09.05.2013 Views

Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos

Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos

Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Se tomarmos esses condenados especiais como base de <strong>nos</strong>sas observações,<br />

veremos que, <strong>nos</strong> Estados de Nova Iorque, de Massachussets e de Maryland, o número<br />

de crimi<strong>nos</strong>os, comparado com o da população, vai diminuindo; que, no estado de<br />

Connecticut, ele aumenta, enquanto está estacionado na Pensilvânia 1 .<br />

Disso concluiremos que a prisão de Connecticut é muito ruim; que as de Nova<br />

Iorque, de Massachussets e de Maryland são as únicas boas, e que as da Pensilvânia são<br />

melhores que a primeira e piores que as outras?<br />

Essa conseqüência seria estranha, pois é um fato incontestável que a penitenciária<br />

de Connecticut é melhor que as prisões de Maryland e as da Pensilvânia 2 .<br />

Se se quer examinar com atenção a situação desses diferentes estados, e as<br />

circunstância políticas nas quais se encontram, ver-se-á que o número mais ou me<strong>nos</strong><br />

considerável dos crimes, bem como seu aumento e diminuição, podem ter a ver com<br />

causas totalmente estranhas ao <strong>sistema</strong> <strong>penitenciário</strong>.<br />

É preciso, antes de tudo, distinguir o número dos crimes de seu crescimento: <strong>nos</strong><br />

Estado de Nova Iorque há mais crimes que na Pensilvânia; no entanto, o número de<br />

crimes continua o mesmo neste último estado, enquanto diminui no primeiro. Em<br />

Connecticut, onde os crimes aumentam, seu número cai pela metade comparado com o<br />

dos outros estados 3 .<br />

Acrescentaremos que, para estabelecer entre os diversos estados pontos de<br />

comparação bem fundados, seria necessário excluir da população de cada um deles os<br />

estrangeiros, e comparar somente os crimes cometidos pela população sedentária;<br />

procedendo assim, seria confirmado que Maryland é, de todos os estados, aquele onde a<br />

população sedentária comete mais crimes. Esse fato se explica por uma causa particular<br />

<strong>nos</strong> estados do Sul, a presença da raça negra. Em geral, foi observado que, <strong>nos</strong> estados<br />

onde há um negro para trinta brancos, as prisões contêm um negro para quatro brancos 4 .<br />

Os estados que têm muitos negros devem, portanto, ter mais crimes. Sozinha, essa<br />

razão bastaria para explicar o número elevado de crimes em Maryland: ela, no entanto,<br />

não é aplicável a todos os estados do Sul; ela é compatível somente com aqueles onde a<br />

libertação dos negros é permitida: pois estranhamente cometeria um engano quem<br />

acreditasse que se evitam os crimes dos negros lhes dando a liberdade; a experiência<br />

ensina, ao contrário, que, no Sul, o número de crimes aumentou mais entre os libertos<br />

que entre os escravizados; assim, precisamente porque a escravidão parece caminhar<br />

para a ruína, ver-se-á durante muito tempo crescer no Sul o número de novos libertos, e<br />

com ele o número de crimi<strong>nos</strong>os.<br />

Enquanto o Sul dos Estados Unidos guarda em seu seio esse princípio fecundo de<br />

aumento dos delitos, <strong>nos</strong> estados do Norte, ao contrário, tomando como exemplos Nova<br />

Iorque e Massachussetts, várias causas políticas tendem à diminuição dos crimes.<br />

E antes de tudo, a população negra decresce a cada dia, enquanto a população<br />

branca aumenta continuamente.<br />

Por outro lado, nesses mesmos estados, os estrangeiros que cada ano chegam da<br />

Europa sem meios de existência são uma causa cada vez menor dos crimes.<br />

Com efeito, à medida que a população tornar-se mais considerável, o número de<br />

estrangeiros que chegam, embora não diminua, é menor relativamente à totalidade dos<br />

habitantes. A população dobra em trinta a<strong>nos</strong>; mas o número de emigrantes é<br />

1 Observações estatísticas e comparadas, peça nº 17.<br />

2 Referimo-<strong>nos</strong> somente às antigas prisões da Pensilvânia e de Maryland. As novas penitenciárias desses<br />

estados são ainda recentes demais para que possamos <strong>nos</strong> ocupar de seus efeitos.<br />

3 Ver Observações estatísticas e comparadas, peça nº 16.<br />

4 Ver Observações estatísticas e comparadas, peça nº 16.<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!