walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...
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salvação do hom<strong>em</strong>. Isso <strong>de</strong>fine o arco macrocósmico <strong>de</strong> cujas<br />
microcósmicas figuras esteve s<strong>em</strong>pre suspenso. 122<br />
A seu modo, Benjamin tenta retomar a teologia do esquecimento que foi<br />
lançada. Ao encontrar sua sombra no cotidiano, busca ao interpretá-la dar um novo<br />
sentido ao hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno, indiferente a qualquer tipo <strong>de</strong> salvação. Se a alienação<br />
humana é um probl<strong>em</strong>a, ele busca através do valor da m<strong>em</strong>ória levar o hom<strong>em</strong> a um<br />
novo conhecimento <strong>de</strong> si, ao cobrar <strong>de</strong>le responsabilida<strong>de</strong>s diante da história e da<br />
vida.<br />
Se <strong>em</strong> O Narrador, constatamos que a narração oral está <strong>em</strong> <strong>de</strong>clínio por<br />
conta das transformações sociais, <strong>de</strong>stas mesmas transformações surg<strong>em</strong> o<br />
cronista, um narrador mo<strong>de</strong>rno. Ressalto que no ensaio citado Benjamin interpreta o<br />
narrador como sendo a figura secularizada do cronista. Para ele, o cronista estava<br />
vinculado à história sagrada, assim como o narrador estava relacionado com a<br />
história profana. No entanto, ele encontra dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> interpretá-los, pois tanto o<br />
cronista quanto o narrador, <strong>em</strong> alguns momentos caminham tanto no terreno do<br />
profano como do sagrado. Por isso a leitura que ele faz dos objetos culturais por<br />
vezes traz<strong>em</strong> as marcas do narrador outras vezes do cronista.<br />
Quando Benjamin aproxima o cronista da história sagrada faz uma leitura da<br />
história como parte da obra divina. Para a tradição bíblica e pós-judaica, exist<strong>em</strong><br />
alguns valores centrais que são a afirmação da vida, o amor, a justiça, a liberda<strong>de</strong> e<br />
a verda<strong>de</strong>. Estes valores não são incompatíveis, mas se completam na formação <strong>de</strong><br />
uma vonta<strong>de</strong> ética e <strong>de</strong> uma responsabilida<strong>de</strong> histórica. No momento <strong>em</strong> que o<br />
hom<strong>em</strong> faz uma opção pela vida, ele se compromete <strong>em</strong> buscar os outros valores.<br />
Por isso, ele diz que a humanida<strong>de</strong> redimida po<strong>de</strong>rá apropriar-se totalmente do seu<br />
passado. É aqui que o t<strong>em</strong>po messiânico se apresenta.<br />
O hom<strong>em</strong> cria a si mesmo no processo histórico, que é resultado <strong>de</strong> sua<br />
liberda<strong>de</strong>. É <strong>de</strong>ssa liberda<strong>de</strong> que é feita à história. Benjamin acredita que ética e<br />
responsabilida<strong>de</strong> histórica se completam e são alimentadas pela m<strong>em</strong>ória. Po<strong>de</strong>mos<br />
observar que não existe responsabilida<strong>de</strong> histórica s<strong>em</strong> m<strong>em</strong>ória, como não existe<br />
presente s<strong>em</strong> passado e n<strong>em</strong> futuro s<strong>em</strong> presente. Para ele, tudo se completa <strong>em</strong><br />
um t<strong>em</strong>po-<strong>de</strong>-agora Jetztzeit, que se revelará plenamente no t<strong>em</strong>po messiânico, no<br />
122 ADORNO, Theodor. Caracterização <strong>de</strong> Walter Benjamin. In: Walter Benjamin: sobre<br />
arte, técnica, linguag<strong>em</strong> e política. Trad.: Maria Luz Moita, Maria Amélia Cruz, Manuel<br />
Alberto. Lisboa: Relógio d´Água, 1992. p. 11-12.<br />
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