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Tocqueville e Beaumont - sobre o sistema penitenciário nos

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outros estados da União não permaneciam impassíveis e inativos na presença do grande<br />

espetáculo que lhes era oferecido.<br />

Desde o ano de 1825, o plano de uma nova prisão a partir do modelo de Auburn<br />

tinha sido adotado pela legislatura de Connecticut; e a penitenciária de Wethersfield<br />

tinha sucedido a antiga prisão de Newgate.<br />

Apesar do peso que a Pensilvânia vinha de colocar na balança em favor do<br />

isolamento absoluto com trabalho, o <strong>sistema</strong> de Auburn, quer dizer, o trabalho em<br />

comum durante o dia com isolamento durante a noite, continuou a ter a preferência;<br />

Massachussetts, Maryland, Tennessee, Kentuchy, Vermont, adotaram alternadamente o<br />

plano de Auburn, e o tomaram como modelo para as novas prisões que construíram 1 .<br />

Vários estados não se limitaram a fazer prisões para os crimi<strong>nos</strong>os condenados,<br />

mas também, imitando Nova Iorque, fundaram para os jovens delinqüentes essas casas<br />

de refúgio que são como um apêndice do <strong>sistema</strong> <strong>penitenciário</strong>. Esses estabelecimentos<br />

foram organizados em Boston em 1826 e na Filadélfia em 1828. Tudo leva a crer que<br />

Baltimore terá em breve sua casa de refúgio.<br />

De resto, é fácil prever que o impulso de reforma dado por Nova Iorque e pela<br />

Filadélfia não parará <strong>nos</strong> estados que nomeamos acima.<br />

Graças à feliz rivalidade que reina entre todos os estados da União, e à<br />

publicidade que liga entre elas todas as partes desse corpo imenso, cada estado segue as<br />

reformas que são feitas pelos outros e se mostra impaciente por imitá-los logo.<br />

Não seria preciso absolutamente, hoje, julgar todos os Estados Unidos pelo<br />

quadro, que viemos de apresentar, das inovações admitidas por alguns dentre eles.<br />

Acostumados como somos a ver <strong>nos</strong>so governo central atrair tudo para si e<br />

imprimir uma direção uniforme a todas as partes da administração nas diversas<br />

províncias, figuramos por vezes que assim também é <strong>nos</strong> outros países; e comparando a<br />

centralização de Washington com a de Paris, os estados particulares da União com<br />

<strong>nos</strong>sos departamentos, somos tentados a crer que as inovações que são feitas em uns<br />

necessariamente são feitas <strong>nos</strong> outros 2 . No entanto, não acontece nada semelhante a isso<br />

<strong>nos</strong> Estados Unidos.<br />

Esses estados, que um liame federal reúne em um mesmo feixe, são, no que<br />

concerne aos interesses comuns, submissos a uma só autoridade 3 . Mas fora dos<br />

interesses gerais, eles conservam toda sua independência pessoal, e cada um deles é<br />

mestre soberano do governar como quiser. Falamos de nove estados que adotaram um<br />

novo <strong>sistema</strong> de prisões: há quinze que não fizeram ainda nenhuma mudança. 4<br />

Nesses últimos, o antigo <strong>sistema</strong> reina com toda a sua força: congestionamento<br />

de detentos, confusão de crimes, idades e às vezes de sexos, mistura de prisioneiros em<br />

1<br />

Desde que os senhores Claude de <strong>Beaumont</strong> e Alexis de <strong>Tocqueville</strong> visitaram <strong>nos</strong>so país, a legislatura<br />

de Nova Jérsei fez uma lei cujo objetivo é fundar uma penitenciária segundo os <strong>sistema</strong> estabelecido na<br />

Filadélfia. O leitor deve se lembrar dessa nota lendo várias outras passagens da obra. (Nota do tradutor<br />

americano).<br />

2<br />

O senhor Charles Lucas, que publicou <strong>sobre</strong> o <strong>sistema</strong> <strong>penitenciário</strong> uma obra muito estimada, caiu em<br />

erro nesse ponto.<br />

“Dois <strong>sistema</strong>s, diz ele, se apresentam, um exclusivo do Mundo Antigo, e o outro do Novo. O primeiro é<br />

o <strong>sistema</strong> seguido pela Inglaterra e pela Rússia, o segundo é o <strong>sistema</strong> <strong>penitenciário</strong> estabelecido em todos<br />

o estados da União”<br />

“... O regime <strong>penitenciário</strong>, diz ele um pouco mais longe, que Caleb Lownes instituiu em 1791 na<br />

Pensilvânia, de onde se expandiu quase simultaneamente para todos os estados da União...”<br />

Ver Du système penal e du système répressif en général, do senhor Charles Lucas, Introdução, p. 58, 59 e<br />

60.<br />

3<br />

A do congresso.<br />

4<br />

Em Ohio, em New Hampshire e em alguns outros estados, há certamente um regime de encarceramento<br />

estabelecido, mas é um mau regime de prisões e não um <strong>sistema</strong> <strong>penitenciário</strong>.<br />

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