strong>cumental não foi realiza<strong>da</strong> e existia uma per<strong>da</strong> de mais de 10% <strong>do</strong><br />
universo, ten<strong>do</strong> em vista que o total, até então, era de 90 indivíduos.<br />
No dia 06 de novembro, no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> manhã, antes de retornar ao Recife, to<strong>do</strong><br />
processo foi comunica<strong>do</strong> ao então Administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> DEFN, no Palácio de São<br />
Miguel, momento em que também foi coloca<strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> retorno à Ilha para<br />
concluir a pesquisa de campo e realizar a <strong>do</strong>cumental.<br />
77
Ao chegar ao Recife, imediatamente, foi visita<strong>do</strong> um casal de i<strong>do</strong>sos, cujos nomes<br />
constavam na relação <strong>do</strong>s 90 indivíduos. Os <strong>do</strong>is revelaram que não voltariam mais<br />
à Ilha, pois, haviam mu<strong>da</strong><strong>do</strong> definitivamente de endereço. Sen<strong>do</strong> assim, coincidin<strong>do</strong><br />
com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE (2000), eram 88 i<strong>do</strong>sos os residentes no DEFN.<br />
Estava concluí<strong>do</strong> o Censo, constan<strong>do</strong> os nomes, apeli<strong>do</strong>s, localização e telefones<br />
<strong>do</strong>s 88 indivíduos. Tal <strong>do</strong>cumento foi remeti<strong>do</strong> à Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas.<br />
Naquele momento, era uma preocupação latente <strong>do</strong> profissional o<strong>do</strong>ntólogo local,<br />
saber qual o esta<strong>do</strong> de saúde bucal <strong>da</strong> população de i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong> Ilha. Numa conversa<br />
informal, o mesmo foi comunica<strong>do</strong> a respeito <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de se fazer um<br />
acompanhamento dessa população especial, diante <strong>do</strong> que havia si<strong>do</strong> registra<strong>do</strong><br />
nessa área específica de atenção à saúde. O Censo foi repassa<strong>do</strong> ao o<strong>do</strong>ntólogo<br />
que visitou e avaliou to<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos.<br />
O segun<strong>do</strong> momento <strong>da</strong> pesquisa de campo e a <strong>do</strong>cumental, apoia<strong>do</strong> pelo<br />
CPqAM/Fiocruz e pela Adminisração <strong>do</strong> DEFN, foi agen<strong>da</strong><strong>do</strong> para o perío<strong>do</strong> de 14 a<br />
20 de dezembro de 2002. Naquela ocasião, por questões éticas, a autorização para<br />
manuseio <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong> Hospital São Lucas foi solicita<strong>da</strong> formalmente. E outro<br />
pedi<strong>do</strong> foi feito, informalmente, para que fosse providencia<strong>da</strong> a seleção <strong>do</strong>s<br />
prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, facilitan<strong>do</strong> o desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa <strong>do</strong>cumental.<br />
Outra vez a surpresa, ao chegar à Ilha foi constata<strong>do</strong> que os prontuários não haviam<br />
si<strong>do</strong> separa<strong>do</strong>s e novamente o planejamento necessitou ser altera<strong>do</strong>. Após<br />
entrevistar alguns i<strong>do</strong>sos, se visitava o Hospital São Lucas na tentativa de encontrar<br />
mais algum prontuário. Nesse perío<strong>do</strong>, foram realiza<strong>da</strong>s mais 7 (sete) entrevistas e<br />
78
consulta<strong>do</strong>s apenas 38 <strong>do</strong>s 88 prontuários solicita<strong>do</strong>s. Praticamente, a pesquisa<br />
<strong>do</strong>cumental foi inviabiliza<strong>da</strong> pela falta <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s prontuários. O fato foi<br />
comunica<strong>do</strong> à Diretoria <strong>do</strong> Hospital local e o problema já foi soluciona<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong><br />
informações, atualmente to<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos possuem seus respectivos prontuários,<br />
inclusive com os registros <strong>do</strong> acompanhamento feito pelo PSF.<br />
Diante <strong>da</strong> alta prevalência de HA e DM, toman<strong>do</strong> por base os diagnósticos referi<strong>do</strong>s<br />
pela população de i<strong>do</strong>sos e levan<strong>do</strong> em consideração as falhas no processo <strong>da</strong><br />
pesquisa <strong>do</strong>cumental, se fez necessária mais uma visita à Ilha, dessa vez, para<br />
comparar os diagnósticos, realizan<strong>do</strong> os testes de glicemia digital e aferimento de<br />
pressão arterial.<br />
No dia 02 de setembro de 2003 foi realiza<strong>da</strong> reunião com o Coordena<strong>do</strong>r de Saúde,<br />
na sede <strong>da</strong> Administração <strong>do</strong> DEFN, em Recife, para esclarecimentos sobre os<br />
objetivos <strong>da</strong> nova visita à Ilha. Foram solicita<strong>do</strong>s e acerta<strong>do</strong>s os detalhes <strong>do</strong>s<br />
procedimentos técnicos e administrativos que seriam necessários à realização <strong>do</strong>s<br />
testes para diagnóstico de HA e DM, incluin<strong>do</strong> a disponibili<strong>da</strong>de de recursos<br />
humanos e materiais.<br />
Vale registrar, com a chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> Coordena<strong>do</strong>r de Saúde, foi planeja<strong>da</strong> e realiza<strong>da</strong> a<br />
primeira Conferência Distrital de Saúde em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, de 26 a 27 de<br />
setembro, constituin<strong>do</strong> um marco histórico nas relações sociais <strong>da</strong> Ilha, evento <strong>do</strong><br />
qual o CPqAM/Fiocruz fez parte, atenden<strong>do</strong> ao convite para participar <strong>da</strong><br />
Conferência de Abertura, proferir algumas palestras e coordenar mesas (anexo 7).<br />
Sem sombra de dúvi<strong>da</strong>, outra experiência inesquecível! Em decorrência <strong>do</strong> evento,<br />
79
pela primeira vez na história, o DEFN seria representa<strong>do</strong> na V Conferência Estadual<br />
de Saúde de Pernambuco, em Olin<strong>da</strong>, no mês de novembro de 2003.<br />
Mestran<strong>da</strong> e orienta<strong>do</strong>r, voltam à Ilha no dia 25 de setembro de 2003, dessa vez<br />
patrocina<strong>do</strong>s pela Mongeral, CPqAM/Fiocruz, Laboratório Roche e Administração <strong>do</strong><br />
DEFN. Apesar <strong>do</strong>s contatos prévios, ocorreram imprevistos que prejudicaram o<br />
desenvolvimento <strong>do</strong>s testes de glicemia digital e aferimento <strong>da</strong> pressão arterial. A<br />
dificul<strong>da</strong>de de transporte, bem como o não treinamento <strong>da</strong> equipe para utilizar o<br />
glicosímetro, inviabilizaram os <strong>do</strong>is primeiros dias de pesquisa. Contorna<strong>do</strong>s os<br />
problemas, o processo fluiu até o final <strong>do</strong> trabalho de campo, com o total apoio <strong>da</strong><br />
equipe <strong>do</strong> Hospital São Lucas, principalmente, com a participação efetiva <strong>do</strong>s<br />
técnicos de enfermagem, agentes de saúde e motoristas.<br />
Para trabalhar <strong>da</strong> melhor maneira possível, em acor<strong>do</strong> com a equipe de saúde local,<br />
o agen<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s testes foi feito pelo ACS responsável por ca<strong>da</strong> área específica,<br />
o qual se encarregava de comunicar sobre a visita, o objetivo e a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
jejum. Para não provocar ansie<strong>da</strong>de nos i<strong>do</strong>sos nem deixá-los esperan<strong>do</strong> sem se<br />
alimentar durante muito tempo, a equipe se reunia no Hospital a partir <strong>da</strong>s 5:30h<br />
(Noronha está sempre em horário de verão), e partia para o trabalho de campo, por<br />
isso, foi apeli<strong>da</strong><strong>da</strong> de ‘HTXLSH EDFXUDX’.<br />
A partir <strong>do</strong>s testes, conforme parâmetros utiliza<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s estavam<br />
altera<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos eram aconselha<strong>do</strong>s a procurar o serviço de saúde. Em três<br />
momentos ocorreram intervenções mais específicas, envolven<strong>do</strong> um caso de<br />
depressão e <strong>do</strong>is de DM completamente descontrola<strong>da</strong>, cujos valores de glicose<br />
80
plasmática atingiram os limites <strong>do</strong>s 496 mg/dl e 427 mg/dl, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> imediatamente<br />
encaminha<strong>do</strong>s ao Hospital São Lucas.<br />
Eis alguns detalhes <strong>do</strong> trabalho de campo que, não raras as vezes, se repetem de<br />
alguma forma no cotidiano <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res. Diante de to<strong>do</strong> processo e,<br />
principalmente <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong>, seria oportuno encerrar este item reproduzin<strong>do</strong> as<br />
conheci<strong>da</strong>s palavras de Helder Câmara: “Não, não pares. É graça divina começar<br />
bem. É graça maior persistir na caminha<strong>da</strong> certa, manter o ritmo [...] Mas a graça<br />
<strong>da</strong>s graças é não desistir [...]”.<br />
81
5(68/7$'26<br />
Dan<strong>do</strong> continui<strong>da</strong>de ao trabalho, neste item, serão apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Censo realiza<strong>do</strong> envolven<strong>do</strong> a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN. Do universo de 88<br />
indivíduos, foram entrevista<strong>do</strong>s 80, portanto os percentuais expressam o número de<br />
i<strong>do</strong>sos acompanha<strong>do</strong>s e/ou estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s durante as pesquisas de campo, <strong>do</strong>cumental<br />
e testes de glicemia digital e aferimento de pressão arterial. A seqüência <strong>da</strong>s<br />
informações segue o mesmo roteiro <strong>da</strong>s Seções <strong>do</strong> BOAS, conforme registra<strong>do</strong> na<br />
meto<strong>do</strong>logia.<br />
,QIRUPDo}HV *HUDLV ± 6HomR , GR %2$6<br />
Consideran<strong>do</strong> a distribuição <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos por sexo, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Gráfico 1 revelam, na<br />
Ilha, maior número de indivíduos <strong>do</strong> sexo masculino em relação ao sexo feminino,<br />
porém, no caso específico desta população, a análise realiza<strong>da</strong> demonstra não<br />
haver diferença estatisticamente significativa entre os <strong>do</strong>is grupos.<br />
2<br />
( χ 1 = 0,05 p = 0,9971)<br />
Masculino Feminino<br />
82
Em relação à i<strong>da</strong>de, existe diferença estatisticamente significativa (p = 0,035) na<br />
distribuição por grupos etários. Na Tabela 1 é observa<strong>do</strong> que 58,8% concentra-se no<br />
intervalo <strong>do</strong>s 60 aos 69 anos, caracterizan<strong>do</strong> uma população de i<strong>do</strong>sos<br />
relativamente jovens. Ao estabelecer uma relação entre i<strong>da</strong>de e sexo, os resulta<strong>do</strong>s<br />
demonstram que 48,8% <strong>do</strong>s homens e 28,2% <strong>da</strong>s mulheres atingiram ou<br />
ultrapassaram a faixa <strong>do</strong>s 70 anos de vi<strong>da</strong>.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6H[R H ,GDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
,GDGH 6H[R 0DVFXOLQR )HPLQLQR 7RWDO<br />
)DL[D (WiULD 1 1 1<br />
60 a 64 16 39,0 10 25,6 26 32,5<br />
65 a 69 5 12,2 16 41,0 21 26,2<br />
70 a 74 9 22,0 6 15,4 15 18,8<br />
75 e +<br />
2<br />
( χ 3 = 8,59 p = 0,0353)<br />
11 26,8 7 18,0 18 22,5<br />
Na Tabela 2, percebe-se, com exceção de <strong>do</strong>is indivíduos nasci<strong>do</strong>s na Ilha, que a<br />
7DEHOD<br />
grande maioria migrou de vários esta<strong>do</strong>s nordestinos, principalmente de<br />
Pernambuco, 43,8%, e <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte, 33,8%, embora o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Amazonas também esteja representa<strong>do</strong> no universo <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j 1DWXUDOLGDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
1DWXUDOLGDGH 1<br />
Pernambuco 35 43,8<br />
Rio Grande <strong>do</strong> Norte 27 33,8<br />
Paraíba 8 10,0<br />
Ceará 3 3,8<br />
Alagoas 2 2,5<br />
Noronha/PE 2 2,5<br />
Amazonas 1 1,2<br />
Bahia 1 1,2<br />
Sergipe 1 1,2<br />
Consideran<strong>do</strong> o tempo de moradia na Ilha, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 3 demonstram haver<br />
diferenças estatísticas significativas (p < 0,00001) na medi<strong>da</strong> em que, a grande<br />
maioria, 56,3% <strong>do</strong>s indivíduos, reside na Ilha há 41 anos e mais. Foi verifica<strong>do</strong> que<br />
83
65% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos visitaram o Continente há menos de 01 (um) ano (p = 0,000...),<br />
indican<strong>do</strong> alto grau de mobili<strong>da</strong>de. Consideran<strong>do</strong> o número de respostas, os motivos<br />
mais freqüentes para as vin<strong>da</strong>s ao Continente foram: tratamento de saúde (51,2%),<br />
visitar familiares (30%) e vin<strong>da</strong>s a passeio (21%). Alguns também vieram a trabalho<br />
(10%).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 7HPSR GH 0RUDGLD QD ,OKD ÒOWLPD 9LVLWD<br />
IHLWD DR &RQWLQHQWH H 0RWLYR GD 9LVLWD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
&DUDFWHUtVWLFDV GD 0RELOLGDGH<br />
7HPSR GH PRUDGLD DQRV<br />
Até 10 10 12,4<br />
11 a 20 13 16,3<br />
21 a 40 12 15,0<br />
41 e + 45 56,3<br />
( χ = 41,9 p < 0,00001)<br />
2<br />
3<br />
ÒOWLPD YLVLWD DR &RQWLQHQWH DQRV<br />
Menos de 1 52 65,0<br />
1 a 2 18 22,6<br />
3 e + 10 12,4<br />
( χ = 37,3 p = 0,0000)<br />
2<br />
2<br />
0RWLYR GD 9LVLWD<br />
Tratamento de saúde 41 51,2<br />
Visitar familiares 24 30,0<br />
Passeio 21 26,3<br />
Outros 10 12,4<br />
Trabalho 8 10,0<br />
1<br />
%<br />
84
A Tabela 4 demonstra que, apesar de 63,4% <strong>do</strong>s homens e 64,1% <strong>da</strong>s mulheres<br />
afirmarem saber ler e escrever, nos indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> grau de escolari<strong>da</strong>de formal<br />
percebe-se o deficiente nível educacional, ten<strong>do</strong> em vista que 38,5% <strong>do</strong>s homens e<br />
20% <strong>da</strong>s mulheres aprenderam a ler e escrever sem freqüentar escola. Convém<br />
destacar que a partir <strong>do</strong> curso primário somente 02 (<strong>do</strong>is) i<strong>do</strong>sos completaram o 2º<br />
grau e 05 (cinco) possuem estu<strong>do</strong>s universitários.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6H[R H *UDX GH (VFRODULGDGH )HUQDQGR GH<br />
1RURQKD<br />
*UDX GH (VFRODULGDGH<br />
6DEH OHU H HVFUHYHU<br />
0DVFXOLQR )HPLQLQR 7RWDO<br />
1 1 1<br />
Sim 26 63,4 25 64,1 51 63,8<br />
Não 15 36,6 14 35,9 29 36,2<br />
( χ = 0,00 p = 0,9493)<br />
2<br />
1<br />
(VFRODULGDGH<br />
Nenhuma 10 38,5 5 20,0 15 29,4<br />
Primário 12 46,2 14 56,0 26 51,0<br />
Ginásio ou 1º grau 0 0,0 3 12,0 3 5,9<br />
2º grau completo 1 3,8 1 4,0 2 3,9<br />
Curso superior 3 11,5 2 8,0 5 9,8<br />
Quanto ao esta<strong>do</strong> conjugal, existe diferença estatisticamente significativa<br />
(p= 0,000...), desta forma, 66,2% <strong>do</strong>s indivíduos estão casa<strong>do</strong>s ou moran<strong>do</strong> junto<br />
com um(a) companheiro(a), dentre os quais, 67,7% selaram tal união há mais de<br />
trinta anos. Com relação à i<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s cônjuges, percebe-se que 34% são pessoas<br />
<strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s, na faixa etária <strong>do</strong>s 60 aos 69 anos de i<strong>da</strong>de e 22,6% acima <strong>do</strong>s 70 anos,<br />
muito embora 18,9% ain<strong>da</strong> sejam adultos jovens com i<strong>da</strong>de até os 49 anos.<br />
(Tabela 5).<br />
85
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU (VWDGR &RQMXJDO 7HPSR GH 8QLmR H ,GDGH<br />
GR &{QMXJH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
6LWXDomR &RQMXJDO<br />
(VWDGR FRQMXJDO<br />
Casa<strong>do</strong>/ Moran<strong>do</strong> junto 53 66,2<br />
Viúvo 22 27,5<br />
Divorcia<strong>do</strong>/ Separa<strong>do</strong> 3 3,8<br />
Nunca casou 2 2,5<br />
( χ = 85,3 p = 0,0000)<br />
2<br />
3<br />
7HPSR GH XQLmR DQRV<br />
Até 14 8 15,1<br />
15 a 29 6 11,3<br />
30 a 44 17 32,1<br />
45 e + 19 35,8<br />
Não Sabe/Não responde 3 5,7<br />
,GDGH GR F{QMXJH<br />
Até 39 2 3,8<br />
40 a 49 8 15,1<br />
50 a 59 10 18,8<br />
60 a 69 18 34,0<br />
70 e + 12 22,6<br />
Não Sabe/Não Responde 3 5,7<br />
Referente ao arranjo familiar, conforme observa<strong>do</strong> na Tabela 6, visivelmente, a atual<br />
geração de i<strong>do</strong>sos ilhéus foi responsável pelo crescimento demográfico na Ilha onde,<br />
a maioria, ou seja, 91,3% teve mais que três filhos.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 1~PHUR GH )LOKRV DV 9LYRV DV<br />
)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
1~PHUR GH ILOKRV<br />
Até 2 7 8,8<br />
3 a 4 21 26,2<br />
5 a 6 17 21,3<br />
7 a 8 14 17,5<br />
9 a 10 10 12,4<br />
11 e + 11 13,8<br />
2<br />
( χ 5 = 9,70 p = 0,0842)<br />
1<br />
1<br />
86<br />
%
A respeito <strong>do</strong> arranjo <strong>do</strong>miciliar, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s na Tabela 7 demonstram que apenas<br />
3,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos moram sozinhos, 26,2% com 2 ou 3 pessoas, 18,8% com 4 ou 4 e<br />
25% estão residin<strong>do</strong> com, no mínimo, 6 pessoas. Para 73,8% o espaço físico <strong>da</strong><br />
casa é suficiente, embora 16,3% reclame pela falta de privaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>miciliar. Um<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong> peculiar <strong>do</strong> grupo pesquisa<strong>do</strong> diz respeito ao fato de 20% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos terem<br />
suas casas utiliza<strong>da</strong>s como Pousa<strong>da</strong>s, participan<strong>do</strong> <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s à área de<br />
turismo, no momento em que 75% destes trabalham regularmente nas referi<strong>da</strong>s<br />
Pousa<strong>da</strong>s.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6LWXDomR GH 0RUDGLD )HUQDQGR GH<br />
1RURQKD<br />
6LWXDomR GH 0RUDGLD 1<br />
1~PHUR GH SHVVRDV UHVLGLQGR FRP R LGRVR<br />
Nenhuma 3 3,8<br />
1 18 22,4<br />
2 a 3 21 26,2<br />
4 a 5 15 18,8<br />
6 e + 20 25,0<br />
Não Sabe/Não Responde 3 3,8<br />
(VSDoR ItVLFR VXILFLHQWH SDUD IDPtOLD<br />
Sim 59 73,8<br />
Não 13 16,2<br />
Não Sabe/Não Responde 8 10,0<br />
&DVD XWLOL]DGD FRPR SRXVDGD<br />
Sim 16 20,0<br />
Não 64 80,0<br />
'HVHPSHQKD DWLYLGDGH QD SRXVDGD<br />
Sim 12 75,0<br />
Não 4 25,0<br />
87
A análise estatística <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Gráfico 2 demonstra diferença significativa<br />
(p = 0,000...) na distribuição, pelo fato <strong>da</strong> grande maioria afirmar estar satisfeita com<br />
a vi<strong>da</strong>. Os relatos de insatisfação estão relaciona<strong>do</strong>s a problemas de alcoolismo, por<br />
exemplo, enfrenta<strong>do</strong>s pelos i<strong>do</strong>sos no âmbito familiar, geralmente envolven<strong>do</strong> seus<br />
descendentes diretos: filhos e/ou netos.<br />
2<br />
( χ 1 = 72,2 p = 0,0000)<br />
6D~GH )tVLFD ± 6HomR ,, GR %2$6<br />
Satisfeito Insatisfeito<br />
A análise <strong>da</strong> Tabela 8 revela diferenças estatisticamente significativas nas<br />
distribuições <strong>da</strong>s variáveis observa<strong>da</strong>s. 71,2% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos auto-avaliam o esta<strong>do</strong> de<br />
saúde como sen<strong>do</strong> bom, 15% ótimo e 13,8% ruim (p = 0,000...). Em comparação<br />
com os últimos 05 (cinco) anos, para 47,4% o esta<strong>do</strong> de saúde continua o mesmo;<br />
23,8% afirma ter melhora<strong>do</strong> e 28,8% refere ter piora<strong>do</strong>. Ao se comparar às pessoas<br />
88
conheci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mesma i<strong>da</strong>de ou faixa etária, 57,5% acredita estar em melhores<br />
condições de saúde, 21,3% igual e apenas 10% se sente pior.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $XWR DYDOLDomR GR (VWDGR GH 6D~GH<br />
)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
$XWR DYDOLDomR GR HVWDGR GH VD~GH 1<br />
&ODVVLILFDomR<br />
Ótima 12 15,0<br />
Boa 57 71,2<br />
Ruim 11 13,8<br />
( χ = 51,78 p = 0,0000)<br />
2<br />
2<br />
&RPSDUDomR FRP RV ~OWLPRV DQRV<br />
Melhorou 19 23,8<br />
Igual 38 47,4<br />
Piorou 23 28,8<br />
( χ =7,53 p = 0,0232)<br />
2<br />
2<br />
&RPSDUDomR FRP RXWUDV SHVVRDV<br />
Melhor 46 57,5<br />
Igual 17 21,3<br />
Pior 8 10,0<br />
Não Sabe/Não Responde<br />
2<br />
( χ 3 = 47,5 p = 0,0000)<br />
9 11,2<br />
Em relação à morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong>, foi constata<strong>do</strong> que na população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> 75%<br />
apresenta problema de saúde, sen<strong>do</strong> altas as prevalências <strong>da</strong>s DCNT, onde 36,3%<br />
refere HA e 17,5% DM. Entre os que relatam problemas de saúde, 32,8% informam<br />
prejuízos à Capaci<strong>da</strong>de Funcional. (Tabela 9).<br />
89
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 'LDJQyVWLFR 5HIHULGR GH 6D~GH H<br />
LQGLFDomR GH 3UHMXt]R j &DSDFLGDGH )XQFLRQDO )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
'LDJQyVWLFR 5HIHULGR GH 6D~GH 1<br />
7HP SUREOHPDV GH VD~GH<br />
Sim 60 75,0<br />
Não 19 23,7<br />
Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />
3ULQFLSDLV SUREOHPDV GH VD~GH<br />
HAS 29 36,3<br />
Sistema Osteo-muscular 19 23,9<br />
Diabetes 14 17,5<br />
Problemas de visão 7 8,8<br />
Doenças <strong>do</strong> Coração 4 5,0<br />
Sistema Circulatório 3 3,8<br />
Doenças Digestivas 3 3,8<br />
Outros 17 21,4<br />
3UHMXt]R j FDSDFLGDGH IXQFLRQDO<br />
Sim 20 32,8<br />
Não 40 65,6<br />
Não Sabe/Não Responde 1 1,6<br />
A pesquisa <strong>do</strong>cumental revelou que menos <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, ou seja,<br />
47,5%, tinha prontuário naquele momento. Entre os que possuíam prontuário, em<br />
97,4% <strong>do</strong>s casos, constava algum registro de consulta de Atenção Primária e<br />
Hospitalização, 94,6% apresentava diagnósticos e 74,3% confirmava, pelo menos,<br />
um diagnóstico referi<strong>do</strong> pelo entrevista<strong>do</strong>. Entre os 25,7% prontuários com<br />
diagnósticos não confirma<strong>do</strong>s, a maioria registrava <strong>do</strong>enças não referi<strong>da</strong>s pelos<br />
i<strong>do</strong>sos e atendimentos de emergência. (Tabela 10).<br />
90<br />
%
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GDV IUHT rQFLDV GRV LGRVRV GR '()1 SRU 6LWXDomR GRV 3URQWXiULRV QR +RVSLWDO<br />
