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Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos

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Nas novas penitenciárias que têm como fundamento o silêncio, o isolamento e a<br />

disciplina dos golpes, os mortos estão em uma proporção infinitamente menor.<br />

Em Singsing morre um detento em cada grupo de trinta e sete; em Wethersfield,<br />

um em cada grupo de quarenta e quatro; em Baltimore, um em cada grupo de quarenta e<br />

nove; em Auburn, um em cada grupo de cinqüenta e seis; em Boston, um em cada<br />

grupo cinqüenta e oito.<br />

Há mais: se se quer comparar a mortalidade dos detentos na prisão com a dos<br />

homens livres na sociedade, essa comparação será ainda favorável aos <strong>penitenciário</strong>s.<br />

Com efeito, na Pensilvânia morre cada ano um indivíduo em um grupo de trinta e nove,<br />

e em Maryland um em cada grupo de quarenta e sete. Assim, nas antigas prisões onde<br />

reinava a liberdade de comunicação, e onde a disciplina era branda, morria-se mais que<br />

na sociedade; e nas novas penitenciárias, submetidas ao regime austero do isolamento,<br />

do silêncio e dos golpes, morre-se me<strong>nos</strong> 1 .<br />

Esses números respondem melhor que todos os raciocínios possíveis às objeções<br />

que foram feitas.<br />

Nada dissemos <strong>sobre</strong> o estado sanitário da nova prisão da Filadélfia, estabelecida<br />

há muito pouco tempo para que seus efeitos possam ser julgados. Tudo <strong>nos</strong> leva a<br />

pensar que o <strong>sistema</strong> de reclusão perpétua e absoluta que lá está em vigor será me<strong>nos</strong><br />

favorável para a saúde dos prisioneiros que o <strong>sistema</strong> de Auburn. No entanto, o médico<br />

do estabelecimento acredita já poder declarar que a mortalidade será me<strong>nos</strong><br />

considerável que na antiga prisão de Walnut-Street 2 .<br />

Resumindo esse ponto, é preciso reconhecer que o regime das penitenciárias da<br />

América é severo. Enquanto a sociedade dos Estados Unidos dá um exemplo de<br />

liberdade a mais extensa, as prisões do mesmo país oferecem o espetáculo do mais<br />

completo despotismo. Os cidadãos submetidos à lei são protegidos por ela; eles deixam<br />

de ser livres apenas quando se tornam malfeitores.<br />

penitenciária da Filadélfia, onde, por humanidade, são postos em uma masmorra solitária e sombria. – O<br />

superintendente da prisão de Walnut-Street, onde as punições disciplinares são brandas, <strong>nos</strong> dizia, quando<br />

visitamos o estabelecimento, que é preciso castigar continuamente os detentos por causa de suas infrações<br />

à disciplina. Assim, os castigos disciplinares de Walnut-Street, mais brandos que os de Auburn, são ao<br />

mesmo tempo mais repetidos e mais funestos à vida dos detentos que as punições severas infligidas nesta<br />

última prisão.<br />

1 Ver Quadros estatísticos dos estados de Nova Iorque, Pensilvânia, Connecticut, Maryland e<br />

Massachussetts, no fim do volume, peça nº 17.<br />

2 Ver o Relatório <strong>sobre</strong> a penitenciária da Filadélfia feito pelos seus inspetores, 1831, e as Observações do<br />

senhor Bache, médico da prisão.<br />

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