09.05.2013 Views

walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

momento que este interrompe o continuo da história. Não po<strong>de</strong>mos ignorar que o<br />

t<strong>em</strong>po messiânico é a resposta histórica a existência humana, como observou Erich<br />

Fromm:<br />

Somente atravessando o processo <strong>de</strong> alienação po<strong>de</strong> o hom<strong>em</strong><br />

superá-lo e alcançar uma nova harmonia. Essa harmonia, a nova<br />

unida<strong>de</strong> com o hom<strong>em</strong> e a natureza, é chamada na literatura<br />

profética e rabínica <strong>de</strong> “o fim dos dias”, ou o “t<strong>em</strong>po messiânico”. Não<br />

é um estado pré-<strong>de</strong>terminado por Deus ou as estrelas. Não<br />

acontecerá exceto através do esforço do próprio hom<strong>em</strong>. O t<strong>em</strong>po<br />

messiânico é a resposta histórica à existência do hom<strong>em</strong>. Ele po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struir-se ou avançar no sentido da realização da nova harmonia. O<br />

messianismo não é aci<strong>de</strong>ntal na existência do hom<strong>em</strong>, mas a<br />

resposta inerente, lógica, a ela – a alternativa à auto<strong>de</strong>struição do<br />

hom<strong>em</strong>. 123<br />

Se o t<strong>em</strong>po messiânico é obra do hom<strong>em</strong>, a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste diante<br />

dos seus s<strong>em</strong>elhantes é indissociável; por isso, Benjamin aponta para a importância<br />

da responsabilida<strong>de</strong> histórica. Seu objetivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o estudo sobre a narração até as<br />

Teses da História é conciliar a responsabilida<strong>de</strong> histórica com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<br />

hom<strong>em</strong> relatar sua experiência no mundo, para a partir daí, formar um hom<strong>em</strong><br />

consciente <strong>de</strong> seu papel no mundo.<br />

Se não po<strong>de</strong>mos fazer uma história baseada somente na oralida<strong>de</strong>, já que a<br />

m<strong>em</strong>ória não é capaz <strong>de</strong> contê-la, surge então a figura do cronista como sendo<br />

aquele que po<strong>de</strong> construir as bases para um novo olhar da história.<br />

O cronista, ciente das transformações que ocorriam na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>,<br />

reconhece o valor da narração oral, e através <strong>de</strong>ssa influência cria uma nova forma<br />

<strong>de</strong> fazer história, on<strong>de</strong> a vivência é fundamental para seu olhar crítico.<br />

Em O Narrador, já encontramos a importância histórica do cronista. Segundo<br />

Benjamin, a historiografia mo<strong>de</strong>rna é o que conhec<strong>em</strong>os por conta <strong>de</strong> seu papel, ele<br />

não se preocupa com a exatidão dos fatos, mas busca analisar o fluxo insondável<br />

das coisas. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do fluxo se inscrever na história sagrada ou não, no<br />

narrador, o cronista conservou-se, só que <strong>de</strong> uma forma secularizada:<br />

123 FROMM, Erich. O espírito <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>: interpretação radical do Velho Testamento e <strong>de</strong><br />

Sua Tradição. Trad.: Waltensir Dutra. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara, 1988. p. 74.<br />

96

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!