6mR /XFDV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
6LWXDomR GR 3URQWXiULR<br />
7HP SURQWXiULR<br />
Sim 38 47,5<br />
Não 42 52,5<br />
$WHQGLPHQWR 5HJLVWUDGR<br />
Sim 37 97,4<br />
Não 1 2,6<br />
'LDJQyVWLFR 5HJLVWUDGR<br />
Sim 35 94,6<br />
Não 2 5,4<br />
&RQILUPD GLDJQyVWLFR<br />
Sim 26 74,3<br />
Não 9 25,7<br />
Do total de 80 i<strong>do</strong>sos que participaram <strong>da</strong> pesquisa de campo, 58 realizaram o teste<br />
de glicemia digital, dentre os quais, 7 não estavam em jejum e foram excluí<strong>do</strong>s <strong>da</strong><br />
Tabela, no entanto, além de não referir DM, este grupo apresentou resulta<strong>do</strong>s dentro<br />
<strong>do</strong>s parâmetros <strong>da</strong> normali<strong>da</strong>de; 2 indivíduos haviam faleci<strong>do</strong>; 2 não foram<br />
localiza<strong>do</strong>s; 7 se recusaram a realizar o exame e 11 não estavam na Ilha naquele<br />
momento. Como pode ser observa<strong>do</strong> na Tabela 11, a maioria, ou seja, 70,6% <strong>do</strong>s<br />
i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s ao teste de glicemia digital, apresentaram resulta<strong>do</strong>s normais;<br />
15,7% estavam com a glicemia de jejum altera<strong>da</strong> ou tolerância à glicose diminuí<strong>da</strong> e<br />
13,7% configuravam suspeição de casos de DM.<br />
1<br />
91
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV LGRVRV GR '()1 SRU 9DORUHV GH *OLFRVH 3ODVPiWLFD HP PJ GO<br />
)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
&DWHJRULDV 1<br />
'0 UHIHULGD<br />
Sim 14 17,5<br />
Não 66 82,5<br />
Total 80 100,0<br />
'0 PHGLGD<br />
Glicemia normal (126) 7 13,7<br />
Total¹ 51 100,0<br />
'LIHUHQoDð<br />
p-valor=0,5659<br />
0HGLFDGR D<br />
Sim 2 3,9<br />
Não 49 96,1<br />
(1) Sete indivíduos não estavam em jejum e não referiam DM. (2) A diferença entre as prevalências encontra<strong>da</strong>s<br />
(DM referi<strong>da</strong> e DM medi<strong>da</strong>) foi de 3,8%, não haven<strong>do</strong> diferença significativa estatisticamente.<br />
Do total de 80 i<strong>do</strong>sos que participaram <strong>da</strong> pesquisa de campo, 58 tiveram PA<br />
aferi<strong>da</strong>; 2 indivíduos haviam faleci<strong>do</strong>; 2 não foram localiza<strong>do</strong>s; 7 se recusaram a<br />
realizar o exame e 11 não estavam na Ilha naquele momento. Como pode ser<br />
observa<strong>do</strong> na Tabela 12, metade <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos submeti<strong>do</strong>s ao aferimento de PA,<br />
apresentaram resulta<strong>do</strong>s altera<strong>do</strong>s, indican<strong>do</strong> suspeição de casos.<br />
92
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV LGRVRV GR '()1 SRU 9DORUHV GH 3UHVVmR $UWHULDO )HUQDQGR GH<br />
1RURQKD<br />
&DWHJRULDV 1 %<br />
+$ UHIHULGD<br />
Sim 29 36,3<br />
Não 51 64,7<br />
Total 80 100,0<br />
+$ DIHULGDï<br />
Sim (• PP +J PP +J 29 50,0<br />
Não (< 140 mm Hg/90 mm Hg) 29 50,0<br />
Total 58 100,0<br />
'LIHUHQoDð<br />
p-valor=0,1063<br />
0HGLFDGR D ñ<br />
Sim 6 10,3<br />
Não 51 87,9<br />
(1) Dos i<strong>do</strong>sos aferi<strong>do</strong>s 09 (nove) apresentaram PA diastólica isola<strong>da</strong> altera<strong>da</strong> e 01 (um) sistólica isola<strong>da</strong><br />
altera<strong>da</strong>. (2) A diferença entre as prevalências encontra<strong>da</strong>s (PA referi<strong>da</strong> e PA aferi<strong>da</strong>) foi de 13,7%, não haven<strong>do</strong><br />
diferença significativa estatisticamente. (3) Um <strong>do</strong>s indivíduos não sabia/lembrava se havia si<strong>do</strong> medica<strong>do</strong> antes<br />
<strong>do</strong> aferimento <strong>da</strong> PA.<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s na Tabela 13 revelam que, <strong>do</strong> universo pesquisa<strong>do</strong>, 15 indivíduos referem<br />
inibição <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de, 24 referem problemas nas articulações e 8 sofreram que<strong>da</strong>s<br />
no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s três meses que antecederam a pesquisa de campo.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU DXWR DYDOLDomR GD &DSDFLGDGH 0RWRUD H<br />
UHODWR GH RFRUUrQFLD GH 4XHGDV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
&DSDFLGDGH 0RWRUD 1<br />
3UREOHPDV PRWRUHV<br />
Inibição <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de 15 37,5<br />
Problemas nas articulações 24 60,0<br />
Falta de membros 1 2,5<br />
4XHGD QRV ~OWLPRV PHVHV<br />
Sim 8 10,0<br />
Não 72 90,0<br />
93<br />
%
Na população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> 56,3% informa que a visão está em ótimo ou bom esta<strong>do</strong> de<br />
saúde, embora 41,2% o considere ruim e 2,5% péssimo. Entre estes <strong>do</strong>is últimos<br />
grupos, 45,7% relata prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional. Referente à audição, 87,5%<br />
indica esta<strong>do</strong> de saúde bom ou ótimo, enquanto 12,5% afirma ser ruim e, deste<br />
último grupo, 60% menciona prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional, como pode ser<br />
observa<strong>do</strong> na Tabela 14.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $XWR DYDOLDomR GRV VHQWLGRV GD 9LVmR H<br />
$XGLomR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
$XWR DYDOLDomR GRV 6HQWLGRV 1<br />
9LVmR<br />
Ótima 5 6,3<br />
Boa 40 50,0<br />
Ruim 33 41,2<br />
Péssima 2 2,5<br />
3UHMXt]R j FDSDFLGDGH IXQFLRQDO<br />
Sim 16 45,7<br />
Não 19 54,3<br />
$XGLomR<br />
Ótima 32 40,0<br />
Boa 38 47,5<br />
Ruim 10 12,5<br />
3UHMXt]R j &DSDFLGDGH )XQFLRQDO<br />
Sim 6 60,0<br />
Não 4 40,0<br />
A auto-avaliação (Tabela 15) revela que apenas 15% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos apresentam bom<br />
esta<strong>do</strong> de saúde bucal e, em 87,7% <strong>do</strong>s casos, a situação é considera<strong>da</strong> ruim ou<br />
péssima. Para 76,2% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s está faltan<strong>do</strong> a maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes.<br />
Destes, 60% refere usar dente postiço, dentadura, etc.<br />
94<br />
%
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $XWR DYDOLDomR GD 6D~GH %XFDO<br />
)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
$XWR DYDOLDomR GD 6D~GH %XFDO<br />
&ODVVLILFDomR<br />
Boa 12 15,0<br />
Ruim 21 26,3<br />
Péssima 46 57,4<br />
Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />
4XDQWLGDGH GH GHQWHV<br />
Poucos dentes faltan<strong>do</strong> 19 23,8<br />
Maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes faltan<strong>do</strong> 61 76,2<br />
'HQWH SRVWLoR GHQWDGXUD HWF<br />
Sim 48 60,0<br />
Não 31 38,7<br />
Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />
O relato de ocorrência de incontinência urinária foi feito por 21,3% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s.<br />
(Gráfico 3).<br />
Sim Não<br />
1<br />
95<br />
%
8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV ± 6HomR ,,, GR %2$6<br />
Faz parte <strong>da</strong> rotina <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> contar com o serviço médico local, onde<br />
82,4% procura o Hospital São Lucas para tratamento de saúde. Em relação ao<br />
serviço o<strong>do</strong>ntológico, a maioria, ou seja, 46,3% não procura atendimento nenhum<br />
alegan<strong>do</strong> a falta <strong>da</strong> maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes e me<strong>do</strong> <strong>do</strong> ‘dentista', no entanto,<br />
40% busca atendimento no serviço dentário local. A insatisfação foi manifesta<strong>da</strong> por<br />
2,5% <strong>do</strong>s usuários i<strong>do</strong>sos e a grande maioria (86,2%) se revela satisfeita com os<br />
serviços presta<strong>do</strong>s no Hospital de maneira geral. (Tabela 16).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j 8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV<br />
)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
8WLOL]DomR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV H 'HQWiULRV 1<br />
6HUYLoR PpGLFR SURFXUDGR<br />
Nenhum 7 8,8<br />
Hospital São Lucas 66 82,4<br />
Serviço Credencia<strong>do</strong>/ Continente 7 8,8<br />
6HUYLoR RGRQWROyJLFR SURFXUDGR<br />
Nenhum 37 46,2<br />
Hospital São Lucas 32 40,0<br />
Serviço Credencia<strong>do</strong>/ Continente 7 8,8<br />
Serviço Particular 4 5,0<br />
6DWLVIDomR FRP RV VHUYLoRV<br />
Satisfeito 69 86,2<br />
Não satisfeito(a) 2 2,5<br />
Não utiliza 7 8,8<br />
Não Sabe/ Não Responde 2 2,5<br />
96<br />
%
Consideran<strong>do</strong> o número de respostas, percebe-se que a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (51)<br />
foi consulta<strong>da</strong> por profissionais médicos; (43) fizeram exames clínicos; outros (16)<br />
foram ao hospital local para receber medicação; um número considerável (12)<br />
foram socorri<strong>do</strong>s na emergência; alguns (8) estiveram interna<strong>do</strong>s em hospital ou<br />
clínica; um grupo (11) foi ao dentista e poucos (2) fizeram tratamento fisioterápico,<br />
pelo menos uma vez nos três meses que antecederam o momento <strong>da</strong> pesquisa de<br />
campo. Consideran<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 17, é possível verificar que tais<br />
deman<strong>da</strong>s, na maioria <strong>do</strong>s casos, ocorreram mais de uma vez durante o perío<strong>do</strong><br />
delimita<strong>do</strong>.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 SRU )UHT rQFLD GH 8VR GH 6HUYLoRV 0pGLFRV QRV ~OWLPRV<br />
7UrV 0HVHV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
Consultou o médico<br />
1RV ~WOLPRV PHVHV<br />
Fez exames clínicos<br />
Fez tratamento fisioterápico<br />
Foi socorri<strong>do</strong> na emergência<br />
Foi ao hospital para receber medicação<br />
Esteve interna<strong>do</strong> em hospital ou clínica<br />
Foi ao dentista<br />
8PD YH] 0DV GH XPD YH]<br />
1 % 1 %<br />
¥¨ §© ¦© ©¨ ¨§¥¨¨¨¥§¥£¨¥¥¦¨© ¨<br />
¢¡¤£¦¥¨§©¥¨¨¨£§<br />
¦¥§¥£¦¥¦¥¨©¦ ¦£§ ¥ §© ¦<br />
¥¨§¥<br />
51<br />
43<br />
2<br />
12<br />
16<br />
8<br />
11<br />
35,7<br />
30,1<br />
1,3<br />
8,4<br />
11,2<br />
5,6<br />
7,7<br />
31<br />
27<br />
2<br />
5<br />
11<br />
5<br />
5<br />
60,8<br />
62,8<br />
100<br />
41,7<br />
68,8<br />
62,5<br />
45,5<br />
97
Com base nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 18, entre os entrevista<strong>do</strong>s, 71,3% faz uso de<br />
óculos ou lentes de contato; 60% possui dentes postiços, dentadura ou ponte<br />
e apenas 2,5% usa bengala. A maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (63,8%) faz uso de pelo<br />
menos um medicamento; 28,2% de um a <strong>do</strong>is e 11,8% até três<br />
medicamentos. Apenas um indivíduo referiu auto-medicação.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 8WLOL]DomR GH $MXGDV $SRLRV H<br />
0HGLFDPHQWRV H UHODWR GH $XWR PHGLFDomR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
$MXGDV $SRLRV 0HGLFDPHQWRV 1<br />
8VR GH $MXGDV $SRLRV<br />
Dentes postiços, dentadura, ponte 48 60,0<br />
Óculos ou lentes de contato 57 71,3<br />
Bengala 2 2,5<br />
8VR GH PHGLFDPHQWRV<br />
Sim 51 63,8<br />
Não 29 36,2<br />
4XDQWLGDGH GH PHGLFDPHQWRV<br />
1 (um) 51 60,0<br />
2 (<strong>do</strong>is) 24 28,2<br />
3 (três) 10 11,8<br />
$XWR PHGLFDomR<br />
Sim 1 2,0<br />
Não 50 98,0<br />
Ao informar o possível cui<strong>da</strong><strong>do</strong>r, em caso de necessi<strong>da</strong>de, 42,4% aponta a filha<br />
mulher como a pessoa mais indica<strong>da</strong>, 40,0% recorreria ao(à)<br />
esposo(a)/companheiro(a), 10% conta com o filho, 5% com outro familiar e um<br />
indivíduo não identifica possível cui<strong>da</strong><strong>do</strong>r. (Tabela 19).<br />
98<br />
%
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU ,GHQWLILFDomR GH 3HVVRDV TXH SRGHULDP<br />
FXLGi ORV HP FDVR GH 'RHQoD H RX ,QFDSDFLGDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
3RVVtYHO &XLGDGRU 1<br />
4XHP SRGHULD DMXGDU"<br />
Ninguém 1 1,3<br />
Esposo(a)/ Companheiro(a) 32 40,0<br />
Filho 8 10,0<br />
Filha 34 42,4<br />
Outro familiar 4 5,0<br />
Não Sabe/Não Responde 1 1,3<br />
$WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD $9'V ± 6HomR ,9 GR %2$6<br />
Do universo estu<strong>da</strong><strong>do</strong>, 83,8% recebe algum tipo de aju<strong>da</strong> de outra pessoa e 16,2%<br />
não (p = 0,000...). Ao indicar a pessoa que mais aju<strong>da</strong>, 37,3% informa ser o cônjuge<br />
e 28,4% a filha. (Tabela 20).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j $MXGD 5HFHELGD SRU 2XWUD 3HVVRD )HUQDQGR<br />
GH 1RURQKD<br />
$MXGD GH 2XWUD 3HVVRD<br />
5HFHEH DMXGD<br />
Sim 67 83,8<br />
Não 13 16,2<br />
( χ =36,45 p = 0,0000)<br />
2<br />
1<br />
3HVVRD TXH PDLV DMXGD<br />
Esposo(a)/ Companheiro(a) 25 37,3<br />
Filho 1 1,5<br />
Filha 19 28,4<br />
Outro familiar 8 11,9<br />
Emprega<strong>do</strong>(a) 8 11,9<br />
Outros 3 4,5<br />
Não Sabe/Não Responde 3 4,5<br />
1<br />
%<br />
99<br />
%
Em geral, a Tabela 21 demonstra que o grau de habili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população estu<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
para desenvolver as AVDs, indica níveis satisfatórios de autonomia e independência,<br />
valen<strong>do</strong> salientar que, entre os entrevista<strong>do</strong>s, 75% refere não sair de casa dirigin<strong>do</strong><br />
o próprio carro. A esta situação não se aplica o argumento <strong>da</strong> falta <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de, ou<br />
seja, tal informação está relaciona<strong>da</strong> a uma peculiari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ilha, onde o número de<br />
automóveis é bastante reduzi<strong>do</strong>.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU *UDX GH $XWRQRPLD H ,QGHSHQGrQFLD QR<br />
'HVHPSHQKR GDV $WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
$WLYLGDGHV GD 9LGD 'LiULD 1<br />
Sair de casa utilizan<strong>do</strong> transporte 72 90,0<br />
Sair dirigin<strong>do</strong> próprio carro 20 25,0<br />
Sair de casa p/ curtas distâncias 75 93,8<br />
Preparar a própria refeição 62 77,5<br />
Comer a refeição 78 97,5<br />
Arrumar casa, cama, etc. 63 78,8<br />
Tomar os remédios 69 86,3<br />
Vestir-se 79 98,8<br />
Pentear os cabelos 78 97,5<br />
Caminhar em superfície plana 78 97,5<br />
Subir/ descer esca<strong>da</strong>s 74 92,5<br />
Deitar e levantar <strong>da</strong> cama 79 98,8<br />
Tomar banho 78 97,5<br />
Cortar as unhas <strong>do</strong>s pés 61 76,3<br />
Ir ao banheiro em tempo 78 97,5<br />
A análise <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res de satisfação com as ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s durante o<br />
tempo livre, demonstra estatisticamente existir diferença significativa na distribuição,<br />
pois, 96,3% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos estão satisfeitos. Como pode ser observa<strong>do</strong>: 91,3% assiste<br />
TV; 90% an<strong>da</strong> pela Vila; 86,3% costuma visitar amigos e parentes; 85% recebe<br />
visitas de amigos; 84% recebe visitas de parentes; 77,5% faz compras; 71,2% ouve<br />
rádio e 70% vai à Igreja. A leitura é um hábito pratica<strong>do</strong> apenas por 42,5% <strong>do</strong>s<br />
100
i<strong>do</strong>sos; somente 44% faz alguma ativi<strong>da</strong>de de lazer e sai para encontros sociais;<br />
apenas 31,5% pratica esportes, etc. (Tabela 22).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU QDWXUH]D GDV $WLYLGDGHV 5HDOL]DGDV QR<br />
7HPSR /LYUH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
$WLYLGDGHV QR 7HPSR /LYUH<br />
Ouve rádio 57 71,2<br />
Assiste TV 73 91,3<br />
Lê revistas, livros e jornais 34 42,5<br />
Recebe visitas de parentes 67 84,0<br />
Recebe visitas de amigos 68 85,0<br />
An<strong>da</strong> pela sua Vila 72 90,0<br />
Vai à igreja 56 70,0<br />
Vai a jogos 16 20,0<br />
Pratica esporte 25 31,5<br />
Faz compras 62 77,5<br />
Visita amigos 69 86,3<br />
Visita parentes 69 86,3<br />
Sai para passeios longos 18 22,5<br />
Sai para encontros sociais 35 44,0<br />
Costura, bor<strong>da</strong>, tricota 25 31,3<br />
Faz alguma ativi<strong>da</strong>de de lazer 35 44,0<br />
Outros 21 26,3<br />
6DWLVIDomR FRP DV DWLYLGDGHV<br />
Sim 77 96,3<br />
Não 2 2,5<br />
Não Sabe/Não Responde<br />
2<br />
( χ 1 =71,2 p = 0,0000)<br />
1 1,2<br />
5HFXUVRV 6RFLDLV ± 6HomR 9 GR %2$6<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Tabela 23 demonstram que a maior parte, ou seja, 92,4% <strong>do</strong>s<br />
entrevista<strong>do</strong>s estão satisfeitos com as pessoas que residem na mesma casa. Além<br />
de dividir o espaço <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, os i<strong>do</strong>sos recebem aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> família: <strong>do</strong> total de<br />
respostas, 51,6% conta com a companhia <strong>do</strong>s parentes; 26,3% com aju<strong>da</strong> financeira<br />
e 11,6% moradia. Do total de respostas, a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos presta aju<strong>da</strong> à família:<br />
1<br />
101<br />
%
27,5% de ordem financeira e companhia; 25% de moradia; e 17,2% cui<strong>da</strong> de<br />
crianças (netos).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 6LWXDomR )DPLOLDU )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
6LWXDomR )DPLOLDU<br />
6DWLVIDomR FRP DV SHVVRDV GH FDVD<br />
Mora só 1 1,3<br />
Satisfeito(a) 74 92,4<br />
Insatisfeito(a) 5 6,3<br />
5HFHEH DMXGD GD IDPtOLD<br />
Financeira 25 26,3<br />
Moradia 11 11,6<br />
Companhia 49 51,6<br />
Outro tipo 10 10,5<br />
3UHVWD DMXGD j IDPtOLD<br />
Financeira 56 27,5<br />
Moradia 51 25,0<br />
Companhia 56 27,5<br />
Cui<strong>da</strong> de crianças 35 17,2<br />
Outro tipo 6 2,8<br />
5HFXUVRV (FRQ{PLFRV ± 6HomR 9, GR %2$6<br />
A maior parte, ou seja, 18,8% desenvolveu ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>mésticas; 8,8% se dedicou<br />
à agropecuária e serviços gerais; 7,5% à carreira militar; 6,3% às áreas de pesca e<br />
construção, entre outras. (Tabela 24).<br />
1<br />
102<br />
%
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV SRU ÈUHD GH 2FXSDomR 3URILVVLRQDO GXUDQWH D PDLRU<br />
SDUWH GD YLGD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
ÈUHD GH RFXSDomR 1<br />
Do lar 15 18,8<br />
Agropecuária 7 8,8<br />
Pesca 5 6,3<br />
Encana<strong>do</strong>r 2 2,4<br />
Comércio 3 3,8<br />
Medicina 1 1,3<br />
Cozinha 4 5,0<br />
Serviços Gerais 7 8,8<br />
Militar 6 7,5<br />
Motorista 4 5,0<br />
Construção 5 6,3<br />
Educação 2 2,4<br />
Corte e Costura 2 2,4<br />
Mecânica de Autos 2 2,4<br />
Outras 15 18,8<br />
O Gráfico 4 demonstra que 66,3% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos continuam desempenhan<strong>do</strong> ativi<strong>da</strong>des<br />
produtivas remunera<strong>da</strong>s.<br />
2<br />
( χ 1 =10,05 p = 0,0015)<br />
Sim Não Não sabe / não responde<br />
103
De acor<strong>do</strong> com a Tabela 25, <strong>do</strong> total de respostas, 39,7% desenvolve ativi<strong>da</strong>de<br />
produtiva remunera<strong>da</strong>; 35,1% tira o sustento <strong>da</strong> aposenta<strong>do</strong>ria e 17,6% <strong>da</strong> pensão<br />
ou aju<strong>da</strong> <strong>do</strong> cônjuge.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j )RQWH GH RQGH WLUD R 6XVWHQWR<br />
SDUD 6REUHYLYrQFLD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
)RQWH GH 6XVWHQWR SDUD 6REUHYLYrQFLD 1<br />
Do trabalho 52 39,7<br />
Da aposenta<strong>do</strong>ria 46 35,1<br />
Da pensão/ aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>(a) esposo(a)/ companheiro(a) 23 17,6<br />
Da aju<strong>da</strong> de parentes ou amigos 6 4,6<br />
De aluguéis, investimentos, etc. 1 0,7<br />
Outras fontes 3 2,3<br />
A Tabela 26 demonstra a participação econômica ativa <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, porém, apesar de<br />
36,2% possuir ren<strong>da</strong> mensal superior a 05 S.M., a maioria, ou seja, 51,3% possui<br />
ren<strong>da</strong> de até 05 S.M. Devi<strong>do</strong> ao fato, principalmente, de ser algum familiar que se<br />
encarrega de receber o dinheiro <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, 12,5% não sabe informar o valor <strong>da</strong><br />
própria ren<strong>da</strong>.<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 5HQGD 3UySULD 0HQVDO )HUQDQGR GH<br />
1RURQKD<br />
5HQGD GR ,GRVR 6 0 1<br />
< 1 1 1,3<br />
1 |-- 2 13 16,3<br />
2 |-- 3 11 13,7<br />
3 |-- 4 9 11,2<br />
4 |-- 5 7 8,8<br />
5 |-- 6 10 12,5<br />
6 |-- 8 8 10,0<br />
8 e + 11 13,7<br />
Não Sabe/ Não Responde 10 12,5<br />
104
A tabela 30 demonstra que 30% <strong>do</strong> grupo entrevista<strong>do</strong> não soube informar o valor<br />
<strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar; para 27,5% o valor é de até 05 S.M; enquanto para 42,5% a ren<strong>da</strong><br />
familiar é superior aos 05 S.M. (Tabela 27).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU 5HQGD )DPLOLDU 0HQVDO )HUQDQGR GH<br />
1RURQKD<br />
5HQGD )DPLOLDU 6 0 1<br />
< 1 1 1,2<br />
1 |-- 2 9 11,3<br />
2 |-- 3 5 6,3<br />
3 |-- 4 5 6,3<br />
4 |-- 5 2 2,4<br />
5 |-- 6 7 8,8<br />
6 |-- 8 11 13,7<br />
8 e + 16 20,0<br />
Não Sabe/ Não Responde 24 30,0<br />
Em Noronha, to<strong>do</strong>s têm acesso ao serviço de energia elétrica nos <strong>do</strong>micílios; 98,8%<br />
possui água encana<strong>da</strong>, geladeira/congela<strong>do</strong>r, rádio e televisão; 87,5% conta com<br />
sistema de esgotos e telefone e 35% tem automóvel em casa. Equipamentos e<br />
recursos tecnológicos como vídeo-cassete, DVD e computa<strong>do</strong>r ain<strong>da</strong> não fazem<br />
parte <strong>do</strong> cotidiano <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. (Tabela 28).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR DR $FHVVR D DOJXQV 6HUYLoRV H (TXLSDPHQWRV<br />
QR 'RPLFtOLR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
6HUYLoRV (TXLSDPHQWRV 1<br />
Água encana<strong>da</strong> 79 98,75<br />
Eletrici<strong>da</strong>de 80 100<br />
Sistema de esgoto 70 87,5<br />
Geladeira/ Congela<strong>do</strong>r 79 98,75<br />
Rádio 79 98,75<br />
Televisão 79 98,75<br />
Vídeo-cassete 23 28,75<br />
DVD 3 3,75<br />
Computa<strong>do</strong>r 9 11,25<br />
Telefone 70 87,5<br />
Automóvel 28 35<br />
105
Ao avaliar a situação econômica (atual) compara<strong>da</strong> à época <strong>do</strong>s 50 anos de i<strong>da</strong>de,<br />
apenas 16,3% <strong>do</strong> grupo entrevista<strong>do</strong> refere ter piora<strong>do</strong>. Com o advento <strong>do</strong> turismo<br />
na última déca<strong>da</strong>, houve um incremento na ren<strong>da</strong> (p = 0,0016). Sen<strong>do</strong> assim, 48,7%<br />
informa que a situação econômica melhorou. Para 31,3% o rendimento mensal dá e<br />
sobra; em 38,7% <strong>do</strong>s relatos tal rendimento é suficiente e não sobra na<strong>da</strong>;e para<br />
27,5% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, o rendimento mensal não é suficiente para cobrir as despesas<br />
