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walter benjamin - Programa de Pós-Graduação em Filosofia - UFBA ...

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momento <strong>em</strong> que essa experiência narrativa é perdida, cabe a citação tomar o seu<br />

lugar, mesmo não tendo o valor <strong>de</strong> um ato sagrado. Dentre outras causas como já<br />

observamos, o enfraquecimento da autorida<strong>de</strong> teológica contribuiu para o abalo da<br />

narração oral. No caso <strong>de</strong> Kafka converge <strong>em</strong> uma “teologia negativa”. O que<br />

entendo por “teologia negativa” é a inversão dos valores da teologia tradicional. Para<br />

ele, a re<strong>de</strong>nção messiânica será obra dos próprios homens, a partir da lei interna <strong>de</strong><br />

cada um, fazendo assim <strong>de</strong>sabar as coerções e autorida<strong>de</strong>s exteriores. Flusser parte<br />

<strong>de</strong>sse pensamento.<br />

A mensag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Kafka é uma “parábola”, como fora as mensagens dos<br />

profetas <strong>de</strong> Israel, neste sentido ele é um elo da ca<strong>de</strong>ia da tradição judaica. No<br />

momento <strong>em</strong> que toma a re<strong>de</strong>nção messiânica como obra dos homens partindo da<br />

lei interna <strong>de</strong> cada um, Kafka inverte o conceito judaico <strong>de</strong> tza<strong>de</strong>k proposto por Rabi<br />

Nakhman. A intenção <strong>de</strong> Nakhman era promover a <strong>de</strong>voção, a partir <strong>de</strong> um<br />

envolvimento profundo com Deus, submetendo-se a provações e superando-as.<br />

On<strong>de</strong> se busca anular numa vinculação profunda com o Eterno no interior da<br />

tradição. Assim transformou a experiência <strong>em</strong> ensinamento e a si próprio <strong>em</strong><br />

ilustração viva dos caminhos do hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> direção ao cumprimento da vonta<strong>de</strong><br />

divina.<br />

Kafka, ao contrário, não vê no mundo a possibilida<strong>de</strong> para a re<strong>de</strong>nção<br />

messiânica. Para ele, o mundo carece <strong>de</strong>ssa possibilida<strong>de</strong>, e por essa ausência a<br />

vida dos homens é <strong>de</strong>gradante e carente <strong>de</strong> sentido. Sua “teologia negativa” <strong>em</strong><br />

Benjamin se torna uma utopia messiânica <strong>de</strong> caráter libertário. Este mundo on<strong>de</strong><br />

Deus está ausente, on<strong>de</strong> os vícios prevalec<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da virtu<strong>de</strong>, e a<br />

esperança não faz parte da vida humana, é o mundo mo<strong>de</strong>rno. No entanto, mesmo<br />

com as circunstâncias contrarias a esperança, Benjamin reconhece no espírito<br />

revolucionário das massas a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformações sociais. É essa força<br />

revolucionária que para Kafka é indiferente, Benjamin transforma <strong>em</strong> uma utopia<br />

messiânica.<br />

Não po<strong>de</strong>mos menosprezar a importância da utopia para a construção do<br />

pensamento. Quando se exclui a utopia, ocorre um <strong>em</strong>pobrecimento. Ao teorizarmos<br />

pressupomos uma utopia, no momento <strong>em</strong> que a subestimamos, ocorre um<br />

<strong>em</strong>pobrecimento intelectual, ético e estético. Dessa forma o messianismo judaico e<br />

a utopia libertária se fun<strong>de</strong>m formando um pensamento on<strong>de</strong> a re<strong>de</strong>nção dos<br />

homens é obra da revolução das massas. Como observa Alter:<br />

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