Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos
Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos
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Na França, a construção das prisões pelos detentos seria talvez ainda mais<br />
favorável que <strong>nos</strong> Estados Unidos. Pensamos a questão do ponto de vista puramente<br />
econômico e fazendo abstração das dificuldades que poderiam apresentar, para nós, a<br />
vigilância dos prisioneiros ocupados em erguer sua própria prisão.<br />
Como a venda dos objetos manufaturados não apresentam na França as mesmas<br />
possibilidades de lucro que <strong>nos</strong> Estados Unidos, disso resulta que, empregando os<br />
detentos para a construção da prisão, seu trabalho é utilizado sem que se corra o risco de<br />
uma depreciação dos seus produtos.<br />
É certo que os muros que são erguidos serão proveitosos, porque receberam sua<br />
destinação mesmo antes de serem construídos; por outro lado, nada é mais acidental e<br />
incerto que o lucro futuro da venda de uma mercadoria.<br />
Se se empregam operários livres para construir, seus salários são pagos sem<br />
perdas, ao passo que os detentos ocupados com outra indústria trabalham com todas as<br />
chances de perda e de depreciação inerentes a uma produção manufaturada. Se, ao<br />
contrário, a prisão é feita pelos próprios prisioneiros, recolhe-se imediatamente o fruto<br />
de seu trabalho; esse trabalho não resulta em um ganho propriamente dito, mas ele<br />
alivia de certa carga.<br />
Concebemos perfeitamente que as coisas não sejam as mesmas <strong>nos</strong> Estados<br />
Unidos, onde, devido a escoadouros abertos à indústria, a produção manufatureira tem<br />
possibilidades favoráveis: lá, aspira-se a ganhar, ao passo que nós visamos apenas não<br />
perder. Enfim, é na França uma grande vantagem empregar os detentos em um trabalho<br />
útil e algumas vezes necessário, sem prejudicar, pela concorrência, a manufatura dos<br />
operários livres.<br />
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