mensais. (Tabela 29).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GD IUHT rQFLD GRV ,GRVRV GR '()1 SRU $YDOLDomR GD 6LWXDomR (FRQ{PLFD<br />
DWXDO FRPSDUDGD j eSRFD GRV DQRV GH ,GDGH )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
$YDOLDomR 6LWXDomR (FRQ{PLFD<br />
(P UHODomR j pSRFD GRV DQRV<br />
Melhor 39 48,7<br />
A mesma 27 33,7<br />
Pior 13 16,3<br />
Não Sabe/ Não Responde 1 1,3<br />
( χ =12,86 p = 0,0016)<br />
2<br />
2<br />
5HQGLPHQWR<br />
Dá e sobra 25 31,3<br />
Dá na conta certa 31 38,7<br />
Sempre falta um pouco 20 25,0<br />
Sempre falta muito 2 2,5<br />
Não Sabe/ Não Responde<br />
2<br />
( χ 3 =24,05 p = 0,0000)<br />
2 2,5<br />
Ao observar as condições de moradia <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, no momento em que as<br />
entrevistas aconteciam nos seus <strong>do</strong>micílios, para o entrevista<strong>do</strong>r, na maioria <strong>do</strong>s<br />
casos, ou seja, 51,3% a condição <strong>da</strong> residência foi avalia<strong>da</strong> como sen<strong>do</strong> boa,<br />
porém, um percentual considerável de 27,4% vive em condições de moradia ruim ou<br />
péssima. (Tabela 30).<br />
1<br />
106
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j DYDOLDomR GD &RQGLomR GD 5HVLGrQFLD IHLWD<br />
SHOD (QWUHYLVWDGRUD )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
&RQGLomR GD 5HVLGrQFLD 1<br />
Ótima 17 21,3<br />
Boa 41 51,3<br />
Ruim 20 25<br />
Péssima 2 2,4<br />
6D~GH 0HQWDO ± 6HomR 9,, GR %2$6<br />
Ao responder às nove questões <strong>da</strong> escala <strong>da</strong> SCO, cujo ponto de corte a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />
corresponde a 1/3 de erros, percebe-se que, entre os homens, 11,8%, e entre a<br />
mulheres, 18,4%, apresentam deficiência cognitiva, embora a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
indique não haver diferença estatisticamente significativa entre os “escores”<br />
masculino e feminino (p = 0,3335). (Tabela 31).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV LGRVRV GR '()1 SRU IUHT rQFLD GR tQGLFH GD HVFDOD GH 6&2 )HUQDQGR GH<br />
1RURQKD<br />
Masculino Feminino<br />
Escore<br />
N % N %<br />
0 21 51,2 14 35,9<br />
1 9 22,0 11 28,2<br />
2 5 12,2 5 12,8<br />
3 2 4,9 - -<br />
4 1 2,4 5 12,8<br />
5 - - 2 5,1<br />
6 2 4,9 1 2,6<br />
7 - - - -<br />
8 1 2,4 1 2,6<br />
107
Apesar <strong>do</strong> isolamento geográfico, mas, por estar inseri<strong>do</strong> no contexto familiar, a<br />
maioria, 65%, não refere sentimento de solidão e 35%, refere o sentimento de<br />
solidão. 37,5% informa ter se senti<strong>do</strong> preocupa<strong>do</strong> por algum motivo durante o mês<br />
que antecedeu a entrevista. (Tabela 32).<br />
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR DRV 6HQWLPHQWRV GH 6ROLGmR H 3UHRFXSDomR<br />
)HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
6HQWLPHQWR GH 6ROLGmR H 3UHRFXSDomR<br />
6HQWLX VH VROLWiULR QR ~OWLPR PrV<br />
Sim 28 35,0<br />
Não 52 65,0<br />
&RP TXH IUHT rQFLD VH VHQWLX VROLWiULR<br />
Sempre 9 32,1<br />
Algumas vezes 17 60,8<br />
Não Sabe/ Não Responde 2 7,1<br />
(VWHYH SUHRFXSDGR QR ~OWLPR PrV<br />
Sim 30 37,5<br />
Não 46 57,5<br />
Não Sabe/ Não Responde 4 5,0<br />
Ao responder à questão sobre dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir, <strong>do</strong> total de 79 indivíduos,<br />
23% referiram insônia e 77% não sentiam nenhuma dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir.<br />
1<br />
108
Sim Não<br />
O Gráfico 6 demonstra que 83,7% refere estar se alimenta<strong>do</strong> bem e 16% tem<br />
senti<strong>do</strong> dificul<strong>da</strong>de para se alimentar.<br />
Sim Não<br />
109
Entre os entrevista<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> total de 78 indivíduos, 37,5% referiram que, com o passar<br />
<strong>do</strong> tempo, estão fican<strong>do</strong> mais ler<strong>do</strong>s(as).<br />
Sim Não<br />
Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s no Gráfico 8 reforçam a questão <strong>da</strong> autonomia entre a população<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, ao demonstrar que 90% sai de casa quan<strong>do</strong> se faz necessário, embora<br />
10% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos refiram não sair.<br />
Sim Não<br />
110
A vontade de chorar foi referi<strong>da</strong> por 36,2% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Fato interessante foi o relato,<br />
sobre a vontade de chorar durante a entrevista, devi<strong>do</strong> à oportuni<strong>da</strong>de de falar sobre<br />
a história de vi<strong>da</strong>. Outros i<strong>do</strong>sos disseram que choram quan<strong>do</strong> assistem TV e vêem<br />
as cenas de violência urbana. (Gráfico 9).<br />
Sim Não<br />
Praticamente, a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>da</strong> Ilha é especial, no senti<strong>do</strong> de manter um esta<strong>do</strong><br />
de alegria e satisfação com a vi<strong>da</strong>, em geral. Para 75% as expectativas para o futuro<br />
são positivas; 17,5% não menciona expectativa, mas, também não refere afirmação<br />
negativa e 7,5% descreve o futuro negativamente. 95,5% <strong>do</strong> grupo afirma estar feliz,<br />
2,5% não está feliz e 2,5 não sabe ou não responde. (Tabela 33).<br />
111
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR j ([SHFWDWLYD HP UHODomR DR )XWXUR H (VWDGR<br />
(PRFLRQDO 5HIHULGR )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
([SHFWDWLYDV )XWXUDV (VWDGR (PRFLRQDO 1<br />
([SHFWDWLYD SDUD R IXWXUR<br />
Menciona e pensa no futuro 60 75,0<br />
Não menciona e não refere afirmação negativa 14 17,5<br />
Futuro descrito negativamente 6 7,5<br />
6HQWH VH IHOL] DWXDOPHQWH<br />
Sim 76 95,0<br />
Não 2 2,5<br />
Não sabe/ Não responde 2 2,5<br />
%2$6<br />
1HFHVVLGDGHV H 3UREOHPDV TXH $IHWDP R (QWUHYLVWDGR ± 6HomR 9,,, GR<br />
Na Tabela 34 verificamos que, para 25,8% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s a maior carência é a<br />
econômica; para 18,2% é de moradia; 15,2% transporte e 12,1% lazer. A maioria<br />
<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, 57,4%, não relata problema importante no dia-a-dia; 13,7% se preocupa<br />
com os filhos e netos e 5% refere problemas de ordem econômica.<br />
112<br />
%
7DEHOD<br />
'LVWULEXLomR GRV ,GRVRV GR '()1 HP UHODomR jV 3ULQFLSDLV &DUrQFLDV H 3UREOHPDV PDLV<br />
,PSRUWDQWHV )HUQDQGR GH 1RURQKD<br />
1HFHVVLGDGHV H 3UREOHPDV 1<br />
3ULQFLSDLV FDUrQFLDV<br />
Econômica 17 25,8<br />
Moradia 12 18,2<br />
Transporte 10 15,2<br />
Lazer 8 12,1<br />
Segurança 0 0,0<br />
Saúde 4 6,0<br />
Alimentação 1 1,5<br />
Companhia/ Contato pessoal 14 21,2<br />
3UREOHPD PDLV LPSRUWDQWH GR GLD D GLD<br />
Não relata problemas 46 57,4<br />
Econô<strong>mico</strong> 4 5,0<br />
Saúde 1 1,3<br />
Me<strong>do</strong> <strong>da</strong> violência 0 0,0<br />
Moradia 3 3,8<br />
Transporte 1 1,3<br />
Conflitos familiares 2 2,5<br />
Isolamento/ solidão 3 3,8<br />
Preocupação com filhos/ netos 11 13,7<br />
Outros 9 11,2<br />
113
',6&8662<br />
Historicamente, ao longo <strong>do</strong>s seus cinco séculos, desde e após a ocupação<br />
portuguesa, o Brasil, além <strong>da</strong> tão propaga<strong>da</strong> dimensão continental, compreenden<strong>do</strong><br />
uma extensa área geográfica e territorial, com suas imensas riquezas naturais, se<br />
caracteriza também por sua diversi<strong>da</strong>de étnica e cultural, por grandes diferenças<br />
inter-regionais e acentua<strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais, determina<strong>da</strong>s por um processo<br />
contínuo de concentração de riqueza e ren<strong>da</strong>. Este processo histórico, de exclusão<br />
social, ain<strong>da</strong> em curso, traz no seu bojo inúmeras contradições políticas,<br />
<strong>socioecon</strong>ômicas e ideológicas entre as classes sociais e as várias frações dessas<br />
classes, impedin<strong>do</strong> um desenvolvimento equânime <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira. Nesta<br />
compreensão, é verifica<strong>do</strong> no complexo e heterogêneo perfil epidemiológico <strong>do</strong> País,<br />
que este processo historicamente configura<strong>do</strong>, demarca o cotidiano e a quali<strong>da</strong>de de<br />
vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s diferentes comuni<strong>da</strong>des/populações que conformam a atual socie<strong>da</strong>de<br />
brasileira (CARVALHO, 1991 e 2003).<br />
Portanto, conhecer o Brasil, significa viajar na história, pisar no chão de ca<strong>da</strong> lugar<br />
onde exista uma determina<strong>da</strong> população, encontrar as pessoas e ouvir o que elas<br />
têm para contar, principalmente, quan<strong>do</strong> quem fala é alguém que já viveu muitos<br />
anos. Embora nas últimas déca<strong>da</strong>s o processo acelera<strong>do</strong> de envelhecimento tenha<br />
si<strong>do</strong> incluí<strong>do</strong> na pauta <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> acadêmica e <strong>da</strong>s Políticas Públicas, ain<strong>da</strong> são<br />
escassos os estu<strong>do</strong>s sobre as condições de vi<strong>da</strong> e de saúde <strong>da</strong>s populações<br />
minoritárias, viven<strong>do</strong> em situação especial, como é o caso <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus,<br />
indígenas e quilombolas, por exemplo, no esta<strong>do</strong> de Pernambuco. Sem levar em<br />
consideração as deman<strong>da</strong>s sociais específicas de uma determina<strong>da</strong> população, o<br />
114
conteú<strong>do</strong> dessas Políticas Públicas carece de legitimi<strong>da</strong>de, não servin<strong>do</strong> à proposta<br />
de enfrentamento nem causan<strong>do</strong> impactos ver<strong>da</strong>deiramente positivos na reali<strong>da</strong>de<br />
onde se pretende intervir.<br />
Neste momento, é preciso estabelecer um ponto de vista mais amplia<strong>do</strong> sobre<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha. De fato, o caminho azul que conduz à Ilha, o Oceano<br />
Atlântico, é bonito! O tempo e a distância que separam o Continente <strong>do</strong> Arquipélago<br />
parecem mediatiza<strong>do</strong>s por uma peleja entre o real e o sonho. Após o perío<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
travessia, <strong>do</strong> caminho de céu e mar, o Arquipélago surge como por encanto! À<br />
primeira vista, parece desabita<strong>do</strong> por seres humanos. A paisagem é fascinante!<br />
Noronha é um paraíso! Sem discor<strong>da</strong>r totalmente desta exclamação, é necessário<br />
acrescentar, à visão de Paraíso, a noção de um espaço geográfico, um <strong>da</strong><strong>do</strong> social,<br />
ou seja, citan<strong>do</strong> Milton Santos (1997), significa dizer: Fernan<strong>do</strong> de Noronha é muito<br />
mais <strong>do</strong> que simples oferta de praias e trilhas, ain<strong>da</strong> que também seja isso.<br />
115<br />
No entanto, SDLVDJHP e HVSDoR não são sinônimos. A paisagem é o<br />
conjunto de formas que, num <strong>da</strong><strong>do</strong> momento, exprimem as heranças que<br />
representam as sucessíveis relações localiza<strong>da</strong>s entre homem e natureza.<br />
O espaço, portanto, são essas formas mais a vi<strong>da</strong> que as anima. [...] A rigor,<br />
a paisagem é apenas a porção <strong>da</strong> configuração territorial que é possível<br />
abarcar com a visão. [...] Paisagem e socie<strong>da</strong>de são variáveis<br />
complementares cuja síntese, sempre por refazer, é <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo espaço<br />
humano. [...] E o espaço humano é a síntese, sempre provisória e renova<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s contradições e <strong>da</strong> dialética social.<br />
In<strong>do</strong> além <strong>do</strong> que a visão permite, para traçar o perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e<br />
epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, foi aberto um canal para o diálogo, no<br />
senti<strong>do</strong> de viabilizar contato com a dimensão subjetiva <strong>do</strong> cotidiano <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de<br />
local. E, aos poucos, a partir <strong>do</strong>s relatos, muitas vezes, inespera<strong>do</strong>s, uma reali<strong>da</strong>de
passou a ser desvela<strong>da</strong>... Recorren<strong>do</strong> às palavras <strong>da</strong> antropóloga Janirza Lima<br />
(2003), convém alertar:<br />
6REUH R 3HUILO 6RFLRHFRQ{PLFR<br />
116<br />
Noronha foi - e ain<strong>da</strong> é - um espaço mapea<strong>do</strong> pelo processo sutil de<br />
segregação e seu traça<strong>do</strong> apenas é conheci<strong>do</strong> por quem se coloca como<br />
parte <strong>do</strong> espaço insular. Através <strong>da</strong> observação paciente, no convívio<br />
prolonga<strong>do</strong> na Ilha, pelas conversas informais, percorren<strong>do</strong> as cenas,<br />
descobrin<strong>do</strong> os atores que desempenham papéis diversos na vi<strong>da</strong> cotidiana,<br />
ontem e hoje em Noronha pude vislumbrar esse traça<strong>do</strong>. A meu ver, a<br />
própria história <strong>da</strong> ocupação humana no Arquipélago influiu diretamente<br />
nesse processo.<br />
A Ilha apresenta algumas peculiari<strong>da</strong>des, compara<strong>da</strong>s ao que foi estabeleci<strong>do</strong> como<br />
reali<strong>da</strong>de geral <strong>do</strong> perfil <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> País. No DEFN a taxa de 4,3% indica<br />
não ocorrer o processo de envelhecimento populacional verifica<strong>do</strong> no Brasil (8,6%),<br />
em Pernambuco (8,9%) e no Recife (9,4%). A feminização <strong>da</strong> velhice, significan<strong>do</strong><br />
uma maior presença relativa de mulheres na população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>, não é observa<strong>da</strong> na<br />
Ilha, onde não há diferença estatisticamente significativa, conforme observa<strong>do</strong> no<br />
capítulo de resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong>. Dessa forma, na distribuição entre homens e<br />
mulheres, ao contrário <strong>do</strong> que ocorre continente brasileiro, a proporção de i<strong>do</strong>sos na<br />
população masculina corresponde a 7,8% e na feminina atinge o limite <strong>do</strong>s 9,3%. No<br />
Recife, por exemplo, o processo de feminização é bem acentua<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> i<strong>do</strong>sos,<br />
7,5% <strong>do</strong>s homens e 11% <strong>da</strong>s mulheres (IBGE, 2000).<br />
A população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, com maior concentração no intervalo <strong>do</strong>s 60 aos 69<br />
anos de i<strong>da</strong>de (58,8%), pode ser considera<strong>da</strong>, segun<strong>do</strong> os critérios de Hazzard<br />
(1990), como constituí<strong>da</strong> majoritariamente por i<strong>do</strong>sos ain<strong>da</strong> jovens, embora seja
expressiva a quanti<strong>da</strong>de de i<strong>do</strong>sos velhos (22,5%) acima <strong>do</strong>s 70 anos. Para se ter<br />
uma idéia, segun<strong>do</strong> Sayeg (1997), no Brasil, as pessoas que ultrapassaram os 80<br />
anos de i<strong>da</strong>de, ou seja, i<strong>do</strong>sos em i<strong>da</strong>de muito avança<strong>da</strong>, os quais trazem em sua<br />
grande maioria, limitações provenientes de DCNT, representam um contingente<br />
superior a 1 milhão e 200 mil pessoas, sen<strong>do</strong> a faixa que mais cresce na população.<br />
Em relação à escolari<strong>da</strong>de, no Brasil, onde mesmo haven<strong>do</strong> um aumento<br />
significativo no indica<strong>do</strong>r de alfabetização na última déca<strong>da</strong>, quan<strong>do</strong> a proporção de<br />
i<strong>do</strong>sos alfabetiza<strong>do</strong>s passou de 55,8% (1991) para 64,8% (2000), o contingente de<br />
i<strong>do</strong>sos analfabetos é expressivo, representan<strong>do</strong> cerca de 5,1 milhões de pessoas.<br />
Ao considerar os níveis de alfabetização segun<strong>do</strong> sexo, em geral, os homens<br />
continuam sen<strong>do</strong> mais alfabetiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que as mulheres com 67,7% contra 62,6%,<br />
respectivamente. Tal reali<strong>da</strong>de pode ser analisa<strong>da</strong> levan<strong>do</strong>-se em consideração as<br />
características <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e as políticas de educação prevalecentes nas déca<strong>da</strong>s<br />
de 1930 e 1940, quan<strong>do</strong> o acesso à escola era ain<strong>da</strong> muito restrito, principalmente,<br />
para as mulheres (IBGE, 2000).<br />
Diferin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Continente, em Fernan<strong>do</strong> de Noronha é observa<strong>da</strong> outra peculiari<strong>da</strong>de,<br />
ou seja, não existe diferença estatística significativa nos níveis de alfabetização por<br />
sexo, embora seja baixo o nível de escolari<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus. Alguns<br />
aprenderam a ler e escrever sem freqüentar escola, poucos concluíram os ensinos<br />
médio e fun<strong>da</strong>mental, sen<strong>do</strong> bastante reduzi<strong>do</strong> o número de pessoas com nível<br />
superior. A respeito <strong>do</strong> assunto, seria oportuno deixar registra<strong>da</strong> a fala de <strong>do</strong>is<br />
i<strong>do</strong>sos, em relação a como se sentem diante <strong>da</strong> situação de analfabetismo: “2 PHX<br />
117
VRQKR p DSUHQGHU D OHU H HVFUHYHU” (F. P. S. - 69 anos). “$ ~QLFD FRLVD TXH HX LQYHMR<br />
QHVWH PXQGR p D SHVVRD TXH VDEH OHU H HVFUHYHU” (S. F. O. - 70 anos).<br />
Na Ilha, ocorre diversificação em relação à ocupação profissional <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s,<br />
no entanto, acompanhan<strong>do</strong> a lógica <strong>do</strong> grau de escolari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população, percebe-<br />
se que a profissionalização ocorreu nos níveis menos especializa<strong>do</strong>s <strong>da</strong> divisão<br />
técnica <strong>do</strong> trabalho, de acor<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s no capítulo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />
Quan<strong>do</strong> observa<strong>da</strong> a origem <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ilhéus, com exceção de <strong>do</strong>is nativos, a<br />
grande maioria, é natural de esta<strong>do</strong>s nordestinos. São majoritariamente<br />
pernambucanos e potiguares, os quais, ‘chegaram’, via de regra, para trabalhar.<br />
Praticamente essa população específica envelheceu na Ilha, a partir <strong>do</strong> momento em<br />
que mais <strong>da</strong> metade vive em Fernan<strong>do</strong> de Noronha há, pelo menos, mais de quatro<br />
déca<strong>da</strong>s.<br />
Aspecto interessante, é perceber a estabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> relacionamento conjugal <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so<br />
onde, 66,2%, além de estar casa<strong>do</strong> ou moran<strong>do</strong> junto, selou a união há mais de três<br />
déca<strong>da</strong>s. São casais, geralmente de i<strong>do</strong>sos, os quais, praticamente, foram<br />
responsáveis pelo crescimento demográfico em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, onde quase<br />
to<strong>do</strong>s tiveram entre três e mais filhos. Janirza Lima (2003), denomina de ‘Q~FOHR<br />
IXQGDGRU’ as três famílias mais numerosas - Flor, Salviano e Pereira - além de outras<br />
famílias nucleares que se instalaram no Arquipélago na déca<strong>da</strong> de 1940, quan<strong>do</strong> foi<br />
extinto o presídio político e Fernan<strong>do</strong> de Noronha sofreu um esvaziamento<br />
demográfico, por força de um decreto presidencial, provocan<strong>do</strong> a migração de<br />
118
etorno <strong>da</strong> população para o Continente. A autora, na sua importante contribuição,<br />
enfatiza que os atuais i<strong>do</strong>sos foram os primeiros substitutos, como habitantes livres,<br />
<strong>da</strong> população carcerária em Noronha.<br />
Também é alto o percentual de viuvez (22,5%) e, para a infelici<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s mais<br />
velhos, a reali<strong>da</strong>de de uniões estáveis não tem si<strong>do</strong> incorpora<strong>da</strong> no cotidiano <strong>da</strong>s<br />
gerações mais jovens, entre as quais, a influência <strong>do</strong> turismo vem modifican<strong>do</strong> o<br />
comportamento social. A respeito <strong>do</strong> assunto, Silva & Melo (2000) comentam:<br />
119<br />
Essa transformação pode ser observa<strong>da</strong> em suas mais diversas dimensões<br />
como a econômica, na formação de uma classe média nativa, volta<strong>da</strong> para<br />
as ativi<strong>da</strong>des turísticas; a social, no surgimento e consoli<strong>da</strong>ção de novos<br />
comportamentos sociais, especialmente na estrutura familiar <strong>do</strong>s ilhéus,<br />
onde são observa<strong>do</strong>s altos índices de solvência <strong>do</strong>s matrimônios; e a<br />
cultural, na promoção de uma cultura muito mais ‘pasteuriza<strong>da</strong>’ que de base<br />
local, pela facili<strong>da</strong>de de importação (troca) de experiências culturais entre a<br />
população nativa, os turistas e os ‘haoles’ (termo pejorativo, utiliza<strong>do</strong> para<br />
designar os não nativos).<br />
Sabe-se <strong>da</strong> importância <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos no âmbito <strong>do</strong>méstico. No Brasil, segun<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> IBGE (2000), 84,4% ocupam papel de destaque no modelo de organização <strong>da</strong><br />
família, sen<strong>do</strong> responsáveis pelos <strong>do</strong>micílios. A história, de certa forma, se repete<br />
em Noronha, onde o controle <strong>do</strong> desenvolvimento ambiental limita o número de<br />
construções de casas, além de ser alto o custo de material para construção civil.<br />
Portanto, existe uma tendência no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s gerações mais jovens continuarem<br />
moran<strong>do</strong> na casa <strong>do</strong>s pais e/ou avós. Poucos moram sozinhos ou com apenas uma<br />
pessoa, muitos residem com, no mínimo, cinco pessoas. Apesar <strong>da</strong>s famílias<br />
populosas, a maioria não reclama <strong>da</strong> falta de espaço e privaci<strong>da</strong>de, declaran<strong>do</strong><br />
satisfação com as pessoas de casa. To<strong>da</strong>via, deve ser ressalta<strong>do</strong> o fato de 35% <strong>do</strong>s<br />
i<strong>do</strong>sos, mesmo assim, ter referi<strong>do</strong> sentimento de solidão durante o mês que<br />
antecedeu a pesquisa de campo. Então, o que estará acontecen<strong>do</strong> nas relações<br />
familiares entre os mais jovens e os i<strong>do</strong>sos ?
