Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos
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egularidade; ele repousa <strong>sobre</strong> uma vigilância de todos os instantes. O trabalho dos<br />
detentos é ao mesmo tempo mais assíduo e mais produtivo.<br />
Em todo caso, em presença dos números que acabamos de apresentar, não teria<br />
fundamento rejeitar o <strong>sistema</strong> <strong>penitenciário</strong> como dispendioso, porque esse regime,<br />
estabelecido <strong>nos</strong> Estados Unidos com tão poucos gastos, se mantém por si mesmo em<br />
alguns estados, e torna-se mesmo, em outros, uma fonte de lucro.<br />
Nas novas prisões, cada detento custa, em média, pela sua manutenção, sua<br />
alimentação, sua vestimenta e vigilância da qual é objeto, 15 centavos; as prisões nas<br />
quais sua manutenção custa mais barato são as de Wethersfield e de Baltimore; é em<br />
Auburn que custa mais caro: nas diversas penitenciárias, a comida de cada detento custa<br />
por dia, em média, 5,10 centavos. Ela custa apenas 4,7 centavos em Wethersfield, e<br />
chega a 5,85 centavos em Singsing.<br />
Em geral, as despesas de vestimenta e de cama são quase nulas devido ao<br />
cuidado que se tem em fazer com que os próprios detentos confeccionem todas as coisas<br />
relativas a isso. As despesas com a vigilância se elevam, em média, a 6,41 centavos<br />
diários por cada detento. É em Auburn que são menores, e em Singsing onde custam<br />
mais.<br />
Em todas as novas prisões, é maior a despesa com a vigilância dos detentos do<br />
que com sua alimentação e vestimenta 1 ; toda economia nesse ponto seria destrutiva de<br />
um <strong>sistema</strong> que repousa inteiramente na disciplina, e por conseqüência na boa escolha<br />
dos empregados.<br />
Vê-se que em cada uma das novas prisões a despesa total com a manutenção,<br />
embora diferente em alguns pontos, é, no entanto, aproximadamente sempre a mesma; e<br />
é claro que, na medida em que esses estabelecimentos continuem a ser dirigidos por<br />
homens probos, e com a mesma finalidade de economia, a valor das despesas não<br />
variará muito cada ano: há um mínimo abaixo do qual ele não poderá descer, sem que o<br />
bem-estar dos prisioneiros seja afetado, e um máximo que ele não deve ultrapassar, a<br />
me<strong>nos</strong> que a administração gaste com luxo, ou haja uma malversação por parte dos<br />
empregados.<br />
Não acontece a mesma coisa com os números da produção, que, em sua natureza,<br />
são variáveis como as causas das quais depende. Sem dúvida, deve-se presumir que a<br />
prisão que mais rende é onde os detentos trabalham da melhor forma. No entanto, a<br />
dificuldade de vender os objetos que provêm de seu trabalho muitas vezes desmente<br />
essa presunção. As coisas feitas por eles são proporcionais à venda que se consegue<br />
delas; e mesmo <strong>nos</strong> Estados Unidos, onde o trabalho do operário é tão caro, a procura<br />
por produtos manufaturados sofre numerosas variações que elevam e abaixam<br />
alternadamente o preço da mão-de-obra 2 .<br />
Em suma, a administração financeira de Auburn, de Wethersfield, de Singsing e<br />
de Baltimore, <strong>nos</strong> pareceu muito habilmente dirigida; e talvez o poder discricionário dos<br />
superintendentes seja uma das principais causas de economia. Estes governam conforme<br />
sua vontade a prisão que lhes é confiada, sob a vigilância dos inspetores: eles são<br />
responsáveis, mas agem livremente.<br />
1<br />
As despesas com a vigilância de cada detento custa por dia seis centavos a mais que as despesas com<br />
alimentação.<br />
2<br />
Essas são as causas acidentais que explicam porque a jornada de trabalho na prisão rende para<br />
Baltimore, em média, 26,31 centavos, ao passo que em Auburn ela rende apenas 14 ,59 centavos. Ver o<br />
Relatório de 21 de dezembro de 1829, <strong>sobre</strong> a prisão de Maryland, pp. 6 e 7, e parte financeira, seção II.<br />
A venda de coisas manufaturadas passa também por dificuldades em Connecticut. Ver O Relatório de<br />
1830, feito pelos inspetores para a legislatura. Na França, a jornada de trabalho de 17 500 condenados<br />
detidos nas prisões centrais rende apenas, em média, 4,34 centavos de dólar.<br />
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