Para Leonar<strong>do</strong> Boff (2000),<br />
120<br />
O que se opõe ao descui<strong>do</strong> e ao descaso é o cui<strong>da</strong><strong>do</strong>. Cui<strong>da</strong>r é mais que<br />
um ato, é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de<br />
atenção, de zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação,<br />
preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.<br />
E a título de reflexão, alguns estu<strong>do</strong>s demonstram a inviabili<strong>da</strong>de de pensar o i<strong>do</strong>so<br />
como ser ‘frágil’, destituí<strong>do</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de ‘cui<strong>da</strong>r’, como alguns querem<br />
acreditar. Essa visão aliena<strong>da</strong> precisa ser erradica<strong>da</strong>, no senti<strong>do</strong> de abolir práticas<br />
discriminatórias como a infantilização, segregação e estigmatização que afetam<br />
diretamente a digni<strong>da</strong>de e a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. É inconcebível olhar o i<strong>do</strong>so como<br />
foco unilateral <strong>da</strong>s atenções de cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, negan<strong>do</strong> a reali<strong>da</strong>de de troca nas relações<br />
familiares e sociais.<br />
Em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, por exemplo, 70% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos prestam aju<strong>da</strong> de ordem<br />
financeira à família, enquanto 31,3% recebem o mesmo tipo de aju<strong>da</strong>. Em relação à<br />
moradia, 63,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos acolhem familiares <strong>do</strong>s vários graus de parentesco,<br />
principalmente, filhos(as), noras, genros e netos, enquanto apenas 13,8% recebem a<br />
mesma aju<strong>da</strong>. É importante destacar, 43,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos costumam cui<strong>da</strong>r de<br />
crianças, geralmente, netos e bisnetos, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> suporte aos filhos e respectivos<br />
cônjuges ou companheiros(as) para que possam trabalhar. Não ultrapassan<strong>do</strong> para<br />
limites de exploração, essa experiência intergeracional é necessária e positiva no<br />
cotidiano <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, o qual não pode viver segrega<strong>do</strong> em ‘guetos’ para velhos.<br />
A título de curiosi<strong>da</strong>de, o demógrafo Ronald Lee (apud MARINHO, 2003), nos seus<br />
estu<strong>do</strong>s com mamíferos de várias espécies, destaca a importância <strong>do</strong> contato<br />
intergeracional, enfatizan<strong>do</strong> o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> como a razão evolutiva <strong>da</strong> sobrevivência <strong>do</strong>s
‘velhos e inférteis’. É interessante o questionamento feito à teoria evolutiva clássica,<br />
que associa a razão <strong>da</strong> existência à capaci<strong>da</strong>de reprodutiva, no entanto, frisa o<br />
autor, "o valor reprodutivo <strong>do</strong> indivíduo passa a ser só uma parte <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong><br />
evolução. Os investimentos que esses indivíduos fazem nos mais novos também<br />
são importantes e aju<strong>da</strong>ram essas espécies a sobreviver".<br />
Outra peculiari<strong>da</strong>de, que surgiu com a implementação <strong>do</strong> turismo, foi a alternativa<br />
encontra<strong>da</strong> pelos ilhéus para incrementar a ren<strong>da</strong> familiar, abrin<strong>do</strong> o espaço<br />
<strong>do</strong>miciliar, sem nenhuma infra-estrutura, para receber os turistas, como observam<br />
Silva & Melo (2000),<br />
121<br />
No primeiro momento <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> Turismo, tu<strong>do</strong> foi a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>. O único<br />
hotel – Hotel Esmeral<strong>da</strong> – implantou-se na antiga Base Americana de<br />
Observação de Mísseis Teleguia<strong>do</strong>s, na região <strong>do</strong> Boldró. Para isso,<br />
demoliu-se parte <strong>da</strong>s construções pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s, batiza<strong>da</strong>s como “iglus”<br />
pelos ilhéus, para erguerem-se construções - novos apartamentos - mais<br />
confortáveis, dentro <strong>do</strong>s padrões mínimos exigi<strong>do</strong>s. Também criou-se aí,<br />
pouco depois, o Sistema de Hospe<strong>da</strong>gem Domiciliar, transforman<strong>do</strong> as<br />
residências em local de acolhi<strong>da</strong> de uns poucos hóspedes, de forma<br />
prosaica e nem sempre satisfatória, cujos impactos sociais sobre as famílias<br />
foram quase sempre os mais negativos possíveis, inclusive para a saúde <strong>da</strong><br />
família, que se via transferi<strong>da</strong> para o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> lote, passan<strong>do</strong> a residir em<br />
sub-habitações levanta<strong>da</strong>s com material improvisa<strong>do</strong>.<br />
Atualmente é surpreendente constatar a inserção de, pelo menos, um quarto <strong>da</strong><br />
população de i<strong>do</strong>sos nessa reali<strong>da</strong>de de convívio <strong>do</strong>miciliar com os turistas, a<br />
maioria deles, participan<strong>do</strong> ativamente <strong>da</strong> gerência ou executan<strong>do</strong> tarefas<br />
relaciona<strong>da</strong>s ao cotidiano administrativo <strong>da</strong>s Pousa<strong>da</strong>s. Para alguns, segun<strong>do</strong><br />
relataram, esse contato é positivo, permite a troca inclusive intergeracional, no<br />
entanto, para outros, a necessi<strong>da</strong>de de conviver com turistas de diversos lugares e<br />
culturas diferentes, não tem si<strong>do</strong> uma experiência de to<strong>do</strong> positiva, principalmente,<br />
pela per<strong>da</strong> de privaci<strong>da</strong>de.
Com a implementação <strong>do</strong> turismo, conforme já foi menciona<strong>do</strong>, ‘muita coisa mu<strong>do</strong>u<br />
nas relações <strong>socioecon</strong>ômicas <strong>da</strong> Ilha’ e mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />
(48,7%) refere que a situação econômica melhorou em relação à época em que<br />
tinha 50 anos de i<strong>da</strong>de, no entanto, para 27,5% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, o rendimento<br />
mensal é insuficiente para se manter.<br />
A exemplo de outras socie<strong>da</strong>des, em Noronha a maioria <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> (66,3%)<br />
desenvolve ativi<strong>da</strong>de produtiva remunera<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> oportuno fazer algumas<br />
observações relaciona<strong>da</strong>s à quali<strong>da</strong>de e o custo de vi<strong>da</strong> na Ilha. Considera<strong>da</strong> a<br />
melhor na região Nordeste, com base no cálculo <strong>do</strong> Índice de Desenvolvimento<br />
Humano (IDH), Fernan<strong>do</strong> de Noronha ocupa positivamente o décimo lugar no<br />
ranking <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des brasileiras, acompanhan<strong>do</strong> os níveis <strong>da</strong>s regiões Sul e Sudeste<br />
<strong>do</strong> País, superan<strong>do</strong> ci<strong>da</strong>des como Caxias <strong>do</strong> Sul (RS) e Curitiba (PR), conforme<br />
registra<strong>do</strong> no Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil (2004). Para efeito de<br />
comparação, no ranking <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s brasileiros, Pernambuco ocupa o décimo oitavo<br />
lugar em IDH, valen<strong>do</strong> salientar que, até as primeiras cinqüenta ci<strong>da</strong>des<br />
classifica<strong>da</strong>s, não existe nenhuma <strong>da</strong> região nordeste. Entretanto, como Distrito<br />
Estadual de Pernambuco, Noronha ocupa lugar de destaque, quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong><br />
aos diversos municípios nordestinos.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, é importante considerar o alto custo de vi<strong>da</strong> em Fernan<strong>do</strong> de<br />
Noronha, inclusive para os ilhéus que são obriga<strong>do</strong>s a pagar preços eleva<strong>do</strong>s em<br />
relação à média <strong>do</strong> Continente, por produtos essenciais à sobrevivência, tais como:<br />
água potável, gás de cozinha, alimentos, combustível, entre outros, onde os preços<br />
são, no mínimo, o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong>s verifica<strong>do</strong>s em Recife, capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Existe,<br />
122
curiosamente, alusão a uma moe<strong>da</strong> fictícia, de <strong>do</strong>mínio popular na Ilha, ilustran<strong>do</strong><br />
bem a situação, ou seja, ‘um noronha (N$ 1,00) equivale a <strong>do</strong>is reais (R$ 2,00)’.<br />
A exemplo <strong>do</strong> que ocorre no Continente brasileiro, as principais fontes de sustento<br />
<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so ilhéu são: o trabalho, a aposenta<strong>do</strong>ria e a pensão e/ou aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>(a)<br />
esposo(a)/companheiro(a). A maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (51,3%) possui ren<strong>da</strong> própria no<br />
valor de até cinco salários mínimos, valor superior aos encontra<strong>do</strong>s na população<br />
<strong>i<strong>do</strong>sa</strong> brasileira geral, cuja ren<strong>da</strong> <strong>do</strong>s 20,2 milhões de aposenta<strong>do</strong>s não chega aos<br />
<strong>do</strong>is salários mínimos, com base nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Previdência Social (apud BERZINS,<br />
2003).<br />
Ao observar os valores <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, percebe-se um incremento, no entanto,<br />
30% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s desconhecem o valor aproxima<strong>do</strong> <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar, por não<br />
terem acesso à informação sobre os salários percebi<strong>do</strong>s pelos parentes residentes<br />
no mesmo <strong>do</strong>micílio. Não raras as vezes, ocorre a inserção de membros <strong>da</strong> família<br />
no merca<strong>do</strong> informal, desenvolven<strong>do</strong> ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s às áreas de comércio e<br />
turismo, dificultan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> mais o acesso <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so à informação sobre a ren<strong>da</strong><br />
familiar. Com base nas respostas obti<strong>da</strong>s, em alguns casos com muita dificul<strong>da</strong>de, a<br />
maioria <strong>da</strong>s famílias <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (42,4%) possui ren<strong>da</strong> superior a cinco salários<br />
mínimos, mas, é importante destacar, mesmo agregan<strong>do</strong> a participação financeira<br />
<strong>do</strong>s familiares, a ren<strong>da</strong> de uma parcela expressiva de i<strong>do</strong>sos (27,5%), não ultrapassa<br />
o limite <strong>do</strong>s 5 salários mínimos.<br />
Como herança <strong>do</strong> ‘tempo <strong>do</strong>s coronéis’, perío<strong>do</strong> que durou 45 anos (1942-1987),<br />
nos lembra Janirza Lima (2003), quan<strong>do</strong> os gestores <strong>do</strong> Exército, <strong>da</strong> Aeronáutica e<br />
123
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior <strong>da</strong>s Forças Arma<strong>da</strong>s (Emfa) coman<strong>da</strong>ram to<strong>do</strong> o processo de<br />
ocupação humana e territorial bem como <strong>da</strong> construção urbana <strong>do</strong> Arquipélago,<br />
gerin<strong>do</strong> igualmente to<strong>do</strong>s os serviços públicos e infra-estruturas, a população insular<br />
tem acesso a serviços como água encana<strong>da</strong> (98,75%); eletrici<strong>da</strong>de (100%); sistema<br />
de esgoto (87,5%), diferente <strong>do</strong>s níveis de acesso de populações residentes no<br />
Continente. Em relação aos equipamentos, os recursos liga<strong>do</strong>s aos meios de<br />
comunicação como TV, rádio e telefone estão ao alcance <strong>da</strong> grande maioria, com<br />
exceção de computa<strong>do</strong>r, DVD e automóvel, os quais são produtos escassos para a<br />
reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ilha e ain<strong>da</strong> não foram incorpora<strong>do</strong>s à rotina de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.<br />
A respeito <strong>da</strong> estética <strong>do</strong>miciliar no DEFN, Janirza Lima (2003) faz a seguinte<br />
observação: “a arquitetura <strong>da</strong>s habitações resume-se no efeito utili<strong>da</strong>de: local de<br />
recomposição <strong>da</strong>s energias, <strong>da</strong>s forças, lugar para <strong>do</strong>rmir, comer e descansar. Tu<strong>do</strong><br />
que possa quebrar essa normali<strong>da</strong>de é evita<strong>do</strong> e anula<strong>do</strong>”. Tem-se o conhecimento<br />
de que no Arquipélago a fauna e a flora são bem protegi<strong>da</strong>s e preserva<strong>da</strong>s, o<br />
ecossistema é equilibra<strong>do</strong>, existin<strong>do</strong> o empenho de várias instituições, cientistas e<br />
técnicos no senti<strong>do</strong> de preservar o meio. Porém, ao analisar o conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />
Políticas de Preservação Ambiental, inclusive <strong>da</strong> Agen<strong>da</strong> 21 <strong>do</strong> DEFN, a impressão<br />
que se tem é a de que o ser humano é uma dimensão secundária nesse processo,<br />
não estan<strong>do</strong> contempla<strong>do</strong> no conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s Políticas, sen<strong>do</strong> apenas<br />
responsabiliza<strong>do</strong> pela preservação <strong>do</strong> ambiente, no qual não está inseri<strong>do</strong><br />
holisticamente. Nesse contexto, não é de se admirar que mais de um quarto <strong>do</strong>s<br />
i<strong>do</strong>sos estejam viven<strong>do</strong> em residências cujas condições de moradia são ruins ou<br />
péssimas, assim observa<strong>da</strong>s e avalia<strong>da</strong>s pelas pesquisa<strong>do</strong>ras de campo deste<br />
estu<strong>do</strong>.<br />
124
Além <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> moradia, foram aponta<strong>da</strong>s outras carências de ordem<br />
<strong>socioecon</strong>ômica, diante <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> custo de vi<strong>da</strong>; contato pessoal/companhia,<br />
diante <strong>do</strong> sentimento de solidão; transporte, diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des de locomoção e<br />
<strong>do</strong> número limita<strong>do</strong> de automóveis; e lazer, diante <strong>da</strong> ausência de opções para os<br />
mais velhos.<br />
Sutilmente, pode ser observa<strong>da</strong> outra peculiari<strong>da</strong>de: nenhum, entre os entrevista<strong>do</strong>s,<br />
reclama <strong>da</strong> violência nem <strong>da</strong> falta de segurança. Eis um <strong>da</strong><strong>do</strong> positivo, constante na<br />
fala <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, onde 57,4% não relata problemas importantes no<br />
dia-a-dia, apesar de 37,5% ter indica<strong>do</strong> algum tipo de preocupação, sen<strong>do</strong> mais<br />
destaca<strong>da</strong>s e repeti<strong>da</strong>s as que dizem respeito ao cui<strong>da</strong><strong>do</strong> com as gerações mais<br />
jovens e conflitos familiares.<br />
Embora poucos i<strong>do</strong>sos tenham referi<strong>do</strong> insatisfação com a vi<strong>da</strong>, tais relatos sempre<br />
estão associa<strong>do</strong>s a problemas envolven<strong>do</strong> seus descendentes, filhos e/ou netos, os<br />
quais, segun<strong>do</strong> os entrevista<strong>do</strong>s, apresentam algum tipo de dependência química,<br />
principalmente por álcool, cujos comportamentos prejudicam o relacionamento<br />
familiar e a saúde <strong>do</strong> próprio i<strong>do</strong>so. É preciso, mais uma vez, deixar registra<strong>da</strong> a<br />
preocupação latente <strong>da</strong>s gerações mais velhas com o futuro <strong>da</strong>s novas gerações em<br />
Noronha. Diante <strong>do</strong>s relatos e depoimentos, a visão de Paraíso dissemina<strong>da</strong> com<br />
muito romantismo através <strong>da</strong> mídia, vai ganhan<strong>do</strong> uma conotação realista no<br />
conjunto <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des brasileiras. Alcoolismo e uso de drogas ilícitas têm si<strong>do</strong><br />
denuncia<strong>do</strong>s constantemente pelos ilhéus como problemas sociais existentes no<br />
DEFN, atingin<strong>do</strong> não só os jovens mas indivíduos de outras faixas etárias, inclusive,<br />
alguns i<strong>do</strong>sos.<br />
125
Na ver<strong>da</strong>de, existe uma tendência, por parte <strong>da</strong> mídia e <strong>do</strong> poder público, em tornar<br />
invisíveis os problemas sociais enfrenta<strong>do</strong>s pela população insular. Problemas estes,<br />
que invadem a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s ilhéus e os lares <strong>da</strong>s famílias, assim como ocorre em to<strong>da</strong>s<br />
as socie<strong>da</strong>des humanas e Fernan<strong>do</strong> de Noronha não é exceção. Consideran<strong>do</strong> o<br />
início <strong>do</strong> processo de envelhecimento ain<strong>da</strong> na fase adulta, será que neste momento<br />
a comuni<strong>da</strong>de de Fernan<strong>do</strong> de Noronha está se preparan<strong>do</strong> para envelhecer<br />
sau<strong>da</strong>velmente? Mesmo nos relatos <strong>da</strong> grande maioria que referiu estar satisfeita<br />
com a vi<strong>da</strong>, a retórica pela preocupação com as gerações mas jovens também é<br />
seguramente uma unanimi<strong>da</strong>de.<br />
Silva & Melo (2000) fizeram algumas observações pertinentes sobre a brusca<br />
mu<strong>da</strong>nça nos regimes de governo em Fernan<strong>do</strong> de Noronha e a conseqüente<br />
abertura para o turismo, sem nenhum planejamento social, ou seja,<br />
126<br />
Se por um la<strong>do</strong>, o turismo trouxe divisas, trouxe também fortes medi<strong>da</strong>s<br />
coercitivas. Se possibilitou a aproximação entre residentes e o mun<strong>do</strong><br />
exterior, também acatou a liberação para tu<strong>do</strong> o que se proibia no tempo de<br />
<strong>do</strong>mínio federal e que agora era aceito e possível. As trocas entre os que<br />
vinham e os que recebiam foram benefician<strong>do</strong> e crian<strong>do</strong> uma classe média<br />
turística com baixa escolari<strong>da</strong>de e nenhuma profissionalização. Um grande<br />
alia<strong>do</strong> foi recebi<strong>do</strong> com a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong> imagem televisiva, retransmiti<strong>da</strong> via<br />
satélite e produzin<strong>do</strong> programas locais. Fernan<strong>do</strong> de Noronha se<br />
‘globalizou’. O mun<strong>do</strong> lá fora veio de forma rápi<strong>da</strong>, eficiente e, infelizmente,<br />
também destrui<strong>do</strong>ra. Nivelaram-se costumes. Diminuíram diferenças. Novos<br />
padrões sociais foram sen<strong>do</strong> importa<strong>do</strong>s, interferin<strong>do</strong> diretamente no<br />
comportamento <strong>da</strong> população e <strong>da</strong> paisagem, modifican<strong>do</strong> condutas e<br />
procedimentos, para o bem ou para o mal.<br />
6REUH RV ,QGLFDGRUHV GH $XWRQRPLD H ,QGHSHQGrQFLD<br />
Conforme comenta<strong>do</strong> anteriormente, o envelhecimento populacional provoca nas<br />
diferentes socie<strong>da</strong>des uma inquietação, no senti<strong>do</strong> de responder às deman<strong>da</strong>s<br />
sociais emergentes a partir desse fenômeno, ten<strong>do</strong> em vista, ser a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>
a que proporcionalmente consome mais serviços de saúde. Tal retórica é explícita<br />
nos discursos <strong>da</strong>s principais Organizações de Saúde <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro, entre as<br />
quais, a própria Organización Mundial de la Salud (2002), defenden<strong>do</strong> a promoção<br />
<strong>do</strong> ‘(QYHOKHFLPHQWR $WLYR’, enquanto processo de otimização <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des de<br />
saúde, participação e seguri<strong>da</strong>de com a finali<strong>da</strong>de de melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>,<br />
à medi<strong>da</strong> que as pessoas envelhecem. [...] Lembran<strong>do</strong> que o envelhecimento ativo<br />
se aplica tanto aos indivíduos quanto aos grupos populacionais. [...] O termo ‘DWLYR’<br />
faz referência a uma participação contínua nas questões sociais, econômicas,<br />
culturais, espirituais e cívicas, não só à capaci<strong>da</strong>de para estar fisicamente ativo ou<br />
participar <strong>da</strong> mão-de-obra.<br />
Partin<strong>do</strong> desta visão mais amplia<strong>da</strong>, com base nos resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong>, os<br />
i<strong>do</strong>sos ilhéus, reforçan<strong>do</strong> o <strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong> satisfação com a vi<strong>da</strong>, afirmam possuir ótimo<br />
(15%) e bom (71,2%) esta<strong>do</strong> de saúde, a maioria, manten<strong>do</strong> o mesmo padrão nos<br />
últimos cinco anos, haven<strong>do</strong> inclusive os que indicam melhora. Em comparação com<br />
as outras pessoas <strong>da</strong> mesma faixa etária, novamente a maioria afirma estar em<br />
melhores condições de saúde. No entanto, um grupo merece atenção especial, ou<br />
seja, para 13,8% a autopercepção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de saúde é ruim. Ao comparar com os<br />
últimos cinco anos, para 28,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos a saúde piorou e 10% a considera pior<br />
em relação às pessoas <strong>da</strong> mesma faixa etária.<br />
A satisfação com a vi<strong>da</strong> e a autopercepção positiva <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de saúde são <strong>do</strong>is<br />
indica<strong>do</strong>res subjetivos que refletem a boa quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos<br />
<strong>do</strong> DEFN, onde 95% também afirma estar feliz, haven<strong>do</strong> quase um consenso em<br />
relação ao privilégio de envelhecer na Ilha, segun<strong>do</strong> ficou registra<strong>do</strong> num <strong>do</strong>s<br />
127
momentos <strong>da</strong> pesquisa de campo: “e PDUDYLOKRVR HQYHOKHFHU HP )HUQDQGR GH<br />
1RURQKD ” (J. B. L. F. – 66 anos). Há também os <strong>do</strong>is que se orgulham de ter nasci<strong>do</strong><br />
em Noronha e não perdem a oportuni<strong>da</strong>de de evidenciar o fato: “(X VRX R QDWLYR<br />
PDLV YHOKR GD ,OKD” (D. A. C. – 71 anos). “(X QDVFL DTXL H VRX D ILOKD PDLV YHOKD<br />
GDTXL” (R. F. M. – 77 anos).<br />
Contrastan<strong>do</strong> com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s positivos de satisfação com a vi<strong>da</strong>, autopercepção <strong>da</strong><br />
saúde e sentimento de felici<strong>da</strong>de, 37,5% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos afirmaram estar fican<strong>do</strong> mais<br />
ler<strong>do</strong>(a) com o passar <strong>do</strong> tempo e 36,2% sentia vontade de chorar. Eis um desabafo<br />
sofri<strong>do</strong> que reflete o pensamento de um i<strong>do</strong>so a respeito <strong>do</strong> seu processo de<br />
envelhecimento: “$ YHOKLFH p D SLRU GH WRGDV DV GRHQoDV” (S. J. S. – 85 anos).<br />
Outro <strong>da</strong><strong>do</strong> positivo é perceber que a grande maioria (75%) menciona expectativas<br />
(projetos, sonhos) e pensa no futuro, enquanto outros (17,5%), apesar de não<br />
mencionar expectativa, não faz nenhuma afirmação negativa. Somente 7,5%<br />
descreve o futuro negativamente e poucos não estão felizes.<br />
Ao avaliar o esta<strong>do</strong> de saúde <strong>da</strong> visão, para 43,7% a situação oscila entre ruim e<br />
péssima, destes, 45,7% indicam prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional e, como já era<br />
espera<strong>do</strong>, mais <strong>da</strong> metade usa óculos ou lentes de contato. Quanto à audição,<br />
apesar de ser menor a freqüência <strong>da</strong>queles que a consideram ruim (12,5%), não<br />
haven<strong>do</strong> quem a classifique como péssima, a proporção <strong>do</strong>s que referem prejuízo à<br />
capaci<strong>da</strong>de funcional é de 60% <strong>do</strong>s casos.<br />
128
A respeito <strong>do</strong> assunto, a Organización Mundial de la Salud (2002), informa que<br />
atualmente, no mun<strong>do</strong>, há 180 milhões de pessoas com per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de visual,<br />
<strong>da</strong>s quais, 45 milhões são cegos. A maioria deles são i<strong>do</strong>sos, já que a deterioração<br />
visual e a cegueira aumentam de forma acentua<strong>da</strong> com i<strong>da</strong>de, ten<strong>do</strong> como principais<br />
causas a catarata, o glaucoma, a degeneração macular e a retinopatia diabética.<br />
Relaciona<strong>da</strong> à audição, no mun<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> estimativas, mais de 50 por cento <strong>da</strong>s<br />
pessoas maiores de 65 anos sofrem algum grau de per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de auditiva.<br />
Vale salientar a imprescindível necessi<strong>da</strong>de de investimento em cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s para<br />
preservar e recuperar a capaci<strong>da</strong>de visual e auditiva <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, ten<strong>do</strong> em vista a<br />
promoção <strong>da</strong> saúde, bem como, sua inserção social. As per<strong>da</strong>s visuais e auditivas<br />
provocam dificul<strong>da</strong>des de mobili<strong>da</strong>de e comunicação, atingin<strong>do</strong> direta e<br />
negativamente as dimensões <strong>da</strong> autonomia e independência <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />
Quanto à capaci<strong>da</strong>de motora, é interessante observar que 50% indicam algum tipo<br />
de problema, entre os quais, 60% referem problemas nas articulações e 37,5% já<br />
desenvolveu algum tipo de inibição <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de. Eis um indica<strong>do</strong>r a ser<br />
considera<strong>do</strong> seriamente na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> Política de Saúde <strong>do</strong> DEFN devi<strong>do</strong>,<br />
principalmente, às condições <strong>do</strong>s entornos físicos <strong>do</strong> Arquipélago, onde o terreno é<br />
acidenta<strong>do</strong> e, mesmo nas áreas mais urbaniza<strong>da</strong>s, existem poucas ruas asfalta<strong>da</strong>s,<br />
muitas ladeiras, pedras pelo caminho, poeira, calor intenso, pouca iluminação<br />
pública, entre outros.<br />
Conforme a Organización Mundial de la Salud (2002),<br />
129<br />
Os entornos físicos que tenham em conta as pessoas <strong>i<strong>do</strong>sa</strong>s, podem<br />
estabelecer a diferença entre independência e dependência para to<strong>da</strong>s as<br />
pessoas, mas, são de especial importância para as que estão
130<br />
envelhecen<strong>do</strong>. Por exemplo, os i<strong>do</strong>sos que vivem em um entorno inseguro<br />
ou em áreas com múltiplas barreiras físicas são menos propícios a sair e,<br />
portanto, são mais propensos ao isolamento, à depressão e também a ter<br />
um pior esta<strong>do</strong> físico e mais problemas de mobili<strong>da</strong>de. (...) O entorno físico<br />
envolve riscos que podem provocar lesões debilitantes e <strong>do</strong>lorosas nas<br />
pessoas maiores. As lesões como conseqüência <strong>da</strong>s que<strong>da</strong>s, queimaduras<br />
e acidentes de tráfego são as mais freqüentes.<br />
E, por mencionar que<strong>da</strong>s, na Ilha, 10% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos sofreram que<strong>da</strong>s nos três meses<br />
que antecederam a pesquisa. Sabe-se que as que<strong>da</strong>s, na maioria <strong>da</strong>s vezes,<br />
poderiam ser evita<strong>da</strong>s e são causas crescentes de complicações à saúde, gastos de<br />
tratamento e morte. Os perigos <strong>do</strong> entorno que aumentam o risco de cair são<br />
justamente a má iluminação; terrenos irregulares, escorregadios e ausência de<br />
corrimão para apoiar-se em esca<strong>da</strong>s. As conseqüências <strong>da</strong>s que<strong>da</strong>s para os i<strong>do</strong>sos<br />
são mais acentua<strong>da</strong>s em relação aos mais jovens, pois, lesões de mesma gravi<strong>da</strong>de<br />
podem acarretar maior per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de funcional; longos perío<strong>do</strong>s de<br />
internação hospitalar; processo demora<strong>do</strong> de reabilitação (serviço inexistente em<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha), e maiores riscos de dependência e falecimento<br />
(ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002).<br />
Um número considerável, 21,3%, informou ocorrência de incontinência urinária, ou<br />
seja, mais de um quarto <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. É importante lembrar a existência de<br />
serviços especializa<strong>do</strong>s para o tratamento <strong>do</strong> problema que provoca uma situação<br />
de desconforto e inibição <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so perante a família e a socie<strong>da</strong>de. A incontinência<br />
urinária pode gerar a sensação de insegurança e conseqüente isolamento social <strong>do</strong><br />
i<strong>do</strong>so.<br />
A inserção <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so no âmbito familiar permite o estabelecimento de canais de troca<br />
e nesse contexto se desenvolve a prática <strong>do</strong> ‘cui<strong>da</strong><strong>do</strong>’, no senti<strong>do</strong> mais amplo <strong>da</strong>
palavra. De acor<strong>do</strong> com o que foi visto no item anterior, o i<strong>do</strong>so ilhéu, em sua grande<br />
maioria, conta com a companhia e algum tipo de aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>s familiares. Apesar <strong>da</strong>s<br />
mu<strong>da</strong>nças nos padrões socioculturais e na estrutura familiar, ain<strong>da</strong> assim, 65,7%<br />
informa ser o(a) esposo(a)/companheiro(a) ou a filha, as pessoas que mais aju<strong>da</strong>m.<br />
A exemplo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s em outros estu<strong>do</strong>s, como o de Kátia Barreto<br />
(1999), sobre uma população de i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Aberta <strong>da</strong> Terceira I<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), onde 38,3% <strong>do</strong>s<br />
entrevista<strong>do</strong>s indicaram a filha como ‘cui<strong>da</strong><strong>do</strong>ra potencial’, em Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
o fato se repete, ou seja, a filha foi identifica<strong>da</strong> como ‘cui<strong>da</strong><strong>do</strong>ra potencial’, em caso<br />
de <strong>do</strong>ença e/ou necessi<strong>da</strong>de, por 42,4% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos.<br />
Os recursos para lazer ao alcance <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> são escassos e as ativi<strong>da</strong>des<br />
desempenha<strong>da</strong>s no tempo livre são, praticamente, as de rotina, conforme elenca<strong>da</strong>s<br />
na tabela 24 no capítulo <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. A grande maioria, 96,3%, informa estar<br />
satisfeita com as ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s. Observan<strong>do</strong> os valores <strong>da</strong>s freqüências<br />
simples, é necessário esclarecer alguns aspectos <strong>do</strong> cotidiano <strong>da</strong> população insular:<br />
somente 42,5% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos têm o hábito <strong>da</strong> leitura, <strong>da</strong><strong>do</strong> que reflete o grau de<br />
escolari<strong>da</strong>de e alfabetização, sem dúvi<strong>da</strong>, no entanto, reflete também a dificul<strong>da</strong>de<br />
de se adquirir revistas, livros e jornais na Ilha, onde não existe, até o momento, uma<br />
banca ou livraria.<br />
A Organización Mundial de la Salud (2002), enfatiza que os baixos níveis de<br />
educação e alfabetização se associam ao maior risco de per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de<br />
funcional e morte entre as pessoas à medi<strong>da</strong> que envelhecem, bem como, aos<br />
maiores índices de desemprego. A educação nos primeiros anos de vi<strong>da</strong>, junto com<br />
131
as oportuni<strong>da</strong>des de aprendizagem durante to<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, podem aju<strong>da</strong>r às pessoas a<br />
desenvolver as aptidões e a confiança que necessitam para a<strong>da</strong>ptar-se e seguir<br />
sen<strong>do</strong> independentes à medi<strong>da</strong> que envelhecem.<br />
Ir a jogos e praticar esportes são ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s pela minoria. O fato de<br />
não dirigir o próprio carro, referi<strong>do</strong> por um quarto <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, na ver<strong>da</strong>de, tem<br />
mais relação com outra peculiari<strong>da</strong>de local que com a capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. O<br />
número de automóveis é reduzi<strong>do</strong> no DEFN , por existir um controle rígi<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
entra<strong>da</strong> de veículos automotores. Entretanto, vale referir que, muitas vezes, o i<strong>do</strong>so<br />
não dirige automóvel mas conduz embarcações a longas distâncias. Lembran<strong>do</strong><br />
que, em se tratan<strong>do</strong> de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, o caminho <strong>do</strong> Mar leva muito mais<br />
longe que o <strong>da</strong> Terra.<br />
Outro indica<strong>do</strong>r importante relaciona<strong>do</strong> à capaci<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, diz respeito<br />
à identificação de deficiência cognitiva. Segun<strong>do</strong> Veras (1994), o rastreamento<br />
comunitário fornece os sintomas fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> demência, tais como a<br />
desorientação e a deficiência de memória recente. Consideran<strong>do</strong> o ponto de corte<br />
usa<strong>do</strong> na escala <strong>do</strong> BOAS (1/3), a prevalência pontual de deficiência cognitiva<br />
encontra<strong>da</strong> foi de 18,75% em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, valor relativamente alto,<br />
compara<strong>do</strong> aos percentuais encontra<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> de Veras (1994), envolven<strong>do</strong><br />
populações de i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong>s distritos de Copacabana, Méier e Santa Cruz, no Rio de<br />
Janeiro, onde os valores encontra<strong>do</strong>s foram 5,95%, 9,84% e 29,75%<br />
respectivamente. Do total de casos rastrea<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong> o instrumento BOAS, no<br />
DEFN, 60% são mulheres e 40% homens suspeitos de estarem sofren<strong>do</strong> os<br />
sintomas de deficiência cognitiva relaciona<strong>da</strong> à SCO. Segun<strong>do</strong> Veras (1994),<br />
132
133<br />
Nas populações em envelhecimento, a cognição deficiente assume<br />
importância crescente com o avanço <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de. O impacto <strong>da</strong> demência<br />
sobre a autonomia de um indivíduo e a capaci<strong>da</strong>de de cui<strong>da</strong>r de si mesmo é<br />
muito significativo, e é vital que os planeja<strong>do</strong>res locais de assistência de<br />
saúde e os serviços de assistência social possam tomar decisões racionais<br />
sobre a necessi<strong>da</strong>de de serviços.<br />
Fora de questionamento está a importância <strong>do</strong> Hospital São Lucas, sen<strong>do</strong> a primeira<br />
referência para a deman<strong>da</strong> <strong>do</strong>s problemas de saúde <strong>da</strong> população insular, único<br />
serviço disponível na Ilha. São poucos os casos (8,8%) em que existe a deman<strong>da</strong><br />
direta pelos serviços convenia<strong>do</strong>s e particulares ofereci<strong>do</strong>s no Continente.<br />
Os i<strong>do</strong>sos ilhéus realmente procuram o hospital local quan<strong>do</strong> necessário,<br />
principalmente, em se tratan<strong>do</strong> de atendimento médico. De uma forma geral (86,2%)<br />
estão satisfeitos com os serviços presta<strong>do</strong>s. Apesar <strong>da</strong> situação de isolamento, ao<br />
se fazer necessário o deslocamento <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so para cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> saúde em Recife,<br />
quan<strong>do</strong> o Hospital São Lucas não dispõe <strong>do</strong> suporte necessário para atendê-lo, lhe<br />
é garanti<strong>do</strong> o exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, mediante o Tratamento Fora <strong>do</strong> Domicílio<br />
(TFD), concedi<strong>do</strong>, exclusivamente, a pacientes atendi<strong>do</strong>s na rede pública ou<br />
convenia<strong>da</strong>/contrata<strong>da</strong> <strong>do</strong> SUS.<br />
Portanto, apesar de alguns exercerem o direito de ir e vir para passear e visitar<br />
familiares no Continente, o alto grau de mobili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, de fato, está<br />
associa<strong>do</strong> a sua situação de saúde. O preço <strong>da</strong> passagem aérea promocional para<br />
os ilhéus é alto, mesmo com o desconto de mais de 60% acor<strong>da</strong><strong>do</strong> entre o Governo<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e as companhias aéreas, atualmente, segun<strong>do</strong> informações <strong>da</strong><br />
Administração <strong>do</strong> DEFN, o valor cobra<strong>do</strong> para o transla<strong>do</strong> Noronha-Recife-Noronha<br />
corresponde a R$ 326,00 (trezentos e vinte e seis reais) e o ilhéu ain<strong>da</strong> precisa<br />
aguar<strong>da</strong>r numa lista de espera.
Em relação ao serviço o<strong>do</strong>ntológico, também ofereci<strong>do</strong> no Hospital São Lucas,<br />
diferente <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> pelo atendimento médico, é maior o número de i<strong>do</strong>sos que<br />
não buscam esse tipo de tratamento em relação aos que buscam. Na maioria <strong>da</strong>s<br />
vezes, a resposta obti<strong>da</strong> para este comportamento está relaciona<strong>da</strong> ao fato <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so<br />
ter perdi<strong>do</strong> a maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes e acreditar que saúde bucal não se<br />
direciona aos ‘desdenta<strong>do</strong>s’. Outras vezes ocorrem relatos de sentimento de me<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> ‘dentista’. O nível de saúde bucal <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so ilhéu oscila <strong>do</strong> ruim ao péssimo<br />
(83,7%), segun<strong>do</strong> auto-avaliação, com poucas exceções (15%). Diante <strong>do</strong> quadro<br />
apresenta<strong>do</strong>, não é novi<strong>da</strong>de o fato de ser eleva<strong>do</strong> o uso de dentes postiços e<br />
dentaduras, no entanto, o relato de uso é inferior ao de necessi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong><strong>do</strong><br />
merece<strong>do</strong>r de maior investigação, por parte <strong>do</strong>s profissionais de saúde locais, ten<strong>do</strong><br />
em vista a importância <strong>da</strong> saúde bucal para a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> indivíduo.<br />
Uma observação pertinente a respeito <strong>do</strong> transla<strong>do</strong> para Recife, são as dificul<strong>da</strong>des<br />
enfrenta<strong>da</strong>s pela população insular, diante <strong>da</strong> falta de apoio para percorrer os<br />
caminhos necessários, visan<strong>do</strong> a recuperação <strong>da</strong> saúde, principalmente, aqueles<br />
que não têm família na capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Não existe um local destina<strong>do</strong> ao<br />
acolhimento <strong>do</strong>s ilhéus no Continente. No caso <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, diante <strong>da</strong>s especifici<strong>da</strong>des<br />
<strong>da</strong> velhice, este se depara com uma reali<strong>da</strong>de completamente diferente <strong>da</strong><br />
vivencia<strong>da</strong> na Ilha. O impacto desta mu<strong>da</strong>nça chega a ser altamente negativo<br />
inclusive, se o caso deman<strong>da</strong> internação hospitalar.<br />
Nas palavras de Veras (2002),<br />
134<br />
É sabi<strong>do</strong> que os i<strong>do</strong>sos consomem mais <strong>do</strong>s serviços de saúde, as suas<br />
taxas de internação são bem mais eleva<strong>da</strong>s quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong>s a qualquer<br />
outro grupo etário e o tempo médio de ocupação <strong>do</strong> leito é três vezes maior.<br />
A falta de serviços <strong>do</strong>miciliares e/ou ambulatoriais faz com que o primeiro
135<br />
atendimento se dê em estágio avança<strong>do</strong> no hospital, aumentan<strong>do</strong> os custos<br />
e diminuin<strong>do</strong> as chances de um prognóstico favorável. Os problemas de<br />
saúde nos mais velhos são crônicos e múltiplos, perduram por vários anos,<br />
requeren<strong>do</strong> pessoal qualifica<strong>do</strong>, equipe multidisciplinar, equipamentos e<br />
exames complementares, em outras palavras, exigem o máximo <strong>da</strong><br />
tecnologia produzi<strong>da</strong> pelo complexo médico industrial.<br />
O Estatuto <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (2003), no seu capítulo IV (GR GLUHLWR j VD~GH), Artigo 16,<br />
assegura ao i<strong>do</strong>so interna<strong>do</strong> ou em observação, o direito a acompanhante, deven<strong>do</strong><br />
o órgão de saúde proporcionar as condições adequa<strong>da</strong>s para a sua permanência em<br />
tempo integral, segun<strong>do</strong> critério médico. No entanto, pela falta de apoio no Recife,<br />
muitas vezes, o acompanhante é praticamente interna<strong>do</strong> junto com o paciente, não<br />
haven<strong>do</strong> possibili<strong>da</strong>de de substituição.<br />
Reafirman<strong>do</strong> o pensamento de Veras (2002),<br />
Do ponto de vista de saúde pública, a capaci<strong>da</strong>de funcional surge como um<br />
novo conceito de saúde mais adequa<strong>do</strong> para instrumentar e operacionalizar<br />
uma política de atenção à saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Ações preventivas, assistenciais<br />
e de reabilitação em saúde devem objetivar melhorar e, sempre que<br />
possível, recuperar a capaci<strong>da</strong>de funcional perdi<strong>da</strong> pelo i<strong>do</strong>so. Um enfoque<br />
que transcende o simples diagnóstico e tratamento de <strong>do</strong>enças específicas.<br />
Uma política de saúde <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so deve portanto ter como objetivo maior a<br />
manutenção <strong>da</strong> máxima capaci<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong> indivíduo que envelhece,<br />
pelo maior tempo possível. Isto significa a valorização <strong>da</strong> autonomia ou<br />
autodeterminação e a conservação <strong>da</strong> independência física e mental <strong>do</strong><br />
i<strong>do</strong>so.<br />
6REUH D 3UHYDOrQFLD GDV 'RHQoDV &U{QLFDV QmR 7UDQVPLVVtYHLV<br />
Como foi visto anteriormente, a maioria <strong>do</strong>s brasileiros envelheceram sem mu<strong>da</strong>nças<br />
nos padrões de quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, participaram <strong>do</strong> projeto de industrialização <strong>do</strong><br />
País sem garantias de trabalho digno, salários justos e pagaram com a saúde pela<br />
própria sobrevivência. “Estu<strong>do</strong>s com base populacional têm demonstra<strong>do</strong> que, no
Brasil, a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (mais de 85%) apresenta pelo menos uma enfermi<strong>da</strong>de<br />
crônica e, cerca de 15%, pelo menos cinco (IBGE, 2002).<br />
Em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, esse número é menor, corresponden<strong>do</strong> a 75% <strong>do</strong><br />
universo entrevista<strong>do</strong>, onde 32,8% referiu prejuízo à capaci<strong>da</strong>de funcional em<br />
decorrência de DCNT. Compara<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> de Veras (1994), onde 82,5% <strong>do</strong>s<br />
entrevista<strong>do</strong>s não relataram problema de saúde física, o valor encontra<strong>do</strong> no DEFN<br />
passa a ser relativamente alto.<br />
Contrastan<strong>do</strong> com o estu<strong>do</strong> de Veras (1994), onde as taxas de prevalência<br />
encontra<strong>da</strong>s para DM e HA foram respectivamente de 7,8% e 20,5%, no DEFN foi<br />
relevante rastrear altas prevalências de DM (17,5%) e HA (36,3%) na população<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>da</strong><strong>do</strong>s que, associa<strong>do</strong>s aos indica<strong>do</strong>res de faixa etária, denunciam a<br />
necessi<strong>da</strong>de de acompanhamento gerontológico, no senti<strong>do</strong> de prevenir os agravos<br />
decorrentes <strong>da</strong> falta de controle destas <strong>do</strong>enças crônicas, preservan<strong>do</strong> a capaci<strong>da</strong>de<br />
funcional desses i<strong>do</strong>sos que deverão conviver com as referi<strong>da</strong>s enfermi<strong>da</strong>des por<br />
mais de quinze, vinte anos... Conforme Gordilho et al. (2001),<br />
136<br />
A maior parte <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos é, na ver<strong>da</strong>de, absolutamente capaz<br />
de decidir sobre seus interesses e de se organizar, sem<br />
necessi<strong>da</strong>de de aju<strong>da</strong> de quem quer que seja. De acor<strong>do</strong> com<br />
os mais modernos conceitos gerontológicos, esse i<strong>do</strong>so que<br />
mantém sua autodeterminação e prescinde de qualquer aju<strong>da</strong><br />
ou supervisão para agir no seu cotidiano deve ser considera<strong>do</strong><br />
um i<strong>do</strong>so saudável, ain<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r de uma ou mais<br />
<strong>do</strong>ença crônica.<br />
O fato de ter referi<strong>do</strong> alguma DCNT implica, para a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, no<br />
entendimento de estar tratan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>ença devi<strong>da</strong>mente, pois, haviam si<strong>do</strong><br />
consulta<strong>do</strong>s pelo médico (63,8%) e realizaram exames clínicos (53,8%) nos três
meses que antecederam a Pesquisa de Campo. O <strong>da</strong><strong>do</strong> também reflete a quali<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> serviço presta<strong>do</strong> pelo PSF, o qual, de acor<strong>do</strong> com Veras (2002),<br />
137<br />
[...] Como modelo de atenção à saúde <strong>da</strong> população, estrutura<strong>do</strong> de forma a<br />
melhorar o acesso <strong>da</strong> população aos serviços de saúde, priorizan<strong>do</strong> o<br />
<strong>do</strong>micílio, configura-se como uma excelente estratégia de estratificação de<br />
risco e de identificação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so fragiliza<strong>do</strong>, minoran<strong>do</strong> as dificul<strong>da</strong>des <strong>do</strong><br />
mesmo em conseguir assistência adequa<strong>da</strong> aos seus problemas de saúde.<br />
Dessa forma, este modelo de atenção é capaz de desenvolver ações<br />
preventivas no plano primário e mesmo secundário”.<br />
Uma peculiari<strong>da</strong>de <strong>do</strong> DEFN em relação ao PSF diz respeito ao número de famílias<br />
acompanha<strong>da</strong>s pela equipe local. No Recife, por exemplo, atualmente uma equipe<br />
se encarrega de atender o total de 850 famílias, enquanto na Ilha existem 500<br />
famílias aproxima<strong>da</strong>mente, segun<strong>do</strong> informações <strong>da</strong> Diretoria <strong>do</strong> Hospital São<br />
Lucas.<br />
Uma informação interessante é o fato de 63,8% <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos fazerem uso regular de<br />
medicamentos, enquanto 36,2% não o fazem, eis um <strong>da</strong><strong>do</strong> curioso, consideran<strong>do</strong><br />
que nos estu<strong>do</strong>s de Bernstein et al. (apud Rozenfeld, 2003), a proporção de i<strong>do</strong>sos<br />
que não usa qualquer medicação é de 4% a 10%, poden<strong>do</strong> chegar a 20% segun<strong>do</strong><br />
estu<strong>do</strong>s de Laukkanen (apud Rozenfeld, 2003). Tal reali<strong>da</strong>de demonstra uma baixa<br />
nos valores observa<strong>do</strong>s em Noronha, onde apenas um indivíduo referiu a prática de<br />
auto-medicação.<br />
Com o objetivo de comparar o diagnóstico de saúde referi<strong>do</strong> pelo i<strong>do</strong>so no momento<br />
<strong>da</strong> pesquisa de campo com os <strong>da</strong><strong>do</strong>s secundários registra<strong>do</strong>s nos prontuários <strong>do</strong><br />
Hospital São Lucas, se tentou realizar um levantamento detalha<strong>do</strong> <strong>da</strong>s informações,<br />
porém, essa etapa <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi praticamente inviabiliza<strong>da</strong> devi<strong>do</strong> à não existência<br />
ou não localização de mais <strong>da</strong> metade <strong>do</strong>s prontuários. No entanto, a partir <strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis, foram observa<strong>do</strong>s registros de atendimentos e diagnósticos que
confirmavam ao menos uma DCNT referi<strong>da</strong> pelos entrevista<strong>do</strong>s embora não<br />
houvesse notificação de outras <strong>do</strong>enças também referi<strong>da</strong>s por alguns indivíduos.<br />
Outra etapa foi realiza<strong>da</strong> no senti<strong>do</strong> de comparar a morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong> com os<br />
diagnósticos de DM e HA utilizan<strong>do</strong>-se testes de glicemia digital e aferimento de<br />
pressão arterial. Apesar de não ter si<strong>do</strong> uma vali<strong>da</strong>ção de diagnóstico propriamente<br />
dita, os valores encontra<strong>do</strong>s praticamente reforçaram a prevalência <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças<br />
referi<strong>da</strong>s no BOAS, sugerin<strong>do</strong>, inclusive, necessi<strong>da</strong>de de maior investigação <strong>do</strong>s<br />
casos. Na pesquisa de campo foi encontra<strong>da</strong> uma prevalência de 17,5% de DM,<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong> proporcionalmente confirma<strong>do</strong> na pesquisa <strong>do</strong>cumental e no teste, porém,<br />
chaman<strong>do</strong> atenção para o fato de haver 15,7% de indivíduos com glicemia de jejum<br />
altera<strong>da</strong> ou tolerância à glicose diminuí<strong>da</strong> e mais 13,7% suspeição de casos, ou<br />
seja, indica<strong>do</strong>res de uma taxa ain<strong>da</strong> mais alta. Para o diagnóstico de HA a<br />
prevalência encontra<strong>da</strong> na pesquisa de campo foi de 36,3%, também confirma<strong>da</strong> na<br />
pesquisa <strong>do</strong>cumental e o teste revelou 50% de suspeição de casos. A diferença<br />
encontra<strong>da</strong> entre as prevalências referi<strong>da</strong> e medi<strong>da</strong>, no caso de DM, foi de 3,8% e,<br />
no caso de HA, entre as prevalências referi<strong>da</strong> e aferi<strong>da</strong>, a diferença foi de 13,7%. A<br />
análise estatística, para os <strong>do</strong>is casos, revelou não haver diferença significativa entre<br />
os valores <strong>da</strong>s prevalências encontra<strong>da</strong>s, demonstran<strong>do</strong> haver coincidência entre a<br />
morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong> e a mensura<strong>da</strong>.<br />
Conforme anuncia<strong>do</strong> anteriormente, de fato, envelhecer sem nenhuma <strong>do</strong>ença, no<br />
contexto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira, é mais uma exceção <strong>do</strong> que regra e, ain<strong>da</strong><br />
segun<strong>do</strong> Veras (2002),<br />
138<br />
Qualquer que seja o indica<strong>do</strong>r de saúde analisa<strong>do</strong>, haverá sempre uma<br />
proporção maior entre aqueles de mais de 60 anos, isto quer dizer maior<br />
utilização <strong>do</strong>s serviços de saúde e mais custos. [...] É importante frisar que,
139<br />
podemos antever uma deterioração <strong>do</strong> sistema de saúde, não apenas para<br />
os i<strong>do</strong>sos, mas para to<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, conseqüência <strong>do</strong> gasto crescente na<br />
área de saúde.
&21&/86®(6<br />
A meto<strong>do</strong>logia e o referencial teórico utiliza<strong>do</strong>s foram adequa<strong>do</strong>s para responder os<br />
objetivos traça<strong>do</strong>s, no entanto, a título de questionamento, para um estu<strong>do</strong> de<br />
rastreamento de prevalência, basea<strong>do</strong> na morbi<strong>da</strong>de referi<strong>da</strong>, o questionário BOAS<br />
apresentou-se como instrumento complexo. Diante <strong>do</strong> que foi apresenta<strong>do</strong> e<br />
discuti<strong>do</strong>, em relação ao perfil <strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong><br />
<strong>do</strong> DEFN, este estu<strong>do</strong> apresenta as seguintes conclusões:<br />
2V SDGUões diferencia<strong>do</strong>s de envelhecimento atingem tanto as dimensões <strong>do</strong><br />
indivíduo e <strong>da</strong> população, deven<strong>do</strong>-se levar em conta seus determinantes históricos,<br />
biopsicossociais e culturais, no momento em que se pretende estu<strong>da</strong>r uma<br />
reali<strong>da</strong>de. Em Fernan<strong>do</strong> de Noronha, o processo de envelhecimento não<br />
acompanha os padrões observa<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> de Pernambuco, na capital Recife e<br />
no contexto nacional. Entre outras peculiari<strong>da</strong>des, a população insular apresenta<br />
Taxa de Envelhecimento inferior a 7%, não ocorre o processo de feminização na<br />
Ilha, a atual população de i<strong>do</strong>sos se caracteriza por ser constituí<strong>da</strong> por migrantes de<br />
esta<strong>do</strong>s nordestinos.<br />
2 SHUILO VRFLRHFRQ{PLFR UHYHOD D H[LVWência de uma população privilegia<strong>da</strong>,<br />
quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong> a outras <strong>do</strong> Continente, muito embora, em alguns aspectos,<br />
como por exemplo, o nível de alfabetização e grau de escolari<strong>da</strong>de, acompanhe os<br />
mesmos padrões observa<strong>do</strong>s no País. Apesar <strong>da</strong> boa quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> IDH<br />
ser um <strong>do</strong>s melhores, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> a outros municípios <strong>do</strong> País, o alto custo<br />
de vi<strong>da</strong> na Ilha, acima <strong>do</strong>s padrões observa<strong>do</strong>s no Continente, é uma reali<strong>da</strong>de<br />
140
vivencia<strong>da</strong> pelo i<strong>do</strong>so ilhéu. Este fato, o mantém ativamente no merca<strong>do</strong> de trabalho,<br />
como estratégia de sobrevivência para incrementar a ren<strong>da</strong> própria e a familiar.<br />
2 LVRODPHQWR JHRJUiILFR UHODFLRQDGR à condição <strong>socioecon</strong>ômica interferem no<br />
exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, por exemplo, o direito de ir e vir está<br />
proporcionalmente associa<strong>do</strong> a sua situação de saúde, diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des de<br />
acesso devi<strong>do</strong> ao alto custo <strong>do</strong>s meios de transporte para fazer o transla<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Arquipélago ao Continente e vice-versa.<br />
2V LQGLFDGRUHV GH $XWRQRPLD H ,QGHSHQGência apontam para a existência de uma<br />
população, em geral, saudável, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>da</strong> gerontológico, apesar <strong>da</strong><br />
presença de várias DCNT. Neste senti<strong>do</strong>, foi verifica<strong>do</strong> que a maioria <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos tem<br />
manti<strong>do</strong> sua capaci<strong>da</strong>de funcional. Entretanto, esta reali<strong>da</strong>de deve ser ponto de<br />
maior investigação e investimento, por parte <strong>da</strong> equipe de saúde local, ten<strong>do</strong> em<br />
vista as eleva<strong>da</strong>s taxas de prevalência de DCNT encontra<strong>da</strong>s na Ilha. Estas<br />
indicaram a necessi<strong>da</strong>de de intervenção preventiva, evitan<strong>do</strong> agravos <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças e<br />
prejuízos à capaci<strong>da</strong>de funcional <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. In loco foi constata<strong>do</strong> que o sistema de<br />
saúde, até o momento, não contempla nenhum serviço de reabilitação para a<br />
população.<br />
&RQVLGHUDQGR D DOWD SUHYDOência de DCNT, o padrão geral de envelhecimento <strong>do</strong><br />
ilhéu, a exemplo <strong>do</strong> observa<strong>do</strong> no contexto Nacional, não acompanha os níveis de<br />
quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> observa<strong>do</strong>s no DEFN. Embora a capaci<strong>da</strong>de funcional tenha si<strong>do</strong><br />
preserva<strong>da</strong>, na maioria <strong>do</strong>s casos, não se pode negligenciar as taxas de Diabetes<br />
Mellitus e Hipertensão Arterial primária ou essencial.<br />
141
O perfil, ora apresenta<strong>do</strong>, permite visualizar as principais características <strong>do</strong> universo<br />
de uma população especial insular relaciona<strong>do</strong> aos perfis de outras populações, seja<br />
no contexto estadual ou nacional. Ao conceber a epidemiologia enquanto ciência <strong>da</strong><br />
saúde <strong>do</strong> ser social, implica necessariamente reconhecer a importância <strong>do</strong>s<br />
aspectos subjetivos <strong>da</strong> saúde <strong>da</strong>s populações, levan<strong>do</strong> em consideração suas<br />
peculiari<strong>da</strong>des e respeitan<strong>do</strong> suas diferenças, inclusive, nas formas de<br />
enfrentamento e tratamento <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças. Fernan<strong>do</strong> de Noronha é Brasil. E o Brasil<br />
não é, simplesmente, a soma de to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s que compõem a República<br />
Federativa, assim como o to<strong>do</strong> não é meramente a soma de to<strong>da</strong>s as partes. Nesta<br />
perspectiva dialética, de acor<strong>do</strong> com Sartre (apud SANTOS, 1997), “o to<strong>do</strong> está<br />
inteiramente presente na parte como seu senti<strong>do</strong> atual e seu destino”.<br />
Sen<strong>do</strong> assim, o Brasil está inteiramente presente em Fernan<strong>do</strong> de Noronha e, a<br />
exemplo <strong>do</strong> que vem sen<strong>do</strong> feito no contexto nacional, é necessário conhecer de<br />
maneira abrangente a saúde <strong>da</strong> população insular, abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> os ciclos de vi<strong>da</strong>,<br />
contemplan<strong>do</strong> as diferentes faixas etárias, com o objetivo de acompanhar o<br />
processo de nascimento, amadurecimento, envelhecimento e morte <strong>da</strong> população,<br />
mas, essa já é uma outra história...<br />
142
5(&20(1'$d®(6<br />
0HUHFHP VHU UHVSHLWDGRV H FRQKHFLGRV RV HVSDoRV RQGH YLYHP SRSXODoões<br />
minoritárias e isola<strong>da</strong>s, seja <strong>do</strong> ponto de vista geográfico, étnico ou cultural, visan<strong>do</strong><br />
a maior aproximação com o cotidiano de seus hábitos de vi<strong>da</strong>, condições<br />
<strong>socioecon</strong>ômicas e situação de saúde. Suas peculiari<strong>da</strong>des e deman<strong>da</strong>s específicas<br />
devem ser contempla<strong>da</strong>s na agen<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Políticas Públicas, fazen<strong>do</strong> prevalecer o<br />
princípio <strong>da</strong> eqüi<strong>da</strong>de social.<br />
$ SUHYDOência pontual de deficiência cognitiva rastrea<strong>da</strong> na Ilha, também indica a<br />
real necessi<strong>da</strong>de de planejamento e desenvolvimento de ações básicas de saúde,<br />
no senti<strong>do</strong> de preservar, manter e recuperar a capaci<strong>da</strong>de cognitiva, prevenin<strong>do</strong>,<br />
diagnostican<strong>do</strong> e tratan<strong>do</strong> alguns i<strong>do</strong>sos com quadro de demência, e dessa forma<br />
evitan<strong>do</strong> impactos negativos sobre a autonomia e capaci<strong>da</strong>de de auto-cui<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
i<strong>do</strong>so.<br />
,PSUHVFLQGtYHO p R LQYHVWLPHQWR GR *RYHUQR GR (VWDGR H GD $GPLQLVWUDoão <strong>do</strong><br />
DEFN na capacitação e aperfeiçoamento <strong>da</strong> equipe de saúde local, ten<strong>do</strong> em vista a<br />
sua essencial importância no momento <strong>da</strong> prestação <strong>do</strong>s serviços de saúde à<br />
população insular. Distante <strong>do</strong> Continente, sem contar com o suporte imediato <strong>do</strong>s<br />
serviços de média e alta complexi<strong>da</strong>de, não raras às vezes, tais profissionais se<br />
deparam e enfrentam situações de emergência, nas quais, desprovi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s recursos<br />
e equipamentos necessários aos procedimentos. Vale referir que a competência<br />
técnica e o compromisso profissional são ain<strong>da</strong> alguns <strong>do</strong>s recursos que acabam<br />
fazen<strong>do</strong> a diferença e salvan<strong>do</strong> vi<strong>da</strong>s humanas em situações de carências.<br />
143
$ $GPLQLVWUDoão <strong>do</strong> DEFN possui um escritório na ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Recife, no entanto,<br />
mesmo diante <strong>da</strong>s conheci<strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des enfrenta<strong>da</strong>s pelos ilhéus, principalmente,<br />
aqueles que não têm familiares na capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> os i<strong>do</strong>sos, ain<strong>da</strong> não<br />
existe nenhum recurso para acolher a população insular, no momento em que ocorre<br />
esse tipo de deman<strong>da</strong>. A solução para o problema deve ser contempla<strong>da</strong> na agen<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s Políticas Públicas locais, visan<strong>do</strong> um processo de atendimento humaniza<strong>do</strong>,<br />
quan<strong>do</strong> de sua vin<strong>da</strong> ao Continente para tratamento e recuperação <strong>da</strong> saúde.<br />
144
5()(5Ç1&,$6 %,%/,2*5È),&$6<br />
ANDERSON, M. I. P. 4XDOLGDGH GH YLGD GR LGRVR QR %UDVLO Dissertação<br />
(Mestra<strong>do</strong> em Saúde Coletiva) - Instituto de Medicina Social, Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
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BALTES, M. M.; SILVERBERG, S. A dinâmica <strong>da</strong> dependência: autonomia no curso<br />
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150
151<br />
Anexo 1<br />
Brazil Old Age Schedule (BOAS)
),2&58=<br />
152<br />
)81'$d2 26:$/'2 &58=<br />
&(1752 '( 3(648,6$6 $**(8 0$*$/+(6<br />
'(3$57$0(172 '( 6$Ò'( &2/(7,9$<br />
3(648,6$ 62%5( 2 3(5),/ 62&,2(&21Ð0,&2 (<br />
(3,'(0,2/Ï*,&2 '$ 3238/$d2 ,'26$ '2 ',675,72<br />
(67$'8$/ '( )(51$1'2 '( 12521+$ 3(<br />
48(67,21È5,2 %2$6<br />
%5$=,/ 2/' $*( 6&+('8/(<br />
%5$=,/ 2/' $*( 6&+('8/( %2$6<br />
9(562 )1<br />
QUESTIONÁRIO MULTIDIMENSIONAL PARA ESTUDOS COMUNITÁRIOS NA<br />
POPULAÇÃO IDOSA<br />
As informações conti<strong>da</strong>s neste questionário permanecerão confidenciais.<br />
COORDENAÇÃO: SÁLVEA CAMPELO<br />
1~PHUR GR TXHVWLRQiULR<br />
5HJLVWUR<br />
ÈUHD<br />
&OXVWHU<br />
Nome <strong>do</strong> Entrevista<strong>do</strong><br />
Endereço (Rua, Av.)<br />
Bairro (Vila)<br />
DEFN CEP<br />
Telefone<br />
Nome <strong>do</strong> Entrevista<strong>do</strong>r<br />
Data <strong>da</strong> Entrevista
,QIRUPDo}HV *HUDLV<br />
6H[R GR (QWUHYLVWDGR<br />
(QWUHYLVWDGRU: Indique o sexo <strong>da</strong> pessoa entrevista<strong>da</strong><br />
1. Masculino<br />
2. Feminino<br />
4XDQWRV DQRV R D 6U D WHP"<br />
......... anos<br />
998. N.S./N.R<br />
(P TXH HVWDGR GR %UDVLO R D 6U D QDVFHX"<br />
Nome <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> .................................................................<br />
98. N.S./N.R<br />
+i TXDQWR WHPSR DQRV R D 6U D PRUD QHVWD ,OKD"<br />
........... (número de anos)<br />
98. N.S./N.R.<br />
D +i TXDQWR WHPSR PHVHV DQRV R D 6U D YLVLWRX R &RQWLQHQWH SHOD ~OWLPD<br />
YH]"<br />
........... (número de anos)<br />
1. Não visitou o Continente depois que veio morar na Ilha<br />
98. N.S./N.R.<br />
E 4XDO R PRWLYR GD VXD YLVLWD DR &RQWLQHQWH"<br />
1. Passeio<br />
2. Visitar familiares<br />
3. Tratamento de saúde<br />
4. Trabalho<br />
5. Outro Especifique: ..................................................<br />
8. N.S./N.R.<br />
2 D 6U D VDEH OHU H HVFUHYHU"<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
8. N.S./N.R.<br />
D 4XDO p VXD HVFRODULGDGH Pi[LPD FRPSOHWD"<br />
1. Nenhuma<br />
2. Primário<br />
3. Ginásio ou 1º grau<br />
4. 2º grau completo (científico, técnico ou equivalente)<br />
5. Curso superior<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
$WXDOPHQWH TXDO p R VHX HVWDGR FRQMXJDO"<br />
153
(QWUHYLVWDGRU Marque apenas uma alternativa<br />
1. Casa<strong>do</strong>/moran<strong>do</strong> junto<br />
2. Viúvo (a) (9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E )<br />
3. Divorcia<strong>do</strong>(a) / separa<strong>do</strong> (a) 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />
4. Nunca casou 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />
8. N.S./N.R.<br />
D +i TXDQWR WHPSR R D 6U D HVWi FDVDGR D PRUDQGR MXQWR"<br />
(QWUHYLVWDGRU: A pergunta se refere ao casamento atual<br />
........... (número de anos)<br />
97. N.A.<br />
98. N.S./N.R<br />
E 4XDO D LGDGH GH VXD VHX HVSRVD R "<br />
.......... anos de i<strong>da</strong>de<br />
97. N.A.<br />
98. N.S./N.R.<br />
2 D 6U D WHYH ILOKRV" HP FDVR SRVLWLYR TXDQWRV"<br />
(QWUHYLVWDGRU: Especifique o número de filhos................/ filhas ..................<br />
............ (número total de filhos/as)<br />
00. Nenhum<br />
98. N.S./N.R.<br />
4XDQWDV SHVVRDV YLYHP FRP R D 6U D QHVWD FDVD"<br />
......... pessoas<br />
00. Entrevista<strong>do</strong>(a) mora só. 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
98. N.S./N.R.<br />
D 4XHP VmR HVVDV SHVVRDV"<br />
(QWUHYLVWDGRU: Para ca<strong>da</strong> categoria de pessoas indica<strong>da</strong> pelo entrevista<strong>do</strong><br />
marque a resposta 6,0.<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
1. Esposo(a) / companheiro(a) 1 2 7 8<br />
2. Pais 1 2 7 8<br />
3. Filhos 1 2 7 8<br />
4. Filhas 1 2 7 8<br />
5. Irmãos/irmãs 1 2 7 8<br />
6. Netos(as) 1 2 7 8<br />
7. Outros parentes 1 2 7 8<br />
8. Amigos 1 2 7 8<br />
9. Emprega<strong>do</strong>(a) 1 2 7 8<br />
E 6XD FDVD p XWLOL]DGD FRPR SRXVDGD"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
(QWUHYLVWDGRU Se 2 (NÃO) 9i SDUD 4 H<br />
154
F 2 D 6U D GHVHPSHQKD DOJXPD DWLYLGDGH UHJXODU QD SRXVDGD"<br />
1. Sim Especifique:<br />
........................................................................<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
G 2 IDWR GH WHU TXH FRQYLYHU FRP WXULVWDV QD VXD FDVD R D LQFRPRGD"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
H 2 HVSDoR ItVLFR GD VXD FDVD p VXILFLHQWH SDUD D VXD IDPtOLD"<br />
3. Sim<br />
4. Não<br />
9. N.S./N.R.<br />
&RPR R D 6U D VH VHQWH HP UHODomR j VXD YLGD HP JHUDO "<br />
(QWUHYLVWDGRU: Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />
Marque apenas uma opção.<br />
1. Satisfeito(a) 9i SDUD D 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
2. Insatisfeito(a)<br />
8. N.S./ N.R.<br />
D 4XDLV VmR RV SULQFLSDLV PRWLYRV GH VXD LQVDWLVIDomR FRP D YLGD"<br />
(QWUHYLVWDGRU: Não leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
1. Problema econô<strong>mico</strong> 1 2 7 8<br />
2. Problema de saúde 1 2 7 8<br />
3. Problema de moradia 1 2 7 8<br />
4. Problema de transporte 1 2 7 8<br />
5. Conflito nos relacionamentos pessoais 1 2 7 8<br />
)DOWD GH DWLYLGDGHV<br />
7. Outro problema (especifique) ..................... 1 2 7 8<br />
2EVHUYDomR GR HQWUHYLVWDGRU 2 HQWUHYLVWDGR LQIRUPRX VXD LGDGH QD 4<br />
9RFr DFKD HVWD LQIRUPDomR<br />
1. I<strong>da</strong>de plausível/ consistente/ correta<br />
2. O entrevista<strong>do</strong> informou i<strong>da</strong>de que não corresponde à impressão <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r;<br />
ou é obviamente erra<strong>da</strong> ou não sabe ou forneceu resposta incompleta.<br />
6$Ò'( )Ë6,&$<br />
$JRUD HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV SHUJXQWDV VREUH VXD VD~GH<br />
(P JHUDO R D 6U D GLULD TXH VXD VD~GH HVWi:<br />
(QWUHYLVWDGRU: Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />
155
Marque apenas uma opção<br />
1. Ótima<br />
2. Boa<br />
3. Ruim<br />
4. Péssima<br />
8. N.S./N.R<br />
(P FRPSDUDomR FRP RV ~OWLPRV DQRV R D 6U D GLULD TXH VXD<br />
VD~GH KRMH p<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 3.<br />
Marque apenas uma opção.<br />
1. Melhor<br />
2. Mesma coisa<br />
3. Pior<br />
8. N.S./N.R<br />
(P FRPSDUDomR FRP DV RXWUDV SHVVRDV GH VXD LGDGH R D 6U D GLULD<br />
TXH VXD VD~GH HVWi:<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 3.<br />
Marque apenas uma opção.<br />
1. Melhor<br />
2. Igual<br />
3. Pior<br />
8. N.S./N.R.<br />
$WXDOPHQWH R D 6U D WHP DOJXP SUREOHPD GH VD~GH "<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D E H F<br />
8. N.S./ N.R.<br />
D. 4XDLV VmR RV SULQFLSDLV SUREOHPDV GH VD~GH TXH R D 6U D HVWi<br />
HQIUHQWDQGR"<br />
(QWUHYLVWDGRU Especifique os problemas.<br />
1$ 16 15<br />
1) ............................................... 97 98<br />
2) ............................................... 97 98<br />
3) ............................................... 97 98<br />
E +i TXDQWR WHPSR"<br />
(QWUHYLVWDGRU Anote em meses o perío<strong>do</strong> de duração <strong>do</strong>s problemas<br />
0(6(6 0(6(6 1$ 16 15<br />
28 0$,6<br />
1) .................................. ........... 96 97 98<br />
2) .................................. ........... 96 97 98<br />
156
3) .................................. ........... 96 97 98<br />
F (VWH SUREOHPD GH VD~GH DWUDSDOKD R D 6U D GH ID]HU FRLVDV TXH<br />
SUHFLVD RX TXHU ID]HU "<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
3RU IDYRU UHVSRQGD VH R D 6U D VRIUH GH DOJXP GHVWHV SUREOHPDV<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />
Marque as respostas correspondentes.<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Problema nos pés que inibe sua mobili<strong>da</strong>de 1 2 8<br />
(Ex.: joanete, calos, de<strong>do</strong>s torci<strong>do</strong>s,<br />
unha <strong>do</strong> pé encrava<strong>da</strong>, etc.)<br />
b. Problemas nas articulações <strong>do</strong>s braços, 1 2 8<br />
mãos, pernas, pés<br />
c. Falta algum braço, mão, perna, pé 1 2 8<br />
D 2 6U D UHFHEHX DOJXPD DMXGD WUDWDPHQWR GH UHDELOLWDomR<br />
RX DOJXPD RXWUD WHUDSLD SDUD HVWH SUREOHPD "<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
2 D 6U D WHYH DOJXPD TXHGD WRPER QRV ~OWLPRV PHVHV "<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. 2 D 6U D SRGH VH OHYDQWDU VR]LQKR D GR FKmR "<br />
1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 E<br />
2. Não<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./ N.R.<br />
E. 4XDQWR WHPSR R D 6U D ILFRX QR FKmR DWp UHFHEHU DMXGD"<br />
........... minutos<br />
997. N.A.<br />
998. N.S./N.R.<br />
(P JHUDO R D 6U D GLULD TXH VXD YLVmR FRP RX VHP D DMXGD GH<br />
yFXORV HVWi<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />
Marque apenas uma opção.<br />
157
0. (o entrevista<strong>do</strong> é uma pessoa cega)<br />
1. Ótima 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
2. Boa 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
3. Ruim<br />
4. Péssima<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. (VWH VHX SUREOHPD GH YLVmR DWUDSDOKD R D 6U D GH ID]HU DV FRLVDV<br />
TXH R D 6U D SUHFLVD TXHU ID]HU "<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
. (P JHUDO R D 6U D GLULD TXH VXD DXGLomR FRP RX VHP D DMXGD GH<br />
DSDUHOKRV HVWi<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />
Marque apenas uma opção.<br />
1. Ótima 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
2. Boa 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
3. Ruim<br />
4. Péssima<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. (VWH VHX SUREOHPD GH DXGLomR DWUDSDOKD R D 6U D GH ID]HU DV<br />
FRLVDV TXH R D 6U D SUHFLVD TXHU ID]HU "<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
1. N.A.<br />
2. N.S./N.R.<br />
(P JHUDO TXDO p R HVWDGR GRV VHXV GHQWHV "<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />
Marque apenas uma opção.<br />
1. Ótimo<br />
2. Bom<br />
3. Ruim<br />
4. Péssimo<br />
8. N.S./N.R.<br />
(VWi IDOWDQGR DOJXP GRV VHXV GHQWHV "<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas de 1 a 4.<br />
Marque apenas uma opção.<br />
1. Não está faltan<strong>do</strong> dente<br />
2. Poucos dentes estão faltan<strong>do</strong><br />
3. A maioria ou to<strong>do</strong>s os dentes estão faltan<strong>do</strong><br />
158
8. N.S./N.R.<br />
2 D 6U D WHP DOJXP GHQWH SRVWLoR GHQWDGXUD SRQWH "<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
2 D 6U D WHP DOJXP SUREOHPD GH GHQWH TXH OKH DWUDSDOKD<br />
PDVWLJDU RV DOLPHQWRV"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
&RP R SDVVDU GD LGDGH p EDVWDQWH QRUPDO DSDUHFHUHP DOJXQV<br />
3UREOHPDV GH EH[LJD RX LQWHVWLQR (X JRVWDULD GH OKH ID]HU GXDV<br />
3HUJXQWDV VREUH HVWH DVVXQWR<br />
$FRQWHFHX FRP R VHQKRU GH SHUGHU XP SRXFR GH XULQD H VH PROKDU<br />
DFLGHQWDOPHQWH VHMD SRUTXH QmR GHX WHPSR GH FKHJDU DR EDQKHLUR<br />
RX TXDQGR HVWi GRUPLQGR RX TXDQGR WRVVH RX HVSLUUD RX ID] IRUoD"<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
8. N.S./N.R.<br />
D &RP TXH IUHT rQFLD LVVR DFRQWHFH"<br />
1. Uma ou duas vezes por dia<br />
2. Mais de duas vezes por dia<br />
3. Uma ou duas vezes por semana<br />
4. Mais <strong>do</strong> que duas vezes por semana<br />
5. Uma ou duas vezes por mês<br />
6. Mais de duas vezes por mês<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
2EVHUYDomR GR (QWUHYLVWDGRU +i VLQDLV GH LQFRQWLQrQFLD"<br />
FKHLUR GH XULQD<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
87,/,=$d2 '( 6(59,d26 0e',&26 ( '(17È5,26<br />
$JRUD HX JRVWDULD GH OKH SHUJXQWDU VREUH RV VHUYLoRV PpGLFRV<br />
TXH R D 6U D WHP GLUHLWR GH XVDU<br />
. 4XDQGR R 6U D HVWi GRHQWH RX SUHFLVD GH DWHQGLPHQWR PpGLFR<br />
RQGH RX D TXHP R D 6U D QRUPDOPHQWH SURFXUD"<br />
(QWUHYLVWDGRU Marque apenas uma alternativa. Se 0.(Ninguém), faça a<br />
159
pergunta 25a.; se 1,2,3,4 ou 8, vá para Q.26 e marque N.A. na Q.25a.<br />
Nome de onde ou a quem procura ..................................................<br />
0. Ninguém ou o entrevista<strong>do</strong> não procura o médico há muito tempo.<br />
1. Serviço médico de uma instituição pública gratuita.<br />
2. Serviço médico credencia<strong>do</strong> pelo seu plano de saúde<br />
3. Médicos/ Clínica particulares<br />
4. Outros (especifique) ......................................................<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. 2 6U D QmR SURFXUD XP PpGLFR Ki PXLWR WHPSR SRUTXH QmR SUHFLVRX<br />
RX SRUTXH WHP GLILFXOGDGH SDUD LU DR PpGLFR" 4XH GLILFXOGDGH"<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
0. Porque não precisou 1 2 7 8<br />
1. Dificul<strong>da</strong>de de locomoção/transporte 1 2 7 8<br />
2. Dificul<strong>da</strong>de de acesso/deman<strong>da</strong> reprimi<strong>da</strong> 1 2 7 8<br />
3. Dificul<strong>da</strong>de financeira para pagar 1 2 7 8<br />
4. Porque não tem ninguém para levar 1 2 7 8<br />
5. Porque tem me<strong>do</strong> de ir ao médico 1 2 7 8<br />
3RU RXWUD UD]mR HVSHFLILTXH<br />
2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR FRP RV VHUYLoRV PpGLFR TXH XWLOL]D<br />
QRUPDOPHQWH"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
3. Não utiliza serviços médicos ou não precisa consultar médico há muito tempo<br />
9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
8. N.S./N.R.<br />
D (P JHUDO TXDLV RV SUREOHPDV TXH PDLV OKH GHVDJUDGDP TXDQGR<br />
R D 6U D XWLOL]D RV VHUYLoRV PpGLFRV"<br />
(QWUHYLVWDGRU Não leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />
Classifique as respostas nas categorias lista<strong>da</strong>s, de acor<strong>do</strong> com as instruções<br />
<strong>do</strong> Manual para esta pergunta. Na dúvi<strong>da</strong>, registre a resposta <strong>do</strong><br />
entrevista<strong>do</strong> no item 08. Outros problemas.<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
1. O custo <strong>do</strong>s serviços médicos 1 2 7 8<br />
2. O custo <strong>do</strong>s medicamentos que são prescritos 1 2 7 8<br />
3. Os exames clínicos que são prescritos 1 2 7 8<br />
4. A demora para a marcação <strong>da</strong>s consultas /exames 1 2 7<br />
8<br />
5. O tempo de espera para ser atendi<strong>do</strong>(a) no consultório 1 2 7 8<br />
6. O tratamento ofereci<strong>do</strong> pelos médicos 1 2 7 8<br />
7. O tratamento ofereci<strong>do</strong> pelo pessoal não médico 1 2 7 8<br />
8. Outros problemas (especifique) .............................................. 1 2 7<br />
8<br />
160
4XDQGR R D 6U D QHFHVVLWD GH WUDWDPHQWR GHQWiULR RQGH RX D TXHP<br />
R D 6U D QRUPDOPHQWH SURFXUD"<br />
(QWUHYLVWDGRU Classifique a resposta e marque apenas uma alternativa<br />
Nome de onde ou a quem procura ................................................<br />
0. Ninguém ou o entrevista<strong>do</strong> não procura o dentista há muito tempo.<br />
9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
1. Serviço dentário de uma instituição pública gratuita.<br />
2. Serviço dentário credencia<strong>do</strong> pelo seu plano de saúde<br />
3. Dentista particular<br />
4. Outros (especifique) ........................................................<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. 2 6U D QmR SURFXUD XP GHQWLVWD Ki PXLWR WHPSR SRUTXH QmR SUHFLVRX<br />
RX SRUTXH WHP GLILFXOGDGH SDUD LU DR GHQWLVWD" 4XH GLILFXOGDGH"<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
0. Porque não precisou 1 2 7 8<br />
1. Dificul<strong>da</strong>de de locomoção/transporte 1 2 7 8<br />
2. Dificul<strong>da</strong>de de acesso/deman<strong>da</strong> reprimi<strong>da</strong> 1 2 7 8<br />
3. Dificul<strong>da</strong>de financeira para pagar 1 2 7 8<br />
4. Porque não tem ninguém para levar 1 2 7 8<br />
5. Porque tem me<strong>do</strong> de ir ao dentista 1 2 7 8<br />
3RU RXWUD UD]mR HVSHFLILTXH<br />
. 1RV ~OWLPRV WUrV PHVHV R D 6U D<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 8<br />
b. Fez exames clínicos 1 2 8<br />
c. Fez tratamento fisioterápico 1 2 8<br />
d. Teve de ser socorri<strong>do</strong>(a) na Emergência 1 2 8<br />
e. Foi ao hospital / clínica para receber medicação 1 2 8<br />
f. Esteve interna<strong>do</strong> em hospital ou clínica 1 2 8<br />
g. Foi ao dentista 1 2 8<br />
D. 'RV VHUYLoRV DFLPD TXDO LV R D 6U D XWLOL]RX PDLV GH XPD YH]"<br />
(QWUHYLVWDGRU Repita para o entrevista<strong>do</strong> apenas os itens cita<strong>do</strong>s<br />
na pergunta acima como utiliza<strong>do</strong>s. Para os não utiliza<strong>do</strong>s marque NA.<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
1. Consultou o médico no consultório ou em casa 1 2 7 8<br />
2. Fez exames clínicos 1 2 7 8<br />
3. Fez tratamento fisioterápico 1 2 7 8<br />
4. Teve de ser socorri<strong>do</strong>(a) na Emergência 1 2 7 8<br />
5. Foi ao hospital / clínica para receber medicação 1 2 7 8<br />
6. Esteve interna<strong>do</strong> em hospital ou clínica 1 2 7 8<br />
161
7. Foi ao dentista 1 2 7 8<br />
2 D 6U D QRUPDOPHQWH XVD<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Dente postiço, dentadura, ponte 1 2 8<br />
b. Óculos ou lente de contato 1 2 8<br />
c. Aparelho de surdez 1 2 8<br />
d. Bengala 1 2 8<br />
e. Muleta 1 2 8<br />
f. Cadeira de ro<strong>da</strong>s 1 2 8<br />
D $WXDOPHQWH R D 6U D HVWi SUHFLVDQGR WHU RX WURFDU<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> apenas as aju<strong>da</strong>s menciona<strong>da</strong>s<br />
na questão anterior. Marque as respostas correspondentes.<br />
SIM NÃO NS/NR<br />
1. Dente postiço, dentadura, ponte 1 2 8<br />
2. Óculos ou lentes de contato 1 2 8<br />
3. Aparelho de surdez 1 2 8<br />
4. Bengala 1 2 8<br />
5. Muleta 1 2 8<br />
6. Cadeira de ro<strong>da</strong>s 1 2 8<br />
7. Outros(especifique) ............................... 1 2 8<br />
2 D 6U D WRPD UHPpGLR"<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D E H F<br />
8. N.S./N.R.<br />
D 4XH UHPpGLRV R D 6U D HVWi WRPDQGR DWXDOPHQWH"<br />
Entrevista<strong>do</strong>r: Se nenhum, vá para a Q. 31 e marque NA nas Qs. 30b. e 30c.<br />
1$ 16 15<br />
1) ........................................ 97 98<br />
2) ........................................ 97 98<br />
3) ........................................ 97 98<br />
E 4XHP UHFHLWRX"<br />
1$ 16 15<br />
1) ........................................ 97 98<br />
2) ........................................ 97 98<br />
3) ........................................ 97 98<br />
F. (P JHUDO TXDLV VmR RV SUREOHPDV RX DV GLILFXOGDGHV PDLV LPSRUWDQWHV TXH<br />
R D<br />
162
6U D WHP SDUD REWHU RV UHPpGLRV TXH WRPD UHJXODUPHQWH"<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
1. Problema financeiro 1 2 7<br />
8<br />
2. Dificul<strong>da</strong>de de encontrar o remédio na farmácia 1 2 7<br />
8<br />
3. Dificul<strong>da</strong>de em obter a receita de remédios controla<strong>do</strong>s 1 2 7<br />
8<br />
4. Outro problema ou dificul<strong>da</strong>de (especifique)...................... 1 2<br />
7 8<br />
7. N.A. 1 2 7<br />
8<br />
8. N.S./N.R. 1 2 7 8<br />
1R FDVR GH R D 6U D ILFDU GRHQWH RX LQFDSDFLWDGR D TXH SHVVRD<br />
SRGHULD FXLGDU GR D 6U D "<br />
0. Nenhuma<br />
1. Esposo(a) / companheiro(a)<br />
2. Filho<br />
3. Filha<br />
4. Outra pessoa <strong>da</strong> família<br />
5. Outra pessoa de fora <strong>da</strong> família (indique qual)...................................<br />
8. N.S./N.R.<br />
$7,9,'$'(6 '$ 9,'$ ',È5,$ $9'<br />
2 D 6U D FDSD] GH ID]HU VR]LQKR D DV VHJXLQWHV DWLYLGDGHV<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as perguntas e marque as<br />
alternativas correspondentes. No caso de o entrevista<strong>do</strong> ter colostomia<br />
ou usar cateter, marque 12 em ³R´.<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Sair de casa utilizan<strong>do</strong> um transporte 1 2 8<br />
(ônibus, van, táxi, trem, metrô, barca, etc.)<br />
b. Sair de casa dirigin<strong>do</strong> seu próprio carro 1 2 8<br />
c. Sair de casa para curtas distâncias<br />
(caminhar pela vizinhança) 1 2 8<br />
d. Preparar sua própria refeição 1 2 8<br />
163
e. Comer a sua refeição 1 2 8<br />
f. Arrumar a casa, a sua cama 1 2 8<br />
g. Tomar os seus remédios 1 2 8<br />
h. Vestir – se 1 2 8<br />
i. Pentear seus cabelos 1 2 8<br />
j. Caminhar em superfície plana 1 2 8<br />
k. Subir/descer esca<strong>da</strong>s 1 2 8<br />
l. Deitar e levantar <strong>da</strong> cama 1 2 8<br />
m. Tomar banho 1 2 8<br />
n. Cortar as unhas <strong>do</strong>s pés 1 2 8<br />
o. Ir ao banheiro em tempo 1 2 8<br />
. +i DOJXpP TXH DMXGD R D 6U D D ID]HU DOJXPDV WDUHIDV FRPR OLPSH]D<br />
DUUXPDomR GD FDVD YHVWLU ± VH RX GDU UHFDGRV TXDQGR SUHFLVD"<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
8. N.S./N.R.<br />
D 4XDO D SHVVRD TXH PDLV OKH DMXGD QHVVDV WDUHIDV"<br />
(QWUHYLVWDGRU marque apenas uma alternativa<br />
1. Esposo(a) / companheiro(a)<br />
2. Filho<br />
3. Filha<br />
4. Uma outra pessoa <strong>da</strong> família (quem?)............................<br />
5. Um(a) emprega<strong>do</strong>(a)<br />
6. Outro (quem?) ...............................<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
1R VHX WHPSR OLYUH R D 6U D ID] SDUWLFLSD GH DOJXPD GHVVDV DWLYLGDGHV<br />
Entrevista<strong>do</strong>r: /HLD SDUD R HQWUHYLVWDGR WRGDV DV SHUJXQWDV H PDUTXH DV<br />
alternativas correspondentes.<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Ouve rádio 1 2 8<br />
b. Assiste a televisão 1 2 8<br />
c. Lê jornal 1 2 8<br />
d. Lê revistas e livros 1 2 8<br />
e. Recebe visitas 1 2 8<br />
f. Vai ao cinema, teatro, etc 1 2 8<br />
g. An<strong>da</strong> pelo seu bairro 1 2 8<br />
h. Vai à igreja (serviço religioso) 1 2 8<br />
i. Vai a jogos (esportes) 1 2 8<br />
164
j. Pratica algum esporte 1 2 8<br />
k. Faz compras 1 2 8<br />
l. Sai para visitar os amigos 1 2 8<br />
m. Sai para visitar os parentes 1 2 8<br />
n. Sai para passeios longos (excursão) 1 2 8<br />
o. Sai para encontro social ou comunitário 1 2 8<br />
p. Costura, bor<strong>da</strong>, tricota 1 2 8<br />
q. Faz alguma ativi<strong>da</strong>de para se distrair (jogos<br />
de cartas, xadrez, jardinagem, etc.) 1 2 8<br />
r. Outros (especifique) ............................. 1 2 8<br />
2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP DV DWLYLGDGHV TXH GHVHPSHQKD QR VHX<br />
WHPSR OLYUH"<br />
1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
D 4XDLV VmR RV SULQFLSDLV PRWLYRV GH VXD LQVDWLVIDomR FRP DV DWLYLGDGHV<br />
TXH R D 6U D GHVHPSHQKD QR VHX WHPSR OLYUH"<br />
(QWUHYLVWDGRU Marque apenas uma alternativa<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
1. Problema com o custo 1 2 7 8<br />
2. Problema de saúde que o(a) impede<br />
de se engajar em uma ativi<strong>da</strong>de 1 2 7 8<br />
3. Problema com falta de motivação<br />
em fazer coisas (tédio, aborrecimento) 1 2 7 8<br />
4. Problema de transporte que limita seu<br />
acesso aos lugares que deseja ir 1 2 7 8<br />
5. Outras razões (especifique) ................................... 1 2 7 8<br />
9 5(&85626 62&,$,6<br />
1HVWD VHomR HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV SHUJXQWDV D UHVSHLWR GH<br />
VXDV UHODo}HV GH DPL]DGH FRP DV RXWUDV SHVVRDV H D UHVSHLWR GH<br />
UHFXUVRV TXH DV SHVVRDV LGRVDV FRVWXPDP XVDU QD VXD FRPXQLGDGH<br />
2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP R UHODFLRQDPHQWR TXH WHP FRP DV<br />
SHVVRDV TXH PRUDP FRP R D 6U D "<br />
165
0. Entrevista<strong>do</strong> mora só<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
4XH WLSR GH DMXGD RX DVVLVWrQFLD VXD IDPtOLD RIHUHFH"<br />
IDPLOLDUHV TXH YLYHP RX TXH QmR YLYHP FRP R HQWUHYLVWDGR<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Dinheiro 1 2 8<br />
b. Moradia 1 2 8<br />
c. Companhia / cui<strong>da</strong><strong>do</strong> pessoal 1 2 8<br />
d. Outro tipo de cui<strong>da</strong><strong>do</strong> / assistência<br />
(especifique) .................................. 1 2 8<br />
4XH WLSR GH DMXGD RX DVVLVWrQFLD R D 6U D RIHUHFH SDUD VXD IDPtOLD"<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Dinheiro 1 2 8<br />
b. Moradia 1 2 8<br />
c. Companhia / cui<strong>da</strong><strong>do</strong> pessoal 1 2 8<br />
d. Cui<strong>da</strong>r de criança 1 2 8<br />
e. Outro tipo de cui<strong>da</strong><strong>do</strong> / assistência<br />
(especifique) .................................. 1 2 8<br />
2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP R UHODFLRQDPHQWR TXH WHP FRP<br />
VHXV DPLJRV"<br />
0. Entrevista<strong>do</strong>(a) não tem amigos<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
2 D 6U D HVWi VDWLVIHLWR D FRP R UHODFLRQDPHQWR TXH WHP FRP<br />
VHXV YL]LQKRV"<br />
0. Entrevista<strong>do</strong>(a) não tem relação com os vizinhos<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
. 1D VHPDQD SDVVDGD R D 6U D UHFHEHX YLVLWD GH DOJXPD GHVWDV SHVVRDV"<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Vizinhos / amigos 1 2 8<br />
b. Filhos(as) 1 2 8<br />
c. Outros familiares 1 2 8<br />
d. Outros (especifique) ................................. 1 2 8<br />
166
9, 5(&85626 (&21Ð0,&26<br />
4XH WLSR GH WUDEDOKR RFXSDomR R D 6U D WHYH GXUDQWH D PDLRU<br />
SDUWH GH VXD YLGD"<br />
(QWUHYLVWDGRU Anote o tipo de trabalho ...............................................<br />
01. Nunca trabalhou 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
02. Dona de casa 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
98. N.S./N.R.<br />
D 3RU TXDQWR WHPSR"<br />
Número de anos:................<br />
97. N.A.<br />
98. N.S./N.R.<br />
$WXDOPHQWH R D 6U $ WUDEDOKD" 3RU WUDEDOKR TXHUR GL]HU TXDOTXHU<br />
DWLYLGDGH SURGXWLYD UHPXQHUDGD<br />
1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R<br />
D &RP TXH LGDGH R D 6U D SDURX GH WUDEDOKDU"<br />
...............anos<br />
97. N.A.<br />
98. N.S./N.R.<br />
'H RQGH R D 6U D WLUD R VXVWHQWR GH VXD YLGD"<br />
6,0 12 16 15<br />
a. <strong>do</strong> seu trabalho 1 2 8<br />
b. <strong>da</strong> sua aposenta<strong>do</strong>ria 1 2 8<br />
c. <strong>da</strong> pensão/aju<strong>da</strong> <strong>do</strong>(a) seu (sua) esposo(a) 1 2 8<br />
d. <strong>da</strong> aju<strong>da</strong> de parentes ou amigos 1 2 8<br />
e. de aluguéis, investimentos 1 2 8<br />
f. de outras fontes................................. 1 2 8<br />
(P PpGLD TXDO p D VXD UHQGD PHQVDO"<br />
(QWUHYLVWDGRU Caso haja mais de uma fonte, anote a soma destes valores.<br />
(Atenção: valor líqui<strong>do</strong>)<br />
rendimento mensal __ __ __ __ __<br />
N.S./N.R. 8 0 0 0 8<br />
D.4XDO i D UHQGD PpGLD PHQVDO GDV SHVVRDV TXH YLYHP QHVWD UHVLGrQFLD"<br />
1mR SUHFLVR VDEHU R YDORU H[DWR EDVWD GL]HU ± PH R YDORU DSUR[LPDGR<br />
(QWUHYLVWDGRU Se o entrevista<strong>do</strong> vive sozinho e tem rendimento, repita o<br />
valor informa<strong>do</strong> na Q. 45. Se o entrevista<strong>do</strong> vive sozinho e não tem<br />
rendimento, marque N.A. nesta questão e na Q. 45b.<br />
Rendimento mensal __ __ __ __ __<br />
N.A. 7 0 0 0 7<br />
N.S./N.R. 8 0 0 0 8<br />
167
E 4XDQWDV SHVVRDV LQFOXLQGR R D 6U D YLYHP FRP HVVH UHQGLPHQWR<br />
IDPLOLDU GR VHX UHQGLPHQWR<br />
.................... pessoas<br />
97. N.A.<br />
98. N.S./N.R.<br />
3RU IDYRU LQIRUPH PH VH HP VXD FDVD DSDUWDPHQWR H[LVWHP RX HVWmR<br />
IXQFLRQDQGR HP RUGHP RV VHJXLQWHV LWHQV<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s:<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Água encana<strong>da</strong> 1 2 8<br />
b. Eletrici<strong>da</strong>de 1 2 8<br />
c. Ligação com a rede de esgoto 1 2 8<br />
d. Geladeira/congela<strong>do</strong>r 1 2 8<br />
e. Rádio 1 2 8<br />
f. Televisão 1 2 8<br />
g. Vídeo – cassete 1 2 8<br />
h. DVD 1 2 8<br />
i. Computa<strong>do</strong>r 1 2 8<br />
j. Telefone 1 2 8<br />
k. Automóvel 1 2 8<br />
2 D 6U D p SURSULHWiULR D DOXJD RX XVD GH JUDoD R LPyYHO<br />
RQGH UHVLGH"<br />
(QWUHYLVWDGRU Para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s três categorias (proprie<strong>da</strong>de, aluguel<br />
ou usa de graça) verifique em qual o entrevista<strong>do</strong> se enquadra.<br />
Especifique apenas uma alternativa.<br />
1. Proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa entrevista<strong>da</strong> ou <strong>do</strong> casal<br />
2. Proprie<strong>da</strong>de <strong>do</strong> cônjuge <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong><br />
3. Aluga<strong>do</strong> pelo entrevista<strong>do</strong><br />
4. Moran<strong>do</strong> em residência cedi<strong>da</strong> sem custo para o entrevista<strong>do</strong><br />
5. Outra categoria (especifique) .....................................<br />
8. N.S./N.R.<br />
(P FRPSDUDomR D TXDQWR R D 6U D WLQKD DQRV GH LGDGH D VXD DWXDO<br />
VLWXDomR HFRQ{PLFD p<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s.<br />
Marque apenas uma opção<br />
1. Melhor<br />
2. A mesma<br />
3. Pior<br />
8. N.S./N.R.<br />
168
3DUD VXDV QHFHVVLGDGHV EiVLFDV R TXH R D 6U D JDQKD<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> as alternativas lista<strong>da</strong>s<br />
de 1 a 4. Marque apenas uma opção.<br />
1. Dá e sobra<br />
2. Dá na conta certa<br />
3. Sempre falta um pouco<br />
4. Sempre falta muito<br />
8. N.S./N.R.<br />
2EVHUYDomR GR HQWUHYLVWDGRU 4XDO p D FRQGLomR GD UHVLGrQFLD<br />
GR D HQWUHYLVWDGR D "<br />
1. Ótima<br />
2. Boa<br />
3. Ruim<br />
4. Péssima<br />
9,, 6$Ò'( 0(17$/<br />
e EDVWDQWH FRPXP DV SHVVRDV WHUHP SUREOHPDV GH PHPyULD TXDQGR<br />
FRPHoDP D HQYHOKHFHU 'HVWH PRGR HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV<br />
SHUJXQWDV VREUH HVWH DVVXQWR $OJXPDV SHUJXQWDV WDOYH] QmR VHMDP<br />
DSURSULDGDV SDUD R D 6U D RXWUDV EDVWDQWHV LQDGHTXDGDV 1R HQWDQWR HX<br />
JRVWDULD TXH R D 6U D OHYDVVH HP FRQWD TXH WHQKR TXH ID]HU DV PHVPDV<br />
SHUJXQWDV SDUD WRGDV DV SHVVRDV<br />
. (VWD SHVTXLVD HVWi VHQGR UHDOL]DGD SHOD )XQGDomR 2VZDOGR &UX] ± )LRFUX]<br />
(X JRVWDULD TXH R D 6U D UHSHWLVVH SDUD PLP HVWH QRPH H JXDUGDVVH QD<br />
PHPyULD<br />
1. Repete Fiocruz ou algo próximo<br />
2. Não consegue/não repete/não responde<br />
. (P TXH DQR R D 6U D QDVFHX"<br />
Ano <strong>do</strong> nascimento:................................<br />
1. Ano <strong>do</strong> nascimento aparentemente correto<br />
2. Informa ano <strong>do</strong> nascimento que: não corresponde à impressão <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r; ou<br />
é<br />
inconsistente com a <strong>da</strong>ta anteriormente obti<strong>da</strong>; ou é obviamente erra<strong>da</strong>; ou não<br />
sabe ou<br />
fornece resposta incompleta.<br />
169
4XDO p R HQGHUHoR GH VXD FDVD"<br />
1. Informa endereço correto<br />
2. Informa endereço incorreto; ou não sabe ou fornece informação incompleta<br />
+i TXDQWR WHPSR R D 6U D PRUD QHVWH HQGHUHoR"<br />
.................. anos<br />
1. Informação sobre tempo de residência aproxima<strong>da</strong>mente correto/plausível<br />
2. Informa tempo de residência obviamente erra<strong>do</strong>, ou não sabe.<br />
2 D 6U D VDEH R QRPH GR DWXDO SUHVLGHQWH GR %UDVLO"<br />
5HJLVWUH ............................................................................................................<br />
1. Nome <strong>do</strong> presidente correto/quase correto<br />
2. Informa nome incorreto ou não recor<strong>da</strong> nome <strong>do</strong> presidente<br />
(P TXH PrV GR DQR QyV HVWDPRV"<br />
Mês <strong>do</strong> ano:.............................................................<br />
1. Mês correto<br />
2. Informa incorretamente o mês ou não sabe<br />
(P TXH DQR QyV HVWDPRV"<br />
Registre:.............................................................<br />
1. Ano correto<br />
2. Informa incorretamente o ano ou não sabe<br />
(X JRVWDULD TXH R D 6U D FRODERUDVVH ID]HQGR DOJXQV SHTXHQRV<br />
H[HUFtFLRV<br />
2 D 6U D SRGHULD FRORFDU DV PmRV VREUH RV VHXV MRHOKRV"<br />
(QWUHYLVWDGRU Marque SIM para correto e NÃO para incorreto.<br />
6,0 12<br />
a. Por favor, toque com a mão direita o seu ouvi<strong>do</strong> direito 1 2<br />
b. Agora com a mão esquer<strong>da</strong> o seu ouvi<strong>do</strong> direito 1 2<br />
c. Agora com a mão direita o seu ouvi<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> 1 2<br />
170
2 D 6U D VH OHPEUD GR QRPH GD )XQGDomR TXH HVWi UHDOL]DQGR HVWD<br />
SHVTXLVD"<br />
5HJLVWUH ....................................................................................................<br />
1. )LRFUX] – Fun<strong>da</strong>ção Oswal<strong>do</strong> Cruz (ou algo próximo)<br />
2. Não se lembra ou fornece outros nomes<br />
$JRUD HX JRVWDULD GH OKH ID]HU DOJXPDV SHUJXQWDV D UHVSHLWR GH FRPR R D<br />
6U D YHP VH VHQWLQGR XOWLPDPHQWH HP UHODomR D FHUWDV FRLVDV (X JRVWDULD<br />
GH FRPHoDU SHUJXQWDQGR VREUH VXDV ~OWLPDV TXDWUR VHPDQDV<br />
2 D 6U D VHQWLX VH VROLWiULR D GXUDQWH R ~OWLPR PrV"<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
8. N.S./N.R.<br />
D &RP TXH IUHT rQFLD R D 6U D VH VHQWLX VROLWiULR D "<br />
1. Sempre<br />
2. Algumas vezes<br />
7. N.A<br />
8. N.S./N.R.<br />
. 2 6U D HVWHYH SUHRFXSDGR GXUDQWH R ~OWLPR PrV"<br />
1. Sim<br />
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. 2 D 6U D HVWHYH SUHRFXSDGR D QR ~OWLPR PrV HP UHODomR D TXH WLSR GH<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
FRLVD"<br />
7. N.A.<br />
(QWUHYLVWDGRU após esta introdução, segue-se o complemento desta pergunta:<br />
2 D 6U D GLULD TXH VH SUHRFXSD HP UHODomR D TXDVH WXGR"<br />
5HJLVWUH ......................................................................................................<br />
8. N.S/N.R.<br />
171
2 D 6U D WHP DOJXPD GLILFXOGDGH SDUD GRUPLU"<br />
(QWUHYLVWDGRU Se o entrevista<strong>do</strong> não tem dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir, marque NÃO<br />
na opção “D” e 1 $ na opção “E”. Se ele tiver dificul<strong>da</strong>de em <strong>do</strong>rmir, continue<br />
a questão, VRQGDQGR, como se segue:<br />
2 TXH LPSHGH R D 6U D GH GRUPLU RX OKH ID] DFRUGDU QR PHLR GD QRLWH"<br />
2 TXH p TXH R D 6U D ILFD SHQVDQGR TXDQGR HVWi DFRUGDGR QD FDPD"<br />
2 D 6U D WHP SUREOHPD HP GRUPLU SRUTXH VH VHQWH WHQVR D RX<br />
SUHRFXSDGR D "<br />
2X SRUTXH R D 6U D VH VHQWH GHSULPLGR D "<br />
2X GHYLGR D RXWUDV UD]}HV"<br />
172<br />
6,0 12 1$ 16 15<br />
a. Dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir 1 2<br />
8<br />
b. Dificul<strong>da</strong>de para <strong>do</strong>rmir devi<strong>do</strong> a preocupação ou<br />
8<br />
ansie<strong>da</strong>de, depressão ou pensamento depressivo 1 2 7<br />
2 D 6U D WHYH GRU GH FDEHoD QR PrV SDVVDGR"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
2 D 6U D WHP VH DOLPHQWDGR EHP QR ~OWLPR PrV"<br />
1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
D 4XDO p R PRWLYR GR D 6U D QmR HVWDU VH DOLPHQWDQGR EHP"<br />
5HJLVWUH ...................................................................................................<br />
1. Não tem se alimenta<strong>do</strong> bem por falta de apetite ou por estar deprimi<strong>do</strong>(a)<br />
preocupa<strong>do</strong>(a)/nervoso(a)<br />
2. Outras razões<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.
2 D 6U D VHQWH TXH HVWi ILFDQGR PDLV OHUGR D RX FRP PHQRV HQHUJLD"<br />
1. Sim<br />
Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D E H F<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. (P DOJXPD KRUD GR GLD R D 6U D VH VHQWH PDLV OHUGR D RX FRP PHQRV<br />
HQHUJLD"<br />
3. Mais ler<strong>do</strong>(a), com menos energia no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> manhã<br />
4. Mais ler<strong>do</strong>(a), com menos energia em outros perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong> dia ou não especifica<br />
perío<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>.<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
E 1R ~OWLPR PrV R D 6U D WHP HVWDGR FRP PHQRV HQHUJLD RX FRPR GH<br />
FRVWXPH"<br />
1. Com menos energia<br />
2. Como de costume ou com mais energia<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
F $WXDOPHQWH R D 6U D VHQWH IDOWD GH HQHUJLD SDUD ID]HU VXDV FRLVDV QR<br />
VHX GLD D GLD"<br />
1. Sim, sinto falta de energia<br />
2. Não, não sinto falta de energia<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
'XUDQWH R ~OWLPR PrV R D 6U D VH VHQWLX PDLV LUULWDGR D ]DQJDGR D GR<br />
1. Sim<br />
TXH GH FRVWXPH"<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
173
2 D 6U D VDL GH FDVD VHPSUH TXH SUHFLVD RX TXHU VDLU"<br />
1. Sim 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QD 4 D<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R.<br />
D. &RPR R D 6U D VH VHQWH D UHVSHLWR"<br />
5HJLVWUH .........................................................................<br />
1. Fica chatea<strong>do</strong>(a)/ aborreci<strong>do</strong>(a)<br />
2. Não fica chatea<strong>do</strong>(a)/ aborreci<strong>do</strong>(a)<br />
7. N.A.<br />
8. N.S./N.R.<br />
$JRUD PDLV DOJXPDV SHUJXQWDV UiSLGDV VREUH FRPR R D 6U D VH VHQWH<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
2 D 6U D WHP VHQWLGR YRQWDGH GH FKRUDU"<br />
7. N.A.<br />
(QWUHYLVWDGRU Em caso afirmativo pergunte: R D 6U D FKRURX QR ~OWLPR<br />
PrV" em caso negativo, anote a resposta Não.<br />
8. N.S./N.R.<br />
5HJLVWUH .................................................................................<br />
4XDQGR R D 6U D ROKD SDUD R IXWXUR FRPR R D 6U D VH VHQWH TXDLV VmR<br />
DV VXDV H[SHFWDWLYDV SDUD R IXWXUR"<br />
1. Menciona expectativas e pensa no futuro<br />
2. Não menciona expectativas mas também não refere a nenhuma afirmação<br />
negativa<br />
3. O futuro é descrito negativamente ou amedronta<strong>do</strong>r ou insuportável<br />
8. N.S./N.R.<br />
174
'H XP PRGR JHUDO R D 6U D VH VHQWH IHOL] QRV GLDV DWXDLV"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
8. N.S./N.R<br />
9,,, 1(&(66,'$'(6 ( 352%/(0$6 48( $)(7$0 2 (175(9,67$'2<br />
$WXDOPHQWH GD OLVWD DEDL[R TXDLV VmR DV VXDV SULQFLSDLV QHFHVVLGDGHV RX<br />
FDUrQFLDV"<br />
(QWUHYLVWDGRU Leia para o entrevista<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s as perguntas e marque as<br />
alternativas correspondentes.<br />
6,0 12 16 15<br />
a. Carência econômica 1 2 8<br />
b. Carência de moradia 1 2 8<br />
c. Carência de transporte 1 2 8<br />
d. Carência de lazer 1 2 8<br />
e. Carência de segurança 1 2 8<br />
f. Carência de saúde 1 2 8<br />
g. Carência de alimentação 1 2 8<br />
h. Carência de companhia e contato pessoal 1 2 8<br />
175
3DUD ILQDOL]DU HVWD HQWUHYLVWD HX JRVWDULD TXH R D 6U D PH LQIRUPDVVH<br />
TXDO R SUREOHPD PDLV LPSRUWDQWH GR VHX GLD D GLD<br />
(QWUHYLVWDGRU Anote apenas uma alternativa<br />
00. Entrevista<strong>do</strong>(a) não relata problemas importantes<br />
01. Problema econô<strong>mico</strong><br />
02. Problema de saúde (deterioração <strong>da</strong> saúde física ou mental)<br />
03. O me<strong>do</strong> <strong>da</strong> violência<br />
04. Problema de moradia<br />
05. Problema de transporte<br />
06. Problemas familiares (conflitos)<br />
07. Problemas de isolamento (solidão)<br />
08. Preocupação com filhos/netos<br />
09. Outros problemas (especifique)........................................................................<br />
98. N.S/N.R.<br />
(175(9,67$'25 /(,$ 3$5$ 2 $ (175(9,67$'2 $ 3$5È*5$)2<br />
6(*8,17(<br />
Algumas pessoas como o(a) Sr.(a) que foram entrevista<strong>da</strong>s nesta pesquisa<br />
vão ser reentrevista<strong>da</strong>s numa outra ocasião. No caso de o(a) Sr.(a) ser uma<br />
<strong>da</strong>s pessoas escolhi<strong>da</strong>s (esta escolha, procedi<strong>da</strong> através de sorteio) eu<br />
gostaria de pedir a sua permissão para uma nova entrevista. Esclareço que<br />
essa nova entrevista, se ocorrer, será bem pequena e eu estarei<br />
acompanhan<strong>do</strong>(a) por um(a) outro(a) colega de equipe. Para isto eu gostaria<br />
de solicitar sua permissão para um novo possível contato. O(a) Sr.(a) poderia<br />
me informar seu nome completo<br />
( __________________________________________________ ) e, caso o(a) Sr.(a)<br />
tenha o número <strong>do</strong> seu telefone ( ________________________ )?<br />
(QWUHYLVWDGRU assegure para a pessoa entrevista<strong>da</strong> que seu nome foi<br />
solicita<strong>do</strong> apenas para facilitar uma possível rápi<strong>da</strong> nova entrevista para<br />
verificação <strong>da</strong>s informações coleta<strong>da</strong>s por parte <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>r. As<br />
respostas conti<strong>da</strong>s neste questionário, como também o nome <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>,<br />
permanecerão estritamente confidenciais.<br />
176
0XLWR REULJDGR D SHOD VXD FRODERUDomR<br />
2 D 6U D WHP DOJXPD SHUJXQWD TXH JRVWDULD GH ID]HU"<br />
2 D 6U D JRVWDULD GH DFUHVFHQWDU DOJXPD FRLVD D PDLV VREUH R TXH Mi<br />
PHQFLRQRX"<br />
(QWUHYLVWDGRU registre a resposta <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> aqui<br />
,; $9$/,$d2 '2 (175(9,67$'25<br />
(VWDV SHUJXQWDV GHYHUmR VHU UHVSRQGLGDV SHOR HQWUHYLVWDGRU<br />
LPHGLDWDPHQWH DSyV GHL[DU D UHVLGrQFLD GR D HQWUHYLVWDGR D<br />
7HPSR GH GXUDomR GD HQWUHYLVWD HVSHFLILTXH<br />
..................minutos<br />
1R JHUDO DV UHVSRVWDV VmR FRQILiYHLV"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
1R JHUDO R D HQWUHYLVWDGR D HQWHQGHX DV SHUJXQWDV IRUPXODGDV"<br />
1. Sim<br />
2. Não<br />
4XDO IRL D UHDomR GR HQWUHYLVWDGR FRP D HQWUHYLVWD<br />
1. Positiva<br />
2. Negativa<br />
'XUDQWH D HQWUHYLVWD KDYLD DOJXPD RXWUD SHVVRD SUHVHQWH<br />
1. Sim<br />
177
2. Não 9i SDUD 4 H PDUTXH 1 $ QDV 4V D H E<br />
D 9RFr GLULD TXH D SUHVHQoD GH XPD RXWUD SHVVRD DIHWRX D TXDOLGDGH GD<br />
1. Sim<br />
HQWUHYLVWD HP DOJXP DVSHFWR LPSRUWDQWH"<br />
2. Não<br />
7. N.A.<br />
E 4XH HIHLWR D SUHVHQoD GHVWD SHVVRD WHYH QD TXDOLGDGH GD HQWUHYLVWD"<br />
1. Positiva<br />
2. Negativa<br />
7. N.A.<br />
3RU IDYRU IDoD DOJXPD RXWUD REVHUYDomR VREUH D HQWUHYLVWD TXH YRFr MXOJD<br />
LPSRUWDQWH<br />
(QWUHYLVWDGRU 325 )$925 /(,$ ( $66,1( 6(8 120(<br />
Eu reli o questionário após a entrevista e certifico que to<strong>da</strong>s as respostas às<br />
perguntas formula<strong>da</strong>s foram anota<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong> com as respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo<br />
entrevista<strong>do</strong> e que to<strong>da</strong>s as colunas e espaços que requerem preenchimentos<br />
foram completa<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com as instruções recebi<strong>da</strong>s. Eu me<br />
comprometo a manter sob estrita confidenciali<strong>da</strong>de o conteú<strong>do</strong> <strong>da</strong>s perguntas,<br />
<strong>da</strong>s respostas e <strong>do</strong>s comentários <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, como também sua<br />
identi<strong>da</strong>de.<br />
NOME DO ENTREVISTADOR<br />
DIA MÊS ANO<br />
178
179<br />
Anexo 2<br />
Formulário específico para pesquisa <strong>do</strong>cumental
180
181<br />
Anexo 3<br />
Parecer <strong>do</strong> Conselho de Ética em Pesquisa (CEP)
182
183<br />
Anexo 4<br />
Termo de Adesão à Pesquisa de Campo
Centro de Pesquisa<br />
AGGEU<br />
MAGALHÃES<br />
CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES<br />
DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA<br />
CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA<br />
184<br />
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ<br />
3(648,6$ 62%5( 2 3(5),/ 62&,2(&21Ð0,&2 ( (3,'(0,2/Ï*,&2<br />
'$ 3238/$d2 ,'26$ '2 ',675,72 (67$'8$/ '( )(51$1'2 '( 12521+$<br />
7(502 '( $'(62 ¬ 3(648,6$<br />
Eu ______________________________________________________, porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> RG número<br />
____________________, após leitura conjunta com o pesquisa<strong>do</strong>r, a respeito <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong><br />
estu<strong>do</strong> sobre a população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> de Fernan<strong>do</strong> de Noronha, quais sejam: Traçar o perfil<br />
<strong>socioecon</strong>ô<strong>mico</strong> e epidemiológico <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> Distrito Estadual de Fernan<strong>do</strong> de Noronha<br />
(DEFN); Diagnosticar a situação <strong>socioecon</strong>ômica <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN; Avaliar os<br />
indica<strong>do</strong>res de autonomia e independência <strong>da</strong> população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN; e Identificar a prevalência<br />
<strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças crônicas não transmissíveis na população <strong>i<strong>do</strong>sa</strong> <strong>do</strong> DEFN, e estan<strong>do</strong> consciente e ciente<br />
<strong>do</strong> seu teor e suas conseqüências, inclusive de que não receberei benefício financeiro pela minha<br />
participação na pesquisa e poderei cancelar este termo de adesão a qualquer momento, concor<strong>do</strong> em<br />
responder o questionário apresenta<strong>do</strong>, cujos resulta<strong>do</strong>s serão publica<strong>do</strong>s, resguar<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a minha<br />
identi<strong>da</strong>de.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha, ____ de _______________ de 2002.<br />
(assinatura)<br />
),2&58=
185<br />
Anexo 5<br />
Autorização <strong>da</strong> Diretoria <strong>do</strong> Hospital São Lucas para<br />
manuseio <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos
186
187<br />
Anexo 6<br />
Parecer <strong>da</strong> representante <strong>do</strong> Conselho Distrital<br />
de Fernan<strong>do</strong> de Noronha
188<br />
6È/9($ &$03(/2<br />
Sempre que a recor<strong>do</strong>, vejo em minha mente uma pessoa laboriosa, prestativa e<br />
dedica<strong>da</strong> ao bem estar <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, compreenden<strong>do</strong>, apoian<strong>do</strong>, estimulan<strong>do</strong> e<br />
erguen<strong>do</strong>-lhes a auto-estima.<br />
Em seu trabalho, na sua dissertação, conseguiu conversan<strong>do</strong> e levantan<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s,<br />
penetrar inteligentemente no âmago e na essência <strong>do</strong>s problemas enfrenta<strong>do</strong>s pelos<br />
i<strong>do</strong>sos, inserin<strong>do</strong>-os no contexto social, “ouvin<strong>do</strong> o que têm para contar”, com<br />
extrema paciência e carinho, relacionan<strong>do</strong> às condições de vi<strong>da</strong>.<br />
Fernan<strong>do</strong> de Noronha ofereceu à Sálvea, o caminho para descobrir, no meio <strong>do</strong><br />
Oceano, vi<strong>da</strong>s vivi<strong>da</strong>s e bem vivi<strong>da</strong>s, com suas peculiari<strong>da</strong>des e riquezas de<br />
experiências; mulheres e homens guerreiros, rostos vinca<strong>do</strong>s pela incerteza e<br />
sofrimento, porém, determina<strong>do</strong>s; i<strong>do</strong>sos esses, cuja singulari<strong>da</strong>de foi sabiamente<br />
captura<strong>da</strong>, fazen<strong>do</strong> analogias com os i<strong>do</strong>sos de outras locali<strong>da</strong>des.<br />
Percebe-se, desde o início <strong>da</strong> leitura dessa valiosa dissertação, a facili<strong>da</strong>de e<br />
objetivi<strong>da</strong>de de sua linguagem, próprios de uma pesquisa<strong>do</strong>ra sensível e<br />
comprometi<strong>da</strong> com as ver<strong>da</strong>des de seu tempo.<br />
I<strong>da</strong> Korossy<br />
(Conselheira <strong>do</strong> Conselho Distrital de Fernan<strong>do</strong> de Noronha)<br />
Março/2004
189<br />
Anexo 7<br />
Programa <strong>da</strong> I Conferência Distrital de Saúde <strong>do</strong> DEFN
190
191